Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

24 de dezembro de 2018

Boas Festas



 
 
A Comissão Editorial do Blogue deseja, aos seus leitores, as peculiares Boas Festas que esta Quadra propícia assim como um Admirável 2019.

22 de dezembro de 2018

Solstício de Inverno 2018


O Solstício de Inverno ocorreu no dia 21 de Dezembro de 2018 às 22h23min, marcando o início da estação no hemisfério norte (a mais fria apesar da Terra vir a estar o mais perto do sol a 3 de Janeiro). O sol neste dia de solstício estará o mais baixo possível no céu em Lisboa e aquando da sua passagem meridiana atingirá a altura mínima de 28°.
O Inverno prolonga-se por 88,98 dias até ao próximo Equinócio, a 20 de Março de 2019.
Simbolicamente representa, entre muitas coisas, o triunfo da vida sobre a morte.

13 de dezembro de 2018

António Damásio


“Sinto-me nascido a cada momento / Para a eterna novidade do Mundo...”, Fernando Pessoa
O que é que têm em comum o nosso Cérebro, a Educação e a Maçonaria?
A escolha do meu nome simbólico pretende integrar, entre outros aspetos, uma homenagem a António Damásio, uma referência mundial no estudo do cérebro humano.
O cérebro é uma massa cinzenta, enrolada como uma noz e com um peso de cerca de 1300 gramas.
Uma das maiores preocupações processadas pelo “cérebro” de um número crescente de pessoas (nas quais me revejo) está relacionada com a sustentabilidade do planeta e com o futuro das gerações vindouras.
Nessa perspetiva, procuro adotar nas minhas práticas, um dos princípios basilares da Sustentabilidade, segundo o qual o consumo dos recursos naturais para a satisfação das necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras.
Um outro aspecto relevante na escolha do meu nome simbólico é a Educação. Com efeito, segundo o neurocientista António Damásio e de acordo com o seu novo livro A Estranha Ordem das Coisas, “se não houver educação maciça, os seres humanos vão matar-se uns aos outros”. É preciso educarmo-nos para contrariar os nossos instintos mais básicos, que nos impelem a pensar primeiro na nossa sobrevivência. Este autor alerta para o risco das lógicas de anti-imigração e para a ascensão de partidos neonazis de nacionalismo xenófobo. Para António Damásio, a forma de combater estes fenómenos “é educar maciçamente as pessoas para que aceitem os outros” .

11 de dezembro de 2018

Geometricamente Laico


O pensamento é dinâmico, e no momento em que cessar esta característica, ai de nós, humanidade pura e dura que acredita, e citando Daniel Béresniakque as certezas são estéreis e a inquietude é fecunda…, melhor dizendo, que não aceita as definições definitivas por impedirem a dedução verificada e corrigida pelos factos.
Desde as mais antigas Eras que os Geómetras (pronuncia-se Maçons) associaram a razão, intuição e imaginação para explicarem as coisas e o mundo para além da dimensão técnica e, estando eu grato por tais ensinamentos, vou relacionar a Geometria com uma das mais marcantes consequências desse acontecimento do Séc. XVIII que se designou por Revolução Francesa de 1789 que deu à Luz a chamada Laicidade.
Já sinto as farpas (lê-se certezas) dos que, estaticamente, aceitam as verdades por desígnios autoritários (Roma locuta, causa finita), mas que venham elas pois esta viagem vou encetá-la preparado para, sobretudo, errar (nunca mais me esqueci de um ditado Hassídico que diz…nunca perguntes qual o caminho a quem o conhece pois assim tu nunca poderás errar…) e depois corrigir se assim for necessário.
Geometricamente Laico! Paradoxo ou verdade ainda por descobrir? Vamos, então, debruçarmo-nos sobre as partes para vermos a Luz que tudo esclarece e domina.
Sabe-se que na Laicidade:
1- É convicção aceite por muitos que é inseparável da liberdade e tolerância e uma opositora feroz das representações totalitárias afirmando-se como universal ao transmitir-nos o saber independentemente das certezas dogmáticas.
2- Afirma-se também como uma aliada dos Mistérios Antigos que foram abafados pelas ortodoxias vigentes na Antiguidade.
3- Não reduz o indizível a ídolos recusando, portanto, uma espiritualidade monopolista. Etimologicamente significa Povo, ou seja, designa os que não pertencem às classes dominantes (clero e nobreza), secularizando assim o saber.
4- Não impõe nenhuma maneira de explicar as coisas garantindo a liberdade de consciência a cada um para o fazer e empurra todos para formularem mais perguntas do que obterem respostas.
5- Excluir quem em nome de quê não cabe no pensamento que usa a razão, ciência e progresso como pilares de um processo que conduz o indivíduo à livre escolha e à tolerância.
6- A espiritualidade não é monopólio de ninguém nem de nenhuma organização e a laicidade tem uma própria em que celebra a vida que se nutre pela passagem do que é simples ao diversificado.
7- Associa a lógica (racional) à analogia (poética e metafisica) sem haver dominação de uma sobre a outra, bem pelo contrário, harmoniza e potencia ambas.
8- Promovendo a singularidade depois de integrada no conjunto social, reconhece o indivíduo, não como o átomo social igual aos outros, mas como ser único capaz de produzir uma ideia ou palavra nova, quer dizer, alivia a velha tensão da identidade em que o Ser quer ser diferente mas também quer ser igual.

2 de dezembro de 2018

A ÁGUA CHORA!


Tanscreve-se, com a devida vénia e respectiva autorização, mais um Poema de Adilson Zotovici

A  ÁGUA CHORA!

A maltratada Terra implora!
Grande e urgente união
Unificando forças agora,
Ao combate à devastação

Ao ar, à fauna, à flora,
Grave ofensa e  degradação
Um  desrespeito  que aflora
Ao SENHOR, pela população !

Assim também a ÁGUA chora !
Gritando  por preservação
Um gesto de amor, sem demora,
Antes de sua aniquilação !

                    Adilson Zotovici

27 de novembro de 2018

Sociedade Digital/Mistérios Antigos


Sociedade Digital/Mistérios Antigos

A comunidade Humana está no topo da Cadeia Alimentar no Planeta Terra porque, ao contrário das outras espécies existentes, foi a única que conseguiu criar agregados compostos por muitos milhares de indivíduos que se consolidaram, não se baseando exclusivamente no conhecimento interpessoal, mas à volta de Ideias e Conceitos aceites por todos. Naturalmente que estas Ideias eram muito influenciadas por Mitos e Lendas que atravessavam gerações sem qualquer explicação plausível. Começaram por ser contadas oralmente, muito mais tarde ficaram registadas em textos soltos, e mais tarde ainda, foram compiladas em Obras de grande fôlego e que ainda hoje são objecto de estudo atento.
Há mais de 70 000 Anos sucedeu algo estranho na evolução desta espécie que habitava o Planeta. Hoje, utiliza-se o termo Revolução Cognitiva, e não se sabe ao certo o que a provocou, mas uma coisa é certa, esta espécie passou a ser capaz de criar realidades imaginadas, criando capacidades de cooperação alargada em grandes comunidades, acreditando em Mitos partilhados que apenas existem na imaginação colectiva dessas Comunidades.
Sabemos que é assim e podemos, a título de exemplo, reflectir um pouco sobre um dos Mitos mais antigos que foram criados e amplamente discutidos pela nossa espécie, o Mito da Criação. Este Mito em particular, serviu para criar estruturas de poder e de persuasão de massas. E a questão é, como lidaremos com estes tipos de Mitos quando o impacto da Inteligência Artificial alterar radicalmente conceitos como razão, emoção, sensação, imaginação, etc.
   Alguns IIr:. já me ouviram abordar aquilo que considero ser um sério revés no conhecimento, na civilização Ocidental. Este período de mais de um milénio decorre desde um pouco antes do nascimento de Jesus, consolida-se em 325 DC quando ocorre o Concílio de Niceia, e persiste até ao período de grande crescimento das cidades-estado Italianas a partir do século XII.
No 1º Concílio da Igreja, em Niceia de Bitínia, actual Iznik, no Norte da Turquia, poucos Kms a Sul do Mar Morto e na orla do Lago Iznik, resolveram-se divergências que tinham origens na Igreja de Alexandria, presumivelmente fundada por S.Marcos cerca de uma década após a morte de Jesus, sobre a natureza de Jesus e de seu Pai. Sem delongas, simplificando bastante, as ideias do muito popular presbítero Ário, que não podia estar presente neste Concílio por não ser Bispo, defendiam que Jesus, era um Ser menos Divino que o Pai Todo Poderoso, que Jesus fora criado do Nada, e embora a criatura mais perfeita na Terra, não era Eterno como Deus Pai, enquanto Alexandre e Atanásio de Alexandria defenderam que Jesus era um ser tão Divino como o Todo Poderoso Pai, porque foi criado a partir do seu próprio Ser, como ficou provado com a sua ressurreição. Perderam os Arianos, e Jesus passou a ser a incarnação de Deus junto dos homens. Estava demonstrado o princípio da criação e ficou o aviso, “ E quem quer que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia, ou antes que fosse gerado Ele não existia, ou que Ele é de uma essência ou substância diferente do Pai, ou que Ele é uma Criatura, ou sujeito à mudança ou transformação, todos os que falem assim, são anatemizados pela Igreja Católica”. E quase 900 Anos após Niceia, um contemporâneo do nosso D. Afonso III, S.Tomás de Aquino, vai referir-se a Deus como sendo o Supremo Arquitecto do Universo.

18 de novembro de 2018

"O 25 de Novembro revisitado 43 anos depois"


Conferência: "O 25 de Novembro revisitado 43 anos depois"pelo Coronel Vasco Lourenço

ENTRADA LIVRE
23 de Novembro / 21 horas. Auditório da Escola Secundária Alves Martins
Organização:
Centro Cívico e Cultural de Viseu. Escola Secundária Alves Martins. Apoio: Associação 25 de Abril. Apoio na divulgação: Jornal do Centro

13 de novembro de 2018

Viriato: razões do nome simbólico adotado


Viriato: razões do nome simbólico adotado

Editado pela Comissão Editorial do Blogue

A razão de ser dos nomes simbólicos.
Duas ideias-chave estarão na origem da adoção dos nomes simbólicos em algumas obediências  aquando da iniciação na Ordem Maçónica: 1-por um lado visa marcar a transformação em Irmão do candidato profano ao iniciar-se na aprendizagem dos segredos da Maçonaria, renascendo deste modo num mundo onde se busca a luz visando “o aperfeiçoamento da Humanidade através da elevação moral e espiritual do indivíduo” ; por outro lado constitui uma forma de defesa e sobrevivência nas situações em que a Maçonaria era/é perseguida, ocultando assim a identidade civil dos seus membros .
Como se trata de abraçar um mundo novo constituído por “homens livres e de bons costumes, de todas as raças, nacionalidades e crenças” , em regra a escolha dos nomes simbólicos recai sobre “figuras que honraram a história pátria ou universal pelos seus feitos, qualidades e virtudes” .
A escolha de “Viriato” pelo signatário como nome simbólico assenta nos pressupostos acabados de referir.
A escolha de “Viriato”.
O signatário é oriundo do distrito de Viseu, local onde se terá posicionado “Viriato” no século II antes de Cristo para combater as legiões de romanos que invadiam a península ibérica visando subjugar os respetivos povos. Por isso, conservo com orgulho desde a infância o nome deste valoroso cidadão, sobretudo desde o ensino primário, cujos livros referiam positivamente a luta travada por “Viriato” para combater a invasão da península pelos romanos.

“Viriato” nasceu no ano de 179 a.C., não sendo pacífica a designação do local do seu nascimento: para uns nasceu em Loriga (Seia), para outros nasceu em Folgosinho (Gouveia), para outros ainda nasceu em Cabanas de Viriato (Carregal do Sal/Viseu) , sendo também este último lugar aquele onde nasceu outro ilustre visiense em 19/07/1885: Aristides de Sousa Mendes.
O nome de “Viriato” está associado à imposição de vírias (argolas de metal, muitas vezes de ouro) com que era agraciado nos altares propositadamente levantados em honra dos Deuses da guerra, em reconhecimento da sua bravura e dos seus atos de heroísmo na luta contra as invasões levadas a cabo por Roma. No dizer de Aquilino Ribeiro, tais vírias colocadas no braço ou nas pernas constituíam não apenas distinções de comando, mas também amparos contra a lança e a espada .

12 de novembro de 2018

Conferência: Morte Assistida/Eutanásia


"Morte Assistida...! Eutanásia ! Questões Éticas e Legais " pelos: Professor Doutor Américo Figueiredo/Nascimento Costa- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. 
7 de Dezembro /21 horas. Auditório da Escola Secundária Alves Martins
Entrada Livre. Organização:
Centro Cívico e Cultural de Viseu, Escola Secundária Alves Martins
Apoio na divulgação: Jornal do Centro


4 de novembro de 2018

Conferência-Leal da Câmara, Portugal, o Mundo e a C


LEAL DA CÂMARA por Antonio Valdemar a 7 de Novembro no Museu da Rinchoa
 
 A vida, a obra e a projeção  de mestre Leal da Câmara (1876- 1948), um dos maiores panfletários da caricatura, em Portugal, em Espanha e em França, vai ser objeto de uma visão retospetiva por Antonio Valdemar, a realizar no próximo dia 7 de Novembro, na sala multiusos que tem o nome do artista e se encontra instalada na Casa Museu Leal da Câmara, na Rinchoa, Rio de Mouro.
 A conferência, subordinada ao título genérico «Leal da Câmara, Portugal, o Mundo e a Casa», destina – se a encerrar um ciclo comemorativo promovido pelo investigador  e diretor do museu Elvio Melim de Sousa e que tem o patrocínio do senhor Presidente da Câmara Municipal de Sintra e dos responsáveis pela área da cultura.
 Assim, vão estar em destaque os aspetos mais significativos da criação plástica e da intervenção cívica  de Leal da Câmara  que, em 1900, foi o primeiro português a conhecer Picasso, em Paris, e  que também conviveu com outras notáveis personalidades internacionais como, por exemplo,  Anatole France,  Trotsky,  Valle Inclan e Ruben Dario; poetas e escritores portugueses como Cesário Verde, Gomes Leal, Guerra Junqueiro e  Aquilinio Ribeiro; artistas como Stuart Carvalhais,  Almada Negreiros e  Jorge Barradas, além de políticos como Afonso Costa, João Chagas, Magalhães Lima, António José de Almeida, etc.
 A conferência será acompanhada pela projeção de um Power Point concebido pelo designer Alvaro Carrilho, autor de muitos outros trabalhos, tais como acerca do Orpheu, do Portugal Futurista, de Fernando Pessoa, de  Mário de Sá Carneiro,  de Almada Negreiros, de Vitorino Nemésio, de  Sampaio Bruno, da Revoluçãode 1910 e a implantação da Republica, etc.
 A conferência é aberta ao público, terá início, ás 16 horas, do próximo dia 7 de Novembro,  na
Casa – Museu Leal da Câmara, na Rinchoa, Calçada da Rinchoa 67, 2635-312 Rio de Mouro.

2 de novembro de 2018

DIA DE FINADOS


Com a devida vénia e respectiva autorização se transcreve o soneto DIA  DE  FINADOS, de Adilson Zotovici

Basta olhar triste semblante
De quem hoje tem chorado
Por  amigo, um semelhante
Um ser há muito amado

Que viveu perto ou distante
Em algum lugar do passado
Qual  já seguiu adiante
Ao futuro reservado

O coração palpitante
Não por tristeza alquebrado
Mas, saudade desconcertante

Sem prantos, ao Pai Louvado,
Roguemos por paz reinante
Ao querido já finado !

Adilson Zotovici

30 de outubro de 2018

ESTADO SOCIAL, CARACTERÍSTICA DA HUMANIDADE?


ESTADO SOCIAL, CARACTERÍSTICA DA HUMANIDADE?

O Estado constitucional surgiu nos séculos XVIII e XIX, como Estado liberal, assente na ideia de liberdade e, em nome dela, empenhado em conter o poder político tanto internamente, pela sua divisão, quanto, externamente, pela redução ao mínimo das suas funções perante a sociedade. “Il faut que le pouvoir arrête le pouvoir”, ensinava MONTESQUIEU.
Quando instaurado, coincidiu com o triunfo da burguesia. Daí o realce da liberdade contratual, a absolutização da propriedade, a recusa, durante muito tempo, do direito de associação (dizendo-se que ela diminuiria a liberdade individual), a restrição do direito de voto aos possuidores de certo montante de bens ou de rendimentos, únicos que, tendo responsabilidades sociais, deveriam assumir responsabilidades políticas. Contudo, a liberdade reclamada pela burguesia, no seu interesse de classe, só pelo facto de ter sido reclamada sob a veste do direito, veio a aproveitar aos trabalhadores e a redundar em prejuízo dos próprios interesses da burguesia sob a forma do direito de associação.
Seria, assim, menos em resultado das críticas doutrinais ao liberalismo, nas suas vertentes filosófica e económica do que, por efeito da progressiva organização dos trabalhadores em sindicatos e em partidos, que, no exercício da liberdade, seriam reivindicados direitos económicos para garantia da dignidade do trabalho, direitos sociais para segurança na necessidade e direitos culturais como exigência do acesso à educação e à cultura e, em último caso, de transformação da condição operária.
Estes direitos apenas lograriam ser consagrados constitucionalmente aquando das convulsões decorrentes ou subsequentes à primeira guerra mundial, em que foram mobilizados milhões de soldados e com a qual ocorreria uma larga mudança de mentalidades.

 De qualquer forma, a industrialização, a urbanização e a erradicação do analfabetismo torná-los-iam inevitáveis. E, como se sabe, os primeiros textos constitucionais que os consagrariam seriam a Constituição mexicana de 1917, a Declaração de Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, da Rússia, de 1918, e a Constituição alemã de 1919 (a Constituição de Weimar). Vem a ser a partir desta altura que começa a falar-se em Estado social como Estado contraposto ao liberalismo económico, embora, em “era de ideologias e de revoluções”, sejam intransponíveis as distâncias entre as concepções e os tipos históricos que conseguem impor-se.

10 de outubro de 2018

Confúcio e a Arte de Governar


Com a devida vénia se transcreve esta opinião de Gilmar Marcílio na Revista Arte Real, nº102 de Outubro 2018:

Confúcio, o grande pensador chinês do século cinco antes de Cristo, sonhou com um governo ideal. De todos os ensinamentos presentes nos “Analectos”, sua obra mais conhecida, destacam-se os que dão ênfase à questão política. Não como a temos hoje em dia, em que tudo se reduz ao fisiologismo e a alianças espúrias para a aprovação de medidas que interessam, somente, a quem está no poder. Uma triste e patética realidade que deformou os princípios presentes nos grandes tratados, que se debruçam sobre o tema. Direcione a conversa para este assunto e a esmagadora maioria lhe dirá da repulsa que sente diante dos incontáveis escândalos envolvendo os que deveriam nos servir de modelo. Resta-nos louvar, neste tempo espúrio, a possibilidade de se fazer críticas contundentes, transformando a palavra censura, apenas, num eco distante. Embora alguns sonhem em diminuir esse espaço de liberdade tão duramente conquistado.
Confúcio tentou implantar um governo, na província que administrou, baseado em princípios que soariam aos nossos parlamentares, como a mais ingênua das utopias. E, no entanto, a despeito da descrença que, atualmente, grassa em quase todas as pessoas, esse homem conseguiu colocar em prática muitas ideias que, ainda, reverberam hoje em dia. E que todos nós gostaríamos de ver plasmadas como a mais perfeita forma de conduzir um povo.
Ele acreditava que a coerência, a integridade e a honestidade só poderiam ser implantadas numa esfera mais ampla, se tivessem primeiro sido forjadas no âmbito doméstico. Ninguém é capaz de conduzir mil homens se não consegue fazer-se respeitar em sua própria casa. Para ele, o espaço familiar era uma espécie de laboratório, onde os dramas e as pequenas vitórias haveriam de servir como experiência para administrar uma cidade, um estado, uma nação.
 Quem não conseguisse dominar a si mesmo e ser admirado pelos que estão mais próximos, jamais, teria a capacidade ou mesmo a autoridade para determinar o caminho justo e reto a ser seguido. Estamos muito longe desse ideal. Basta ver o quanto a educação passou por um processo de terceirização, desobrigando os pais de suas responsabilidades mais elementares. Na medida em que se deixa de lado a condução moral e ética de um filho, pouco se pode esperar de uma pessoa que detenha um cargo de chefia. É tão elementar isso. Tornamo-nos pragmáticos e obsessivos, vendo no outro um empecilho para alcançar rapidamente os nossos propósitos. Que outra palavra poderia definir isso senão egoísmo? O verdadeiro governante, segundo o pensador que nos serve como orientador para essas reflexões, está preocupado, acima de tudo, com o bem comum.

9 de outubro de 2018

19ª Festa do Cinema Francês


04OUT - 11NOV 2018, a 19ª Festa do Cinema Francês, que vai passar por 11 cidades. A produção mais recente em antestreia, com presença de realizadores e actores; o olhar retrospectivo sobre a filmografia de uma personalidade francesa do cinema mundial; o cinema de animação e masterclasses ACID; as primeiras obras, são componentes deste esperado encontro anual da rentrée cultural em
Portugal, organizado pelo Institut Français du Portugal, a Embaixada de França e a rede das Alliances Françaises.
Com abertura oficial em Lisboa, partindo depois para as restantes cidades Almada, Coimbra, Leiria, Porto, Aveiro, Beja, Faro, Seixal, Viana do Castelo, Setúbal, a Festa do Cinema Francês traz, de novo, a diversidade, riqueza e pluralidade de olhares da produção cinematográfica francesa.

8 de outubro de 2018

Centenário-Mau Tempo no Canal


5ª feira, dia 11, a partir das 15 horas

Para assinalar o centenário da génese de O Mau Tempo no Canal, o encontro em 1918 de Vitorino Nemesio com a paisagem geográfica e humana das ilhas do Faial, do Pico e de São Jorge,
Antonio Valdemar apresenta, na quinta feira, próximo dia 11  de Outubro, a partir das 15 horas, uma comunicação na Academia das Ciencias.
 Este trabalho de investigação é acompanhado com a projeção de imagens da época, devidamente sistematizadas, num power poit concebido pelo designer Álvaro Carrilho
 A sessão é aberta ao público.

6 de outubro de 2018

RESPONSABILIDADE AO SINDICAR


Com a devida vénia e respectiva autorização se transcreve mais um poema de Adilson Zotovici


É pouco todo cuidado...
Nesse trabalho tão duro
De perscrutar indicado
Dado como limpo e puro

Inda que apadrinhado,
A livrar-nos d'algum apuro,
Um bom Mestre tarimbado
Buscará luz no escuro

Com ferramental adequado
Livre pedreiro seguro
Desbastará o sindicado

Ter à frente um igual auguro,
Mas, quiçá um dissimulado
Ou o Grão Mestre futuro !?

Adilson Zotovici

4 de outubro de 2018

Impressões da iniciação.


 
 

(Editado pela Comissão Editorial do Blogue) foi proposto que eu me pronunciasse sobre a
“Primeira Impressão da Iniciação” o que farei seguidamente.

Os primeiros passos


A característica dos primeiros passos foi de expectativa e de algum mistério, face aos diversos movimentos em redor de um espaço, de olhos vendados. E foi também um momento de algum sofrimento por ter que estar algum tempo de joelhos sobre um tipo de material duro e irregular, que julgo terem sido várias (Editado pela Comissão Editorial do Blogue) colocadas num degrau de forma sobreposta. Depois, por não me sentir previamente preparado, no decurso das diversas sessões em que participei seguidamente fiquei avassalado com os rituais levados a efeito, designadamente pela sua especificidade, linguagem própria e abreviada, e por isso impercetível, e extensão. E senti-me perdido, deixando de ir às (Editado pela Comissão Editorial do Blogue).
A insuficiência funcional, a incompletude. No (Editado pela Comissão Editorial do Blogue), após um seu contacto pessoal, tenho participado com regularidade nas sessões da Loja, sentindo enorme apreço pelo evidenciado grau de conhecimentos e pela destacada formação cívica e moral dos seus membros, o que muito me agrada e que, de resto, corresponde à minha expectativa de iniciado. De todo o modo, interrogo-me sobre o nosso papel social. Isto é, grosso modo, as nossas sessões em Loja são caraterizadas pela prática do ritual, pelo tratamento de assuntos de expediente funcional (Editado pela Comissão Editorial do Blogue), pela introdução e debate de temas específicos (pranchas), e pelo encerramento dos trabalhos. E neste contexto afigurase-me existir uma insuficiência funcional, uma incompletude na nossa forma de intervenção social. Explanando melhor o que penso, socorrer-me-ei dos artºs (Editado pela Comissão Editorial do Blogue) da Constituição Maçónica, cujo teor do artº (Editado pela Comissão Editorial do Blogue) é o seguinte:


A Maçonaria tem por fim o aperfeiçoamento da Humanidade através da elevação moral e espiritual do indivíduo. Não aceita dogmas e combate todas as formas de opressão sobre o
Homem, luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância, combate a corrupção e enaltece o mérito” (Ibidem).

2 de outubro de 2018

PAINEL DE LOJA – Grau 1 – IMPLICAÇÕES


PAINEL DE LOJA – Grau 1 – IMPLICAÇÕES


Com base no traçado de Diógenes de Sinope, “Simbolismo na Franco-Maçonaria” de Outubro de 2013 e inspirado no livro de Joules Boucher cujo título original é “La Symbolique Maçonnique”, entre outras fontes que estão registadas na bibliografia deste traçado, segue-se uma interpretação resumida sobre o painel do aprendiz cuja fundamentação simbólica radica nas colunas do templo de Salomão. Com efeito, eram colunas semelhantes diferenciando-se pelo posicionamento no seio do templo e pela designação que lhes foi atribuída como veremos mais à frente.  Verificaremos ainda que as duas colunas no traçado da loja do aprendiz são coroadas por três romãs entreabertas, sendo que esta formulação se distancia da descrição original registada na bíblia sobre a finalidade das colunas no templo de Salomão. Neste contexto, interessa compreender a simbologia associada aos lírios e o enquadramento simbólico das correntes no capitel das colunas. Há, também, a considerar no painel do aprendiz, o significado dos três degraus e a configuração do piso em xadrez com mosaicos pretos e brancos alternados entre si. Por fim, tencionamos, entre outros aspetos relevantes, abordar o papel simbólico das pedras, bruta, cúbica e cubica pontiaguda, assim como o das duas Luzes e, não menos importante, o significado e as implicações da Porta do Templo.

O PAINEL DO APRENDIZ
No contexto original da Maçonaria Operativa, as sessões eram realizadas em locais improvisados e os símbolos eram desenhados no piso do local escolhido, sendo apagados no final de cada sessão.
Posteriormente, passou a utilizar-se uma tela previamente desenhada e pintada com todos os símbolos do painel. Essa tela era desenrolada no início das sessões e representava o templo.
Depois, os templos passaram a ser edificados em construções estruturadas que permitem, entre outros aspetos importantes, a reserva e continuidade que se pede a todos os que integram as sessões maçónicas.
Tal como referido na introdução deste traçado, o painel integra, entre outros elementos importantes, duas colunas coroadas por três romãs entreabertas, a configuração do piso em xadrez com mosaicos pretos e brancos alternados entre si,  a pedra bruta, a pedra cúbica e a pedra cubica pontiaguda, assim como as duas luzes (o sol e a lua) e, como não podia deixar de ser, a Porta do Templo.
No grau de Aprendiz, os Símbolos, Gestos e Rituais têm especial importância pois remetem para um comportamento que impõe uma disciplina de aprendizagem e que constitui um compromisso, simultaneamente, individual e coletivo.
Por exemplo, a disciplina do Silêncio induz o aprendiz a encontrar o Caminho da Luz num processo consequente de escuta ativa e de aprendizagem intensiva. Por outro lado, neste contexto iniciático o Aprendiz deve começar por compreender o significado simbólico das Joias Móveis, das Joias Fixas e dos Ornamentos, entre outros símbolos.

Joias Móveis
Com efeito, as Joias Móveis mereceram essa designação por serem as insígnias dos Irmãos que exercem os Cargos da Direção da Loja, designadamente o Esquadro, o Nível e o Prumo.
O Esquadro representa a matéria e remete para os conceitos de Equidade e a Rectidão, estando a cargo do Venerável Mestre.

23 de setembro de 2018

Equinócio Outono 2018


 No corrente Ano, o Equinócio de Outono ocorre no dia 23 de Setembro às 02:54 horas. Este instante marca o início do Outono no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 89,812 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Dezembro às 22:23 horas. No equinócio a duração do dia é cerca de 7 minutos maior do que a duração da noite. Só uns dias mais tarde, quando o Sol tiver uma declinação um pouco menor, teremos a duração da noite e do dia efectivamente iguais. Isso acontecerá no dia 26 de Setembro de 2018, em que haverá muito perto de 12 horas de luz solar directa no solo. Nesse dia o disco solar nasce às 07:27:40 horas e põe-se às 19:27:26 horas (em Lisboa), diferindo a duração do dia e da noite em apenas 14 segundos.
Desde sempre que a Maçonaria se apresenta como depósito das Tradições e Mistérios Antigos tais como a Celebração dos Ciclos ligados à Natureza como é este Equinócio de Outono.

21 de setembro de 2018

O Ritual na Maçonaria, o que é e para que serve


O Ritual na Maçonaria, o que é e para que serve

I – O que é o Ritual
Em qualquer Obediência ou Organização iniciática, o(s) Rito(s) praticado(s) consiste(m), desde a Iniciação,  num conjunto de Graus (ou «patamares»), de complexidade e conhecimento crescentes, constituindo cada um deles um conjunto coerente de instruções e procedimentos específicos, suportados num Ritual, que levam à sua aprendizagem, compreensão/conhecimento, correspondendo ao sistema e objectivos específicos do Rito, a nível desse Grau.
Portanto numa Obediência, cada um dos graus que compõem um Rito, apresenta um Ritual específico, desejavelmente uniforme.
 O conhecimento global do Rito só será atingível na sua plenitude, ao conseguir-se progredir consistentemente até ao topo, e mesmo assim o estudo e a pesquisa não terão fim, já que  a procura do conhecimento,, a caminho da Luz,  não tem limite (“somos sempre eternos Aprendizes”), e só terminará com a passagem ao Oriente Eterno. 
A primeira conclusão a tirar é pois que Rito e Ritual não são a mesma coisa, mas estão interligados, podendo considerar-se genéricamente cada Ritual como um sub-conjunto específico dos actos e cerimoniais completos do Rito, respeitante a cada Grau que o constitui, e o seu vector de  transmissão iniciática, por excelência. 
Utilizando uma comparação em termos de transmissão informática, em que a informação que segue ao longo de uma Rede digital é compactada em «pacotes»,  cada um deles com um número pré-definido de «fatias» de informação  (ou time-slot»). Ao simplificarmos,  fazendo equivaler o total do «pacote» de informação ao Rito, podemos facilmente equiparar um determinado Grau a uma «fatia» /«time-slots»)  desse  Rito , ou seja da totalidade do «pacote» transmitido. Ainda comparativamente, para se ter acesso à informação /conhecimento global contido no  «pacote» (Rito), é necessário ter conhecimento específico e sequencial de cada uma das respectivas fatias («time-slots») ou seja, de cada  Grau e do seu Ritual específico.
Independentemente do Grau em que decorre a Sessão, e focando-nos essencialmente no Grau de Apr:..,o Ritual com seus passos, procedimentos e instruções, a chamada ritualística, contêm em si um conjunto de ensinamentos específicos e simbólicos, que unívocamente o caracterizam, orientando e dando significado às acções e descrições orais no decorrer da Sessão, essencialmente da responsabilidade das Luzes da Loja (V:.M:. e VVig:.) sincronizadas com as actuações dos outros quadros.

18 de setembro de 2018

Porquê «Salvador Allende» ?


Porquê «Salvador Allende» ?

Explicar porque escolhi o nome simbólico «Salvador Allende» numa Loja com o seu nome, parece tarefa redundante e desnecessária.  Apesar de ter em conta os vários e excelentes textos de diversos IIr:., nomeadamente do Ir. José Marti,   lidos e publicados no Blog da N:. R:. Loja (ou fora dele), aceitei de bom grado o desafio (Editado pela Comissão Editorial do Blogue), porque representa uma promessa (e um dever) ainda não cumprido.  Apesar do nome simbólico que escolhi ter antecedido a Formação desta R:.L:. cada um de nós tem «razões específicas e pessoais» que fundamentam as escolhas efectuadas, pelo que gostaria de partilhar convosco, as que me dizem respeito, numa perspectiva de reforço do conhecimento mútuo e solidário,  que deve orientar sempre a nossa actuação em Loja (e fora dela).
Dir-vos-ei desde já, que a vitória eleitoral e o prestígio de Salvador Allende, enquanto Presidente e líder do povo chileno, teve um enorme impacto (entre outros) na formação politica de muitos jovens da minha geração, e da minha em particular, enquanto opositores idealistas e inexperientes ao Estado Novo (que como estudantes recém chegados à Universidade, grande parte éramos). Esse impacto foi-se progressivamente consolidando, com o avanço do processo de libertação que a «Unidade Popular» preconizava e desenvolvia, a par do combate aos contragolpes sucessivos da direita e extrema-direita, culminando no golpe fascista de que foi vitima. A partir daí, Salvador Allende constituirá sempre uma referência inabalável para todos aqueles que perfilhavam (e perfilham) os ideais da liberdade,  da democracia, do progresso social, do humanismo, da igualdade de oportunidades e da luta anti-monopolista, como essenciais no caminho para uma sociedade mais justa.

Como  Presidente,  Político,  Socialista (na correcta acepção do termo), dirigente respeitado, constituiu para muitos de nós,  naquela altura, um referencial de integridade e coerência, que jamais esqueceremos.  Para os mais novos (o relógio do tempo não pára e os anos vão rolando … ) recordo que estávamos ainda nos tempos cinzentos e sombrios da ditadura salazarenta, que a chamada «primavera marcelista» não tinha conseguido iludir,  continuando a oprimir, torturar e a expulsar da Universidade e do País (a todos os níveis sociais), os melhores que se lhe opunham.
Em 1970, o facto de ter sido possível a vitória eleitoral da «Unidade Popular» no Chile, país sob a tradicional área de influência do imperialismo americano, foi para nós uma chama que fez renascer a esperança. Fortaleceu-nos moral e politicamente a prosseguir a oposição ao decrépito regime do Estado Novo, que apesar de tudo só viria a sucumbir quatro anos depois,  graças ao golpe libertador de Abril. Foram também 3 anos intensos  de debate e discussão ideológica, no campo da Esquerda, ao mesmo tempo que se ampliava a oposição à ditadura a um numero crescente de sectores.
Lembro-me perfeitamente da avidez com que ouvíamos e líamos as rádios e a imprensa «não autorizadas» sobre a evolução da situação chilena. Contudo alguns de nós, já na altura,  tínhamos algumas dúvidas quanto à possibilidade de implementação do socialismo, por via eleitoral, sobretudo naquela época e na América do Sul, polvilhada por ditaduras fantoches e terroristas de inspiração americana, onde Cuba era a excepção, de que os EUA tinham jurado não permitir a repetição.

15 de setembro de 2018

Quem somos, o que somos, para onde vamos


Para Reflexão, transcreve-se este pensamento de H. Spoladore:
Grande parte dos Maçons não percebem ou não querem perceber que estão tendo a grande opção enquanto estão passando pelos graus simbólicos, aliás, graus estes que constituem a verdadeira Maçonaria. Infelizmente, estes Maçons são a grande maioria, e acham que a Ordem é festa, banquetes, auxilio mútuo, graus, política de lojas, fachada para outras actividades, belos aventais, distintivos na lapela, e outras tantas dicotomias, que são na verdade, verdadeiros subprodutos que a Ordem coloca a disposição de todos.

13 de setembro de 2018

Especulações a Respeito das Iniciações no Futuro


Com a devida vénia se transcreve Especulações a Respeito das Iniciações no Futuro, da autoria de Hercule Spoladore, publicado em 6 de agosto de 2018 por Luiz Marcelo Viegas no Blogue O Ponto Dentro do Círculo:
 
Se projetarmos nossa mente para daqui a cem anos, e através da especulação, da imaginação, utilizando os conhecimentos que temos no presente com relação a evolução da ciência e do avanço do pensamento humano quando houver profundas alterações de valores éticos e morais, dos costumes, reavaliações de princípios, quando o homem conseguir vencer os monstros do seu subconsciente e se tornar bom, enfim, quando souber gozar todo o maravilhoso progresso alcançado nos últimos dois séculos, muitas perguntas nos vêm à cabeça.
Existirão igrejas? Sobreviverão tantas denominações religiosas quanto as que temos no presente? Haverá a necessidade de templos? Qual será a moderna concepção do GADU? A Maçonaria sobreviverá se não mudar e se não se adaptar? As mulheres farão parte da Maçonaria Tradicional? Quando? Existirão doenças incuráveis? E as guerras?Continuarão a ser um dos flagelos da humanidade? E a mente humana como se comportará? Haverá mais Amor, mais Perdão, mais Tolerância nos corações dos Homens? E o paranormal? Conseguirá transpor facilmente a barreira dos cinco sentidos?

Se a civilização nos últimos cem anos, à mercê do avanço tecnológico incrível e fantástico, das invenções que mudaram a história da humanidade, através de uma maior liberdade de expressão e do pensamento, teve um progresso chegando a atual posição, houve pelo menos uma pálida coerência, entre a ciência e a humanidade ainda aceitando os princípios cartesianos que valorizam o racionalismo e o dualismo metafísico. Não estuda um fenômeno como um todo, estuda-o simplesmente em si, em separado. Hoje já se fala na Teoria Holística, onde tudo faz parte do todo.
Entretanto, com o advento da Informática, Internet, Realidade Virtual e outras tantas invenções maravilhosas que estão aparecendo a cada dia, o futuro parece que escapou de vez das previsões dos homens, porque pelo cartesianismo eles não conseguem mais explicar os fatos. No caso, estamos usando a imaginação.

8 de setembro de 2018

CINZAS


Transcreve-se, com a devida vénia e respectiva autorização, mais um Poema de Adilson Zotovici:

CINZAS

A Quaresma  tem início
Tempo de serenidade
A mudanças bem propício
De reflexão em verdade

Cessa  pois, o armistício,
Volta toda sociedade
A combater todo vício
Do poder, da autoridade

Seja o sonho realidade
Sem haver  qualquer  resquício
De perfídia,  iniquidade

Tragam as “Cinzas” benefício,
De austera  probidade
Do Grande Arquiteto auspício !

Adilson Zotovici

4 de setembro de 2018

Disciplina entre Colunas



Venho hoje apresentar-vos, Editado pela comissão Editorial do Blogue, uma prancha sobre o tema da “Disciplina entre Colunas”.
Tomando como referencia base alguns grandes escritos maçónicos e ainda as nossas leis e regulamentos, sugiro-vos que olhemos este tema sob três ângulos diferentes mas complementares.
O primeiro, uma perspectiva filosófica, recordando as tradições da Maçonaria Operativa no tocante ao bom funcionamento das Oficinas.
Vale a pena recordar que já no Século XVIII, na 2ª parte das Constituições de Anderson, relativas às “Obrigações de um Pedreiro-Livre”, se manifesta a preocupação de garantir a disciplina na conduta dos Irmãos, com normas que assegurassem o respeito pelos trabalhos em Loja  (“não vos comportareis jocosamente nem apalhaçadamente enquanto a Loja estiver ocupada em assuntos sérios e solenes”, ou  “não organizareis comissões privadas nem conversações separadas sem permissão do mestre”, ou “não se tragam para dentro da loja questões nem rancores”).
Também Albert Mackey,  citando os Landmarks conhecidos, realça que “É inquestionável a igualdade entre todos os maçons”, e que “Todos os Maçons estão sujeitos às leis e aos regulamentos da jurisdição maçónica em que residem”.
O segundo, numa perspectiva regulamentar, procurando traduzir nos nossos comportamentos as normas estabelecidas pela Editado pela comissão Editorial do Blogue, o qual define várias regras especificas no plano da “disciplina Maçónica”.

Assim sucede com Editado pela comissão Editorial do Blogue, que atribui aos vigilantes a competência de “direção das respetivas Colunas, sendo a eles que os Irmãos que nelas têm assento devem pedir a palavra, podendo retirar a mesma aos irmãos que dela usem sem a terem pedido. [Os Vigilantes] Transmitem nas suas Colunas os avisos do Venerável e mantêm a ordem e o silêncio”.
Ou Editado pela comissão Editorial do Blogue, com um conjunto de regras de conduta durante as sessões, em especial as relativas ao uso da palavra pelos diferentes Irmãos, definindo designadamente que nenhum pode usar da palavra mais de três vezes sobre o mesmo assunto, nem mais de dez minutos da primeira vez e cinco nas restantes.

1 de setembro de 2018

Exibicionismo


Do «Escocismo» ao Grau 33 do R.E.A.A – percursos de um Rito


Transcrito, com a devida vénia e respectiva autorização, do Blogue Jakim&Boaz.

 I – Introdução
 Diversos e distintos estudiosos e historiadores maçónicos  têm publicado trabalhos nos últimos decénios dissipando algumas das nuvensdas   várias lendas assumidas até então, esclarecendo progressivamente diversas lacunas documentais ou inconsistências, que se têm colocado aos estudiosos, quanto às reais origens do Rito Escocês Antigo e Aceito (R.E.A.A.) , bem como às motivações e objectivos que lhe foram subjacentes.
Sendo o R.E.A.A. o rito mais difundido a nível mundial, este caminho de procura das fontes originais torna-se ainda mais premente, para todos os que o pretendem praticar consistentemente e  daí as notas que humildemente procurámos coligir, aprofundando algum estudo adicional já previamente efectuado.
 Cada vez se nos afigura como um facto intransponível  a importância do grau de «Mestre» na consolidação da Maçonaria especulativa (já alvo de trabalho anterior).  Aí socorremo-nos  de alguns dos trabalhos recentes e credenciados, referenciámos alguns dos principais marcos, dados históricos e conclusões, embora concluíssemos que continua a não ser possível determinar com precisão as suas origens.
 É contudo nossa convicção que a estabilização e consolidação deste grau e da respectiva «lenda hirâmica», criou as condições objectivas para o desenvolvimento subsequente dos chamados «Altos Graus» (mais correctamente «Graus Complementares»,  com maior propriedade).
Na Maçonaria Operativa não existem dúvidas de que existiam sómente dois graus: Aprendiz e Companheiro. Aqui não existiam quaisquer influências astrológicas, alquímicas, rosacrucianas, cabalísticas ou ocultistas, ou de quaisquer outros elementos  esotéricos.  Mestre não era um grau em si, mas uma função que competia ao responsável pela construção, ou pela Loja operativa que coordenava.

No início  da Maçonaria Especulativa  ou,  como preferimos,   da  moderna Maçonaria, a situação era análoga quanto aos graus (ver constituições de Anderson de 1723, da Grande Loja de Londres e Westminster), existindo igualmente os de Aprendiz e Companheiro, sendo o de Mestre, honorifico, representando o responsável pela Loja. Não existiam templos, as reuniões eram realizadas em tabernas e durante uma reunião de maçons não se procedia à abertura de qualquer livro da Lei.  Os símbolos (correspondentes ao actual Quadro da Loja) eram desenhados no chão com giz ou carvão, sendo apagados  no final de cada Sessão.
Enquanto a Maçonaria Inglesa em virtude do seu relacionamento directo com a Igreja Anglicana e com o   aparelho de Estado, permaneceu tradicionalmente ligada à Bíblia, a Maçonaria Francesa, sem aquelas ligações e com muitos mais graus de liberdade, apesar da grande influência da religião católica romana, tornou-se, em plena altura do Iluminismo, mais permeável a uma amálgama de influências de doutrinas e de concepções heterogéneas, com muitas contribuições do iluminismo alemão (principalmente, rosacrucianas, cabalísticas, bíblico-judaicas, templárias ou astrológicas), que constituiram o fermento da germinação de variados graus que foram chamados de «Escocismo». Estes ditos «Graus superiores» aproximadamente meio século mais tarde, vieram a constituir a coluna dorsal do Rito Escocês Antigo e Aceito (e também doutros ritos escoceses que entretanto deixaram de se praticar, à excepção do Rito Escocês Rectificado - R.E.R.).