Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

31 de dezembro de 2021

Boas Entradas

 A Comissão Editorial do Blogue deseja a todos os seus leitores um Ano de 2022 (não, não é o ano que tem que ser excelente mas sim nós próprios) com Sabedoria, Força e Beleza.


p.s. com a devida vénia reproduz-se o desenho de Júlio Resende-o sal da língua
 

28 de dezembro de 2021

As estrelas para cada Natal

 


Transcrita, com a devida vénia, a crónica de António Valdemar no Diário dos Açores de 23 de Dezembro de 2021

As estrelas para cada Natal

A confissão de Miguel Torga, em São Martinho da Anta, onde se refugiava, para o grande debate 

interior, à procura dos caminhos para iluminar a esperança, transpor as contrariedades que nos 

tornam vulneráveis e construir um futuro de justiça e de solidariedade humana.

O Natal de 2021 encerra mais um ano repleto de surpresas. Tivemos de rever e adiar as nossas prioridades e escolher outras. As incertezas e as expetativas dominantes obrigam-nos a pensar acerca do  modo como devemos estar atentos em face da realidade quotidiana. É mais do que evidente que as incertezas geram ansiedade crescente e causam as maiores preocupações. Mas a adversidade também obriga a ultrapassar a rotina e a sair do marasmo. Estimula a energia para enfrentar o medo, vencer a insegurança e ultrapassar indecisões. 

Para cada terra o seu Natal. Enquadra-se nos usos costumes e tradições locais e tem motivado, através dos séculos, poetas, escritores, músicos e artistas plásticos dos mais diferentes países. Miguel Torga um dos poetas de língua portuguesa que mais escreveu sobre o Natal situa quase todos os textos no seu paraíso original: São Martinho da Anta, terra onde nasceu e onde desejou ficar sepultado. Conhecia Portugal de ponta a ponta. Deixou-nos o registo do património construído e do património natural, do mar aberto ao apelo da distância, da planície e da lezíria, dos penhascos alterosos, das montanhas cobertas de neve, dos dourados dos castanheiros, da púrpura escaldante dos vinhedos nas encostas. Mas tinha uma ligação visceral a Trás os Montes que está na génese dos primeiros dias da Criação do Mundo e de sucessivas páginas do Diário. Uma antologia de poemas, feita ainda pelo próprio Torga, recolheu «um longo caminho órfico que principiou por ser vocação irreprimível e acabou por ser penitência assumida». Reuniu o que julgou mais significativo de «um trabalho aceso de muitas horas, muitos dias, muitos anos, o ferro cada vez mais incandescente e o forjador aureolado das chispas que saltam da bigorna». 

Num dos muitos poemas sobre o Natal escreveu: “É nesta mesma lareira/ e aquecido ao mesmo lume, / que confesso a minha inveja/de mortal / sem remissão/ por este dom natural, / ou divina condição. / De renascer cada ano, / nu, inocente e humano/ como a fé te imaginou, / Menino Jesus igual/ ao do Natal/que passou».

Torga deixava Coimbra onde residia para se refugiar no pequeno grande universo de Trás-os-Montes: «léguas e léguas de chão raivoso, eriçado, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve». Era «o reino maravilhoso dos homens inteiros, saibrosos, altos, espadaúdos, que olham de frente e têm no rosto as mesmas rugas da terra». Retomou o tema: “Foi tudo tão pontual! /Que fiquei maravilhado, /caiu neve no telhado /e juntou-se o mesmo gado/no curral;/nem as palhas da pobreza;/faltaram na mangedoira, /palhas babadas da toira/que ruminava a grandeza/do milagre pressentido:/ os bichos e a natureza/no palco já conhecido. /Mas afinal o cenário/não bastou/fiado no calendário, / o homem nem perguntou/ se Deus era necessário…/ e Deus não representou». O Natal, em São Martinho da Anta, incorporava o Presépio, os Magos e as Janeiras na paisagem de neve e de sinos, para fazer surgir o renascer da criança. Era categórico: «o presépio é qualquer berço/ onde a nudez do mundo/ tem calor/e amor». As torrentes da imaginação iam mais longe: «Foi um sonho que tive! /Era uma grande estrela de papel, / um cordel/ e um menino de bibe. / O menino tinha lançado a estrela/com o ar de quem semeia uma ilusão. /E a estrela subindo, azul e amarela, /presa pelo cordel na sua mão. / Mas tão alto subiu/ que deixou de ser a estrela de papel./E o menino, ao vê-la assim, sorriu/ e cortou-lhe o cordel».

Tudo começava quando via o acender das luzes nas ruas e nas árvores e o fogo simbólico do Madeiro. A arder, sempre a arder, durante os dias de Inverno, haja neve, haja chuva, haja vento. Despertava-lhe a memória para aprofundar o que éramos, a realidade do que somos e a luta para atingir o que podemos ser. As interrogações repetiam-se. O que falta para recomeçar a vida? Para vencer a dúvida e a angústia do futuro? O que vai ser o «dia seguinte» de cada um de nós? Como se pode iluminar a esperança e transpor as contrariedades que nos tornam vulneráveis? Em São Martinho da Anta decorria o grande debate interior em torno das controvérsias teológicas, políticas e sociais.

26 de dezembro de 2021

Os períodos pandémicos - da Importância do Ritual (ou da falta dele)


 Os períodos pandémicos - da Importância do Ritual (ou da falta dele) 

I – Introdução 

A suspensão dos trabalhos em Loja, relativa aos diferentes picos da pandemia Covid, que desde há 2 anos, mundialmente nos tem assolado, em resultado das directivas das autoridades de Saúde, do Governo e Presidente da República, subscritas pelo Grão-Mestre e C:.O:., obrigou-nos a procurar e resolver, por nós próprios, com a iniciativa inicial de alguns (poucos) IIrs:. uma alternativa possível, para continuarmos interligados e a trabalhar, embora de forma diferente da preconizada ritualisticamente, com o objectivo último de que a Loja não abatesse colunas.  

A prioridade foi  a de,  entre Abr.20 (já que em Mar.20 ainda realizámos 1 Sessão) e logo que possível (Out.21), continuarmos a assegurar, nos termos possíveis, o trabalho programado, tentando não descaracterizar os conteúdos das pranchas previstas. Efectivamente, após alguns testes iniciais entre Set. e Nov.21, só em Dez.21 reiniciámos o nosso percurso alternativo (correspondendo a  5 a 6 meses de paragem). 

O resultado dos testes anteriores, traduziu-se no recurso às plataformas de Videoconferência digitais,  com os inconvenientes por todos conhecidos, mas também com algumas vantagens, que julgamos pertinentes trazer à discussão com mais pormenor. Atendendo aos novos horizontes tecnológicos que se estão a desenvolver (gostemos ou não, mas eles estão aí,  com a chamada “Sociedade 4.0”), um dos quais é o teletrabalho e as Videoconferências, utilizando os equipamentos informáticos normais que cada um de nós possui. 

Em nossa opinião, a NAO:. deveria continuar observar com crescente atenção (como pontualmente fez) esta evolução tecnológica, de molde a preparar o futuro, modernizando-se e adaptando-se às tecnologias emergentes, mas sem perder o seu carácter intrinsecamente iniciático, que nos distingue e individualiza perante a sociedade. Não nos esqueçamos que no passado fomos sempre caracterizados por «andarmos à frente do nosso tempo», preparando o futuro de países e sociedades (maioritariamente não democráticos ou absolutistas), de acordo com os nossa trilogia basilar de sempre – L:.I:F:.). De referir que existiu uma interessante experiência a nível nacional, com a Grande Dieta, que considerámos bastante positiva, oportuna e eficaz, apesar dum percalço (aparentemente intencional) entretanto surgido.


É habitual ouvir a alguns IIrs:. mais antigos,  com bastante conhecimento e experiência acumulados, dizer que: “a Maçonaria não se ensina, aprende-se!”

Poderemos então concluir que a experiência adquirida , por via digital, terá servido para muito pouco, ou relativamente quase nada? 

Se me permitem, a nossa interpretação é substancialmente distinta,  pois apesar de não termos o suporte essencial do Ritual, a conexão entre IIr:., (que se vinha cada vez mais a «deslaçar», com previsíveis graves consequências para o futuro) relançou-se, a apresentação e discussão dos temas basicamente programados, constituiu trabalho efectivo, permitindo discussões bastante interessantes, sem o aparente mas real  «desperdício de tempo» que o ritual introduz, induzindo maior «produtividade» às discussões. De salientar que parte significativa das Loj:. dos grandes centros, duma forma ou outra, também seguiu esta alternativa (algumas  com objectivos mais restritos ou conviviais, a menor parte continuando os trabalhos, de modo análogo ao por nós efectuado).

24 de dezembro de 2021

FELIZ NATAL PORTUGAL

 

Com a devida vénia e respectiva autorização transcrevemos (e aproveitamos para desejar Boas Festas a todos os leitores deste Blogue) este Poema de Adilson Zotovici:

FELIZ NATAL PORTUGAL


Iluminados os canteiros

Irmanados  num mesmo ideal

As famílias dos obreiros

Dos artesãos d’Arte Real


Gestos de amor verdadeiros

Uma estação sem igual

Sem penumbras, nevoeiros,

Tempos de Paz, Divinal


Lá dos céus tantos luzeiros

Na terra festa celestial

Credos e povos inteiros

Em uno espírito fraternal


Em união, companheiros,

À celebração anual

Convergindo qual romeiros

À reflexão espiritual


Assim, oram os brasileiros

Para um  feliz e Santo Natal

A todos  Livres pedreiros

E aos da Santa terra...Portugal !


Adilson Zotovici


21 de dezembro de 2021

Solstício de Inverno 2021

 


Solstício de Inverno é um fenómeno astronómico que ocorrerá, hoje, 21 de Dezembro de 2021, terça-feira, às 16h00 (mais precisamente às 15h59).Celebra-se o início do Inverno em todo o hemisfério norte e o Verão no hemisfério sul. É o dia mais curto do ano e, consequentemente, que tem a noite mais longa.

Simbolicamente, é a vitória da Luz sobre as Trevas ou o triunfo da Vida sobre a Morte.

18 de dezembro de 2021

Versos Irmãos



Do Volume "Versos Irmãos" o V Poema 


Quando vemos a maneira

Como nossos filhos se relacionam

Connosco lembramo-nos

Que já fomos assim,

Espelho autêntico

Da nossa soberba juvenil

Em que tudo e todos

Dominávamos, não pela acção

Mas pela intenção,

Em que o mundo era nosso

Numa insegurança invisível,

Em que o difícil era

Um desafio e o fácil um tédio.

Naquela altura (para nós

E para eles hoje) as virtudes

(Tolerância, Justiça ou Honestidade)

Eram um esboço

De tão rígidas e incompletas,

A perfeição parecia ao alcance

De um olhar e o amor

Límpido, reconfortante e feroz.

Nem pensar em conhecermo-nos

A nós próprios (o espaço/tempo

Eram inimigos não declarados)

E os outros ou as coisas

Inalcançáveis (a morte por exemplo)

Só serviam para nos significarem,


Ó espelhos, quero dizer filhotes,

Inabitáveis, as vossas remelas

Lavámo-las nós – vossas costelas

Nestes instantes tão entradotes.

Francisco da Renda


12 de novembro de 2021

Reinventar José Cardoso Pires

 

Crónica de António Valdemar

O imaginário de Lisboa na obra de um grande escritor que se empenhou em «ridicularizar

os cosmopolitismos, como sinónimo de provincianismo; sacudir os bonzos e demonstrar

que a austeridade é uma capa do medo e da ausência de imaginação». Memória do passado,

advertência para o presente e aviso para o futuro.

José Cardoso Pires é um escritor com lugar muito próprio na literatura portuguesa do século XX.

A sua obra, que parecia esquecida, voltou a ser assinalada com a reedição dos seus livros, acompanhados de prefácios de novos escritores, a publicação de novos ensaios críticos e o aparecimento de uma extensa biografia realizada por Bruno Vieira do Amaral. Ficamos a conhecer os vários aspetos da personalidade do homem rebelde e insubmisso, obcecado com a sua independência. E também o processo de criação do escritor que buscou uma «sintaxe citadina», rejeitando os modelos de uma linguagem nostálgica e sofisticada.

O tema central dos livros de José Cardoso Pires (1925-1998) desenvolveu-se em redor dos mais diversos cenários geográficos e humanos de Lisboa, apesar de ser oriundo de São João do Peso, concelho de Vila de Rei, distrito de Castelo Branco. Explicava, sem rodeios, que nascera ali por mero acaso, pois os pais já se tinham fixado em Lisboa. Guardou a reminiscência da aldeia longínqua da Beira Baixa. A formação de José Cardoso Pires decorreu na Escola Primária de Arroios, no Liceu Camões, na Faculdade de Ciências e na Escola Naval para fazer o curso da Marinha Mercante. Tempo marcado pelo fim da Guerra de Espanha e a Segunda Guerra Mundial. Nos anos 40, despertou para a literatura. Fez parte de tertúlias famosas e que já desapareceram: o Café Hermínios, na Almirante Reis, ponto de encontro inicial dos participantes na aventura surrealista; o Café Chiado, um dos lugares dos frequentadores das livrarias Bertrand e Sá da Costa; e o Café Portugal, no Rossio, onde se reuniam os neorrealistas. Foi a época do MUNAF e do MUD e das Exposições Gerais de Artes Plásticas, encerradas pela PIDE, na Sociedade Nacional de Belas Artes. Marcou o final da década de 50 a candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República. Os anos 60 ganharam contornos políticos escaldantes: a guerra colonial em três frentes de combate; a reabertura do Tarrafal, pelo ministro Adriano Moreira; o encerramento da Sociedade Portuguesa de Escritores, pelo ministro Galvão Teles.

Literatura e política estão associadas na criação literária de José Cardoso Pires. Ao definir a sua regra de conduta afirmou que tinha por objetivo: «ridicularizar os cosmopolitismos, como sinónimo de provincianismo; sacudir os bonzos e demonstrar que a austeridade é uma capa do medo e da ausência de imaginação». Num dos seus principais livros Dinosauro Excelentíssimo disseca o crepúsculo de Salazar e o equívoco da «primavera política» de Marcelo Caetano. Desvenda os labirintos de um País onde tudo se decidia no Terreiro do Paço, nos vários ministérios submetidos ao poder absoluto e discricionário. A pretexto do crime do Guincho, José Cardoso Pires, na Balada da Praia dos Cães, reconstituiu como era Lisboa e como era Portugal. O capitão Almeida Santos foi executado, a 16 de março de 1960, na vivenda Verde Pino, em Rio de Mouro, pelos companheiros que fugiram, com ele, do Forte de Elvas: o médico Jean Jacques Marques Valente.

 Ao conceber uma ficção, a partir de factos reais, Elias Santana – um nome e uma criação do escritor – desencadeia a condução da narrativa no quotidiano de Lisboa: as malhas da clandestinidade política, o espectro da traição, os ódios declarados e reprimidos, os impulsos do sexo, a ansiedade do isolamento, o conflito aberto entre duas polícias, a Judiciária e a PIDE, sempre com uma a tentar sobrepor-se à outra. Outro romance de José Cardoso Pires, O Delfim – considerado a sua obra-prima– apresenta-nos uma série de metáforas (a lagoa, a caçada aos patos, por exemplo) não apenas dos anos 60, do auge da guerra colonial e do fim de Salazar, mas da realidade portuguesa, dos seus mitose dos seus fantasmas. Tomaz da Palma Bravo, última abencerragem de uma dinastia de aristocratas, agarrado a usos e costumes senhoriais em extinção, pertence a um grupo que, nos anos 40 e 50, lançava o pânico, nas cenas de pugilato e violência das noites de Lisboa. Quantos outros cenários, na Cartilha do Marialva, se multiplicam aproximando-nos da Lisboa boémia e maldita? José Cardoso Pires conheceu os marginais do Socorro, do Martim Moniz, do Bairro Alto, do Cais do Sodré e do Parque Mayer. Viu e ouviu os chulos, as prostitutas e os marialvas nos seus ambientes castiços.

O vocabulário que uns e outros usavam entrou na sua escrita concisa, depurada, reduzida ao essencial. As crónicas de José Cardoso Pires reunidas no Livro de Bordo retomam o itinerário do escritor, através das ruas, das tascas e dos cabarés que resistiram, ainda, aos primeiros anos da revolução. Do 25 de Abril que celebrou com entusiasmo e, durante mais de duas décadas, viveu e escreveu em liberdade.

Dificilmente se ausentava de Lisboa, da sua casa em Alvalade e do círculo dos amigos. Também se refugiava na Costa de Caparica. O isolamento junto do mar estimulava-lhe a concentração, o exercício da escrita, a escolha das palavras, num exigente trabalho de seleção e elaboração da linguagem. Para escrever o que tinha apenas de dizer.

Aproxima-se o centenário do nascimento de José Cardoso Pires que decorrerá a 2 de outubro de 2025, com as comemorações nacionais devidas a uma das maiores figuras da literatura portuguesa do século XX. Tem um estatuto europeu e universalista e a dimensão do escritor que merecia a consagração do Prémio Nobel. Legou, sem qualquer margem para dúvidas, um dos mais notáveis patrimónios culturais da língua portuguesa.

António Valdemar

1 de novembro de 2021

VELHO SONHO

 

Com a devida vénia e respectiva autorização se transcreve este Soneto de Adilson Zotovici

VELHO SONHO


Não quero crer que fantasia

Um velho sonho que exponho

Pela  Douta  Maçonaria

Ver todo universo risonho


Por una e imensa confraria

Supra  potencias proponho

Braços dados com eutimia

Livres do jugo bisonho


Ouve esse sonho em poesia

Que nele  acordado me enfronho

Óh Grande Arquiteto e Guia


Concórdia um dia eu suponho

Embora pareça utopia

Nunca envelhece um velho sonho !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169

30 de outubro de 2021

Baixa auto-estima e complexo de inferioridade

 


Com a devida vénia se transcreve este Artigo de Opinião de Ricardo Vidal

Baixa auto-estima e complexo de inferioridade

Nenhum ditador provocou ou provoca tanto dano à Maçonaria quanto o Maçon vaidoso, este sapador inveterado, este Cavalo de Tróia que a destrói por dentro sem o emprego de armas, grilhões, ferros, calabouços e leis de exceção. Ele é indiscutivelmente o maior inimigo da Maçonaria, o mais nefasto dos impostores, o principal destruidor de lojas. Ele é pior do que todos os falsos maçons reunidos porque se iguala a eles em tudo o que não presta e raramente em alguma virtude.

Uma característica marcante que se nota neste tipo de Maçon, logo ao primeiro contacto, é a sua pose de justiceiro e a insistência com que apregoa virtudes e qualidades morais que não possui. Isto salta logo à vista de qualquer um que comece a comparar os seus atos com as palavras que saem da sua boca. O que se vê amiúde é ele demonstrar na prática a negação completa daquilo que fala, sobretudo daquilo que difunde como qualidades exemplares do Maçon aos Aprendizes e Companheiros, os quais não demora muito a dececionar. Vaidoso ao extremo, para ele a Maçonaria não passa de uma vitrine que usa para se exibir, de um carro de luxo o qual sonha um dia pilotar. E, quando tem de facto este afã em mente, não se furta em utilizar os meios mais insidiosos para tentar alcançá-lo, a exemplo do que fazem os nossos políticos corruptos.

Narcisismo num dos extremos, e baixa autoestima no outro, eis as duas principais características dos maçons vaidosos e arrogantes. No crisol da soberba em que vivem imersos, podemos separá-los em dois grupos distintos, porém idênticos na maioria dos pontos: os toscos ignorantes e os letrados pretensiosos.

A trajetória dos primeiros é assaz conhecida: Por serem desprovidos do talento e dos atributos intelectuais necessários para conquistarem posição de destaque na sociedade, eles ingressam na Maçonaria em busca de títulos e galardões venais, de fácil obtenção, pensando com isto obter algum prestígio. Na vida profana, não conseguem ser nada além de meros serviçais, de mulas obedientes que cedem a todos os tipos de chantagem. Por isso, fazer parte de uma instituição de elite (isso mesmo, de elite!) como a Maçonaria produz neles a ilusão de serem importantes; ajuda a mitigar um pouco a dor crónica que os espinhos da incompetência e da mediocridade produzem nas suas personalidades enfermas.

O segundo em quase tudo se equipara ao primeiro, porém com algumas notáveis exceções: Capacitado e instruído, em geral ele é uma pessoa bem sucedida na vida. Sofre, porém, deste grave desvio de carácter conhecido pelo nome de “Narcisismo”, que o torna ainda pior do que o seu émulo sem instrução. Ávido colecionador de medalhas, títulos altissonantes e metais reluzentes, este Maçon é uma criatura pedante e intragável, que todos querem ver distante. No fundo ele também é um ser que se sente rejeitado; a sua alma é um armário de caveiras e a sua mente um antro habitado por fantasmas imaginários. Julgando-se o centro do Universo, na Maçonaria ele obra para que todas as atenções fiquem voltadas para si, exigindo ser tratado com mais respeito do que os irmãos que atuam em áreas profissionais diferentes da dele. Pobre do irmão mais jovem e mais capacitado que cruzar o seu caminho, que ousar apontar-lhe uma falta, que se atrever a lançar-lhe no rosto uma imperfeição sua ou criticar o seu habitual pedantismo! 

6 de outubro de 2021

A Maçonaria - Doutrina, Pensamento ou Método ?

 


A Maçonaria  -  Doutrina, Pensamento ou Método ?

I – Maçonaria – resumo das duas principais correntes

A Maçonaria que a N:.A:.O:. [10] nos propõe,  independentemente dos Ritos praticados ( Rito Francês ou Moderno – R.F. e Rito Escocês Antigo e Aceito – R.E.A.A.), enquadra-se na corrente designada por  “liberal” ou “adogmática”, por vezes também por “continental”, por oposição à britânica ou “anglo-saxónica”, de cariz “dogmático”,  já que impõe a crença em Deus (sob qualquer uma das formas das religiões monoteístas) e na imortalidade da alma.

Para começar, nada melhor do que ir ao encontro das definições essenciais, distinguindo os conceitos de Dogma, Doutrina e Pensamento. Segundo os dicionários consultados ([1],[2],[8] e [9]), temos:

Dogma: “Doutrina estabelecida e aceite como verdade absoluta e não sujeita a qualquer tipo de discussão, por regra, imutável, que permite a preservação de um «status quo» ao nível do conhecimento, sem qualquer tipo de progresso, dado que a sua crítica não é admissível” [2].  

Doutrina: “1- Conjunto de dogmas, religiosos ou filosóficos, que direcionam um Homem na interpretação dos factos e na direção da sua conduta. 2- Conjunto de princípios em que se baseia uma religião, um sistema político ou filosófico. 3- Ensino dos dogmas, mistérios e preceitos duma religião”.

Pensamento: “1 – Actividade humana mediante o qual o homem raciocina de forma lógica, reflecte sobre aquilo que os seus sentidos apreendem e medita; 2 – o pensamento humano está simbolizado no mundo maçónico através do compasso, instrumento de medição que pode alargar o seu raio de acção, conforme o grau de abertura” [2].

A Maçonaria, pela directriz essencial da linha “adogmática” e dada a sua natureza universalista, recusa à priori  a imposição de quaisquer doutrinas, verdades ou crenças aos seus membros, baseando neste princípio essencial, o seu pensamento e metodologia, que abarcando toda a Humanidade,  é simbolizado por exemplo  através do compasso, como atrás descrito. 

A Maçonaria Conservadora, de cariz mais tradicionalista (entenda-se no sentido conservador e francamente rígido), é representada fundamentalmente pela Grande Loja Unida da Inglaterra (G.L.U.I.), constituída em 1813, que reclama para si (e para as Grandes Lojas que a ela se subordinam) os princípios da dita «Regularidade», alguns de essência dogmática, como a crença na imortalidade da alma e no «Grande Arquitecto do Universo», equiparado e limitado ao conceito estrito de  Deus, para além da aceitação obrigatória de  um conjunto de «princípios imutáveis» («landmarks»).

4 de outubro de 2021

5 de Outubro 2021

 


4 de Outubro

Lançamento do nº 23 da Revista Grémio Lusitano dedicado ao Anti Maçonismo

Conferência “República escolar: a educação”

pelo Prof. Guilherme d’Oliveira Martins (n. Lisboa, 1952)

NOTA; esta conferência será disponibilizada no canal Youtube do GOL

5 de Outubro

17h30 Deposição de uma coroa de flores aos heróis da República, na Estátua António José de Almeida.

Cerimónia presidida pelo Grão-Mestre Fernando Lima.

28 de setembro de 2021

AO BOM MESTRE


Com a devida Vénia e respectiva autorização se transcreve este Poema de Adilson Zotovici:

AO BOM MESTRE

Eu penso não ser do agrado

A  quem seu canteiro frequenta

E tem com frequência notado

Que livre pedreiro se isenta


Quem vive num canto isolado

Ao lado dum igual não se senta

Que tem o nariz empinado

Somente discorda e lamenta


Que diz seu cinzel já cansado

E o maço pesado, não aguenta

Pra desenvolver seu mestrado


No entanto a mestria sustenta;

Ao bom mestre, diz o ditado,

Não há uma má ferramenta !


Adilson Zotovici

22 de setembro de 2021

Equinócio Outono 2021

 

Em 2021 o Equinócio de Outono ocorreu às 20:21 horas deste dia de 22 de Setembro. Este instante marca o início do Outono no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 89,859 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Dezembro às 15:59 horas. 

A natureza a transformar-se com os seus ciclos renováveis.

21 de setembro de 2021

MAÇONARIA E A TEORIA DAS CORES

 


MAÇONARIA E A TEORIA DAS CORES

Naturalmente perguntar-me-ão o que é que a Teoria das Cores tem a ver com a Maçonaria? A resposta é simples: tudo e nada, porque, quer o zero quer o infinitamente definido se sentam na mesa do banquete do conhecimento, ou seja, se aprofundar o conhecimento de Si próprio tem como finalidade o relacionamento com os Outros e o Universo, então e pela Lei das Comparações, haverá algo em comum, mas, por outro lado, se o conhecimento de nós próprios se limita a engordar o Ego e não o Eu nada haverá para se conjugar.

Desde os Pré-Socráticos (muito bem explicados por Aristóteles) que as cores estão intimamente ligadas à Luz embora aqueles se tenham baseado sobre este assunto de modo intuitivo, e foi muito mais tarde que Isaac Newton, cientificamente, propôs e demonstrou a Teoria das Cores, prontamente contrariada por Goethe e Leibniz.

Isaac Newton pensou que a Luz era uma energia que se movia, refractava e dividia nas sete cores prismáticas mas com a oposição de Goethe que pretendeu demonstrar ser a Luz, não só invisível como indivisível, mas também que os vários graus das cores pertenciam à sombra que se revela sob a influência da Luz, ou seja, as cores seriam qualidades das sombras e não quantidades da Luz exprimindo esta Teoria, simbolicamente, por um número, o 6, e por uma figura, o Hexagrama que como sabemos são dois triângulos de bases e vértices opostos que se entrecruzam. Partindo de um ponto central há uma relação com as formas angulares intermédias numa correspondência entre o Uno e os Múltiplos, melhor dizendo: o ponto central (Luz invisível e indivisível) e a atmosfera circundante (sombra ou trevas) também invisível, mas divisível.

Esta ideia de Goethe poder-se-á aplicar aos sons, aromas, sabores e tacto constituindo (esta variedade infinita do mundo sensível) o paradigma de toda a natureza num conjunto de ciclos que mimetizam o grande ciclo do Céu e da Terra, quer dizer, os múltiplos da quantidade organizados em ciclos de qualidades visando as relações diametrais, angulares e circulares.


Não, ainda não entramos na fatia apetecida da Franco-Maçonaria, mas lá chegaremos, atento-me, por agora, apenas a esta maneira de desbravar a vida relembrando que a sensação é o mundo das imagens, e que a percepção distingue a multidão indefinida dessas imagens distribuindo-as por espécies, a saber, cores, cheiros, sabores, sons e tacto naquilo que Bergson designa por qualidades secundárias que se convertem às qualidades primárias que são o movimento e a extensão, quer dizer, tempo e espaço.

Como então digerir este soberbo e consciente acumular do conhecimento através deste jogo de qualidades/quantidades sem degenerar nas costumeiras fantasias ocultas ou exotéricas? António Telmo explica-nos que estas fantasias culminam quase sempre numa relação de géneros e não num género superior, unitivo e iluminante pois associar fantasmas mentais, automáticos e vazios, acaba sempre em especulações puras e duras ou, como nos disse Gaston Bachelard, …o fascínio pelas desilusões realísticas leva a sedutoras crenças e práticas... Sabemos também que o pensamento metafórico usa a chamada Coluna das Correspondências (desde Hermes o Trismegisto e possivelmente antes), dupla e antagónica (por exemplo: Sol/Lua, Direito/Esquerdo) ligando-se a um predicado próprio fazendo as correspondências reduzirem-se a duas (Yin/Yan) que, por simplificação geométrica, criam a tríade (1+2=3) e as suas 64 combinações significativas das possíveis situações do Universo (claro que foi o que Cabalistas fizeram à sua maneira e jeito).

19 de setembro de 2021

Passeio por Lisboa Secreta

 


A Associação Cultural e Filantrópica Internacional O Direito Humano - Núcleo Luz e Esperança leva a efeito dia 25 deste mês (sábado), pelas 10,00 horas, um passeio que designamos por “Passeio por Lisboa Secreta”. O seu guia será Felício Correia, especialista nesta matéria e em questões esotéricas.

Segundo as suas palavras:

“A Lisboa Secreta é uma Lisboa que se apresenta à vista de toda a gente, mas que “fala” uma linguagem e conta uma história, a qual apenas é perceptível pelos ouvidos que estejam despertos para recebê-la e entendê-la. Os monumentos por que passamos diariamente contam-nos comovedoras páginas da nossa História, formadoras da nossa identidade colectiva; mas eles contêm igualmente, e paralelamente, um pequeno mundo de simbolismo, que nos veicula “mensagens” destinadas a ser interpretadas.

Já toda a gente passou pelo Arco da Rua Augusta, mas será que sabem o significado daquelas inscrições, e quem são todas aquelas figuras? Em que circunstâncias históricas foram concebidas, e qual o pensamento arquetípico que lhes subjaz? Que situação se vivia em Portugal e no mundo aquando da sua concepção?”

Porque será necessário alugar equipamento áudio haverá um pagamento de 5 euros por pessoa. O encontro será, como acima referido, às 10 horas, na Praça do Comércio, junto à estátua de D. José. É conveniente levar calçado confortável, pois iremos percorrer algumas ruas de Lisboa.

As inscrições deverão ser feitas até quinta-feira, dia 23, o pagamento deverá ser efetuado através do NIB 0036 0012 9910 0031 1733 2. O comprovativo deverá ser enviado mail mbenjamim.monteiro@gmail.com, ou por SMS para o telemóvel 968099698, contendo o nome das pessoas que participarão no passeio.

Após o passeio iremos confraternizar almoçando num restaurante da zona. Não é necessário fazer inscrição para o almoço, pois apenas irá quem tiver disponibilidade.

Certo de que todos gostarão desta viagem, sou, com um fraternal abraço

Benjamim Monteiro


 

11 de setembro de 2021

15 de agosto de 2021

2020 E A MAÇONARIA

 

Com a devida vénia, e respectiva autorização, se transcreve mais um poema de Adilson Zotovici:

2020 E  A  MAÇONARIA

Segue a vida doravante,

A Sublime Confraria,

Grande obra  relevante,

Prescindir  é utopia


Tem o lado edificante

Em que pese a agonia

Ano em tese marcante

Pela amarga pandemia


O retiro lancinante

E a constante vigia

Asas deram ao ser pensante

Libertando da apatia


Alcei voo, cada quadrante,

Dessa terra então sombria

Em todo oriente, flagrante,

O esquadrejar da cantaria


Descobri  parte intrigante

Que da obra não sabia

Conheci gente importante

Revi quem há muito não via


Em cada oficina reinante

A Arte real como guia,

Aproximando o distante

Em cada igual, tal alegria


Pela tela, obra pujante,

Seguiu em franca sintonia

Sem perjurar-se um instante

Sobre arcanos e liturgia


Se faltou dum abraço vibrante

Calor corporal que inebria

Sobrou no espaço, radiante,

Amor fraternal que extasia !


Adilson Zotovici


5 de agosto de 2021

OPORTUNIDADES, AMEAÇAS, PONTOS FORTES E PONTOS FRACOS DO PRR PARA A SAÚDE

 


OPORTUNIDADES, AMEAÇAS, PONTOS FORTES 

E PONTOS FRACOS DO PRR PARA A SAÚDE

Cipriano Justo

No documento Recuperar Portugal 2021-2026, Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), de 15 de Outubro de 2020 (Plano preliminar), da autoria do governo português , quando se refere ao SNS no capítulo OS ROTEIROS PARA A RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA , a descrição da componente começa da seguinte maneira: “A promoção da saúde é um elemento decisivo para a criação de condições de desenvolvimento sustentado, no médio e longo prazo, e um fator determinante na coesão social e no crescimento económico inclusivo e inteligente. Portugal, à semelhança de outros países da Europa, tem enfrentado transformações demográficas, caracterizadas pelo aumento da longevidade e da população idosa, que, em conjunto com outros fatores, têm vindo a colocar desafios ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) (pág.19) . A prioridade que é dada à promoção da saúde no âmbito do contexto das vulnerabilidades sociais e das reformas e investimentos que têm de ser realizados para lhes dar resposta, é o reconhecimento de que aquela dimensão da política de saúde representa a importância que ela tem para que qualquer política de saúde consiga obter os melhores resultados, ou seja, pessoas e comunidades mais saudáveis, que o mesmo é dizer mais ganhos em saúde traduzidos em maior esperança de vida saudável.

O custo do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), para ser executado entre 2021-2026, tem um custo total de 16 664 milhões de euros, dos quais 13 944 milhões de euros representam subvenções da UE. Para o sector da saúde foram atribuídos 7% daquele montante (1 180 milhões de €) destinados a recuperar estruturas e tornar o SNS mais resiliente, querendo dizer mais habilitado a responder às situações de maior risco.. O programa insere-se no capítulo das respostas às vulnerabilidades sociais, procurando-se que os serviços públicos de saúde contribuam para dar respostas mais céleres, mais organizadas, mais efectivas e de melhor qualidade.

3 de agosto de 2021

Judeus, judiarias e sinagogas (1)

 


Com a devida vénia se transcreve este Artigo de António Valdemar publicado no Jornal  «O Açoriano Oriental»:

Judeus, judiarias e sinagogas (1)

A presença nos Açores de famílias sefarditas que vieram de Marrocos e se radicaram nas ilhas de S. Miguel, da Terceira e do Faial perduram, com cemitérios judaicos em cada uma destas ilhas. Assim como a sinagoga de Ponta Delgada, a mais antiga de todas as sinagogas portuguesas.

Os judeus, a rota das judiarias e as sinagogas já começaram a estar em foco, enquanto decorrem, de 2021 a 2027, os processos para habilitação às Capitais Europeias da Cultura distribuídas através do território português. Já se encontram em curso iniciativas destinadas a promover as cidades concorrentes e as suas extensões geográficas. Em face da crise que a todos atinge e não se sabe até quando, as candidaturas às Capitais Europeias da Cultura vieram assegurar ordenados, subsídios e avenças a profissionais de comunicação que dominam os temas da área do Património. Muitos deles voltam a aproveitar a oportunidade para repetir textos e esquemas de trabalho já utilizados noutras circunstâncias. Uns estavam na prateleira e insistem em sobreviver, outros procuram afirmar–se ganhando o protagonismo que tanto desejavam.

A recente publicação da obra Portugal e os Judeus, da autoria de Jorge Martins, apresenta um manancial de informações da maior importância, em torno dos judeus, a rota das judiarias e as sinagogas. Integra–se num projeto editorial da Âncora. António Batista Lopes, acerca deste tema, já havia divulgado outras obras de reconhecido interesse. Uma das grandes autoridades na história do judaísmo, Anita Novinsky

– que acaba de falecer no dia 20, quase centenária, em São Paulo, no Brasil

–, escreveu sobre deste livro de Jorge Martins: «Passado um século e meio sobre a aparição da mais completa obra sobre a história dos judeus em Portugal, da autoria de Meyer Kaiserling, nos presenteia Jorge Martins com uma nova história sobre os judeus portugueses e que amplia largamente o livro pioneiro do rabino húngaro».

13 de julho de 2021

Grande Vazio do Segundo Grau

 


Transcrito, com a devida vénia e respectiva autorização, do Blogue Jakim&Boaz. Texto de Roger Dachez

 Grande Vazio do Segundo Grau ...

Um contraste estranho

É uma observação bastante impressionante que se pode fazer sem ter uma longa experiência maçónica - é suficiente ter alcançado o grau de Mestre e, especialmente, ter viajado um pouco por lojas de outro Rito, o que francamente todo o Maçom interessado e ansioso para compreender a «arte», deveria fazer imperativamente desde o início de sua vida maçónica. [1] Estou a referir-me à estranha assimetria que existe entre o primeiro e o terceiro graus, por um lado, e o segundo, pelo outro.

É na verdade muito fácil observar que, qualquer que seja o Rito da Loja, a Iniciação ao grau de Aprendiz responde a um padrão / esquema bastante constante: introduzido com os olhos vendados, o candidato é obrigado a fazer três percursos em volta da Loja. - com provas mais ou menos sofisticadas, por vezes reduzidas a quase nada (Emulação), outras vezes mais complicadas (como o RER, o REAA ou mesmo o Rito Francês nas suas formas mais "tradicionais" – então é-lhe dada a  "Luz" e, claro, a cerimónia inclui a prestação de um juramento, a “tomada de Obrigações”.

Da mesma forma, a cerimónia de elevação ao terceiro grau é praticamente a mesma em todos os ritos: resume-se à lenda de Hiram,  que o candidato é levado a reviver para "dar nascimento" a um novo Mestre.

É com o segundo grau que a viagem pelos Ritos se torna uma experiência exótica: nunca mais é a mesma coisa. Pequeno inventário ...

No REAA , deve completar cinco viagens durante as quais lhe são apresentados os famosos “cartazes”, painéis nos quais se inscrevem séries de cinco palavras que designam, sucessivamente, artes liberais, ordens de arquitectura, sentidos, “grandes iniciados”. Além disso, a lista destes últimos suporta inúmeras variações que refletem muito mais o espírito e as modas de uma época do que o legado de uma tradição imemorial.

Ao longo do caminho, o candidato é incumbido de transportar uma série de ferramentas com as quais caminha. Mais uma vez, os pares de ferramentas com que lhe fornecemos - geralmente damos dois de cada vez -, a sua sequência, varia muito de uma geração de ritual e de uma Obediência a outra - dependendo das fantasias da “Comissão de Rituais". A última viagem é clássicamente feita de mãos vazias e termina com uma exclamação retumbante "Glória ao Trabalho! ".

11 de julho de 2021

O que é Escocês não é Antigo ...



 Transcreve-se, do blogue Jakim&Boaz, este artigo de Roger Dachez:

O que é Escocês não é Antigo ...

A mais antiga Maçonaria azul é a dos Modernos: a única que é conhecida e praticada na França no século XVIII.

Não tenho por hábito, como voltei a escrever ainda ontem, de entrar nas "polémicas" que alguns criaram artificialmente, durante dois anos, para darem a si mesmo um semblante e trabalharem pela "unidade maçónica francesa" (sic). Também não sou o plumitivo de uma Obediência mais do que uma outra - nem mesmo da minha! ...

Mas quando um simpático bloguista, aliás amigo de longa data, faz o papel do historiador de serviço - alguns diriam: "um historiador nosso" - aí, perdoem-me, mas meu sangue de académico não faz mais  do que uma volta! Não me importo em defender todas as posições filosóficas ou maçónicas, e isso não me importa - "isso alimenta o debate", como hoje dizemos quando não sabemos mais o que dizer -, mas falsificar grosseiramente a história por incompetência e por se colocar desajeitadamente ao serviço de uma causa da política maçónica, é mesmo um pouco demais. 

De que se trata ?

Parece que os Ritos Escoceses antes da Revolução não seriam Ritos "modernos" - entendamos: Ritos cujas lojas azuis respeitam o padrão da mais antiga maçonaria atestada, a da Grande Loja de Londres, fundada em 1717, denominada dos "Modernos" por escárnio - e por antífrase! - pelos autoproclamados "Antigos" ... que acabaram de aparecer, em 1751. Vamos ver isso ...

Bem, tudo o que acabamos de ver respeita à Inglaterra. Primeira constatação: o Rito Antigo nunca foi conhecido, de perto ou de longe, na França, antes de 1804. Isso é bom ou não, mas é um facto.

Em seguida sim, os Ritos Escoceses das lojas azuis "escocesas" antes da Revolução, eram variantes do Rito dos Modernos. Todos os marcadores estavam lá: a posição dos Vigilantes, a ordem das palavras J e B, a existência do painel no centro da loja (desconhecida pelos Antigos). A única diferença residia no posicionamento dos "três grandes pilares" em vez dos "três grandes castiçais" do Rito Moderno, mas isso não tem nada a ver com os Antigos, por um lado e, então ... basta reler este post para verificar que o ternário «Sabedoria-Força-Beleza» sempre esteve presente em todas as lojas, inclusive e em particular nas dos Modernos, de uma forma ligeiramente diferente. (1)

30 de junho de 2021

CONVITE

 - CONVITE

Forum sobre o tema: “ Maçonaria!... e depois da pandemia ???”

A “ Confraria  Maçons em Reflexão “, do estado de  Minas Gerais-BR, que se reúne virtualmente e congrega irmãos regulares de diversas Lojas e ritos, de potencias ou obediências de todo Brasil, dedicada aos estudos maçônicos através de seus membros, professores, escritores, poetas, palestrantes, tem a honra de convidar nossos amados irmãos maçons portugueses  para o  Forum sobre  o  tema  “ Maçonaria!...e depois da pandemia ???” que será desenvolvido pelos confrades, reconhecidos e notáveis palestrantes, escritores, poliglotas, eruditos irmãos ,Newton Agrella  e  Michael Winetzki, mediado pelo professor Celso Ricardo de Almeida, que será realizado no dia   7 de Julho de 2021 às 19:45h ( Brasília-Brasil ) pelo aplicativo ZOOM ID 835 3174 7442 Passcode 107625

A presença, ainda que  à distância, dos sapientes irmãos portugueses, trará ao evento um brilho especial, pelo que somos gratos.

Adilson Zotovici – confrade/administração


 

21 de junho de 2021

VELHO NÃO,...ANTIGO !

 


VELHO NÃO,...ANTIGO !

Com discrição, empatia,

Eu compartilho contigo

Lição da maçonaria

Meu caro irmão e amigo


Ligeiro qual ventania

Passa o tempo que bendigo

Que o Grande Arquiteto e Guia

Nos dá, e feliz eu sigo


Num paradoxo a magia

O tempo não é inimigo...

É feitor da sabedoria


“Não se envelhece” predigo

Torna-se com eutimia

Sábio livre pedreiro ”antigo” !


Adilson Zotovici

Solstício de Verão 2021

 


O Solstício de Verão ocorre no dia 21 de Junho de 2021 às 04h32min, marcando o início da estação no hemisfério Norte. O Verão prolonga-se por 93,66 dias até ao próximo Equinócio, a 22 de Setembro de 2021.

Festa pagã em que se celebra o fim e o início de um novo ciclo tão caro aos Iniciados.

13 de junho de 2021

DIALÉCTICA E MAÇONARIA, PORQUÊ E O QUÊ?

 


DIALÉCTICA E MAÇONARIA, PORQUÊ E O QUÊ?

Porquê? Fundamentalmente por duas razões, a saber: em primeiro lugar porque não pertenço ao número dos NN∴QQ∴IIr∴ que já sabem tudo e que facilmente se empolgam nas certezas que definem, quer a N∴A∴O∴ quer o conceito de Dialéctica, antes pelo contrário, sou um seguidor do saber não sabido (tão caro a S. Freud), motivo pelo qual me vou dedicar, primeiro ao estudo do paralelismo/antagonismo entre Maçonaria e Dialéctica, e de seguida partilhá-lo convosco na medida em que os ecos dos outros são sempre bem-vindos, apreciados e indutores das respectivas correcções; Em segundo lugar porque me lembro sempre de F. Nietzsche que ditou para a posteridade estas palavras:…um pensador pode não aprender nada de novo, mas tem a obrigação de ir até ao fundo na descoberta daquilo, que para ele, é coisa assente…, o recado subtil que estas palavras encerram ajusta-se perfeitamente ao objectivo deste traçado.

O Quê? Também por duas razões: Na primeira citarei (Editado pela Comissão Editorial do Blogue) que diz…A Maçonaria é uma Ordem Universal, filosófica e progressiva, fundada na Tradição iniciática, obedecendo aos princípios da Fraternidade e da Tolerância, constituindo uma Aliança de Homens Livres e de Bons Costumes, de todas as raças, nacionalidades e crenças…, e na segunda farei um breve resumo da história da dialéctica baseado no livro “La Dialectique” de Claude Bruaire que passo a expressar: a Dialéctica não é senão habituar-se ao discernimento provável, recusar a confusão das premissas, eliminar sofismas e a indecisão concluindo com a razão que daí resulta. Parece simples este conceito, mas do senso múltiplo ao conceito unívoco muita água passará por debaixo da ponte. 

Vamos esmiuçar: a razão deve enunciar a realidade com exactidão, adequação e universalidade, e esta é a fórmula-mãe do diálogo filosófico, e o estatuto dialéctico não importa tanto aos jogos da linguagem mas mais à capacidade de exprimir o que é, logo, por um lado o que é inefável e indeterminado é inacessível à linguagem e por outro lado a verdade não é um dado imediato e não nos é dada de modo instantâneo ou directo, assim, só através da linguagem conceptual e do discurso racional se pode atingir a Luz chamando-se a isto o prelúdio da dialéctica.


Recordemos que antes da invenção da lógica não havia senso conceptual, apenas o senso empírico e directo, daí os Idealistas terem proposto que o pensamento está aprisionado pelo corpo que usurpa o poder do conhecimento, ou seja, é a Era de Platão em que o diálogo dialéctico só abordava o saber das aparências, tratando-as como aparências e debatendo o pensamento com ele mesmo sem verificação, ou seja, a vaidade era o sumo da dialéctica, por se considerar que o que vinha do exterior não passava de um conjunto de opiniões estéreis.

Felizmente que a seguir veio Aristóteles (com o seu Organon) que definiu a dialéctica como um debate consigo mesmo mas, consigo mesmo, dar uma chance às correntes diferentes e contraditórias, quer dizer, conduzir-nos para lá de nós próprios apesar de ser um caminho solitário. Uma coisa é certa, se a razão discursiva levar a uma ciência demonstrativa, a dialéctica fica de fora por esta navegar na interrogação e no provável, ou seja, a nobreza da dialéctica está na investigação pelo debate salientando as oposições (a famosa negação da negação) e, sobretudo, fixa-se onde a ciência é muda. Tal como na maçonaria, a dialéctica abre a verdade que não consegue ser dita.

29 de maio de 2021

Percorrendo a revista “The Square”

 


Com a devida vénia se transcreve, do Blogue Jakim&Boaz, este Artigo de Opinião de Roger Dachez:

Percorrendo a revista “The Square”

A leitura da revista maçónica bimestral «The Square» é um exercício que deve ser praticado regularmente – quer seja «regular» ou não! - Os maçons franceses que desejam compreender melhor a Maçonaria, sair do quadro intelectual da única Maçonaria francesa que conhecem, tocar com os olhos, senão com os dedos - se atrevo a expressar-me assim - a realidade internacional de uma "Fraternidade Universal", como muitas vezes gostam de repetir gravemente, mas que, para a grande maioria deles, se reduz às suas sessões quinzenais, a raras visitas a outras lojas da sua Obediência, a maior parte das vezes  da sua região e até mesmo na participação num “Congresso Regional” ou mesmo no “Convénio” - dois tipos de eventos que nunca nos ensinam grande coisa  sobre a maçonaria…

Da minha parte, li cuidadosamente “The Square” - que já foi chamado de Esquadro Maçónico - por mais de trinta anos e lá aprendi muitas coisas interessantes e curiosas. Por um lado enquanto maçom francês que pode relativizar os seus conhecimentos e a sua visão maçónica, mas também sobre a  maçonaria inglesa, considerada imutável segundo muitos e que tenho visto mover-se cada vez com mais clareza desde há anos. Eu acrescentaria que «The Square» é uma revista de grande qualidade, completamente independente da Grande Loja Unida da Inglaterra. O último número disponível, publicado em Setembro de 2016, fornece mais uma prova disso. Aí referencio dois artigos publicados consecutivamente - provavelmente por acaso - que resumem perfeitamente todos os mal-entendidos que existem entre a Maçonaria Francesa e a Maçonaria Britânica.

Uma visita decepcionante

O primeiro artigo de que gostaria de falar é o de Bob Mellor, dedicado à exposição realizada a meio do ano na Biblioteca Nacional de França («Bibliothèque Nationale de France (BnF)»). O nosso amigo inglês visitou-a e voltou profundamente desapontado, para dizer o mínimo ...

27 de maio de 2021

AS INTERROGAÇÕES NOS ANOS DO MEDO

 

Com a devida vénia se transcreve da Revista Tempo Livre-Inatel este artigo de opinião de António Valdemar

AS INTERROGAÇÕES NOS ANOS DO MEDO

Caminhamos para um outro mundo diferente e que vai nascer depois da tragédia que estamos a viver. Será melhor ou será pior? A propagação do vírus pode demorar alguns anos ou algumas décadas. Tudo dependerá das escolhas e das apostas que hoje fazemos ou que não fazemos. 

A época de enorme complexidade e angústia que estamos a viver, em consequência da multiplicação de uma pandemia que se disseminou através do mundo e que também se encontra agravada por duas fatalidades: o ressurgimento dos nacionalismos populistas que conduzem aos regimes totalitários; e a ambição ilimitada de aprofundar a cooperação global para garantir, em liberdade e democracia, o pluralismo de opinião, a estabilidade e a confiança.

 O princípio da tragédia terá começado na cidade de Wuhan, na China. Pouco depois, o terror invadiu as grandes cidades e disseminou-se até nas aldeias mais longínquas que dir-se-iam à margem da civilização. Os primeiros sinais da pandemia, e a avaliação das suas consequências, exigiram respostas perante a evolução do processo. Houve que reformular a política do Serviço Nacional de Saúde, intensificar os cuidados médicos e hospitalares, introduzir uma rede de serviços a funcionar em todo o País; as autarquias reestruturaram o acompanhamento dos doentes, as intervenções de solidariedade junto das vítimas e das famílias. Não é altura para cantar vitória, mas temos de reconhecer que, em Portugal, podemos registar contributos significativos para impulsionar a investigação, identificar os surtos e restringir os contágios.

 É mais do que evidente que as incertezas geram ansiedade e causam as maiores preocupações. Mas a adversidade também obriga a ultrapassar a rotina e a sair do marasmo. Estimula a energia para enfrentar o medo, vencer a insegurança e ultrapassar indecisões. Dá-nos coragem para lutar, para assumir decisões inovadoras e capacidade de imaginação para agir e escolher soluções adequadas. 

Um dos pensadores contemporâneos de renome universal, Yuval Noah Harari, o consagrado autor de obras como Sapiens, uma Breve Historia da Humanidade e Homo Deus considera indispensável apostar nos investigadores da ciência e investir no equipamento dos laboratórios. É, ainda, essencial a construção e remodelação de hospitais, a formação de médicos, de enfermeiros, de assistentes operacionais e a mobilização de todos os outros recursos capazes de proteger a vida humana. «Os nossos super-heróis – acentua Yuval Noah Harari – são os cientistas nos laboratórios».

25 de maio de 2021

Maçonaria e Psicanálise: conflitualidade ou afinidade?

 


“Seria mais discreto prestar atenção a este grande truísmo: a civilização é filha da barbárie e neta da selvajaria”.

Ortega Y Gasset in Notas (1938/1967)

Maçonaria e Psicanálise: conflitualidade ou afinidade?

Maçonaria e Psicanálise apresentam-se como duas entidades distintas, quer do ponto de vista histórico, das suas origens ou dos seus propósitos; não obstante as naturais características que as distinguem, partilham contudo, segundo Daniel Béresniak, da mesma opinião sobre o conceito de “bem-estar”, ou seja, o poder agir em lugar de reagir, consubstanciando assim a condição de liberdade.

Apesar de a suas origens mergulharem na mais remota antiguidade, a Maçonaria, e mais concretamente a palavra freemason, surge pela primeira vez em 1376 em Inglaterra, sendo o mais antigo regulamento maçónico datado de 1390. As primeiras Constituições do GOL (de 1806 e 1821) não definiam a Maçonaria, mas a de 1836 estabeleceu que a Ordem maçónica “tem por objecto o exercício da beneficência, do estudo da moral universal, das ciências, das artes, e a prática de todas as virtudes”. Em 1878 (sob o Grão-Mestrado do Conde de Paraty, a maçonaria é considerada “uma associação de homens livres, unidos pelos laços do amor fraternal”; e a Constituição em vigor, de 1990, aponta para o “aperfeiçoamento da Humanidade através da elevação moral e espiritual do individuo”. 

A Maçonaria é definida por António Arnaut como “uma Ordem iniciática, ritualista, universal e fraterna, filosófica e progressista, baseada no livre-pensamento e na tolerância, que tem por objectivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária. Não aceita dogmas, combate todas as formas de opressão, luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância, combate a corrupção, enaltece o mérito, procura a união de todos os homens pela prática de uma Moral Universal”.

Por seu lado, a Psicanálise encontra-se incontornavelmente ligada à figura de Sigmund Freud (1856-1939), e conta com cerca de 100 anos de existência. Podemos entender a Psicanálise como constituída por 3 partes: 1) um conjunto de técnicas psicoterapêuticas específicas (como a associação livre e a interpretação, 2) um modelo do desenvolvimento psicológico e 3) uma “metapsicologia”, ou seja, hipóteses especulativas sobre a natureza e estrutura da mente (Bateman & Holmes).


 As ideias de Freud tiveram um profundo efeito de choque pela descoberta de novos territórios, particularmente os conceitos de “Inconsciente” e de “Sexualidade”, que confrontaram respectivamente, preconceitos de ordem “intelectual” e “estético-moral”, nas palavras de Freud (M. Haar). O Homem, sempre analisado na tradição filosófica, desde Platão, como “animal racional”, controlado pela razão e pela vontade, é agora tocado pela existência de um pensamento e vontade inconscientes: o Homem deixa de ser senhor de si próprio. E, ainda para mais, esta parte que determina as motivações mais profundas, representa um domínio bem mais vasto que a dimensão do Eu consciente (imagem do iceberg de 1/10). Na teoria e prática analítica, são temáticas essenciais, as questões em torno da “filiação”, do “desejo” e da “morte”.

24 de maio de 2021

Diários-Exposição Colectiva

 

A Sá da Costa Arte tem o prazer de a/o convidar para a inauguração da exposição colectiva "Diários" dos artistas Carlota Mantero, João Rebôlo, Margarida Cunha Belém, Pedro Noronha e Rita Draper Frazão,  que terá lugar na próxima quinta-feira, dia 27 de Maio, entre as 14h30 e as 20h, no Espaço Camões da Sá da Costa, Praça Luís de Camões, 22 – 4º, em Lisboa. O Texto que acompanha a exposição é da autoria de Rita Taborda Duarte. A exposição poderá ser visitada até 18 de Junho, de segunda a sábado, das 14h30 às 19h, 

18 de maio de 2021

AMOR PELA SABEDORIA



 AMOR  PELA SABEDORIA

Óh  Sublime Instituição...

Iniciática confraria

Que faz da busca profissão

Da perfeição que utopia


Não é uma religião

Nem clube ou dinastia

Harmoniza a Fé e a razão

Com Grande Arquiteto por Guia


Pra poesia, sublimação

Dialética,  ontologia,

No “Templo” à elevação


Escola de filosofia

União com amor o bordão

Seu nome...Maçonaria !


Adilson Zotovici


11 de maio de 2021

A Cadeia de União

 


A Cadeia de União 

“Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro.” Leonardo da Vinci 

“Todos deviam ser respeitados como indivíduos, mas ninguém devia ser idolatrado.” Albert Einstein 

“Eu sou uma parte de tudo, tal como a hora é uma parte do dia.” Epicteto 

1. O que tem em comum a Força ,a Igualdade e a Solidariedade com a Cadeia de União? 

2. O que têm em comum estas três caraterísticas é que simbolizam a Cadeia de União, a força , segundo Pessoa “ Ser forte é ser capaz de sentir”, a igualdade de acordo com Einstein “Todos deviam ser respeitados como indivíduos, mas ninguém devia ser idolatrado.” e também a solidariedade “Eu sou uma parte de tudo, tal como a hora é uma parte do dia.” Epicteto.

3. O primeiro escrito conhecido da cadeia de união surge em 1696 no Manuscrito de Edimburgo , que descreve no ritual maçónico a cadeia de união, segundo uma ligação entre todos os irmãos presente em loja, com determinadas regras, tendo como objectivo transmitir a palavra de mestre. 

4. Mais recentemente em novembro de 2011 , foi publicado pela editora Campos da Comunicação em Lisboa, o livro do nosso Ir:. Adelino Maltez intitulado “0 Abecedário Simbiótico” (1) que define a «Cadeia de União» como sendo: «Círculo que se forma no final de uma sessão ritual maçónica. Simboliza a universalidade da Ordem, a união de todos os IIr:. à superfície da terra. Uma corrente ou corda luminosa, a que se liga o universo, segundo Platão, corrente de ouro que une o céu e terra, símbolo dos laços entre os dois extremos do bem. Foi também através das correntes de ferro e diamante, dos encadeamentos do discurso, que Sócrates uniu a felicidade dos homens à prática dos justos». 

5. A cadeia de união faz parte do ritual maçónico e acontece sempre no final de cada sessão em Loja , com um enorme simbolismo, sendo precedida de um trabalho interno, orientado pelo Ritual, em cerca de uma e meia a duas horas, simbólicamente sobre a pedra bruta ou polida, que os trabalhos apresentados pelos Maçons da Loj:. representam, e que termina com este momento de concentração e de união que a Cadeia de União representa.


 6. Esta cadeia poderosa de fraternidade que liga todos os irmãos desde dos construtores da Idade Média, aos pedreiros da Europa, os navegadores que alargaram os horizontes e continentes, aos ecologistas que defendem a mãe natureza, e dos maçons tecnológicos das redes sociais e da inteligência artificial que nos fazem viajar com um simples «clik», e também do poder das neurociências aplicadas na vida das sociedades contemporâneas e liquidas, e como os últimos são os primeiros , os que permitem a continuidade da espécie humana, do serviço nacional de saúde e da ciência . 

7. Aliás se conseguimos chegar até aqui , foi porque soubemos cooperar todos juntos, na construção do ideal da Humanidade. É mesmo caso para dizer que Todos Juntos somos mais fortes. E somos mesmo Imbatíveis e sobretudo Fraternos seremos sempre. Nós Maçons. 

28 de abril de 2021

E DEPOIS DA PANDEMIA


E DEPOIS DA PANDEMIA

Concluído um ano sobre a notificação do primeiro caso de covid-19 em Portugal (2 de Março de 2020), verificaram-se nesse espaço de tempo 804 956 pessoas infectadas (DGS), correspondente a uma taxa de incidência de 80/1 000 habitantes, a 16 351 óbitos (DGS) correspondente a uma taxa de mortalidade de 1,63/1 000 e a uma taxa de letalidade de 23/1 000. Do total de infectados, recuperaram 720 235 doentes, correspondentes a 89% dos infectados. A taxa de incidência é sempre maior nas mulheres a partir dos 10 anos de idade, e a mortalidade só é superior à dos homens a partir dos 80 anos. Ao contrário das doenças crónicas que são de longa duração e lenta progressão as doenças agudas, como é o caso das doenças víricas, são de curta duração e rápida progressão, exigindo, por isso, uma abordagem que limite o seu desenvolvimento e propagação. 

Enquanto as doenças crónicas são frequentemente multicausais, as doenças infecto-contagiosas são, pelo contrário, provocadas por um agente externo que penetra no organismo humano e altera o seu funcionamento, podendo, pelas suas características e pelos órgãos que afecta ter um desfecho fatal. Não é o caso do covid-19, cuja taxa de letalidade é muito mais baixa do que outras doenças, principalmente das doenças crónicas, como são os casos das doenças oncológicas e das doenças cardiovasculares, por exemplo. 

O que tornou a actual infecção por este vírus um caso particular, foi a circunstância de ela estar presente em todos os continentes e em todos os países, ser altamente contagiosa, ainda se desconhecer alguns aspectos do seu funcionamento, ser assintomática num grande número de casos e letal noutros, não existir terapêutica disponível para atenuar os sintomas mais graves que desencadeia e a única tecnologia capaz de o combater, a vacina,  ter um tempo de produção longo, apesar de neste caso ele ter sido excepcionalmente encurtado. Além disso, as medidas preventivas que foram necessárias tomar, se numa primeira fase foram aceites pela população, a sua repetição, causada por erros de cálculo, tornaram mais difícil a adesão às mesmas, causando um elevado grau de desconfiança quanto à capacidade dos responsáveis para lidar com este problema. Houve, por isso, durante algum tempo, alguma turbulência na gestão do processo de controlo da doença, considerando as múltiplas necessidades que ela exige e a sua satisfação atempada, de que se pode dar o exemplo a organização dos cuidados hospitalares que, apesar das imensas carências para dar resposta útil aos doentes, conseguiu que o SNS estivesse à altura do que lhe era exigido. Sem ele, a cacafonia, as ordens e contra-ordens, as orientações clínicas e a actuação dos profissionais iriam estar certamente expostos à ausência de um comando único, condição indispensável para tornar úteis as decisões tomadas.


Hoje, quando já existem sinais de que a pandemia começa a estar controlado, considerando os indicadores que nos são fornecidos pela autoridade de saúde nacional, há lições que já se podem retirar sobre o que aconteceu nestes meses, que poderão ser extrapolados para outras doenças, principalmente as doenças crónicas. "Uma verdadeira UE da saúde", defende o Presidente da República (DN, 25/03). Se considerarmos a incapacidade demonstrada pela Comissão Europeia para gerir as várias fases da gestão da pandemia, mas sobretudo a aquisição e distribuição das vacinas, tenhamos calma. A comissária Kyriakides tinha uma palavra a dizer sobre este assunto e não o fez. Foi preciso a presidente vir justificar as trafulhices da AstraZeneca limitando-se a uma explicação que parecia um comunicado do laboratório que produz a vacina. A exigência esteve sempre ausente das negociações com os laboratórios. Este é um dos exemplos do ambiente existente na saúde europeia. E não se lhe pode chamar política de saúde porque para o efeito teria de haver escolhas e escrutínio sobre essas escolhas.