Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

20 de dezembro de 2016

SOLSTÍCIO INVERNO



Pelas 10h44m de amanhã, dia 21 de Dezembro, o movimento dos Planetas em relação ao Sol proporciona-nos um Fenómeno Astronómico que ocorre quando o Sol atinge a maior distância angular em relação ao plano que passa pela linha do Equador numa declinação de 23º26’4’’ a Sul (perto do Trópico de Capricórnio) dando início ao Inverno no Hemisfério Norte (e Verão no Hemisfério Sul).

Para as Civilizações Primevas (muitíssimo antes do aparecimento das Religiões), este dia era o escolhido para as Iniciações por ser nesta ocasião (a maior noite do ano) que começavam os dias a serem maiores progressivamente marcando o início do Ciclo da Luz.

Associavam o Solstício de Inverno à morte, ao desconhecido e à escuridão surgindo, em oposição e sequência, o chamado Renascer que se transformou numa Regeneração, primeiro da natureza e depois do próprio Homem.
Estes fenómenos, por terem sido constatados e estudados antes de qualquer religião, eram considerados Pagãos, mas foram prontamente aproveitados por Filósofos e Teólogos que os associaram às ideias e dogmas que professavam.

6 de dezembro de 2016

Princípio Inabalável, Inexpressável e Infindável




Desde sempre que o sagrado ligado às religiões teve como companheiro de cabeceira (ou como a outra face da mesma moeda) o chamado sagrado laico. Este, devido ao escasso conhecimento científico foi ficando o irmão pobre, em contraponto ao outro que, devido às circunstâncias históricas, se tornou opulento e demasiado rico, aliás e mal comparado, como qualquer relação económica em que as assimetrias se evidenciam por múltiplas máscaras, sempre com os intervenientes de costas voltadas, agredindo-se mutuamente e sem a comunicação desejada.
Paulatinamente, com o conhecimento a medrar, vários pensadores de todas as áreas (filosofia, ciências humanas, teologia) foram separando o trigo do joio para que estes dois sagrados se unissem ficando a questão reduzida à semântica, isto é, o sagrado tem o mesmo significado em ambos por se tratar de um extraordinário fenómeno em que a saída do nosso pequeno Eu vai de encontro aos Outros e ao Universo. E, se nas religiões, os Outros se designam por Igrejas e o Universo por Deus, no laico, os Outros são aqueles que se religam em objectivos comuns (vide a N.’.A.’,O.’. com liberdade, fraternidade, justiça e tolerância) e o Universo poder-se-á designar por Cosmos, GADU ou simplesmente Luz ou mesmo Verdade Primordial.

O que é certo, é que desde os primeiros passos da humanidade, o sagrado se identifica com a luz (essencialmente Solar que tudo ilumina e dá brilho) e com o seu correlato (não menos adorado) a que se deu o nome genérico de trevas. Luz e escuridão numa oposição idêntica à dos sagrados (religioso e laico), vale dizer, de costas voltadas e incomunicáveis.
Serve esta introdução para me dedicar a uma das muitas vias para chegar a esse Sagrado ou Luz e que tem o nome de Iniciação.
Vou começar por posicionar o que é fenoménico, ou seja, dependente de uma existência corporal e psíquica e o que é verdadeiramente espiritual, quer dizer, o que harmoniza, liga e supervisiona o que é material e mental.

22 de novembro de 2016

Acerca da Tolerância na Maçonaria




Recordando  Saint-Exupéry (Citadelle, 1948):     «Se diferes de mim, meu Irmão, longe de me prejudicares, enriqueces-me».(f.c.)

I - Introdução
A Tolerância é um dos princípios  mais nobres que nos impõe a Maçonaria proclamando a Constituição da A:. O:. -  Titulo I, Artigo 1º) que    «A Maçonaria....obedece aos princípios da Fraternidade e da Tolerância, constituindo uma aliança de homens livres e de bons costumes, de todas as raças, nacionalidades e Crenças” (6).

A palavra Tolerância deriva do latim “tolerare”, que significa tolerar, suportar, mas também suster, manter.  Segundo Mainguy (3) esta palavra só tomou o sentido positivo que actualmente lhe damos a partir do século XVI, aparecendo como noção filosófica evolutiva e começando verdadeiramente a definir-se nos decénios que precedem a eclosão da Maç:. sob a forma especulativa moderna.

Ao consultar o   Dicionário a primeira definição de TOLERÂNCIA é a seguinte:
<1. (Substantivo…).Tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou religiosos>, (f.c.).
M. Pinto dos Santos salienta ( “Dicionário da Antiga e Moderna Maçonaria”) (8) que «Tolerância –  Virtude através da qual  o Maç:. aceita nos outros IIr:. a diferença ao nível do pensamento, da sua expressão e dos actos. A prática desta virtude é condição do progresso maçónico, uma vez que a aceitação da diferença e do contrário é fonte da dialéctica que se coloca ao Aprendiz desde a sua iniciação» (f.c.).

Para  Guy  Chassagnard (“Petit Dicitionnaire de la Franc-Maçonnerie”) (1), a Tolerância é «Princípio primeiro da Maçonaria, para quem todas as ideias são respeitáveis desde que emanem de espíritos sinceros; porque eles exprimem a verdade sob diferentes aspectos. Nenhum homem livre e de bons costumes pode permanecer no erro absoluto nem vangloriar-se  de deter  a verdade perfeita.» (f.c.)
A. Oliveira Marques  ( “Dicionário da Maçonaria Portuguesa – vol.II) (7) refere que «...é através dela que podem ser iniciados e permanecer dentro das Loj:. IIr:. de todas as tendências políticas e religiosas, convertendo aquelas no «centro de união» proclamado por Anderson.  Nas várias Constituições Maçónicas Portuguesas, a Tolerância surge como princípio e divisa fundamentais da Ordem» (f.c.).

Por último, Daniel Ligou (“Dicitionnaire de la Franc-Maçonnerie”) (9) salienta: “…O espírito de tolerância consiste precisamente em admitir  outra opinião mesmo se essa opinião é contrária à nossa ou à opinião dominante ou oficial, que se tende a considerar geralmente como uma verdade” … e mais à frente: “ É preciso contudo não confundir uma instituição que tolera com a que afirma a liberdade absoluta de consciência, já que neste caso todas as opiniões podem ser expressas e ensinadas, não se estabelecendo entre elas qualquer hierarquia de valor ou relativamente a elas qualquer julgamento” (f.c).

25 de outubro de 2016

A propósito do(s) conceito(s) de “Regularidade” na Maçonaria



 I – Introdução

Segundo Daniel Ligou (11), Regularidade é uma das noções mais complexas da Maçonaria já que os Maçons que se afirmam «regulares» não estão, mesmo entre eles, de acordo sobre os critérios de regularidade.
 
R.Dachez (4) refere que: “uma vez que na utilização maçónica, as palavras “regular” e “regularidade”, fizeram a sua aparição em Inglaterra, desde o início da maçonaria especulativa organizada, será à semântica inglesa que é preciso recorrer”. Por consulta do Oxford English Dictionary, temos, entre outros significados:

-”O carácter do que é uniforme» e “O que está conforme uma norma estabelecida e reconhecida, numa palavra «normal» ”. A palavra “regular” distingue assim os maçons «normais», conformes ao estatuto corrente e em vigor, que reconhecem uma autoridade oficial, face aos «irregulares» que não fazem parte desse estatuto.

É na segunda metade do século XVIII, no contexto da grande disputa pelo controlo da Maçonaria Inglesa, entre as duas Gr. Lojas rivais (G.L.L. – Grande Loja de Londres ou «Modernos» – 1717, e a G.L.A. ou «Antigos» - 1751/3»), que se deve compreender a primeira noção de “regularidade”.
Neste século, em Inglaterra é regular uma Loja que se submete à autoridade duma Grande loja e…. lhe paga as capitações. Em contrapartida os seus membros terão direito à Solidariedade dessa Gr. Loja, preocupação essencial aos maçons da época e que, nomeadamente nos «Modernos», deu origem à constituição dum comité de Solidariedade.

Neste quadro, os Regulamentos Gerais («General Regulations») da G.L.L., publicados nas Constituições de 1723, definem claramente aquele conceito, no ponto VIII: “se um número qualquer de Maçons resolvem entre eles formar uma Loja sem patente do Grão-Mestre, as Lojas Regulares não poderão considerá-los ou reconhecê-los como Irmãos conveniente e correctamente constituídos, nem aprovar as respectivas actividades ou decisões».

20 de outubro de 2016

A Cadeia de União e os seus Símbolos



Tem este pequeno estudo o objectivo de dar um contributo para o conhecimento de um acto de cariz litúrgico, da transmissão da chamada «Palavra do Semestre», quando na realidade a Cadeia de União, encerra um conjunto de conceitos mais vastos de natureza filosófica que se integram no R.’.E.’.A.’.A.’., como um dos alicerces da Nossa Augusta Ordem.

Na sua origem, encontramos vários ramos do conhecimento humano e raízes esotéricas e filosóficas, oriundas também da chamada Maçonaria Operativa, como são exemplos os Mistérios de Ceres, os Egípcios, Rosacrucianos, alquimistas e dos Essênios.

É um facto que a primeira descrição da “Cadeia de União” remonta a 1696, no Manuscrito de Edimburgo e aquilo que se aproxima do mesmo acto ritual, tinha como objectivo transmitir a “Palavra de Mestre”, que era nesses textos designada por Makaboe (macabeu=martelo).
No entanto, referências documentais precisas, à expressão “Palavra Semestral”, encontramo-las, em 28 de Agosto de 1773, data da instalação como Grão-Mestre do Grande Oriente de França, do Duque de Chartes, mais tarde duque de Orléans, passando a mesma a ser adoptada regularmente a partir de 1777.

27 de setembro de 2016

O que se Pode e Deve Ler no Poema Régio e Manuscrito de Cooke



Reestudar a história é coisa que me agrada e faço-o tantas vezes quantas as vezes que a vicissitude dos factos históricos o induz. Confesso o particular fascínio que a obscuridade da Idade Média me desafia a iluminá-la e, porque estes manuscritos estão relacionados com uma das prováveis origens do ofício de pedreiro-livre, vou dedicar algum estudo aos mesmos.
Por e para quê esta fixação, por vezes teimosa e outras hilariante, de relacionar as maçonarias ditas operativa e especulativa? Responda quem melhor estiver apetrechado para tal pois, eu, há muito que deliguei os fios e as conexões entre ambas, aqueles sim, muitíssimo especulativos, e assim poder sentir-me livre e, com bons costumes, dedicar-me ao conhecimento de ambos os períodos com os seus factos, ideias, práticas e respectivas lições.

É um grande chamariz à minha vontade aprofundar o período em que decorreu a franco-maçonaria profissional (a tal dita operativa) e, se há documentos históricos (não confundir com textos literários marcadamente especulativos) em que posso mergulhar, são eles, sem dúvida alguma, os chamados Poema Régio e o Manuscrito de Cooke. Estes, foram tão exaustivamente estudados, confundidos e trabalhados que conseguiu a comunidade intelectual um aproveitamento (pode pronunciar-se descontextualização) tal que fizeram de puros textos medievais, reveladores de regras e costumes dos pedreiros-livres da Idade Média, uma das bíblias justificadoras de quase toda a história da franco-maçonaria.
Passemos, então, ao que se pode e deve ler neles numa tentativa de os situar no seu verdadeiro contexto:

1- POSICIONAMENTO HISTÓRICO
2- CONTEÚDO
3- ILAÇÕES
4- CONCLUSÕES

18 de setembro de 2016

Versos Irmãos



IV

Existem dois tipos de humanos:
Os que pensam e os que não!
Reduzir a esta expressão
Mínima todos os enganos,

Virtudes e demais características
Parece encerrar o assunto,
Mas tal como o silêncio nas músicas
Sacras, e se mal pergunto

É por, reflectindo, na singeleza
Se revelarem os sinais,
E enquanto houver a certeza
De os homens não serem animais
Irracionais a legibilidade
Sem artifícios não será uma contrariedade

Mas uma prática dialéctica eficaz
Onde se encontrará a paz
Turbulenta de quem sabe o que faz,

43 ANOS DEPOIS...







Quarenta e três depois do desaparecimento de um digníssimo representante da espécie humana, de sua graça Salvador Allende, continua-se com a esperança e a certeza dos valores e princípios que tanto defendeu.



23 de junho de 2016

Solestício de Verão



No corrente ano, o ponto da Eclíptica em que o Sol atinge as suas posições extremas em relação ao Ecuador, ou seja e neste caso, em que a sua Declinação chega ao máximo (pronuncia-se Solestício de Verão), decorreu no dia 20 de Junho às 23h34m e vai prolongar-se por 93,66 dias até ao próximo Equinócio.

o Logos Solar é marcadamente Simbólico desde as mais primevas Civilizações em todos os cantos do Planeta apelando-nos à Reflexão.



A Loja e o Templo- Dicotomias


Ao decidir-me por este traçado, tive como principal preocupação esclarecer a dicotomia que é repetidamente feita entre Loja e TemploMaçónicos, e que, como é referido por René Désaguliers, na sua obra “Les Trois Grands Peliers de la Franc-Maçonerie”, é de tal forma que, atravessa graus e ritos.

Por isso, meus queridos irmãos, apesar deste tema já ter sido tratado por partes de alguns dos principais autores maçónicos de referência, como Jules Boucher, Irene Mainguy, Patrick Négrier e René Désaguliers, entre outros, pretendo com este meu trabalho, contribuir para o esclarecimento desta matéria, esclarecendo que este meu contributo, é resultado da conjugação da doutrina defendida por várias autoridades nesta matéria, em especial pelos que citei.

É da natureza humana encontrar um lugar ao qual possamos pertencer e sentir-nos úteis, mas é de vital importância que, também nos agrupemos espiritualmente, e nos ajudemos uns aos outros.

A principal distinção que deve desde logo fazer-se entre Templo e Loja, é a de que, o “Templo” é o local de reunião, a “Loja”, a corporação maçónica. Por isso, no final de uma sessão, a Loja é considerada fechada, mas o Templo, continua aberto, inclusivamente para outras Lojas.

Quando os irmãos se reúnem, agrupam-se como Loja, sendo por isso errado, dizer que se estão a reunir numa Loja. Embora os seus membros possam de facto estar reunidos numa estrutura a que chamam de “Loja”, são os membros que são considerados a Loja, e não o edifício onde se encontram. Aliás, as primeiras lojas reuniam-se em tabernas e em lugares públicos.

20 de junho de 2016

Perspectiva histórica da transição da maçonaria operativa para a maçonaria especulativa


De todos os debates sobre a história da maçonaria, o que remete às origens da Maçonaria especulativa é um dos mais fundamentais. Este tema surgiu no início dos anos setenta, na Escócia, e em  França  através de  Roger Dachez com a divulgação de dois longos artigos publicados na revista Renaissance Traditionnelle, em 1989.

O simples fato de se levantar a questão das origens da Maçonaria especulativa e de se mencionar a ausência de filiação directa com a Maçonaria operativa medieval como uma hipótese concebível, provocou em diferentes meios e em diferentes estudos reacções abertamente hostis, algumas delas chegando até à irracionalidade. Vários autores em diferentes trabalhos, consideraram útil mencionar este debate, já dado como inevitável e que, portanto, era preciso examinar, pelo menos, as teorias da substituição e a teoria clássica da transição, julgadas igualmente dignas dentro da Maçonaria.

Em 1947 dois grandes historiadores britânicos da Maçonaria, Knoop e Jones, expressaram no prefácio da primeira edição da sua principal obra, A Gênese da Maçonaria, o seguinte: “embora até agora tenha sido habitual pensar a história da Maçonaria como uma questão totalmente separada da história comum, justificando, assim, um tratamento especial, nós achamos que se trata de um ramo da história social, do estudo de uma determinada instituição social e das ideias que estruturam esta instituição, e que se deve abordá-la e escrevê-la exatamente da mesma maneira que a história de outras instituições sociais.”

Assim como a história de certas religiões e igrejas, quando tratada com a objetividade às vezes dolorosa do historiador, leva a conflitos com os que se recusam a olhar para a sua própria história, também a “história secular” da Maçonaria não tem conseguido a adesão  unânime dos maçons. Durante mais de 15 anos, John Hamill no seu trabalho História da Maçonaria Inglesa, publicado em 1994, após um profundo trabalho de revisão do original The Craft, expressava claramente esta dificuldade: “Há, portanto, dois tipos de abordagens para a história maçónica: a abordagem propriamente dita, como “autêntica” ou científica, segundo a qual uma teoria se fundamenta e é desenvolvida a partir de factos verificáveis ou de documentos, e uma abordagem dita

18 de maio de 2016

CHOREMOS; CHOREMOS; CHOREMOS

Informo-vos ter partido, ontem, terça-feira, 17 de Maio corrente, pela manhã, para o Or:. Eterno o nosso M:. Quer:. e Resp:. Ir:. António Roseiro.

O féretro do nosso  M:. Quer:. e Resp:. Ir:. será transferido para o Pal:. Maç:., ao Or:. de Lisboa, onde ficará, a partir das 16h00 de hoje, apenas acessível à família de sangue.

Amanhã, quinta-feira, 19 de Maio corrente, entre as 14h00 e as 24h00, ficará em câmara ardente, então, acessível aos Resp:. IIr:. que ali lhe queiram prestar uma última homenagem.

A Cerimónia de Cremação realizar-se-á na próxima sexta-feira, 20 de Maio corrente, pelas 14h00, no Cemitério de Vale Flores, Rua de Vale Flores, no Feijó, Almada.

11 de maio de 2016

Globalização, Sociedade em Rede e Maçonaria – perspectivas e interrogações


I – Introdução
Nas reflexões éticas e filosóficas que fazemos, procuramos manter permanentemente vivos os objectivos do nosso trabalho, questionando:
É assim que me contruo plenamente como ser humano?  É esta a sociedade que permite o desenvolvimento integral do ser humano?

Se resolver a primeira é cumprir o caminho iniciático da Maç:. a segunda corresponde em manter o comprometimento com o papel do homem na sociedade e no mundo.   Como o iremos fazer nestes tempos simultaneamente   difíceis e desafiantes marcados pela Globalização,  é o que pretendemos lançar à reflexão.  

Segundo o sociólogo( polaco)  Zygmunt Bauman (10) a globalização é  a desvalorização da ordem enquanto tal”, já que pode ser considerada como subversão dos territórios por obra do mercantilismo, dividindo mais do que une, já que cria uma diversidade cada vez maior entre quem possui («the haves») e quem nada tem («the have-nots»). Para o intelectual (malaio) Martin Khor (10) a globalização representa simplesmente «uma versão actual do colonialismo», já que não sendo «natural» representa antes um “projecto preciso para tornar governos e indivíduos subalternos às forças de mercado”, uma vez que a soberania popular que se exprime através da eleição dos parlamentos e governos é minada pelo enorme poder das multinacionais  e das organizações internacionais, actuando como escudo e protecção daquelas.
Uma abordagem mais favorável é a de Thomas Friedman (10) que define a globalização como “a inexorável integração dos mercados, estados-nações e tecnologias a um nível nunca antes atingido, com a consequência de permitir aos indivíduos, empresas e estados-nações estender a própria acção por todo o mundo mais rápida e profundamente e com menor custo do que alguma vez foi possível anteriormente”.

10 de maio de 2016

Uma Nova Cronologia para o Templo de Salomão

 
Ao longo de mais de trinta anos tenho-me deparado com as incongruências da história contadas pelos homens de várias gerações. Enquanto aprendiz de historiador, nos anos que passei pela Faculdade de Letras de Lisboa, memorizei datas coligidas e determinadas pelos historiadores de várias épocas, sem que me fosse dado o direito de as discutir, ou de até mesmo de as verificar.

Partindo de fronteiras temporais diferentes, com tendências políticas que forjaram as datações e ocultaram displicentemente os factos, aqueles historiadores e cronistas destruíram evidências, para que os acontecimentos se encaixassem num lógica cronológica de um tempo exageradamente religioso e político. Uma história quadrada, certinha, arranjadinha, segundo a ordem de um mundo dado à partida, não pelo universo, não como expressão de um Grande Arquitecto, mas de um artífice disforme com a aparência de um ogre, traidor até à medula, do qual descendem os historiadores e os políticos que nos avassalaram a liberdade no séc. XX e que arruinaram o Ocidente durante pouco mais de um século.

É certo que o homem faz a história, fabrica documentos e artefactos, mas igualmente os distorce perversamente, com intenções que muitas vezes contradizem o rumo da história, tentando apagar um passado que não corresponde à realidade vivida pela humanidade. É neste sentido que o passado igualmente se revela como uma fractal, não apenas o presente e o futuro. Sim, a deliberada acção dos cronistas e historiadores comprometidos com as instituições religiosas e políticas, sempre expressaram a futilidade de abdicar da ética e da deontologia, a troco de sestércios e dobrões de ouro; Hipátia foi vítima desta corja de falseadores, que construíram os Estados ditadura e um dos sistemas religiosos mais perversos da história da humanidade corrente, o cristianismo ocidental.

20 de abril de 2016

Hospitalar/Esmoler e Bioética


Os primeiros dois parágrafos foram omitidos pela Comissão Editorial do Blogue.

Cargo é “...a função administrativa exercida por um Maç:. na sua Loj:. ...” sendo “...10os cargos básicos de uma Loj:. completa dos 3 primeiros graus…” 3  havendo, dentre eles, o de Ir:. HOSP:./ESMOL:. cujas funções o Ir:. A.H.Oliveira Marques nos ensinou, no “Dicionário da Maçonaria Portuguesa” de sua Autoria, que  se trata do “...Oficial da Loj:., o décimo na respetiva hierarquia entre o Ir:. Tes:. e o Ir:. Gua:./Cob: … encarregado de distribuir esmolas e subsídios a MMaç:. ou PProf:. necessitados, de visitar os MMaç:. enfermos ou infortunados e, em geral, de todos as atos de natureza caritativa que possam ser requeridos...” 4.

Portanto, compete  ao Ir:. HOSP:./ESMOL:. ser uma espécie de porta-voz da prática do Bem à responsabilidade da Loj:. a que pertence. Estará, em suma, disponível para os outros IIr:. (e também, porventura, para os PProf:.) que necessitem de apoio material ou de apoio espiritual, dentro dos limites impostos pela capacidade económica da Loj:. e pelas capacidades, psicológica e intelectual, do Ir:. que tais funções desempenhe.

Esta prática do Bem toma o nome de Beneficência no âmbito duma análise BIOÉTICA onde, juntamente com outros três (o da não-Maleficência, o da Autonomia e o da Justiça), constitui o conjunto de Princípios fundamentais da Bioética também esta “...chamada de Teoria dos quatro Princípios pela primeira vez formulada por T.L.Beauchamp e J.F.Childress na obra de sua Autoria,  publicada em 1979 , “Principles of Biomedical Ethics”...”. 5

15 de abril de 2016

Liberdade de Pensar


Na N:.A:.O:. defende-se a existência de um Criador Supremo que dispõe de uma Força Superior, o  G:.A:.D:.U:.
Esta referência suporta muito daquilo que aqui vimos fazer e é um pressuposto da nossa condição.
Não negligenciamos qualquer crença religiosa sendo homens livres, defensores da moral e dos bons costumes e todos serão aceites em pé de igualdade independentemente das suas convicções de qualquer índole.

Mas por vezes não temos a real noção de quão avançado é este conceito de Liberdade, e quanto sofrimento foi necessário para chegarmos aqui! A Liberdade em todas as suas vertentes e, sobretudo, a liberdade de pensamento sem restrições de qualquer índole pode fazer toda a diferença entre as trevas e a Luz.

E é isso que aqui tento abordar. Conceitos como a abstracção, a livre imaginação, a ruptura com o Dogma, no fundo, o livre pensamento sem constrangimentos, o foco da nossa eterna luta!

Coloquemos uma questão e tentemos responder-lhe numa das perspectivas possível, a evolução da Física/Química ao longo do Tempo. E a pergunta é:

Que contributo a Ciência tem dado para a percepção que temos sobre aquilo que nos envolve, sobre a origem de tudo, como pode ela condicionar o nosso entendimento da vida e, consequentemente, qual o nosso papel nesta ordem Cósmica e como isso pode afectar o nosso comportamento?  
E a resposta a esta pergunta pode ter uma resposta muito ampla, tão vasto é o conhecimento e, em simultâneo, tão clara começa a ser a percepção que temos da dimensão da nossa ignorância.
Mas recuemos um pouco até ao período em que o Homem começou a interrogar-se sobre a sua natureza e sobre a natureza de tudo o que o envolve.

29 de março de 2016

Correntes Antimaçónicas: Breve Resumo Racional


Se há assunto, ideia, matéria, teoria ou prática onde a Franco-Maçonaria se sente à vontade, por possuir armas e argumentos válidos, é precisamente no terreno dos Contrários. É que desde a tradição Hermética à moderna Instrução, o Maçom é orientado para uma racionalidade espírito/material que o dota particularmente para analisar e colocar em prática a Construção Ideal, daí ter-me lembrado que valia a pena, embora resumidamente, percorrer os caminhos das Correntes Antimaçónicas que, quer queiramos ou não, tiveram uma preciosa influência no nosso percurso enquanto Ordem Universal.

Parecem ter surgido no início do Séc. XVIII em paridade com o crescimento da Maçonaria dita Especulativa, e em várias regiões do globo, cada uma delas apresentando circunstâncias regionais e continentais. Esta dimensão internacional do que se considera o antimaçonismo primário é muito ambígua no sentido em que as suas formas e tendências se apresentaram sob a forma de ultrajes e vinganças com grande simplificação sendo a maior parte delas sem fundamento estruturado, coerente e apenas montadas em campanhas ignominiosas em que o plano escondido é um ataque político-social provocado pelo sentimento de perda do absolutismo, quer temporal quer espiritual da época ou, como diriam os psicanalistas, uma reacção afectiva de origem neurótica, ou seja, o principal factor não é apenas a mudança mas o medo dessa mudança, da distância crítica e da adaptação a novos ideais em que se sentem desenraizados.

Por questão de metodologia abordaremos as origens destas correntes antimaçónicas em França, EUA, Roma Pontifica, Espanha e América Latina de um modo mais substancial que já vão tornar pesado este traçado e mais ligeiramente as que grassaram na Bélgica, Turquia, Inglaterra, Escandinávia, Rússia e tantas outras regiões.

17 de março de 2016

Afonso Gundar, porquê?


Uma primeira resposta e opção: sem referências a vultos da ciência, da arte, da literatura, da política. Antes, origens.
Sem grandes referências históricas ou filosóficas. Só origens, ciente que transportamos no nosso código genético isso mesmo.

Ora, quais são as minhas origens? Uma, a familiar. Outra a nacionalidade.
Da família haverá pouco, ou muito, a dizer mas, sobre isso, não perderei tempo, tal é a sua ligação à administração de um País em construção, a sua dimensão e a dispersão determinada pelas funções de cavalaria a que era chamada pelos reis de Portugal.

Da família, de Gundar, de nome Men de Gundar, um fidalgo asturenho que acompanhou o Conde D. Henrique, em serviço da Rainha Dª Teresa, tendo como missão servi-lo na gestão do Condado Portucalense.

D. Mem de Gundar, segundo o que se sabe, pertencia ao mais alto grau da nobreza, integrando o conselho privado de monarcas. Foi Alcaide-Mor de Celorico de Basto, fundador do mosteiro da Ordem de São Bento e senhor de São Salvador de Lafões, da Quinta das Rosas e da Vila do Rego.
Da outra, a nacionalidade, também origem, a homenagem ao que considero o primeiro português: aquele que sonhou e realizou Portugal.
Ora, são estas as minhas referências a Gundar e a Afonso.

O primeiro, perdido no tempo e na história de família, já com uma nova noção de nação/estado, através de seu neto, que lhe sucedeu em todos os títulos e propriedades, antes Lourenço Eanes Gundar, adoptou para si o nome de Lourenço do Rêgo, provavelmente por influência de uma das suas regiões geridas.

5 de fevereiro de 2016

Será possível a construção do homem novo?



Esta prancha, muito sintética, pretende reflectir sobre se será possível construir o homem novo tendo por base o ritual de aprendiz e uma prancha anteriormente efectuada sobre os Regimes Políticos, Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Uma das grandes simbologias maçónicas é a construção do templo interior de cada maçon. Mas afinal o que representam estas palavras? Talvez o que está por detrás seja algo em construção que nunca nós saberemos o meio mas sim a sua finalidade.

Socorrendo-me do livro de Norberto Bobbio, Teoria Geral da Política, organizado por Michelangelo Bovero, podemos tentar comparar o seguinte: o ritual de aprendiz leva-nos, falando genericamente, a repensarmo-nos enquanto pessoa, e a prepararmo-nos para algo que gradualmente nos vamos apercebendo noutros graus. Neste contexto, todos nós procuramos a ideologia do novo homem. Ora aqui podemos utilizar a textura fina do Norberto Bobbio sobre a ideologia do novo homem, utilizando dois conceitos: o religioso e o revolucionário.

No primeiro caso porque visa a renovação da sociedade através da renovação do homem. No segundo, pela renovação do homem através da renovação a sociedade. Ou seja, duas formas diferentes de conceber a transformação. Segundo este esquema de pensamento não é o que nós procuramos em loja? Isto é, renovarmo-nos enquanto seres humanos para intervir no mundo profano e simultaneamente renovarmo-nos através da renovação da sociedade. Não será uma questão inextricável?

Se forem comparáveis, o religioso e o revolucionário, ambos experimentam uma insatisfação com tudo o que nos rodeia e talvez ambos creiam, futuramente, num mundo diferente, na qual os homens viverão como irmãos, livres e iguais.

18 de janeiro de 2016