Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

20 de julho de 2017

VELHO AVENTAL


Mais um poema de Adilson Zotovici

Oh quão formoso cenário !
Sem acasos, tão bom astral,
Bem demarcado ternário
E adequado ferramental !

Prende atenção no plenário
Alguém muito especial
Obreiro sexagenário
Em meio ao grupo jovial !

Livre pedreiro lendário,
Perene nas mãos manual
Qual guarda nosso  ideário,
Arcanos e bom ritual

Mas um neófito solidário,
Em tom curioso, informal,
Aflito, teceu comentário
Sobre o que viu de anormal ;

Um homem sábio, argentário,
Grande mestre da Arte Real,
Orgulhosamente usuário,
“Dum tão desgastado avental “ !

O velho alvenéu honorário,
Fala mansa, coloquial,
Diz que  esse estado precário
É motivo de honra sem igual !

Que o desgaste é originário
Dum desbastar divinal
Que pedreiro visionário
Logo vê que imaterial...

Que com ele fez bom salário
Por seu justo labor fraternal
E que a ele, um relicário...
Do Grande Arquiteto Universal !

Adilson Zotovici

19 de julho de 2017

A Pocura Iniciática e o Ritual como Método de Transmissão

Transcrito do Blogue Jakim&Boaz com a devida vénia.

I – Introdução
 Será a procura iniciática estritamente reduzida ao Ritual, na versão que procura reduzir e limitar aquela ao estrito cumprimento das normas ritualísticas ou, pelo contrário, tem alguns graus de liberdade e utiliza-os para alcançar também outros objectivos e vectores, que extravasam aqueles limites?. Entre estes dois polos que balizam as opiniões e práticas de muitos maçons, cremos que a segunda opção, ou seja a de uma via intermédia e múltipla, será a mais adequada à pesquisa e procura iniciáticas, potenciando a via de transmissão. É esta aproximação que iremos tentar desenvolver nos pontos seguintes.
Acreditamos que o Ritual desempenha um papel primordial no desenvolvimento da procura iniciática,  mas apesar da sua reconhecida importância, não será o único vector a ter em conta, já que em nosso entender,  representa um guia, como que que o fio condutor do trabalho maçónico em Loja, mas ao qual não se deve limitar ou restringir o objectivo essencial da procura iniciática, contrariamente ao que alguns IIr:. preconizam.
 Para tentar desenvolver este raciocínio,  socorremo-nos sobretudo de dois trabalhos de conhecidos autores, I. Mainguy e Victor Guerra (indicados na bibliografia), já anteriormente publicados neste Blog. Acrescentámos alguns parágrafos, comentários ou pontos adicionais, suprimindo outros, devido a eventuais graus de redundância, por forma a interligar os dois textos (originalmente independentes), tentando construir a continuidade desejável que perspectivámos. Deste modo os erros ou inconsistências que possam existir, serão por certo da nossa inteira responsabilidade.

Enquanto  Maçons descendemos de uma longa linhagem de pensadores que trabalharam para criar e expandir a nossa Ordem Iniciática;   a noção de Ordem e Tradição incorpora aqui o seu necessário  e essencial valor.   É através do  Rito que a nossa Tradição nos leva a alcançar as  imagens simbólicas da Verdade,  que se  esforça por nos Transmitir.  É através dele que a nossa Tradição  baliza o  nosso caminho.  A Tradição é característica duma Ordem que dá primazia ao Conhecimento  e  que se propõe alcançar a realização do ser humano, fazendo-o  escalar  graus sucessivos de iniciação.
 O caminho  que nos é proposto no dia da nossa Iniciação tem por fim  fazer-nos passar  dum estado considerado "inferior" a um estado "superior “ de consciência.   Isto é verdade em todo o Rito, tendente  a  admitir os seus adeptos a um grau de conhecimento de certos  mistérios, pela entrega das chaves que dão acesso aos  dados fundamentais,  traçando o caminho a seguir para penetrar as  etapas  progressivas  desse mesmo  conhecimento.
 Sobre este  percurso,  no limite do pavimento  Branco e Negro, as provas  são múltiplas e a conversão não é das menores,  já que envolve um "retorno" (no sentido grego: uma  apóstrofe);  exige um caminho  que desce  até o fundo de nós mesmos,   via de Conhecimento,  indo de "nós mesmos para nós mesmos”.  Daí a importância dos Ritos  de iniciação e dos Mitos, que representam  os perigos,  as armadilhas  a evitar para alcançar a visão salvadora do Ser, mas não a do Ter.   Daí os perigos dum caminho iniciático, que será necessariamente marcadamente pessoal , pelo acesso único e individual  à  "compreensão do símbolo",  fora  de todo o método, de toda  a "escola" ...
 O Simbolismo macónico é o elemento  fundamental do pensamento  iniciático,   de que não se pode fazer  uma intelectualização redutora.  Deve ser acima de tudo um processo de conhecimento e o instrumento da transformação interior do homem.   Enquanto que a linguagem da razão é necessáriamente limitada, "o Simbolismo,  enquanto suporte da  intuição transcendente, abre possibilidades verdadeiramente ilimitadas" (René Guénon, «Perspectivas sobre a Iniciação») (2).

16 de julho de 2017

A Maçonaria na Revolução Francesa: Que papel?


Artigo de José Martí transcrito do nº 867 do JB News de 13.01.2013

Ainda hoje é frequente ler e ouvir que a Revolução Francesa é sinónimo de uma acção vigorosa e organizada da Maçonaria francesa.
Sendo indiscutível, por múltiplos registros históricos, que uma grande parte da elite intelectual francesa integrava a Maçonaria, isso não significa que ela estivesse alinhada, como tal, com a ideologia revolucionária de então.
A importante presença dos maçons é outro facto inquestionável, muito activos individualmente, mas presentes em todos os campos político-ideológicos, incluindo a nível dos Chouans, que constituíam a corrente política e militar de defesa dos interesses da realeza.
A primeira iniciativa em torno da criação do mito dos maçons como autores da Revolução é do abade Lefranc, director do seminário de Caen que, em 1791, publicou um livro com um extenso título e cuja parte inicial era “ Le voile levé pour les curieux ou les secrets de la revolution revélé”.
Uns anos mais tarde surgiu um ex-jesuíta, o abade Barruel, que publicou um livro que teve várias edições, de que a primeira é de 1797/1798, com o título “ Les mémoires pour servir à l’histoire du jacobinisme”.Toda a campanha antimaçónica, visando fazer crer que a Revolução Francesa foi obra da Maçonaria, acabou por partir dele. Este tipo de especulações levou, ao longo de muitas décadas, à divulgação de informações falsas sobre a suposta filiação maçónica de personalidades como Robespierre, Saint Etienne, Danton, Saint Just, Desmoulins e mesmo Condorcet. Foi simultaneamente desenvolvida a tese de que o objectivo fundamental da Maçonaria seria a destruição integral da monarquia francesa, dadas as suas estreitas ligações ao movimento
republicano.

A análise rigorosa dos factos e dos registos históricos conduz à conclusão de que a Maçonaria, como tal, teve um papel muito discreto durante a Revolução, senão mesmo nulo, ao contrário da legenda que foi sendo criada.
Se a nível dos protagonistas revolucionários o número de maçons é reduzido, eles abundam a nível de príncipes, duques e membros da “Câmara dos Pares”, de que Montemorency-Luxembourg era um dos nomes mais destacados da maçonaria, dado o cargo que então ocupava de administrador-geral do Grande Oriente.
A título de curiosidade histórica, em 1789, Montemorency-Luxembourg emigrou para o nosso país, onde morreu em 1803.
Logo na primeira assembleia dos notáveis, Março/Abril de 1787, os maçons que dela fazem
parte aparecem divididos.

14 de julho de 2017

14 DE JULHO



Mais um poema de Adilson Zotovici

Quatorze de julho é poesia
Sobre justo sentimento
Marco perfeito esse dia
Contra heresia o evento

Um princípio que inebria
Vital e que trouxe alento
Por bons homens, à porfia,
Com igualdade e talento

Com força e valentia
Face inefável  argumento
Contra infame tirania

Que o livre pedreiro atento
Da Liberdade pois, guia,
Honra...LIVRE PENSAMENTO !

Adilson Zotovici

13 de julho de 2017

Duarte Pacheco


Tendo sido incumbido de apresentar uma peça de arquitetura sobre a escolha do nome simbólico Duarte Pacheco, ...Editado pela Comissão Editorial do Blogue..., vejamos então, porque razão foi esta a forma que encontrei de pessoalmente homenagear este Grande Engenheiro e Estadista português, de enorme importância para mim.
 Tendo nós campos e braços da Engenharia diferentes, Duarte Pacheco como Engenheiro Eletrotécnico, e eu como Engenheiro Geólogo, tornei-me grande admirador da sua obra, desde a minha adolescência, pelo exemplo que deixou às gerações vindouras, e pelas suas extraordinárias qualidades.
Duarte Pacheco foi um visionário para a sua época, e lutou contra todas as dificuldades do regime que em Portugal se vivia nessa altura.
Duarte Pacheco foi alguém que nasceu na época errada, tendo todas as suas obras sido idealizadas, e os seus padrões transportados para realidade atual, as quais ainda hoje podemos ver e admirar na cidade de Lisboa e no resto país.
Duarte Pacheco nasceu em Loulé, em 19 de abril de 1900, e ao longo dos seus estudos demonstrou sempre um elevado nível de intelectualidade. Em 1917, ingressou no recém-criado Instituto Superior Técnico (IST), e seis anos mais tarde terminou o curso de Engenharia Eletrotécnica, com a classificação de 19 valores.
Pouco tempo depois, foi convidado para Professor de Matemáticas Gerais, nesse mesmo Instituto Superior Técnico, e em 1927 foi nomeado Diretor do mesmo.
Em 1928, com apenas 29 anos, ocupou o seu primeiro um cargo político, tendo sido nomeado para Ministro da Instrução Pública, exercendo estas funções apenas durante uns curtos meses.
Em 1932, com apenas 32 anos, foi convidado para Ministro das Obras Públicas mas, abandona o Governo em 1936, voltando à vida politica em 1938, para aceitar o cargo de presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Poucos meses depois regressa ao Ministério das Obras Públicas, permanecendo no cargo até à data da sua morte, no dia 16 de novembro de 1943, vitima de um acidente de viação, com apenas 44 anos de idade.

Duarte Pacheco com as suas extraordinárias qualidades, inteligência, competência, espírito de grande iniciativa e energia, operou uma importante transformação no nosso País. Durante os anos que presidiu o Ministério das Obras Públicas e Comunicações, e na Câmara Municipal de Lisboa, planificou e executou as obras que trouxeram Lisboa e a Portugal para a realidade do século XX.
Foi o impulsionador do salto qualitativo da engenharia portuguesa. O Aeroporto de Lisboa, a renovação do IST e o Parque de Monsanto, também fazem dele uma referência obrigatória. O Parque é hoje o pulmão da cidade de Lisboa, e a sua conceção e execução, demonstra a paixão de Duarte Pacheco.                       
O seu nome ficará eternamente ligado a muitas obras emblemáticas como os bairros sociais de Alvalade, Encarnação, Madredeus e Ajuda, em Lisboa, as autoestradas Lisboa-Vila Franca de Xira e Lisboa-Estádio Nacional, a marginal Lisboa-Cascais, a Estação Marítima de Alcântara, o aeroporto de Lisboa, o Estádio Nacional, a Fonte Monumental da Alameda, o Instituto Nacional de Estatística, a Casa da Moeda e a organização da Exposição do Mundo Português.

12 de julho de 2017

Avental



Permitam que vos fale sobre um símbolo relacionado com a instrução de um iniciado.
Talvez o avental com a abeta levantada possa ajudar-nos a recordar a supremacia do triângulo sobre o rectângulo, porque embora o iniciado não consiga ainda distinguir a parte espiritual da parte material, este triângulo, além de o proteger no acto de desbastar a pedra bruta, ele representa a vertente espiritual e sobrepõe-se ao rectângulo do avental que ilustra a vertente material.
E essa peça do ritual, e paramento da actividade maçónica não representa apenas a prontidão para o trabalho, esta peça é o reflexo do corpo que a alma cria. O iniciado tem um avental branco porque é puro, e dependerá dos seus pensamentos e acções o avental, ou corpo, que a sua alma criará.
É claramente um símbolo que nos terá sido legado pela Maçonaria operativa, mas o Templo, ou Templos, que agora construímos são mais complicados de erguer.
O iniciado tem que ceder nos seus vícios e buscar permanentemente a virtude. É uma construção muito complexa quando constatamos que tantos da nossa espécie praticam sem grandes escrúpulos uma vida centrada na ganância e no egoísmo.

Erigir um templo à virtude partindo de nível tão desestruturado e conflituante, como são os vícios que transportamos do Mundo Profano, e que são muito distintos dos princípios que defendemos e que, quase todos, tentamos praticar, é uma construção lenta, difícil e a carecer de muito empenho e solidariedade do grupo.
A L:., o respeito pelo ritual, a disponibilidade e a solidariedade têm que ter um papel pedagógico e agregador perante todos os iniciados e aprendizes.
Desde sempre, os valores aceites por comunidades foram um cimento do seu desenvolvimento. Na antiga China, o ritual e a influência de Kongzi, ou Confúcio como o conhecemos aqui no Ocidente, ilustram-se nos Analectos com a resposta que um seu discípulo dá, perante a afirmação da importância do Ritual. Ele diz, e reflictamos:
Como coisa recortada, Como coisa preenchida, Como coisa gravada, Como coisa polida.
E para clarificar podemos acrescentar palavras da escritora Karen Anderson citadas e complementadas por Andrew Marr no seu Livro História do Mundo.

9 de julho de 2017

O Mito da Patente Maçónica

Transcrito do Blogue Pierres Vivantes este artigo de opinião de Roger Dachez


Um dos assuntos mais frequentes das querelas e desordens, na maçonaria francesa em particular, é o tema das patentes. Temos visto, muitas vezes, Obediências ou Jurisdições dos altos graus recém-criados - por cisão ou multiplicação - por iniciativa dos membros "regularmente" iniciados nos diversos graus que estas estruturas agora entendem controlar de forma independente, irem à procura, muitas vezes de modo penível e movimentado, da patente, que por si só, de acordo com eles – e ainda de acordo com outros! - poderia legitimar os seus trabalhos.
O assunto não é novo e tem levado a alguns dos episódios mais pitorescos – mas, às vezes, dos mais angustiantes - da história maçónica de França. Uma visão histórica rápida, no entanto, permite que a luz de um novo dia a esclareça. Vou dar, apenas, algumas indicações de que me disporei a desenvolver, de um modo mais marcante, num livro a ser publicado dentro de três ou quatro anos.
O que é uma patente?
De onde vem essa ideia de que um documento, denominado patente "- Warrant em Inglês - é essencial para que os trabalhos maçónicos sejam perfeitamente inquestionáveis, pelo menos na lei, se não de fato?
É necessário refazer a história da noção jurídica de patente porque é de onde tudo vem.
No direito antigo, uma carta patente (Letters patent em Inglês.) era um acto público (do latim patere: estar aberto) pelo qual o rei conferia, aos que dependiam da sua autoridade, um direito, estatuto ou privilégio. Este documento opunha-se- á Letter closed (em Francês lettre de cachet) que não se dirigia senão a um destinatário específico - não necessariamente só para o meter na prisão! Resumindo, a patente é um instrumento jurídico pelo qual uma autoridade civil permite que uma pessoa, grupo de pessoas ou instituição possa exercer uma determinada actividade, com o beneficiário a reconhecer, no entanto, a supremacia de quem a emite - e admitindo, se for o caso, de a poder retirar, não sendo outra coisa, em última análise, senão um processo de submissão política...

A patente na maçonaria
Quando é que a patente apareceu na maçonaria? Novamente, como em muitos outros domínios, foi em Inglaterra que tudo começou.

7 de julho de 2017

LIDERANÇA E AUTORIDADE




Segue com fé e confiança
Praticando amor, caridade,
Com teus iguais em aliança
Na paz, na adversidade

Faz tua marca a temperança
Com humildade e austeridade
Mantém a chama da esperança
Bem viva na fraternidade

Ampara, sem qualquer cobrança
Semeia  concórdia, equidade,
Broto de união como herança

Assim tu verás em verdade
Seguirem-te por  liderança
E não por tua autoridade

Adilson Zotovici

5 de julho de 2017

Eleição Grão-Mestre do G.'.O.'.L.'.



Fernando Lima foi eleito Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano pela terceira vez consecutiva após confirmação pelo Grande Tribunal Maçónico.