Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

12 de março de 2013

José de Almada Negreiros

Almada Negreiros é uma figura ímpar no panorama artístico português do século XX. Essencialmente autodidata, a sua precocidade levou-o a dedicar-se desde muito jovem ao desenho de humor. Mas a notoriedade que adquiriu no início da sua carreira prende-se acima de tudo com a escrita interventiva ou literária.

Almada teve um papel particularmente ativo na primeira vanguarda modernista, com importante contribuição para a dinâmica do grupo ligado à Revista Orpheu. Sendo a sua ação determinante para que essa publicação não se restringisse à área das letras.

O seu espírito inconformado, e até mesmo de revolta, em relação ao que o rodeia, deve-se em grande parte à sua história. Perde a mãe ainda muito novo e é internado num colégio pelo pai.

Almada põe em tudo aquilo que faz a força da vida, as suas obras são vibrantes, polémicas, mas nunca banais ou capazes de passar despercebidas. A escrita, é a sua arma de arremesso, põe nas palavras a força que as transformam em verdadeiras lanças, capazes de ferir os demais poderes instituídos, os vícios da sociedade e as figuras burguesas, pelas quais, nutre um especial desrespeito e ódio.