Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

28 de junho de 2020

MAÇONARIA E LIBERALISMO


Da Revista nº 21 do Grémio Lusitano se transcreve, com a devida vénia, este artigo de António Valdemar (Jornalista e Investigador):

MAÇONARIA E LIBERALISMO
ANTÓNIO VALDEMAR*
MAÇONARIA NOS AÇORES:
TIPOGRAFIA E JORNALISMO

O século XIX nasceu com promessas de igualdade e de justiça. É todo um mundo novo que, logo nas próximas décadas, impulsionou profundas transformações políticas, sociais e económicas. Já havia sido reconhecida a independência dos Estados Unidos (1783) que permitiu a autonomia dos povos e a
libertação das colónias submetidas ao domínio da Inglaterra; e, pouco depois, a Revolução Francesa (1789) que marcou o começo da queda do absolutismo na Europa, reconheceu os direitos do homem e do cidadão e abriu caminho para a República.
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1 PEREIRA, A. X. da Silva Diccionario Jornalístico Português, manuscrito nos reservados da Academia das Ciências; Tengarrinha José
Historia da Imprensa Periódica Portuguesa.
2 SORIANO, Luz, Recordações da Minha Vida, 2ª edição 1890
3 LIMA, Gervásio, Serões Açorianos, pág 36
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Portugal, apesar de séculos de atraso, de isolamento e das inevitáveis resistências, não vai ficar à margem deste processo histórico e cultural. A revolução liberal de 1820, nas suas várias fases, determinou o incremento da imprensa que permitiu o debate de ideias, o confronto de opiniões, a expansão do jornalismo e a formação de uma consciência democrática. A tipografia chegou, em 1829, aos Açores. Foi no período da Regência que se destinou a preparar a expedição organizada por D. Pedro, que seguiria de Ponta Delgada para o Mindelo, a fim de aclamar, após a Convenção de Évora Monte, D Maria II rainha de Portugal. Palmela adquiriu em Plymouth um prelo, juntamente com tipo, caixas e cavaletes que embarcaram para Angra, a bordo da galera James Crooper, que transportava elementos do Batalhão dos Voluntários da Rainha formado por estudantes da Universidade de Coimbra. Ficou, de início, no Castelo de São João Baptista passando, depois, para uma casa na rua da Sé, fronteira à rua de São João. O investigador Gervásio Lima
(1876- 1945) admitiu a implantação da tipografia em Angra, no século XVI, «trazida, provavelmente,
pelos conquistadores espanhóis, e por aqueles talvez levada quando retiraram» convertendo a
ilha Terceira «num dos primeiros pontos do globo atingidos pela grande maravilha do progresso
– o maior luzeiro civilizador». Baseava-se Gervásio Lima numa Relacion de la tomada Y conquista
de la isla Terceira e (…) fecha en la Ciudad de Angra de la Isla Tercera a 11 de Agosto, mil quinientos y ochenta e tres. Ernesto do Canto mencionaa na Bibliotheca Açoriana4 mas sem quaisquer comentários relativos aos primórdios da tipografia em Angra. Apenas acrescenta que Ludovic Lalande a incluiu em Curiosités Bibliographiques. Era provável que, na época, houvesse
tipografia em Angra. A ilha Terceira e o próprio arquipélago dos Açores evidenciavam-se, no plano nacional e internacional. Frutuoso classificava a Terceira, entre a Europa e a América, como a «universal escala do mar poente e por todo o mundo celebrada».

25 de junho de 2020

A Resposta


Com a devida vénia, e respectiva autorização, se transcreve mais um Soneto de Adilson Zotovici que nos conduz a uma profunda reflexão nos tempos actuais:

A  RESPOSTA

Há o tempo da curiosidade
Também o da enlevação
Da dúvida, da ansiedade
E o da obstinação

Uma questão pois, invade
O Pedra bruta em ascensão
Se do desbastar com vontade
Surgiu brilho, evolução

Basta ver na sociedade,
Com familiares, com irmão,
E o inconteste em verdade :

Uma autoavaliação
Olhar no espelho, com equidade,
Nos olhos...a decifração !

Adilson Zotovici

21 de junho de 2020

Solstício Verão 2020


O Solstício de Verão ocorreu ontem, dia 20 de Junho de 2020 às 22h44min, marcando o início da estação no hemisfério norte (a mais quente apesar da Terra vir a estar o mais longe do sol a 4 de Julho). O sol neste dia de solstício estará o mais alto possível no céu. A 20 de Junho de 2020 o disco solar nasceu às 06:11:40 horas e pôs-se às 21:04:48 horas. A duração do dia foi de 14:53:08 horas, o que é apenas 1 segundo a mais do que no dia seguinte. O Verão prolonga-se por 93,66 dias até ao próximo Equinócio, a 22 de Setembro de 2020.
Festa pagã em que se celebra o fim e o início de um novo ciclo tão caro aos Iniciados.

10 de junho de 2020

CORRE SEM VELA E SEM LEME (1595)


Tripla Celebração (Dia de Portugal, das Comunidades Lusas e de Luiz Vaz de Camões). Aqui se transcreve uma Redondilha do enorme Poeta Luso:

CORRE SEM VELA E SEM LEME (1595)

Corre sem vela e sem leme
o tempo desordenado,
dum grande vento levado;
o que perigo não teme
é de pouco experimentado.

As rédeas trazem na mão
os que rédeas não tiveram:
vendo quando mal fizeram
a cobiça e ambição
disfarçados se acolheram.

A nau que se vai perder
destrói mil esperanças;
vejo o mau que vem a ter;
vejo perigos correr
quem não cuida que há mudanças.

4 de junho de 2020

A barriga vazia nunca foi boa conselheira!


Com a devida vénia se transcreve este artigo de Mário Jorge Neves:
A barriga vazia nunca foi boa conselheira!

Esta pandemia está a abanar as sociedades, acelerando uma crise que já existia e onde os sintomas de recessão eram claros, nomeadamente a nível do Estados Unidos e da União Europeia.
A crise financeira iniciada em 2008 foi um forte alerta que o sistema neoliberal imperante procurou dissimular porque colocava em causa a sua agressiva cruzada privatizadora e mercantilista.
Os países que estão hoje a sofrer maior impacto em números de infectados e de perda de vidas humanas são, no chamado mundo ocidental, aqueles que possuem maiores desigualdades económico-sociais, onde as políticas sociais e públicas sofreram maiores cortes de investimento e as acções predadoras do neoliberalismo mais destruição semearam.
Estas últimas décadas de hegemonia neoliberal têm servido para impor uma ditadura financeira nas nossas sociedades, para instaurar uma propaganda de “guerra” e para, de uma forma subtil, conduzir um processo de fascização progressiva de diversos espaços da vida social e política.
Um dos aspectos mais marcantes dessa propaganda é a criação de um contexto de alienação e de perda da consciência colectiva.
Tem sido feito crer aos cidadãos que não mandam nada, que nada podem fazer contra o mercado e que até o seu voto soberano não resolve nada.
Assim, quando os cidadãos se deixam submeter às leis do mercado e as reproduzem na vida do seu dia-a-dia, isso é alienação.