Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

20 de janeiro de 2022

A Fragilidade Iniciática e Ritualística do Grau de Companheiro

 


A Fragilidade Iniciática e Ritualística do Grau de Companheiro

Fraqueza? Instabilidade? Quebradiço? Efémero? Sujeito a delinquir? Que necessita de cuidados para sobreviver?

Acabei de vos descrever os Significados apurados, num dicionário on-line, da palavra Fragilidade. Mas como Significantes qual será o seu alcance?

Recordo-vos que o Grau de Companheiro, o 2º das Lojas Azuis, tem tido um percurso histórico que ora o enriquece ora o esvazia (Instável?). Também tem sido sujeito a uma série de estratagemas em que viagens e sabedoria se misturam e entrecruzam (Necessitando de cuidados para sobreviver?). Também é inegável que, estando entre Graus de marcado cunho ritualístico (Iniciação e Exaltação a Mestre), se expressa por meias-tintas (Sujeito a delinquir?). Não é de admirar que tenha uma datação sociopolítica (Efémero?), e por fim, quer queiramos quer não, evidencia algo de Quebradiço na sua iniciação e ritualística.

Vamos aos detalhes: as viagens a outras Lojas e Ritos devem ser, quase, obrigatórias desde que nos iniciamos até aos Altos Graus, por serem elas que nos garantem a experiência maçónica, logo, não são exclusivas do Grau2. 

Mais, neste Grau usa-se e abusa-se das fantasias fictícias em lugar da experimentação sólida e coerente dos primeiro e terceiro Graus, e isto obriga-nos a perguntar porque será que a Iniciação e a Exaltação a Mestre são praticamente constantes em todos os Ritos, e no Grau2 se expressam com uma variabilidade de marcado contraste?

 A resposta parece ser: o Grau2 nunca existiu e foi inventado, precisamente, para se criar o Grau de Mestre, melhor dizendo, no chamado período operativo sabe-se que o Aprendiz (Apprentice) é quem está em formação (não tendo direitos nenhuns) e que o Companheiro (Fellow ou Journeymen) é um trabalhador realizado e livre para se empregar em qualquer obra (apenas não podendo ser empregador) sem iniciação e sem ritualidades.


Deixem-me também recordar-vos que só em 1725, a novidade do Mestre surge em Londres, mas que só foi consagrado como Grau em 1730 e sem uma adesão imediata pois só em 1745 se estabeleceu definitivamente e desencadeando uma escalada impressionante de Graus subsequentes.

Concluindo, no período dito operativo, muito provavelmente só haveria um Grau e no período dito especulativo a instituição dos Graus foi imperceptível e sempre como desenvolvimento das virtudes simbólicas do Grau1.

É importante frisar que em grande parte do Século XVIII, quer em Inglaterra quer em França, o Grau de Companheiro quase não teve existência autónoma.

11 de janeiro de 2022

A RESPOSTA, TUA LIDA

 

Com a devida vénia e repectiva autorização se transcreve este belíssimo Soneto de Adilson Zotovici

A RESPOSTA, TUA LIDA


Perguntaste  com sofreguidão

Sobre  tua batalha renhida

Naquela tão  clara escuridão

Em  grata  passagem garrida


Com encanto entregaste o coração

Com calma tua alma despida

De laivos de rancor ou paixão

Em manto de amor revestida


Em teu imo habita a razão

Tua pedra, que breve polida,

Notada, te concita a artesão


D'oculto  brilho da tua lida

Essas viagens a motivação 

À novas paragens, nova vida!


Adilson Zotovici

6 de janeiro de 2022

A Tradição Pagã na Maçonaria

 


Com a devida vénia se transcreve do “ Informativo CHICO DA BOTICA” - Edição 079, seleccionado por “Jakim & Boaz”) este Artigo do Ir:. Alberto Henrique da Cruz Feliciano

A Tradição Pagã na Maçonaria

Os ensinamentos maçónicos trazem a herança dos primórdios da civilização, preservando a tradição longínqua da evolução do espírito humano. 

A maioria de nós, ao ingressar na Ordem, ao mesmo tempo que sente um profundo respeito e admiração pelos trabalhos Maçónicos, também fica surpresa e embaraçada pela forma como a Maçonaria apresenta os seus ensinamentos. A começar pela recepção do candidato à Iniciação, depois, nos próprios trabalhos no Templo Maçónico, tudo parece estar encerrado em pesados véus de simbologia a desvendar. O próprio Ritual traduz pormenores e alegorias que, para os menos atentos, não passam de palavras estranhas, a representar algo não muito definido para seu entendimento.

Vamos tecer alguns comentários que poderão ser úteis para o entendimento do sistema de trabalho ritualístico Maçónico. Como sabemos, a Maçonaria remonta a idades sem conta, e traz nos seus ensinamentos a herança dos primórdios da civilização humana. O homem primitivo vivia e convivia directamente com a Natureza, dela participava e dela sofria as adversidades das suas intempéries. Fácil é concluir-se que os seus sentimentos e pensamentos achavam-se directamente relacionados com os fenómenos da Natureza. 

Da Natureza dependia sua sobrevivência, quer fosse das plantações como das criações e, paulatinamente, percebeu quão importante seria poder conhecer os seus mistérios, pois poderia melhor aproveitar dos seus benefícios e evitar as suas adversidades. Assim, ao mesmo tempo que surgiram sentimentos de grande respeito e adoração aos Espíritos que comandavam a Natureza e aos elementos que influenciavam sua vida, surgiram também indagações e consequentemente observações dos fenómenos da Natureza.

Esforços foram despendidos para minimizar-se os efeitos adversos. Dentre os diversos elementos da Natureza que o rodeava, um sem dúvida alguma, era o maior responsável pelas mutações naturais: o Sol. 

O Sol marcava sensivelmente a sua vida, já por ser o responsável pelos ciclos dos dias e das noites, da luz e das trevas, mas também pelo ciclo das estações que afectavam as suas culturas de sobrevivência. Com isto, seria de grande valia e importância que o homem soubesse quando os cicios iriam ocorrer, para poder rogar aos Espíritos directores da Natureza, a proteção e a fartura das suas culturas nos ciclos que se descortinassem.


Do Arquétipo dos Sábios à Alegoria da Construção 

Diversos cultos surgiram em adoração ao Sol e dos seus ciclos, decorrentes da observação do levantar e do pôr do Sol, bem como de suas posições de apogeu diário. Surgiram monumentais construções astronómicas na antiguidade para melhor compreensão dos mistérios celestes, como Stonehenge, a grande pirâmide de Gizeh, Chitzen Itza, Machu Pichu e outros. Os antigos tinham a Natureza como se fosse um grande templo onde habitava o Grande Regente, o Grande Espírito Director, que castigava ou premiava seus vassalos de acordo com seus méritos.