Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

24 de fevereiro de 2022

DE BOCA A OUVIDO


Transcreve-se, com a devida vénia e respectiva autorização, mais um Soneto de Adilson Zotovici:

DE  BOCA A OUVIDO

Desde que o céu por teto

Que sob ele reunido

Transmitido bem discreto

Segredos de boca a ouvido


O tempo alterou o projeto

Ora indiscreto, sem sentido

O que outrora secreto

Manifesto em alarido


Tenho visto estarrecido

Um atrevimento abjeto

O que na internet contido


Um desrespeito completo

Juramento fementido

Feito ao Grande Arquiteto !  

Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169


22 de fevereiro de 2022

“O Templo Interior, uma eterna construção”

 


“O Templo Interior, uma eterna construção”

Por certo, todos Vós já haveis ouvido, ou mesmo usado, expressões como “em que templo se reúne hoje a nossa Loja?”, ou “vamos decorar o nosso templo”, ou ainda “fortaleçamos o nosso templo interior”.

Mas que “templo” é esse a que nos referimos?

O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa atribui à palavra “Templo” várias significações: edifício destinado ao culto religioso; monumento em honra de uma divindade; lugar sagrado, descoberto e em sítio elevado, consagrado pelos áugures entre os Romanos; lugar onde se cultiva e desenvolve uma arte ou uma ciência; sala onde têm lugar as sessões da Maçonaria. 

De facto, quando em Maçonaria nos referimos a um templo, este designa geralmente o local onde se realizam colectivamente os trabalhos maçónicos próprios de cada Loja, local sagrado pelo carácter iniciático desses trabalhos, sempre conduzidos pelo Ritual e onde cada indivíduo reconstrói o seu próprio lugar sagrado, o templo de si mesmo.

Não vou maçar-vos com a descrição exaustiva das várias interpretações e teorias históricas sobre a origem e o significado do Templo na simbologia e nas práticas Maçónicas. Muito melhor será recomendar-vos a leitura de algumas peças de arquitetura feitas sobre o tema pelo N∴Q∴Ir∴ Salvador Allende e das várias fontes de conhecimento por ele citadas, como é o caso, entre outros, de Jules Boucher, de Oswald Wirth, de Daniel Béresniak ou do nosso past-G∴M∴ António Arnaut.

Realço apenas o facto de a Maçonaria ter adoptado o Templo de Salomão como uma das suas referências essenciais, correspondendo a um símbolo da permanente construção maçónica, por todos e cada um dos maçons, visando mais e melhor Humanidade. 

O Templo foi construído para o Homem (o povo judeu), pelo Homem (o rei Salomão, o seu melhor arquitecto, Hiram-Abif e todos os seus milhares de trabalhadores e oficiais).

“Salomão” significa em hebraico “homem pacífico”. O Templo de Salomão é o templo da Paz, da Paz profunda, rumo à qual caminham todos os maçons sinceros que se desinteressam pela agitação do mundo profano. Ele foi construído em sete anos. E sete é a idade simbólica do Mestre Maçon, daquele que chegou à plenitude da Iniciação. Para o Maçon, o Templo de Salomão não é considerado nem na sua realidade histórica, nem na sua acepção religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e tão bela.

É a partir daqui que decorre a imensa riqueza da interpretação simbólica que lhe atribuem os diversos Ritos Maçónicos e é daí também que decorre o modo como são construídos e internamente decorados, pintados e ritualisticamente vividos. Considera-se que o Templo maçónico é a representação simbólica do Universo maior, estando aberto sob a abóboda estrelada e tendo o sol e a lua representados no Oriente, simbolizando a alternância entre o dia e a noite.

5 de fevereiro de 2022

SOBRE O MEU NOME SIMBÓLICO

 


SOBRE O MEU NOME SIMBÓLICO

É mais fácil escrever sobre o nome simbólico do que sobre a interpretação da Iniciação. O acto iniciático tem mais variáveis, algumas das quais ainda não domino.

Para escolher o nome simbólico inspirei-me na trilogia maçónica da L:.I:.F:. e escolhi o primeiro valor da trilogia – a Liberdade. Optei por um nome composto pelo de duas personalidades maçónicas ligadas à luta pela liberdade, em duas frentes de combate diferentes: o combate da revolta político-militar contra a ditadura e o combate utilizando a arte como arma.

Optei por Humberto Delgado e Giuseppe Verdi, donde resultou o nome composto Humberto Verdi.

Vejamos os fundamentos:

A-Humberto da Silva Delgado.

Nascido em  1906 em Torres Novas, foi assassinado em 13 de Fevereiro de 1965, em Los Almerines, Olivença, perto da fronteira.

Mas até chegar a este final dramático a sua vida cívica teve variações.

Desiludido com a instabilidade no país, aderiu ao movimento militar de 28 de Maio de 1926, que instaurou o Estado Novo de Salazar. Foi apoiante de Salazar, enquanto dinamizador da melhoria da situação financeira do país.

Conhece outras realidades sociais quando, durante a Segunda Guerra Mundial, estalece contactos oficiais com o governo inglês e integra depois a estrutura da NATO. Em consequência viveu cinco anos nos EUA. Terá sido nesse período que foi iniciado na Maçonaria (não consegui precisar pormenores sobre a adesão).

A partir desta época passa a relacionar-se com os opositores ao regime e aceita correr o risco de ser candidato nas eleições presidenciais de 1958. Proclama “Que Portugal deixe de ter medo”. Sem se deixar impressionar pela repressão policial durante a campanha declara que “Se vencer obviamento demito-o”, referindo-se a Salazar.

Passou a ser apelidado “O General Sem Medo”. 

A campanha desencadeou grande entusiasmo popular e contou com o apoio de várias formações cívicas e políticas. O Irmão António Arnaut integrou a comissão distrital de Coimbra da candidatura.

As eleições decorreram sem fiscalização pela oposição e foram uma fraude, que entregou a vitória ao candidato do regime.