Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

1 de setembro de 2018

Do «Escocismo» ao Grau 33 do R.E.A.A – percursos de um Rito


Transcrito, com a devida vénia e respectiva autorização, do Blogue Jakim&Boaz.

 I – Introdução
 Diversos e distintos estudiosos e historiadores maçónicos  têm publicado trabalhos nos últimos decénios dissipando algumas das nuvensdas   várias lendas assumidas até então, esclarecendo progressivamente diversas lacunas documentais ou inconsistências, que se têm colocado aos estudiosos, quanto às reais origens do Rito Escocês Antigo e Aceito (R.E.A.A.) , bem como às motivações e objectivos que lhe foram subjacentes.
Sendo o R.E.A.A. o rito mais difundido a nível mundial, este caminho de procura das fontes originais torna-se ainda mais premente, para todos os que o pretendem praticar consistentemente e  daí as notas que humildemente procurámos coligir, aprofundando algum estudo adicional já previamente efectuado.
 Cada vez se nos afigura como um facto intransponível  a importância do grau de «Mestre» na consolidação da Maçonaria especulativa (já alvo de trabalho anterior).  Aí socorremo-nos  de alguns dos trabalhos recentes e credenciados, referenciámos alguns dos principais marcos, dados históricos e conclusões, embora concluíssemos que continua a não ser possível determinar com precisão as suas origens.
 É contudo nossa convicção que a estabilização e consolidação deste grau e da respectiva «lenda hirâmica», criou as condições objectivas para o desenvolvimento subsequente dos chamados «Altos Graus» (mais correctamente «Graus Complementares»,  com maior propriedade).
Na Maçonaria Operativa não existem dúvidas de que existiam sómente dois graus: Aprendiz e Companheiro. Aqui não existiam quaisquer influências astrológicas, alquímicas, rosacrucianas, cabalísticas ou ocultistas, ou de quaisquer outros elementos  esotéricos.  Mestre não era um grau em si, mas uma função que competia ao responsável pela construção, ou pela Loja operativa que coordenava.

No início  da Maçonaria Especulativa  ou,  como preferimos,   da  moderna Maçonaria, a situação era análoga quanto aos graus (ver constituições de Anderson de 1723, da Grande Loja de Londres e Westminster), existindo igualmente os de Aprendiz e Companheiro, sendo o de Mestre, honorifico, representando o responsável pela Loja. Não existiam templos, as reuniões eram realizadas em tabernas e durante uma reunião de maçons não se procedia à abertura de qualquer livro da Lei.  Os símbolos (correspondentes ao actual Quadro da Loja) eram desenhados no chão com giz ou carvão, sendo apagados  no final de cada Sessão.
Enquanto a Maçonaria Inglesa em virtude do seu relacionamento directo com a Igreja Anglicana e com o   aparelho de Estado, permaneceu tradicionalmente ligada à Bíblia, a Maçonaria Francesa, sem aquelas ligações e com muitos mais graus de liberdade, apesar da grande influência da religião católica romana, tornou-se, em plena altura do Iluminismo, mais permeável a uma amálgama de influências de doutrinas e de concepções heterogéneas, com muitas contribuições do iluminismo alemão (principalmente, rosacrucianas, cabalísticas, bíblico-judaicas, templárias ou astrológicas), que constituiram o fermento da germinação de variados graus que foram chamados de «Escocismo». Estes ditos «Graus superiores» aproximadamente meio século mais tarde, vieram a constituir a coluna dorsal do Rito Escocês Antigo e Aceito (e também doutros ritos escoceses que entretanto deixaram de se praticar, à excepção do Rito Escocês Rectificado - R.E.R.).
 No início e do ponto de vista ritualístico podemos afirmar que os franceses seguiram os «Modernos» da Grande Loja de Londres, no que à maçonaria simbólica diz respeito, mas progressivamente começaram a acrescentar novos Graus. Nas mesmas ou em outras lojas específicas, eis uma das questões fulcrais que nos propomos analisar.  Há quem atribua aos franceses a criação do Grau de Mestre, mas efectivamente este tem inequívoca patente inglesa (com raízes irlandesas e influencias escocesas).
Representando o grau de Mestre já uma  importante inovação surgida após os primeiros anos da Maçonaria simbólica, provávelmente os maçons franceses não ficaram satisfeitos com este limite. Tal facto é reflexo do ambiente, das contradições sociais e dos conflitos existentes à época na sociedade francesa, que óbviamente se reflectiam nas lojas, resultantes das  diferentes origens sociais de que provinham os Maçons,  do fervilhar das novas ideias do iluminismo, agudizando o conflito entre diversos sectores da nobreza e da burguesia emergente, sobretudo a partir do segundo terço do século XVIII.
 A origem e motivações dos novos graus é ainda um tanto obscura, sendo as divergências interpretativas comuns entre os diversos autores. Poderá ter tido fundo político, ou origem em interesses pessoais, aspirações a títulos cavalheirescos ou pomposos que alimentariam a vaidade dos nobres ou satisfariam as ambições de ascenção social da burguesia endinheirada, ou até motivações de cariz estritamente espiritual.
 O «Escocismo» representa uma série de graus e ritos nascidos em  França, a partir de meados do século XVIII, com um desenvolvimento peculiar resultante da fusão de elementos culturais diferentes, recebendo as mais variadas influências, apresentando diversas denominações, muitas delas relacionadas com os modismos da época e também com a História da Humanidade. Não esquecer que tudo isto aconteceu num período bastante transformador das ideias e dos costumes, ou não estivéssemos em pleno esplendor do  Iluminismo…
Segundo Hercule Spoladore (14) alguns autores perfilham a teses dum desenvolvimento cronológico na criação dos «Altos Graus»:  seis graus até 1737, sete graus até 1747, nove graus até 1754, dez graus até 1758, vinte e cinco graus até 1801,  após o que foram adicionados  mais oito graus durante a sua consolidação / homogeneização, perfazendo os trinta e três graus actuais do R.E.A.A.
 Esta cronologia é contudo rejeitada por outros, mas a história aí está para comprovar o facto indesmentível de terem sido os franceses a acrescentar sucessivos graus à Maçonaria, como evidenciam os trabalhos de distintos investigadores, historiadores e maçonólogos.
Guy Chassagnard (1) também salienta que o termo «escocês» veio a considerar-se sinónimo dos «Altos Graus», desenvolvidos   em França. Estes graus, de escoceses só têm a designação, embora se possa atribuir maioritáriamente a sua origem aos meios stuartistas, refugiados a partir do final do século XVII, em Saint-Germain-en-Laye e  na sua maioria  de origem escocesa.
 No entanto convém salientar que a criação dos chamados altos graus desencadeou grandes polémicas no seio da maçonaria francesa. Registaram-se múltiplas acusações contra eles, nomeadamente apontando-os como manifestação de vaidades dos maçons aristocráticos ou até, como uma forma de impor a própria aristocratização da maçonaria.
 No entanto para Paul Naudon a situação era muito mais objectiva e fácil de analisar, ou seja, a primeira das causas da criação e do desenvolvimento dos altos graus seria o desejo de restituir à Maçonaria o que ela havia perdido da tradição.
 Apesar do R.E.A.A. ter sido patenteado oficialmente nos Estados Unidos, parecem não restar dúvidas que a sua génese original e as suas fontes são no essencial francesas. Segundo José Castellani (3) “… seria uma heresia histórica afirmar que o REAA não tem origem francesa, mas sim norte-americana ou inglesa. Mais do que isso, seria ficar na contramão do mundo”.
Há quem defenda, como C. Guérillot (16),   que: “a irrupção da lenda do 3º Grau marca uma alteração tão profunda no percurso da Maçonaria simbólica, que será legítimo ver na Mestria o verdadeiro primeiro dos “altos graus”, em que o “homem velho” morre simbólicamente para renascer fugazmente sob a máscara do respeitável Mestre Hiram.   Após a difusão e estabilização do Grau,  o desenvolvimento do tema da vingança e da justiça à volta da morte de Hiram, originou um grande número de versões com numerosas variantes, entra as quais podemos citar as dos sistemas de 25 Graus praticados em Metz (França), de 1760 a 1780.
 Nesse sentido e concordando no essencial com o apontado por C. Guérillot no parágrafo anterior, considerámos pertinente inserir  um conjunto de referências quanto às possíveis origens dos primeiros graus superiores da Maçonaria, que em nosso entender  permite percepcionar com mais clareza o seu papel essencial nos desenvolvimentos posteriores de novos graus «escoceses», até às origens do R.E.A.A., que ao longo de aproximadamente dois séculos, se veio a constituir  como  o Rito mais divulgado e praticado em todo o mundo, pelo menos no que aos «altos graus» diz respeito.

II -  A contribuição  “Escocesa” em França
 A Maç∴ stuartista chegou a França em 1688 através das primeiras lojas militares que se formaram nos regimentos que acompanharam James II, no  exílio em Saint-Germain de Laye.  Existem provas de que a  fuga para França  intensificou a criação de Lojas maçónicas nos regimentos stuartistas. O papel desempenhado pela Maçonaria Escocesa em França confirma-se pelo famoso discurso do Cavaleiro Ramsay, em 1737 (do qual existem pelo menos 4 versões, das quais duas são comprovadamente verdadeiras, segundo C. Guérilllot (7) e G. Chassagnard (1).
 Para Trébuchet (2) poucos documentos significativos e nenhum de ordem ritual aparecerão em Inglaterra  até à constituição  da Grande Loja dos «Antigos», em 1751 e à divulgação do seu ritual em 1755.
 O mesmo não se passa em França na mesma época, onde surgem numerosas divulgações, conhecendo-se paralelamente vários manuscritos descrevendo os chamados “graus escoceses”. De salientar que a quase totalidade dos graus que formatarão o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) serão  estruturados  durante as décadas de 1740_60, em particular os que respeitam à “Antiga Mestria”.  Os “Eleitos Perfeitos” (“Élus Parfaits”) de Bordéus, fundados em 1745, entre outros,  por Étienne Morin,   são considerados por vários autores como a primeira “Potência Escocesa” no mundo.
 A análise histórica evidencia que em consequência  do exilio dos Stuarts para  terras francesas,  as Lojas maçónicas foram utilizadas, também em território francês, até quase meados do séculos XVIII, como veículo da rivalidade entre jacobitas (católicos e apoiantes dos Stuarts) e hanoverianos (protestantes e apoiantes do rei inglês em exercício).
 O conflito  provocado pela existência de duas categorias de lojas rivais – escocesas e inglesas persistiu  até  à criação da Grande Loja de França  (GLdF) e à  nomeação do duque de Antin, par de França, como Grão-Mestre  (ad vitam), em 24 de Junho de 1738.
Uma das mais antigas descrições do grau  de M∴ M∴ em França encontra-se numa divulgação intitulada “Le Catéchisme des Franc-Maçons”, datada sómente de 1744.  É pois necessário ter em conta a determinante influencia escocesa / irlandesa em França,  no arranque e expansão da maçonaria continental, a sua relativa independência face à corrente inglesa representada pela G.L.L. (“Modernos”),  a posterior influencia irlandesa em Inglaterra,  traduzida pelo aparecimento dos “Antigos”,  e a sua expansão até à fusão das duas Grandes Lojas (“Antigos” e “Modernos”), formando a «Grnde Loja Unida de Inglaterra», fruto essencial das convulsões politicas existentes em França, decorrentes da Comuna de Paris.
 Contráriamente a variadas interpretações, não foi a Maçonaria francesa a grande impulsionadora da Revolução, mas sim muitos maçons, a título individual, principalmente da área de Paris, havendo fortes cisões entre monárquicos e republicanos, nesta região e noutras socialmente mais avançadas, onde a participação da pequena burguesia nas Lojas tinha maior notariedade.
 O desenvolvimento e estruturação do grau de Mestre ocorreu entre finais do século XVII e sobretudo ao longo das primeiras quatro décadas  do século XVIII,  em Inglaterra e logo a seguir em França, tendo contudo a sua origem provávelmente  raízes irlandesas (Manuscrito “Trinity College, Dublín”) e escocesas ( Manuscrito “Sloane 3329”),  já que são lá que encontramos as primeiras referências concretas e históricamente comprovadas.
 A sua introdução propagou-se gradualmente nas lojas especulativas a partir de 1720/25, tendo a sua existência sido sancionada oficialmente em Inglaterra com as Constituições de 1738, oito anos após a divulgação (mais ou menos sensacionalista e não autorizada pela G.L.L.) dos folhetos de Samuel Prichard.  Contudo só por volta de 1740 /50 terá sido “globalmente” aceite.
 O facto das Constituições elaboradas pretensamente pelo rev. Anderson (que era pastor presbiteriano escocês)  em 1723, seis anos depois da constituição da G∴ L∴ L∴ , terem sido acompanhadas por uma “limpeza criativa e radical” (ordenada e continuada pelo duque de Montagu) de toda a documentação anteriormente existente,  contribuiu para reforçar um conjunto de interrogações relativas à falta de documentação credível, em que as origens do 3º Grau óbviamente se incluem, e em cujos fundamentos vários investigadores e historiadores reconhecidos  têm vindo a trabalhar.
 No primeiro quartil  do século XVIII, os textos analisados permitem concluir  que na génese  do grau de M∴ M∴ terão estado as  diferenças entre as 2 versões evidenciadas pela  Maçonaria escocesa / irlandesa face à  inglesa,  coexistindo 2 sistemas: um em dois graus, o mais expandido na Grã-Bretanha em que se sustenta a criação e o desenvolvimento inicial da G.L.L. , e outro em três graus que evidencia ter fortes ligações à Irlanda e desta à Escócia.
 Deste modo, a lenda que suporta o terceiro grau, não resulta da divulgação extemporânea do “Masonry Dissected” de Samuel Prichard (16) no “Daily Journal” de 20 de Outubro de 1730, já que os rituais divulgados respeitando aos três graus da Maçonaria, são bastante detalhados (“I – Aprendiz entrado; II – Companheiro do Ofício e III – Mestre”) e para o grau de “Mestre” desenvolvem pela primeira vez a lenda de Hiram e o ritual correspondente.
 Embora a génese do Grau de «Mestre» continue ainda suficientemente nublada, sabe-se o suficiente para afirmar,  com alguma segurança, que o «novo» grau terá sido inspirado pela vontade de criar uma Maçonaria “mais elevada”, uma espécie de aristocracia do Ofício, segundo defendem Dachez,  Mollier e Bernheim, (4).

 III – O  Início dos graus «Escoceses»
O Cavaleiro de Ramsay (André Michel - 1686-1743), nascido na Escócia, erudito,  partidário dos Stuarts, protegido do Bispo Hercule de Fenélon e com ligações a grande parte das cortes da Europa, surge frequentemente como inspirador dos graus «escoceses» ou da criação dos «Graus Superiores».
O seu famoso discurso terá sido escrito em 1737, e segundo alguns autores pode até ser apócrifo, já que se julga que existam, pelo menos,  quatro versões, duas das quais plenamente comprovadas (4) e (5). Talvez nunca tenha sido lido em qualquer Loja, ou apresentado em qualquer assembleia  maçónica, mas no entanto foi amplamente distribuído pelas lojas francesas e também nas dos  países vizinhos.
 Neste documento Ramsay defende que a origem da Maçonaria remonta aos Templários, o que não é comprovadamente verdadeiro, proclama o ideal maçónico da Fraternidade e dum mundo sem fronteiras (inovador à época) e  enaltece a  hierarquia na Ordem,  tentando atribuir (falsamente) à Maçonaria uma antiguidade e nobreza, que se provou não corresponder à realidade.
 Segundo Ragon terá feito uma proposta às lojas inglesas para acrescentarem mais três graus (Mestre Escocês, Noviço e Cavaleiro do Templo) aos já existentes, o que a Maçonaria inglesa rejeitou, sendo que estes três graus teriam sido criados pelo próprio Ramsay. Terá também feito uma proposta para que se acrescentassem mais sete graus suplementares às lojas francesas, o que também não foi aceite.
 Todavia a partir daí iniciaram-se as introduções templárias e rosacrucianas que traduziram o começo da germinação dos «Altos Graus». Contráriamente a Ragon e outros, muitos autores  rejeitam a contribuição ou a participação de Ramsay,  enquanto inspirador dos «graus ecoceses»
O conjunto de graus criados em França entre 1740 e 1745, reagrupados sob a qualificação de «Escoceses», proporcionam importantes acréscimos à “lenda de Hiram”.  Também para  L. Trébuchet (2) , Mollier e  R. Dachez (4) a palavra “escocês”, de significação discutível, parece simplesmente traduzir o reconhecimento entre os primeiros Maçons,  do papel fulcral desempenhado pela Escócia na maturação do sistema maçónico especulativo.
Pierre Chevallier questiona em “Histoire de la Franc-Maçonnerie” em que condições apareceu o que é ambicioso chamar, por volta de 1740, o «Rito Escocês»?  Propõe que será preciso procurar como  ponto de partida o desejo de certos maçons em reformar a Ordem, viciada rapidamente por abusos de diversas espécies (recorde-se que as sessões eram quase sempre acompanhadas de banquetes onde o champanhe era de rigor, além de  músicas,  canções, e até de brincadeiras e propostas amorosas).
 O mesmo autor, mais  à frente e na mesma obra, levanta judiciosamente a seguinte questão “ … Desenvolvendo e criando graus superiores, pode-se pensar que os inventores teriam menos em vista a  reforma duma Maçonaria aviltada, a de São João, do que a criação duma nova Maçonaria, a de Santo André (da Escócia), em que o acesso seria ciosamente reservado à alta aristocracia, à nobreza,  e aos burgueses endinheirados. Com efeito como conciliar o princípio igualitário, que constitui o ponto cardeal do edifício maçónico, com o respeito pelas distinções sociais?» (1).
 Na realidade o «Escocismo» não sendo proveniente da Escócia, poderá ter tido origem maioritária em meios escoceses, numerosos em França a partir de 1688, não ficando contudo limitado sómente àquele âmbito. É  o que confirma Étienne Gout (1) que aniquilando a falsa «teoria dualista»  das origens do «Escocismo» (defensora da existência de dois tipos de lojas rivais e opostas), refere que é no seio das alegadas lojas azuis escocesas, católicas e jacobitas, que nasceriam, por volta de 1743, os «Altos Graus». A Grande Loja Parisiense, tendo-os rejeitado, ter-se-ia tornado como que a metrópole das lojas de matriz inglesa  do reino (em consonância com o praticado pela G.L.L.). As lojas escocesas, agora emplumadas nos seus altos graus, reagruparam-se progressivamente sob a égide de diversas Lojas Mães Escocesas.
 Apesar das muitas críticas e comentários acintosos, por parte de muitos maçons dos graus simbólicos, não existiu nenhuma guerra aberta entre estas lojas, de cor azul, e as lojas dos graus escoceses, de cor vermelha, o que não nos deve surpreender, uma vez que muitos dos membros das primeiras eram certamente filiados nas segundas. De tal modo que a Grande Loja de França (do conde de Clermont), conforme os seus Regulamentos e directivas internas evidenciam, se não ignorou o «escocismo», também não o afrontou enquanto tal, pretendendo sómente que a sua competência se concentrasse na administração e gestão dos três graus simbólicos - Aprendiz, Companheiro e Mestre.
 É comprovado o registo em 1743, na Grande Loja dos Mestres de Paris, da presença em lojas, de «mestres escoceses» carregados de ornamentos e ávidos de honrarias. Um dos primeiros textos impressos onde é registada a sua presença, junto aos «mestres comuns»,  encontra-se na obra «Le Parfait Maçon», publicada em 1744, cujo título completo era curiosamente «O Maçom perfeito, ou os verdadeiros segredos dos quatro graus de aprendizes, companheiros, mestres comuns e escoceses, da Maçonaria” (5).
 Será pois muito provável que naquela época, o que chamamos «loja escocesa» não possuísse ainda todas as características que encontraremos posteriormente. Podemos afirmar que seria uma loja que praticava os três graus simbólicos, na qual uma parte significativa dos irmãos é revestida de graus superiores ao de Mestre, e onde o Venerável é quase sempre sujeito a eleição anual.
Paul Naudon (5) refere que:  os “altos Graus” quer pela afirmação aristocrática, títulos pomposos, quer pela representação duma autoridade real ou usurpada,  exerceram uma atracção sedutora sobre os espíritos vaidosos e as imaginações vagueantes, não tardando a interessar os mercadores do templo”. A sobreposição e criação de múltiplos graus, títulos pomposos, todos mais ou menos «grandes, sublimes ou soberanos»,  tornaram-se também pretexto para o início dum comércio florescente.
 No entanto não tardou a efectuar-se uma primeira selecção natural, pois segundo Bernheim (5) e Guérillot (6): “qualquer grau maçónico para se afirmar e perdurar não pode ter sómente um título, mais ou menos enriquecido de decorações, mas tem de estar dotado dum mito e duma lenda, repousando num simbolismo esotérico determinado e  praticado em função dum ritual estruturado ou seja,  estar integrado harmoniosamente num sistema coerente”. Muitos dos graus da primeira geração desapareceram precisamente por não cumprirem estes critérios.
Portanto resulta evidente que aproximadamente no espaço de trinta anos, entre 1743 e 1773 mudou em França a natureza profunda da Maçonaria. Segundo C. Guérillot (6) “Cresceu de forma explosiva o número de Lojas mas sobretudo, ao lado das lojas  de matriz inglesa praticando, no essencial, uma Maçonaria convivial, aparecem as Lojas Escocesas, já plenamente especulativas e iniciáticas. Esta mutação, mais presente no espírito do que na letra do «discurso de Ramsay»,  irá modificar a paisagem maçónica, expandir-se pela Europa, conquistar o Novo Mundo e mesmo em Inglaterra acelerar a mutação especulativa das Lojas”.
A alusão a «Mestres Escoceses» é referida nos Regulamentos Gerais, de 11 de Setembro de 1743, aprovados pela Grande Loja de França, então essencialmente formada por Mestres de Lojas parisienses, no seu Art. 20: “Como aprendemos que recentemente alguns Irmãos se anunciam sob o nome de «Mestres Escoceses» e constituem lojas particulares com pretensões  e exigem prerrogativas relativamente aos quais não se encontra nenhum registo nos antigos arquivos e costumes das Lojas espalhadas pela superfície da terra, a Grande Loja determina,  a fim de conservar a boa harmonia que deve reinar entre os Maçons, que a menos que estes «Mestres escoceses» sejam oficiais da Grande Loja, ou de qualquer Loja particular, serão considerados pelos Irmãos como os outros Aprendizes e Companheiros, não devendo utilizar nenhuma outra marca ou distinção particular” (6).
 Nesta altura é já explícita a diferença entre a prática da maçonaria simbólica,  segundo a tradição, face aos portadores dos novos graus «escoceses».
Dois anos mais tarde, os Estatutos de 1745 da Respeitável Loja de S. João de Jerusalém, «governada pelo Conde de Clermont», que não deve ser confundida com a «Grande Loja de Paris», dita de França,  comportam, entre outros, um artigo muito interessante (o 44º):
“Os Escoceses serão os superintendentes dos trabalhos, terão a liberdade da palavra, e serão os primeiros a dar o seu sufrágio, colocar-se-ão onde desejarem, e quando estejam em falta não poderão ser repreendidos ou recuperados a não ser por Escoceses” (6).
 Para além do discurso do cavaleiro Ramsay,  existem adicionalmente  duas outras importantes fontes, que a maioria dos historiadores e investigadores maçónicos consideram como estando na génese dos «Altos Graus»:
2) O Capítulo de Clermont
3) O Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente

IV – O desenvolvimento do «Escocismo»
J. A. Faucher em  «Histoire de la Grande Loge de France» (1), coloca a questão da necessidade de saber em que momento surgem em França as Lojas que, no seu título distintivo, fazem referência à tradição escocesa e neste pressuposto,  aponta a seguinte cronologia (independentemente de algumas lojas terem alterado ou surgirem noutros documentos posteriores, com nomes diferentes):
 1740 - Em Bordéus é criada em 3 de Julho, a Loja “A Francesa Eleita Escocesa e Amizade”.
1745 - Em Toulouse a 5 de Julho fundou-se a Loja “A Antiga Escócia” e no mesmo ano e na mesma cidade é também fundada a “ Loja S. João da Escócia”. 
1745 - Por sua vez em Tours foi fundada em 29 de Setembro, a Loja “A Concórdia Escocesa”.
1747  - Foi fundada em Toulouse a Loja “Os Escoceses Fiéis” por um stuartista católico, mais conhecido pelo nome francês de Conde de Barneval.  É a partir desta loja que sairá o Capítulo escocês «Vieille Bru», com nove graus.
A partir de 1745  a Maçonaria «Escocesa» está sólidamente implantada em França, com lojas espalhadas em várias das cidades mais importantes de França, nomeadamente em Bordéus, Toulouse, Paris, Lyon e Marselha
 1751 - George de Walmon, escocês, fundou em Marselha uma Loja, a  27 de Agosto,  sob o título de “S. João da Escócia”, que em 1762 passou a designar-se por “Loja Mãe Escocesa de Marselha”.
Os graus escoceses foram-se desenvolvendo e amadurecendo em França, de forma mais ou menos criativa mas desordenada,  durante quase toda a segunda metade do século XVIII, sem que tenha a oportunidade de existir qualquer  entidade ou organização que os estruturasse de forma coerente.
.1 – Os «Eleitos Perfeitos de Bordéus»
Segundo C. Guérillot (7), um documento datado aproximadamente de 1750, encontrado nos arquivos da Universidade de Toulouse, permite-nos ter uma ideia da maçonaria praticada pelos «Eleitos Perfeitos» (de Bordéus ou também de Toulouse) à época.  A Loja dos «Eleitos Perfeitos de Bordéus», futura «Loja-mãe Escocesa de Bordéus» (vários documentos o comprovam), era revestida de vermelho e o Mestre da Loja era designado por  «Muito Respeitável Grande Mestre». O Rito era composto de 10 Graus, sendo os três primeiros designados por «Graus Simbólicos» e os restantes (de 4 a 10) por «Graus Escoceses»:
Graus Simbólicos - Grau1: Aprendiz;     Grau2: Companheiro;    Grau 3: Mestre;  
Graus Escoceses - Grau 4: Mestre Secreto;     Grau 5: Mestre Perfeito;     Grau 6: Secretário Íntimo ou Mestre por Curiosidade;      Grau 7: Preboste e Juiz ou Mestre Irlandês;     Grau 8: Intendente dos Edifícios ou Mestre Inglês;      Grau 9: Mestre Eleito;     Grau 10: Mestre Eleito Perfeito ou Grande Escocês.
 Por esta altura (meados do século XVIII), está assim criado o  que muitos autores apontam como o primeiro dos «Ritos Escoceses», que se irão desenvolver até aos actuais. Comparativamente ao actual R.E.A.A. , podemos verificar que seis dos graus superiores dos «Eleitos Perfeitos» já ocupam os primeiros escalões, tendo o décimo passado para décimo quarto, com uma designação não muito diferente.
 Esta «Loja-Mãe Escocesa» de Bordéus foi responsável pela implementação de diversas lojas-filhas, denominadas «Perfeitas Lojas da Escócia», pelos diversos cantos do mundo maçónico, como sejam (1): Paris (1746),  Cap-Français (1749), Saint-Pierre de la Martinique (1750), Cayes (1757), Nova Orleans (1757), sem esquecer Marselha (1749) e Toulouse (1750). Apesar do registo da maior parte delas ter desaparecido há bastante tempo conseguiu-se, através de diversa correspondência na posse do Supremo Conselho dos Estados Unidos – Jurisdição Norte, obter registos de algumas actividades desenvolvidas.
 As várias lojas escocesas, com os seus altos graus, foram-se reagrupando sob a égide de diversas Lojas Mães Escocesas sendo que  a “Grande e Soberana Loja de S. João de Jerusalém”, a Oriente de Paris, em 1758  veio a dar origem a um «Soberano Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente», o qual irá desempenhar mais tarde um papel importante no desenvolvimento e divulgação do Rito da «Maçonaria de Perfeição».
Sendo impossível  atribuir uma origem específica a cada um dos graus surgidos, é contudo possível avançar com algumas indicações da sua origem temporal, retiradas dos (muito) raros documentos da época, cruzando fontes e trabalhos citadas por J. Émile Daruty, Paul Naudon(8), Daniel Ligou, C. Guérillot(7), Irène Mainguy (8):
- 1733: Mestre Escocês;
- 1740: Mestre Eleito, Escocês Inglês ou Perfeito Mestre Inglês;
- 1743: Pequeno Eleito, Cavaleiro do Real Arco;
-1744: Mestre Perfeito, Eleito Perfeito ou Escocês, Reitor e Juiz;
-1745: Príncipe de Rosa-Cruz, Cavaleiro da espada;
-1746: Mestre Aspirante Escocês, Mestre Arquitecto;
-1747: Escocês da Prússia ou Cavaleiro de Santo André;
-1748: Cavaleiro do Oriente
-1749: Pequeno Escocês, Grande Escocês, Cavaleiro do Oriente ou da Espada;
-1750: Mestre Secreto, Mestre Irlandês, Cavaleiro Eleito, Cavaleiro do Sol, Secretário Íntimo, Mestre por   Curiosidade, Intendente dos Edifícios, Mestre Inglês
-1751: Mestre Eleito dos Nove, Ilustre Eleito do Quinze, Perfeito Escocês verdadeiro da Escócia, Escocês Trinitário, Príncipe de Mercy;
-1754: Principe de Jerusalém;
-1755: Perfeição
-1758: Grande Arquitecto, Noaquita, Cavaleiro Prussiano, Venerável Mestre das Lojas:
-1760: Cavaleiro da Águia e do Pelicano
-1761: Mestre Perfeito Ilustre, Mestre Favorito, Mestre Escocês de três «J», Escocês das cinco Letras, Maçom de Héredon, Cavaleiro e Príncipe Maçom, Grande Inspector e Grande Eleito, último da Maçonaria, Grande Eleito Cavaleiro Kadosch, Eleito Supremo, Perfeito e Sublime  Antigo Mestre, Soberano Príncipe da Maçonaria.
3 – O Capitulo de Clermont
Albert Mackey, no livro “A História da Franco-Maçonaria”,  refere que o Cavaleiro de Bonneville estabeleceu um capítulo de 25 graus no Colégio dos Jesuítas de Clermont, em Paris, no ano de 1754. Os seus membros,  partidários da Casa dos Stuarts, na maior parte escoceses, fizeram do colégio de Clermont o seu asilo. Um destes 25 graus era o de “Mestre Escocês”.  No entanto autores e estudos mais recentes não validam aquelas afirmações, que entretanto fizeram mais de um século de escola nos manuais maçónicos e ainda continuam bastante difundidos.
 O «Capítulo de Clermont» , que efectivamente existiu mas que pode não ter a origem referida por A. Mackay, teve curta duração. Foi contudo mais importante pelas suas consequências, já que uma das suas ramificações foi responsável em 1754, pela fundação  da «Grande e Soberana Loja de Jerusalém». Esta Loja-Mãe Escocesa daria origem em 1758, ao nascimento do «Soberano Conselho dos Imperadores do Oriente do Ocidente», obediência de cariz aristocrático, que teve o duplo mérito de tentar organizar um Rito que mais tarde chegou aos com  vinte e cinco graus (ou no mínimo aos quatorze), precisamente o «Rito da Maçonaria de Perfeição», também designado de «Heredon», bem como de entregar a Morin a célebre patente, em 1761.
 Os seus membros possuíam conhecimento de várias tradições gnósticas,  antigas e místicas,  transportando para este Corpo Maçónico as influências templárias, rosacrucianas e egípcias, além de se considerarem herdeiros do «Rito de Clermont» e das correntes escocesas de «Kilwinning e Heredon». Foi ao longo e através de todo este processo que se consumou  a influência esotérica na Ordem.
 Em 1762 sob os auspícios deste Conselho, foram publicados os Regulamentos e Constituição da «Maçonaria de Perfeição», elaborados por nove comissários, sendo concluída e designada em 21 de Setembro de 1762 como «Constituição de Bordeaux», talvez um dos poucos documentos fundacionais do «Escocismo»  comprovadamente verdadeiro.
Paul Naudon (8) também considera que o facto mais importante após o polémico discurso de Ramsay, foi a criação do «Capítulo de Clermont» em 1754, pelo Cavaleiro de Bonneville. O objectivo dos IIr:.  que criaram este Corpo terá sido o de continuarem os mesmos princípios da Loja de Saint-Germain-en-Laye, fundada em França pelos refugiados stuartistas bastante tempo antes (cerca de 1688). Para tal criaram adicionalmente mais sete graus,  opondo-se à política e directivas da Grande Loja da França, que  posteriormente seria dissolvida em 24 de dezembro de 1772, por fortes divergências internas, dando lugar em 1773  ao Grande Oriente de França.
Émile Daruty (6) considera que  «Capítulo de Clermont» teria sido criado em Paris em Novembro de 1754, em nome e sob os auspícios do Grão Mestre da Maçonaria francesa, Conde de Clermont, pelo Cavaleiro de Bonneville, partidário dos Stuarts. As origens do «Capítulo de Clermont» representam um ponto de forte discordância entre diferentes  autores e historiadores da nobre Arte Real, consoante as fontes que referem e da leitura que fazem da sua criação.
Paul Naudon (6) resume e sintetiza as diferentes divergências, ao afirmar:  “muitos historiadores  admitem que ele simplesmente tomou o nome do conde de Clermont, Grão Mestre da Maçonaria Francesa.  Outros pretendem que ele deve o seu nome ao Colégio dos Jesuitas, dito de Clermont, outros ainda ao pretendente ao trono inglês (Carlos III) que lá habitou durante bastante tempo e onde o capítulo terá sido criado». Independentemente da motivação original da sua criação, um dos (poucos) factos comprovados do «escocismo» foi a existência real deste Capítulo.

IV- Dos graus «Escoceses» ao Rito de Perfeição
 .1 – O nascimento do «Rito de Perfeição»
Alguns autores, sobretudo nos séculos XIX e metade do XX duvidavam da existência do “Rito de Perfeição”. Este rito só foi verdadeiramente reconhecido quase dois séculos depois.  É necessário reportar-nos às viagens efectuadas por Étienne Morin, a partir de 1761 para as ilhas francesas da América, com a famosa patente emitida pelo «Soberano Grande Conselho dos Sublimes Príncipes da Maçonaria – Paris» e das suas «Grandes Constituições dos Sublimes Príncipes do Real Segredo»,   (muitas vezes julgadas apócrifas, mas tantas vezes citadas….) isto depois de se ter desavindo com Bordéus, que lhe terá entregue a primeira Patente, por causa da posterior designação por esta, dum outro inspector regional para as Antilhas, cargo que ele julgava dever ser-lhe atribuido… .
Segundo C. Guérrillot (9) Étienne Morin e Andrew Franken foram os os verdadeiros estruturadores e divulgadores do «Rito do Real Segredo», mais tarde chamado de «Rito de Perfeição», dedicando-lhe praticamente as suas vidas e morrendo na miséria,  após uma existência mais ou menos atribulada nas Antilhas Francesas e Inglesas: Mais tarde (já estruturado) levaram-no para algumas cidades dos Estados Unidos, de onde veio a resultar, após o acréscimo de 8 Graus, directamente o Rito Escocês Antigo e Aceito (R..E.A.A.).
 A quase totalidade dos autores,  tais como Mainguy (8), Dachez (4), Mollier (4), Bernheim (5), C. Guérillot (7), não têm quaisquer dúvidas de que na base da criação dos altos graus do R.E.A.A., está o «Rito da Perfeição»,  que após passar por diversas fases de desenvolvimento, com sucessivamente 7, 10 e 14 graus (até aqui era a «Maçonaria da Perfeição»),  se fixou finalmente nos 25 graus.
 Entre eles a diferença está em que, embora todos concordem com o papel essencial de Étienne Morin e depois de  H. Franken, os primeiros defendem que terá sido essencialmente em solo francês o seu desenvolvimento, sendo posteriormente levado, por patente entregue a Morin (já passada por Paris) ,  para  a América Central.
Guérillot (7)  e Chassagnard (13), & outros, por outro lado, defendem que não foi em solo francês que ele foi estruturado, como tem sido comumente considerado. Para tal suportam-se nos novos documentos, primeiro da colecção «Kloss» e depois da colecção «Sharp» e de outros provenientes de Nova-Orleans e Austrália, bem como do Sup. Conselho Sul dos EUA. Terá sido sob o forte impulso de Étienne  Morin (após recepção da patente inicial, pela  Loj. de Bordéus, como referido  -  e mais tarde da de Paris) com a ajuda empenhada de Henry Franken,  que terá sido efectivamente estruturado na América Central (Antilhas francesas e Jamaica) por aqueles dois denodados maçons. Apear deste trabalho de fundo foram ignorados perto de dois séculos pelos historiadores da época. Segundo eles o Rito só regressou efectivamente a França, em finais do século XVIII e/ou logo a seguir no início do século XIX, agora sob a designação de R.E.A.A.
 Há ainda estudiosos que partilham uma via intermédia, considerando que, e não pondo em causa o papel de Morin e Franken, terá havido interligação com França, pelo que se poderá considerar o seu desenvolvimento em simultâneo nos dois lados do Atlântico, pelo menos no que aos Graus seguintes à «Perfeição» («Real Segredo») diz respeito, salientado outras fontes e factos…
Contrariando parcialmente esta versão, Trébuchet (2), Dachez, Mollier (4) e Bernheim (5), defendem que historicamente  este “Rito de Perfeição” é praticado em França na segunda metade do século XVIII.   Para eles, os Regulamentos e “Constituições de Bordéus” de 1762 (apócrifas, convém salientar) fornecem a primeira classificação oficial do «Rito de Perfeição», sendo o grau de  “Mestre Secreto” o que se seguia ao Grau de Mestre das Loja simbólicas, portanto o primeiro dos vinte e dois que constituem os «graus superiores», sendo o último o de  “Sublime Príncipe do Real Segredo ou Comendador do Real Segredo”.
A designação de «Heredon» deriva, para alguns autores,  duma lenda de Kilwinning (Escócia Ocidental), datada de 1150 e daí ser também conhecido por Rito de «Heredon de Kilwinning». A mesma lenda afirma que terá trabalhado com dois graus até 1686. Posteriormemte e já após a dissolução do Capítulo de Clermont em 1758, terá trabalhado com nove graus (Aprendiz, Companheiro, Mestre, Mestre Perfeito ou Arquitecto Irlandês, Mestre Eleito, Aprendiz Escocês, Companheiro Escocês, Mestre Escocês e Cavaleiro do Oriente), aumentando gradualmente o número de graus, até atingir os 25 graus em 1762.
 O Rito é apresentado com uma estruturação em sete classes, como se indica:
Primeira Classe (Lojas Simbólicas) - Grau1: Aprendiz;     Grau2: Companheiro;      Grau 3: Mestre;   
Segunda Classe (Lojas Escocesas) - Grau 4: Mestre Secreto;     Grau 5: Mestre Perfeito;     Grau 6: Secretário Íntimo;      Grau 7: Intendente dos Edifícios;     Grau 8: Preboste e Juiz
Terceira Classe - Grau 9: Eleito dos Nove ou Mestre Eleito dos Nove;     Grau 10: Eleito dos Quinze ou Ilustre Eleito dos Quinze;     Grau 11: Chefe das Doze Tribos, ou Sublime Cavaleiro Eleito, Chefe das Doze Tribos;
Quarta Classe - Grau 12: Grande Mestre Arquitecto;    Grau 13: Real Arco ou Cavaleiro do Real Arco;     Grau 14: Grande Eleito Antigo ou Grande Eleito, antigo Mestre Perfeito dito da Perfeição;
Quinta Classe - Grau 15: Cavaleiro do Oriente ou Cavaleiro da Espada;    Grau 16: Príncipe de Jerusalém;     Grau 17: Cavaleiro do Oriente e do Ocidente;      Grau 18: Rosa-Cruz ou Soberano Príncipe Rosa-Cruz;     Grau 19: Grande Pontífice, Ilustre Mestre ad Vitam;
Sexta Classe - Grau 20: Grande Patriarca ou Grande Patriarca;    Grau 21: Grande Mestre da Chave ou Grande Mestre da Chave da Maçonaria;     Grau 22: Príncipe do Líbano ou Cavaleiro do Real Machado;    
Sétima Classe - Grau 23: Príncipe Adepto, Cavaleiro do Sol;     Grau 24: Ilustre Cavaleiro, Comendador da Águia Branca e Negra;     Grau 25: Sublime Príncipe do Real Segredo ou Comendador do Real Segredo.
 As séries correspondentes às quatro primeiras classes são de um modo geral equivalentes às que se vieram a denominar no R.E.A.A. como os  «Graus de Perfeição» ou «Inefáveis», sendo o «Grau 14» o último da Quarta Classe, tal como acontece no R.E.A.A.. Constituem o complemento e aprofundamento essencial à melhor compreensão dos três primeiros graus da Maçonaria Simbólica.
 Os temas e as Lendas desenvolvidas neste conjunto de onze graus (do 4 ao 14) são inspirados ou extraídos, na maior parte, a partir do Antigo Testamento e para I. Mainguy (8) “… resumem o percurso iniciático dos primeiros graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, acrescidos dum novo ciclo…”.
Inicialmente negociante, E. Morin, estabeleceu-se em 1763 definitivamente em São Domingos, depois de várias viagens a França, munido da patente que lhe foi outorgada pela Grande Loja de França /Capitulo de Clermont). Ainda em França, após ter estruturado uma «Maçonaria de Perfeição» em onze graus superiores, preparou a via para uma «Ordem dos Soberanos Principes do Real Segredo», em vinte e dois graus. O seu secretário e colaborador Henry A. Franken (1720-1795) ficou encarregue de a introduzir nas colónias inglesas da América. Foi assim criada em Albany (1767) uma primeira «Loja de Perfeição», um segunda em Filadélfia (1781) e uma terceira em Charleston (1783), sendo que nessa altura cerca de uma quinzena de maçons americanos foram constituidos «Principes do Real Segredo». Chegaram a existir 5 «Lojas de Perfeição» nos jovens EUA, das quais só Charleston manteve actividade contínua.
 O «Rito de Perfeição» não seria mais do que o conjunto de práticas da «Ordem do Real Segredo», estabelecidas por E. Morin com a ajuda do nomeado inspector-geral Henry Franken., que a partir de 1771 a 1783 redigiu, a partir das notas deixadas por Morin,  práticamente todos os rituais próprios a cada um dos vinte e dois graus daquele Rito.
 Regressado de França, devido a questões de herança, o conde Auguste de Grasse-Tilly (1765-1845), tornou-se membro das oficinas maçónicas de Charleston. Investido em 1796 no grau de «Principe do Real Segredo», tomou parte, cinco anos mais tarde na criação do primeiro «Supremo Conselho do Grau 33», de que é membro oficial no ano seguinte.
 Segundo alguns autores era necessário trabalhar de forma progressiva, oitenta e um meses, para se poderem atingir estes vinte e cinco graus, sendo que raramente eram concedidas dispensas de graus.
Os «Altos Graus»  também não são indiferentes à crise que levou à cisão da Grande Loja de França em 1772 e à criação do Grande Oriente no ano seguinte, reflexos duma crise que trespassava a sociedade francesa. 
 Duas facções principais disputavam o poder maçónico, encabeçadas por J. A. Lacorne e por A. J. Chaillon de Jonville.  A disputa teve como ponto de partida a oposição radicalizada entre os maçons  de origem pequeno-burguesa face aos da aristocracia, devido aos privilégios do veneralato em vida. As lojas escocesas realizavam eleições anuais para o cargo de Venerável, enquanto nas restantes, nomeadamente as da região de Paris, os Veneráveis tinham estatuto vitalício.
.2 – As Constituições de 1762
O manuscrito original dos «Estatutos e Regulamentos de 1762» desapareceu, não se sabendo nem quando nem onde. Só existem cópias em francês, para uns e em inglês, para outros, sendo que as diferenças entre elas provam de facto o seu carácter apócrifo.  A ideia segundo as quais as «Constituições de Bordéus» eram autênticas prevaleceu por largo tempo, figurando Albert Pike (Soberano Grande Comendador americano, Região Sul) e Albert G. Mackay (Secretário Geral, no tempo daquele), entre as suas muitas vítimas involuntárias.
Mackay (1) escreveu na sua «História da Franco-Maçonaria” (1989) que “em 1762 Federico o Grande, que tinha tomado sob a sua protecção toda a Maçonaria da Alemanha, estabeleceu e promulgou o que depois foi conhecido sob o título de «Grandes Constituições de 1762», …. …. e acrescentou: «As Grandes Constituições redigidas em 1762, foram ratificadas em Bordéus, a 25 de Outubro do mesmo ano e proclamadas como as leis estatutárias de todos os Corpos do «Rito de Perfeição», nos dois hemisférios”.
O mito das Constituições perdurou até à nossa época. De notar que, desde então que as «Constituições» e os «Estatutos  e Regulamentos de 1762» têm vindo a ser,  depois de muito tempo, negligenciadas pelas diferentes jurisdições do R.E.A.A. existentes,  em proveito das «Constituições de 1786», também elas apócrifas, mas «já portadoras dos trinta e três graus»,  oficialmente «revistas» em 1875, no Convénio Universal do Supremos Conselhos.
 Na origem do «Rito de Perfeição»  e sobretudo na sua expansão, está inicialmente um homem: Étienne Morin. Por via da sua actividade comercial, desloca-se para as Antilhas. As suas origens são desconhecidas, não existindo nenhum documento que comprove a data e o local do seu nascimento. Diversos autores conhecidos fazem-no nascer pelos quatro cantos do mundo, desde Nova Iorque, a judeu que os negócios trouxeram à América, a nascido no Haiti, a descendente duma família hugenote francesa estabelecida no Novo Mundo, a crioulo francês de sangue misto, até a nascido de pais franceses na Martinica.
 Há contudo de referir uma carta endereçada em 1751, de Saint-Pierre de la Martinique aos «Eleitos Perfeitos de Bordéus» na qual é indicado (1) : “Disseram-nos correctamente que foi o Irmão Morin, crioulo desta ilha, que criou a Vossa Muito Respeitável loja», tendo C. Guérillot (6) apontado a sua preferência por esta origem.
Morin era comerciante de vinhos e porcelanas e foi um dos fundadores dos «Eleitos Perfeitos» de Bordéus, criada nos primeiros meses de 1745 e, como atrás referimos,  considerada por diversos autores, como a primeira potência escocesa.
 Mais tarde, junta-se a Henry Andrew Francken, tendo os dois  dedicado  as suas vidas quase totalmente à Maçonaria,  permanecendo contudo praticamente  ignorados ao longo dos séculos XIX e XX.
Morin participou, antes de 1750, na criação da «Loja Escocesa de S. João de Jerusalém», a oriente de Cap-Français (S. Domingos), e também na constituição da «Loja Perfeita Harmonia», a Oriente de Abbeville, assinando como “Grão Mestre Escocês”.
A partir de 1750, Morin iniciou um processo de afastamento dos «Eleitos Perfeitos» para se aproximar a Paris à «Loja de S. João de Jerusalém»,  loja do Conde de Clermont, onde investigações e autores mais recentes parecem confirmar ter existido também  efectivamente o «Capítulo de Clermont»……A ruptura com os «Eleitos Perfeitos» concretizou-se  no final de 1752, pelos motivos que atrás referimos.
 .3 – A Patente de Morin e o contributo de Henry Andrew Francken
A) – A Patente de Morin
 Devido aos seus negócios Morin voltou a França em 1760, para obter também da Loja de S. João de Jerusalém e do Grande Conselho dos Graus Iminentes, dirigido por Chaillon de Jonville, a legitimidade maçónica que Bordéus lhe tinha recusado.
 Segundo alguns autores A 27 de Agosto de 1761 estas duas entidades entregaram a Morin a Patente solicitada. A entrega terá sido efectuada em Paris pelo Conde de Clermont  num acto que decorreu no Grande Conselho dos Grandes Cavaleiros Kadosch, que era o círculo dirigente da Grande Loja dos Mestres de Paris.
A análise de novos documentos suporta a tendência preponderante actual que aponta para que terá sido a própria Grande Loja, em 1761, reunida no seu «Grande Conselho dos Sublimes Príncipes da Maçonaria» e não o «Conselho de Imperadores», que teria fornecido, através de Chaillon de Joinville, substituto Geral da Ordem,  uma patente constitucional de «Grande Inspector do Rito de Perfeição» a  Étienne (ou Stephen) Morin (“Stephen” é o nome  que consta da patente, como se pode confirmar). Esta patente autorizava-o a «estabelecer e perpetuar a Sublime Maçonaria em todas as partes do mundo» e investia-o dos poderes para sagrar novos Inspectores. Chaillon de Joinville teria também assinado o documento, com mais oito Irmãos da alta hierarquia do «Soberano Grande Conselho dos Sublimes Cavaleiros do Real Segredo e Príncipes da Maçonaria» (possuidores do último grau e que constituíam a elite dirigente do «Rito de Perfeição», também designada por «Ordem do Real Segredo»)
Antes de ter recebido a sua célebre Patente, Morin estava na posse de outros graus, como  o dos  Antigos Mestrados de Bordéus e Paris (10), e ainda de um conjunto de graus exteriores, como por exemplo,  «Cavaleiro do Sol» e  «Cavaleiro do Oriente» (segundo  carta que enviou a 24 de Junho de 1757 aos «Eleitos Perfeitos de Bordéus»).
No mesmo ano Morin desembarcou na  colónia francesa de São Domingos (hoje Haiti),  onde se fixou. Dedicou-se desde logo  com afinco ao trabalho de difusão e implementação da  «Ordem do Real Segredo», em particular.  Segundo outros autores, Etienne (ou Stephen)  Morin teria enveredado em S. Domingos e nas Antilhas, por um certo grau de «comercialização»  destes altos graus. Contudo o certo é que morreu na miséria.
 Na realidade a «Ordem do Real Segredo» / «Rito de Perfeição» foi bastante desprezada durante cerca de trinta anos. O seu conteúdo esotérico foi atenuado ou mesmo esquecido e a sua ritualística deficientemente utilizada. Apesar de tudo os americanos aceitaram muito bem o Rito, e ainda acharam que os vinte e cinco graus eram insuficientes para abranger toda a iniciática maçónica (talvez seja conveniente recordar a influência dos franceses Grasse-Tilly e de Delahogue, ambos directamente ligados ao comité  redactor e normalizador do desenvolvimento final… e também possuidores de patentes do altos graus franceses…).
Morin refugiou-se em Kingston, em 1765, quando eclodiram revoltas locais e juntamente com  a decisiva ajuda de Francken e de outros maçons, criaram o que designou como «Maçonaria  Renovada», constituindo em 1770 um «Grande Capítulo».  Já depois da morte de Morin, Francken forneceu aos deputados-inspectores uma recolha de textos escritos por si.  Estes textos / manuscritos representam o que actualmente é conhecido por “Manuscritos de Francken”, baseando-se em indiscutíveis fontes francesas e que essencialmente transcreviam e definiam os Rituais dos diversos graus.
 Após a difusão e o estabelecimento na Europa do «Rito Escocês Antigo e Aceito», a sua verdadeira e efectiva carta fundadora a «Patente» de Morin, não deixou de chamar a atenção e  intrigar todos os historiadores, investigadores e maçonólogos. Foi publicada pela primeira vez em França em 1812 e reeditada em obras surgidas em 1865 e 1880 (1).  Foi posteriormente objecto de numerosos estudos que possibilitaram, não só confirmar a sua autenticidade, mas também compreender as circunstâncias e as motivações da atribuição.
Efectivamente resultou das variadas análises efectuadas que um «Très Cher Frère Étienne Morin»,  efectivamente recebeu, sob o Grão Mestrado de Louis de Bourbon, Conde de Clermont e Princípe de sangue, as «cartas-patentes», para que pudesse estabelecer em todas as partes do mundo a «Perfeita  Sublime Maçonaria». São muitas vezes referidas «quatro» versões existentes da dita Patente… . No entanto uma pesquisa pessoal de G. Chassagnard (1) permitiu  recencear... 10 diferentes !!!    Mas como a original desde há muito que desapareceu sem deixar rasto, nas cópias manuscritas consultadas, em francês e em inglês, descobrem-se diferenças no texto mais ou menos importantes, sobretudo títulos indefinidos, frases sem princípio nem fim, incoerências e abreviações com significação incerta.
 Como resultado da revolução, existiu de 1795 a 1800, uma situação social extremamente difícil em todo o país, e o Grande Oriente de França  foi chamado a desenvolver inúmeros esforços para juntar o que sobreviveu ao choque revolucionário, para reconstruir as estruturas da ordem maçónica.
B) – E o contributo de Henry Andrew Francken
Étienne Morin (1717-1771) e Henry A. Francken (1720-1795) representam para C.  Guérillot (7) e G. Chassagnard (12) duas referências ou dois marcos importantes na passagem das «Lojas Escocesas» às Oficinas dos Altos Graus do actual «Rito Escocês Antigo e Aceito» (R.E.A.A.). No entanto constituem duas personagens em que existe muita dificuldade em lhes seguir o percurso, portanto identificá-los correctamente ao longo da vida, sobretudo o primeiro. Ignoramos praticamente quase toda a vida profana de Étienne Morin. Uma das poucas coisas que se conhece é que deixou como herança um violoncelo…. .
No que respeita  Henry A. Francken, seu  discípulo e colaborador, existem bastante mais dados. Por que razão terá mostrado tanto interesse pelos «graus escoceses»?. Porque terá empreendido a árdua tarefa de transcrever os Rituais da «Ordem dos Soberanos Príncipes do Real Segredo» em duas etapas (que vão de  1771 a 1783)?.  Em que circunstâncias terá ido implantar  o «Escocismo» em terras coloniais americanas? Não sabemos em concreto.
Sabemos que terá desembarcado, enquanto holandês fiel e proveniente do seu país natal, em Kingston, na Jamaica,  em Fevereiro de 1757, com a  idade de aproximada de trinta e sete anos, não sendo conhecidos os motivos da expatriação e o local de nascimento. Possui formação de ordem jurídica e a sua vida na Jamaica é conhecida através das múltiplas petições que apresentou às Autoridades da Ilha para suprir  as suas necessidades materiais. Ocupou num primeiro tempo as funções de perito, de tenente da polícia e de conselheiro da corte do Vice-Almirantado (12).
 Em 1764 perdeu a sua primeira esposa de que tinha um rapaz e uma filha.. Em 1765 o honorável Henry Moore, lugar-tenente governador da Jamaica e mais tarde governador de Nova York, nomeou-o intérprete judiciário. Francken já tinha tomado em 1763 conhecimento de E. Morin, quando duma visita a Kingston, sendo constituído posteriormente «Inspector Geral da Maçonaria de Perfeição». A este propósito nenhum documento conhecido testemunha, até este momento, as suas actividades maçónicas.
  Partiu para a antiga colónia holandesa de Nieuw Nederland  (tornada mais tarde colónia de Nova York). Igualmente não se conhecem as razões da sua partida  para o continente americano, provavelmente em 1777. O que somente se conhece é que a sua viagem terá durado pelo menos dois anos. É contudo de salientar que quando da instalação definitiva de Étienne Morin em  Kingston, o seu discípulo e herdeiro maçónico já teria partido em viagem ou se preparava para o fazer. Em 1769 Francken estava de regresso a Kingston, onde se torna locatário duma casa burguesa e daí conseguirmos retomar a sua pista.
Henry Andrew Francken faleceu em 20 de Maio de 1795, deixando entre outras coisas ao seu filho Parker, o seu relógio de ouro e o seu selo, e à pequena Elizabete um prato de prata.
 Ainda segundo C.  Guérillot (7) e G. Chassagnard (13): “ durante todo este tempo “a Maçonaria Escocesa tinha já beneficiado dos vinte e dois Rituais dos Altos Graus de que tinha acabado a redação cerca de quinze anos mais cedo”.
Para sermos claros é a Étienne Morin, este ilustre desconhecido, que devemos o facto de ter ordenado os diferentes graus, indo da «Perfeição» (do 4º ao 14º) ao «Real  Segredo» (do 15º ao 25º). É a Francken, este outro desconhecido, ainda mais que o precedente, mas igualmente digno do maior mérito, que se deve o papel de transcrever (e reescrever) aqueles rituais e de os «transportar» para as colónias americanas.

 V - E finalmente o R.E.A.A
 Segundo a historiografia oficial, o Rito Escocês Antigo e Aceito nasceu nos Estados Unidos da América (EUA) em 1801, em Charleston, Carolina do Sul. Mas será que o Rito é efectivamente de base americana ou terá resultado essencialmente de uma «exportação» francesa, estruturada na América?
 Segundo Guy Chassagnard (1), duas datas, dois homens e dois acontecimentos permitem encontrar  as origens e traçar a história deste rito maçónico, que se tornou, desde as origens e até aos nossos dias, o mais utilizado a nível mundial, pelo menos no que aos graus superiores diz respeito.
27 de Março de 1762 - Étienne Morin deixa a França com destino às Ilhas francesas americanas, levando com ele uma «Patente» que lhe conferia uma quantidade de graus para estabelecer uma «Sociedade de Maçons Livres e Aceitos» bem como uma «Ordem de Soberanos Príncipes do Real Segredo», ou como vulgarmente se  designa, um Rito dito de «Perfeição».
4 de Julho de 1804 - o conde Auguste de Grasse, também conhecido por marquês de Tilly, desembarca em Bordéus, com uma patente obtida em Charleston (EUA) que o autorizava a implantar nas ilhas francesas da América e em outros locais, os graus superiores de um novo rito, inicialmente «Antigo», depois «Antigo Aceito» e finalmente «Escocês, Antigo e Aceito»...
Como é que este rito passou de Morin para Grasse-Tilly e como é que o «Rito de Perfeição» se transformou em «Rito Escocês Antigo e Aceito» ?
Morin entregou certificados ou carta patente a outros Irmãos,  e especialmente a  Henry A. Francken, também de origem judaica, que teria estabelecido o Rito em Nova York.   Em 1766, Francken deslocou-se a Nova Iorque e em 20 de Dezembro de 1767 constituiu a Loja Inefável de Albany , criando de seguida  o «Conselho dos Princípes de Jerusalém» que, por sua vez procedeu ao levantamento de colunas da Loja de Perfeição de Saratoga. Outro grupo introduziu o Rito em Charleston em 1783.
 Não existem dúvidas de que estas acções constituíram etapas decisivas para a expansão do rito no território norte-americano.  Contudo em finais do século XVIII permaneciam práticamente adormecidas, quatro das cinco «Lojas da Perfeição» fundadas nos EUA. A de Charleston  era a única que permanecia activa àquela época.
 Na mesma colónia francesa de São Domingos (Haiti) alguns anos mais tarde apareceram dois maçons, o Conde Alexandre François Auguste de Grasse-Tilly e o seu sogro Jean Baptiste Delahogue, que posteriormente em 1793 se mudaram para Charleston.
Grasse-Tilly já tinha pensado em fundar um «Supremo Conselho» nesta cidade. Encontraram nos Estados Unidos uma maçonaria bastante organizada, o «rito de York» dos americanos, parecido com rito inglês dos Antigos, concluindo que não existia nenhuma loja que praticasse o «Rito Francês».
Entraram em contacto com vários maçons, nomeadamente Frederik Dalcho e John Mitchel e dos contactos e reuniões havidas concluíram pela necessidade de estruturar mais eficazmente o rito que praticavam, por forma a torná-lo mais coerente, constituindo com outros maçons, um grupo para levar a cabo a tarefa.
 O trabalho deste grupo de onze maçons, práticamente  desconhecido nos Estados Unidos e em particular, no mundo maçónico europeu, culminou com a criação de um Rito, baseado no «Rito de Perfeição» ou de «Heredon». Existem autores que afirmam que foi Dalcho quem teve a ideia de criar mais oito graus, e autores que sustentam que o último grau terá sido criado por Grasse Tilly .
 O grupo que redigiu os oitos graus adicionais,  normalizando o Rito foi formado pelos seguintes maçons:
Alexandre François de Grasse Tilly (francês), Jean Baptiste Delahogue (francês),  Frederich Dalcho (inglês), John Mitchel (irlandês), James Moultrie (americano), Isaac Auld (americano), Abrahan Alexander (inglês), Thomaz Bartolomew Bowen (irlandês), Moses Clava Levy (polaco), Emmanuel de La Mota (Indias Ocidentais) e Israel Delieben (checoslovaco) .    Portanto, dos  onze Irmãos apenas dois eram americanos.
 O mesmo grupo fundou na cidade de Charleston (EUA),  em 31 de Maio de 1801,  o primeiro Supremo Conselho do Mundo, o «Supremo Conselho do Grau 33» para os Estados Unidos da América
 Estava assim criado naquele dia de  Maio de 1801 nos Estados Unidos, o «Rito Escocês Antigo e Aceito»,  ainda sem este nome, e criado o «Primeiro Supremo Conselho do Mundo».  Um dos méritos que lhe é reconhecido foi o dos seus autores  terem ordenado um conjunto de graus e de, a partir daí, constituírem um Rito, ou seja, uma sequência coerente de rituais colocados em prática no seio de um conjunto hierarquizado de oficinas, dotados de regulamentos, permitindo o seu funcionamento harmonioso, dirigido por deputados- inspectores.
 Uma patente redigida em inglês e assinada por John Mitchell em 24 de Maio de 1801, nomeou o médico Frédéric Dalcho, Kadosch, Princípe do Real Segredo e Deputado Inspector-Geral. Esta patente era igualmente assinada por, entre outros, Delahogue, Grasse-Tilly, Abraham Alexander, Isaac Auld e Israel Delieben.
 Aqui chegados efectuaram uma das maiores mistificações que se conhecem, a respeito da criação dum Rito nascente, com o único objectivo de  tentar credibilizar e sustentar a sua criação.
 Esta «subtileza» só se tornaria conhecida a partir de 04 de Dezembro de 1802,  quando foi expedida uma circular comunicando o facto e  divulgando o sistema de 33 graus, explicando que a sua organização teria sido efectuada em 1786 por Frederico II da Prússia.
 Para ajudar a dourar a pílula da mentira original, a versão posterior fornecida pelo Supremo Conselho da França, refere que Carlos Stuart, filho de Jaime III (pretendente ao trono inglês), que sendo considerado chefe de toda a Maçonaria, conferiu o título de Grão-Mestre a Frederico II, o Grande, rei da Prússia (1712-1786), nomeando-o seu sucessor e como tal também chefe dos «Altos Graus».  Em 1782 teria confirmado as «Constituições e Regulamentos de Bordeaux». Daí a quatro anos transferiria seus poderes para um Conselho de Inspectores Gerais e, ao mesmo tempo, acrescentava mais oito graus, e em 1786 publicava sua famosa Constituição. Trata-se de uma descarada invenção!
 Esta versão não tem obviamente o menor reconhecimento por parte dos autores maçónicos credenciados de finais do século XIX e  início do século passado,  como sejam  Findel, Ragon, Lindsay,  Rebold, Thory,  Clavel e tantos outros.  Rebold afirma que Frederico foi iniciado em 15 de Agosto de 1738 em Brunswich e que em 1744, a Loja “Três Globos” de Berlim, fundada por artistas franceses, foi por ele elevada à categoria de Grande Loja, da qual foi aclamado como Grão-Mestre, exercendo mandato até 1747. A partir dessa época afastou-se da Ordem, e quando apareceram os Altos Graus,  não só não os aprovou, como os combateu, afirmando nomeadamente que “eram estúpidos e destinados a espiritos vaidosos, que nada tinham a ver com a Maçonaria “.  Estes acabaram por ser introduzidos na Alemanha pelo Marques de Bernez.
 Então porquê e  a que se deve esta enorme mentira? Simplesmente, porque o grupo de onze maçons que fundou o novo Rito não tinha passado  histórico e credibilidade internacional  para se impor perante o mundo maçónico da época.
 Consideraram então os autores do R.E.A.A., cómodo e estratégico atribuir a Frederico da Prússia, a fundação do «Rito Escocês Antigo e Aceito», em 1786, que ainda não levava este nome  mas o de «Rito dos Maçons Antigos e Aceitos», imputando ainda uma origem anterior ao Rito.  Frederico gozava de boa reputação política, tinha colaborado com a revolta americana e com a causa da separação dos Estados Unidos da Inglaterra, enviando inclusivé soldados para ajudar os revoltosos americanos a combater as forças inglesas. Só que em 1801, Frederico já tinha falecido.
 O primeiro Soberano Comendador foi  John Mitchel, suportado numa mentira histórica, aceite ainda hoje em dia como verdade intocável, já que como consequência de toda esta «história de patrocínio» inventada, muitos rituais dos Graus Superiores ainda citam o nome do Imperador, como criador.  Frederico da Prússia nunca foi o criador do «Rito Escocês Antigo e Aceito».!!!
Em Paris e em 1802, realizou-se uma assembleia-geral de maçons “escoceses”,  que encarregou o maçon Firmin Abraham de dirigir uma circular a todas as lojas escocesas, convidando-as a juntarem-se e a defenderem o “Rito Escocês”.
Em 1804, Alexandre Grasse-Tilly regressou a França, o mesmo acontecendo alguns meses antes com outro importante maçon implicado no desenvolvimento do «Rito da Perfeição» no continente americano, Germain Hacquet.
O sistema de 33 graus foi naturalmente defendido por Grasse-Tilly, enquanto Hacquet continuava fiel ao antigo sistema de 25 graus, baseado no «Rito de Perfeição». Apesar de tudo, o R.E.A.A. iniciou a sua implantação em França ainda em 1804, sobretudo na região de Paris, após a chegada de Grasse-Tilly.
 O Rito após o processo de estabilização é apresentado com uma estruturação em sete classes (análogamente ao «Rito de Perfeição»), mas agora com 8 graus adicionais, com a distribuição que se indica:
Primeira Classe (Lojas Simbólicas ou Azuis) - Grau1: Aprendiz;     Grau2: Companheiro;      Grau 3: Mestre;   
Segunda Classe (Lojas de Perfeição, graus inefáveis) - Grau 4: Mestre Secreto;     Grau 5: Mestre Perfeito;     Grau 6: Secretário Íntimo ou Mestre por Curiosidade;      Grau 7: Preboste e Juiz ou Mestre Irlandês;     Grau 8: Intendente dos Edifícios ou Mestre em Israel
Terceira Classe (Lojas de Perfeição, graus inefáveis) - Grau 9: Mestre Eleito dos Nove;     Grau 10: Mestre Eleito dos Quinze ou Ilustre Eleito dos Quinze;     Grau 11: Sublime Cavaleiro Eleito dos Doze, ou Cavaleiro Eleito dos Doze;
Quarta Classe (Lojas de Perfeição, graus inefáveis) - Grau 12: Grande Mestre Arquitecto ou Grão-Mestre Arquitecto;      Grau 13: Real Arco ou Cavaleiro do Real Arco;     Grau 14: Grande Escocês da Abóboda Sagrada ou Grande Escocês da Perfeição, antigo Mestre Perfeito e Sublime Maçom ou Grande Eleito ou Perfeito e Sublime Maçom ou Cavaleiro Grande Eleito da Abóboda Sagrada de James VI da Escócia;
Quinta Classe (Lojas Capitulares) - Grau 15: Cavaleiro do Oriente e da Espada ou Cavaleiro do Oriente;     Grau 16: Príncipe de Jerusalém;     Grau 17: Cavaleiro do Oriente e do Ocidente;      Grau 18: Soberano Príncipe Rosa-Cruz ou Cavaleiro Rosa-Cruz;   
Sexta Classe (Areópagos, graus filosóficos) - Grau 19: Grande Pontífice ou Sublime Escocês de Jerusalém Celeste;      Grau 20: Venerável Grão-Mestre de todas as Lojas ou Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre ad Vitam;    Grau 21: Noaquita ou Cavaleiro Prussiano;     Grau 22: Príncipe do Líbano ou Cavaleiro do Real Machado;       Grau 23: Chefe do Tabernáculo;     Grau 24: Príncipe do Tabernáculo;     Grau 25: Cavaleiro da Serpente de Bronze;       Grau 26: Escocês Trinitário ou Príncipe da Mercê;     Grau 27: Soberano Comendador do Templo de Salomão, ou Grande Comendador do Templo; 
Sétima Classe (Areópagos, graus filosóficos) - Grau 28: Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto;     Grau 29: Grande Escocês de Santo André da Escócia ou Patriarca das Cruzadas ou Cavaleiro do Sol;     Grau 30: Cavaleiro Kadosch ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra ou Grande Eleito Cavaleiro Kadosch.
Sétima Classe (Tribunal, grau administrativo) - Grau 31: Grande Inspector Inquisidor Comendador ou Grande Inquisidor, Soberano Comendador ou Grande Juiz Comendador;   
Sétima Classe (Consistório, grau administrativo) - Grau 32: Sublime Príncipe do Real Segredo ou Soberano Príncipe do Real Segredo; 
Sétima Classe (Supremo Conselho, grau administrativo) - Grau 33: Soberano Grande Inspector-Geral;   
 Alguns autores, de acordo com  Hercule Spoladore (14), considerando as origens do Rito, distribuem os graus por sete categorias,  que designam por:
Lª) Simbólicos primitivos e universais.
2ª) De desenvolvimento dos graus simbólicos e universais
3ª) Baseados no Iluminismo do Tribunal da Santa Vingança
4ª) Judaicos e Bíblicos
5ª) Templários
6ª) Alquímicos e Rosacrucianos
7ª) Administrativos e Superiores
 Dos ritos escoceses e que fizeram parte do «Escocismo» actualmente são praticados no mundo apenas dois, o «Rito Escocês Antigo e Aceito» e o «Rito Escocês Rectificado».

VI – Em conclusão:
 A estrutura que se pode considerar como a primeira potência escocesa, os «Eleitos Perfeitos» são de Bordéus, desmentindo a tese de que os graus «Escoceses» teriam  surgido  em França a partir duma base inicial exclusivamente parisiense, já que existem factos documentais provando o desenvolvimento dos graus escoceses segundo o eixo  Bordéus/Paris.
Os «Eleitos Perfeitos» desapareceram  em 1760, por razões ainda desconhecidas não existindo até ao momento,  provas documentais sobre os factos ocorridos. A partir desta data a dinâmica dos graus escoceses passa para a Maçonaria de Paris.   A situação conflituosa e conturbada vivida durante um largo período de anos em França, resultado da Revolução,  em particular na região de Paris, mas também na sociedade em geral, reflectiu-se em particular também na Maçonaria, não possibilitando condições para um amadurecimento e uma estruturação hierarquizada dos graus escoceses, em tempo adequado e sob coordenação duma entidade reguladora (em 1796 não existiam em toda a França mais de 18 lojas em actividade…. ) .
Continuam obviamente a existir alguns pontos e processos por clarificar à volta dos meandros originais do «Rito Escocês Antigo e Aceito», mas o recente trabalho de vários  e credenciados estudiosos tem vindo a contribuir para que se consolidem e evidenciem factos comprovadamente históricos, políticos e sociais que o originaram.  A  Luz irá progressivamente substituindo as várias confabulações desenvolvidas desde as origens,  nomeadamente a da paternidade de Frederico II da Prússia relativamente às constituições de 1786 (uma falsidade mais que comprovada).
O R.E.A.A. é o Rito maioritário em grande parte do mundo, no que aos Altos graus diz respeito, e especialmente nos países europeus e nos de origem latina, sendo-o também em Portugal.   O Rito é praticado de um modo geral correctamente pelos seus adeptos,  que na aderência ao Rito se guiam pelos seus princípios, abstraindo-se felizmente das várias confabulações e lendas originais,  indevidamente propagadas ao longo de cerca dos dois séculos da sua existência.
 Afigura-se-nos claro que ao R.E.A.A. com os seus 33 graus não poderá ser dada, sem perda de legitimidade,  a paternidade original aos Estados Unidos, concretamente a Charleston.  Esta só terá servido de «notariado» para a sistematização efectuada em 1801 por um grupo de dez maçons,  adicionando 8 ao número dos anteriores 25 graus do «Rito de Perfeição», cuja base e matriz original são essencialmente francesas, como histórica e documentalmente se comprova.
 É conveniente recordar que do comité de redacção, só 2 elementos eram americanos e que os franceses Grasse Tilly e Delahogue tiveram papeis essenciais, dado terem estado simultâneamente no processo de  difusão do «Rito de Perfeição» (ainda em França e mais tarde na América) e da sua posterior versão final – o R.E.A.A.
 Foi efectivamente em França que se encontravam os autores dos rituais da generalidade dos graus escoceses que vieram a formatar o REAA , pelo menos até ao 25º,  designando-os diversas referências documentais, como por exemplo C. Guérillot (6), como os “Jardineiros da Rosa”.  Recentemente vieram a público provas documentais (“Colecção Sharp”),  reunindo as correspondências entre os «Eleitos Perfeitos de Bordéus» e as «Perfeitas Lojas da Escócia» (suas “filhas”), onde se confirma a afirmação anterior.
Os graus escoceses foram criados e desenvolvidos em França de modo pouco ordenado e muitas vezes conflituoso, quer entre diversos irmãos, quer entre potências, não conseguindo existir uma entidade reguladora que os estruturasse globalmente.  Contráriamente ao que foi imediatamente efectuado em Charleston, com o objectivo de assegurar a solidez e a harmonização do Rito.
 Apesar de eventuais erros ou inconsistências, esperamos que as notas coligidas possam contribuir ainda que muito limitadatamente, para que os novos maçons tenham uma melhor compreensão das origens do Rito e  aperfeiçoem o seu conhecimento, continuando a linha de pesquisa com base em factos históricamente comprovados, concretizando a divisa «Ordo ab Caos» que sempre nos norteará,  já que quanto mais conhecermos as nossas origens, melhor estaremos preparados para as respeitar, prosseguir, aprofundar e partilhar.
 Termino citando  H. Spoladore (14): “A fundação das potências mencionadas, não fornecem uma ideia do processo político-maçónico de bastidores, das histórias e «estórias» relatadas, das desavenças internas, das perseguições entre os Irmãos, chegando até a agressões físicas, dos interesses pessoais, enfim das  Vaidades. Quando se analisam os factos, chegamos  à conclusão que muita coisa que acontece no presente já aconteceu no passado. Os homens continuam os mesmos. A Maçonaria mudou, mas os homens não mudaram...”

Salvador Allende     M∴ M∴

 Bibliografia:
1) – “Aux Sources du Rite Écossais Ancien et Accepté” – Guy Chassagnard – Éditions Alphée, 2008
2) -  “El Nacimiento del Escocismo” - Louis Trébuchet (www.masoniclib.com)
3) – “Rito Escocês Antigo e Aceito - História, Doutrina e Prática” - -José Castellani - Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. Londrina, 1988                         
4) – “-Origine-du-ou-des-grades-ecossais” – R. Dachez, P. Mollier & A. Bernheim - revista “Renaissance”
5) –  “Le Rite en 33 Grades”  - Alain Bernheim - Éditions Dervy, Paris, 2011
6)  - “La Rose Maçonnique” – Vol. I - Claude Guérillot – Éditions Veja ( Paris 2010)
7)  -  “Le Rite de Perfection” –  Claude Guérillot – Éditions Veja ( Paris 1995)
8) -  “Symbolique des Grades de Perfection et des Ordes de Sagesse” - Irène Mainguy - Ed. Dervy (2011) - Paris
9) – “Mais de dois séculos do Rito Escocês Antigo e Aceito: que origens?” – José Marti  M:. M:.
10) – “O Grau de Mestre e a Consolidação da Maçonaria especulativa – Algumas notas” – Salvador Allende M:. M:.
11) – “Did Écossais (early “High”)Degrees originate in France?” – Pietre-Stones review of FreeMasonry
                (http://www.freemasons-freemasonry.com/bernheim17.html)
12) – “A História do Grau 33” – Hercule Spoladore - «J B News», nº 1045
13) –“La Franc-Maçonnerie en Question & en 250 Réponses” – Guy Chassagnard – Édit. Dervy , Paris (2017)

1 comentário:

  1. Excelente resenha, advinda de uma pesquisa bastante rica. Parabéns e obrigado pela abnegada contribuição!

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