Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

6 de março de 2012

O fantástico Sir Isaac Newton


Ilustre Físico e Matemático que marcou para sempre a História da Humanidade, e marcou-a porque foi precursor de um método que até ele, não era natural, e só com ele teve as consequências, de todos, conhecidas.

De facto, com Newton, a Ciência pôde prescindir dos “sentidos” que muitas vezes nos limitam, ou enganam. Foi essa libertação dos sentidos em prol da dedução, reflexão e estudo, que me inspiraram a usar o seu nome.
Já  anteriormente, eu apresentei um trabalho que falava de Newton. Muitos dos meus irmãos lembrar-se-ão de eu ter mencionado o seu famoso trabalho sobre a Terceira Lei de Kepler que condicionou a dedução da Lei de Gravitação Universal, o desenvolvimento da ferramenta Matemática que é o Cálculo Diferencial e Integral (Series and Fluxions), os seus trabalhos de óptica e a natureza ondulatória da luz (agora corpuscular), o impacto de todo o seu trabalho no nosso dia a dia como base da Engenharia, e a condensação disto tudo num Livro, talvez a maior Obra Cientifica até hoje escrita, de seu nome Principia Philosophie Matematica.
Mas muito para além desta Obra gostaria, agora, de vos falar do caminho até à data percorrido pela Ciência, muito graças à revolução de ideias que Newton provocou.
Mais, podemos afirmar que tudo o que Newton postulou estava errado e, ao mesmo tempo, afirmar que tudo o que Newton postulou estava rigorosamente correcto.
Sem entrar em detalhes que poderiam presumir alguma arrogância naquilo que pretendo transmitir, tentemos perceber de onde vínhamos antes de Newton, como ficámos depois dele e onde estamos agora.
Antes de Newton tivemos Aristóteles (Sec. IV a.C.) e Ptolomeu (Sec.I d.C.), mas também tivemos o pensamento da Escola Jónica. Se aceitarmos que Tales de Mileto viveu algures no século VII a.C., que a conquista de Mileto pelos Persas e, sobretudo, a religião, não permitiu que as ideias ali desenvolvidas, tivessem feito caminho, desde Ptolomeu, sobrarão cerca de 1 500 anos, limitados por dogmas, e pela ideia que o Homem obrigou que se fizesse de Deus, e do seu Universo.
Só que a verdade vence sempre, e em 170 anos tudo muda. Desde 1473, com Nicolau Copérnico, passando por  Tycho Brae,  Galileu Galilei, Johanes  Kepler, rapidamente chegamos a Newton que nasce em Dezembro de 1642, ou Janeiro de 1643, dependendo do calendário  que utilizarmos, Juliano ou Gregoriano.
E depois de Newton, a limitação da tecnologia deixou de ser crítica, porque a dedução e a abstracção, recorrendo à ferramenta natural da Física, a Matemática, permitiu que fosse possível elaborar princípios e leis cuja comprovação só seria verificada experimentalmente quando a Tecnologia o permitisse.

Definitivamente a religião de cada um deixou de interferir em conceitos que a razão tenta explicar, o que se tivermos como referência o tratado de Latrão de 1929 que clarifica a convivência entre o Estado do Vaticano e Itália, compreendemos o contributo significativo que a Ciência deu para percorrermos o caminho da separação de poderes entre a Igreja e o Estado, no Mundo Ocidental, que ocorreria nos 300 anos seguintes.
De facto, Newton rompeu com muitos conceitos, um deles, a teoria Cartesiana dos vórtices, ao propor acções que se manifestavam à “distância”. Disse mesmo que a “força” com que dois corpos celestes se atraiam era proporcional à sua massa mas inversa do Quadrado das Distâncias.
Duzentos e quarenta anos depois veio um senhor Judeu, de seu nome Albert Einstein, dizer que o Universo é Energia e onde há maior concentração dessa Energia existe massa.
Disse também, o que Newton não disse, que a Gravidade é um encurvamento do Espaço-Tempo.
E para baralhar tudo aprece um músico de Jazz amador, de seu nome Richard Feynman, que gostava de pintar a sua carrinha com aquilo que vieram a ser os famosos diagramas de Feynman, e que em 1965 ganha um prémio Nobel da Física, sobretudo pelo seu trabalho na Electrodinâmica Quântica que esclareceu muito sobre decaimento de partículas e, que como uma aplicação prática imediata, estará na origem dos futuros computadores Quânticos.
E chegados aqui, tudo está de novo em análise. A gravidade de Newton está fora do Modelo Padrão e será uma força que depende de um gravitão que ninguém ainda viu, o electromagnetismo de Maxwell é agora mais a electrodinâmica Quântica de Feynman, um protão ou um Neutrão não são partículas elementares, nem lá perto, e anda meio Mundo à procura de um Bosão de Higgs que dava jeito que existisse, porque se não, lá vai todo o Modelo Standard por água abaixo.
Isto é a Ciência após Newton. Tudo pode ser teorizado e postulado, com rigor e com respeito por todos os que nos antecederam. Todos estão certos e todos estão errados, mas isso faz parte do avanço científico. No caso de Newton o erro é de escala. Na nossa vida no dia a dia, à nossa escala, a Física de Newton é suficiente. Quando tratamos do infinitamente pequeno e da origem de tudo, a Física de Newton já não chega. Mas não é isso que o apouca, antes pelo contrário.
Com Newton aprendemos a libertar-nos das ilusões que os nossos sentidos nos podem provocar, aprendemos a raciocinar sem espartilhos e a deduzir sem ter necessidade de observar, e isso é mais que actual.
Finalmente, pela actualidade, uma muito pequena nota sobre o Bosão que todos procuram, o de Higgs.
Muito resumidamente poderemos dizer que todo o trabalho de Maxwell e Lorentz, Einstein, Paul Dirac, Heisenberg, Hawkins, Feynman e muitos outros, veio desaguar num chamado Modelo Standard, ou Modelo Padrão.
Nesse Modelo, postula-se que existam 12 partículas elementares de matéria, 6 particulas e seis anti-particulas, agrupadas em 3 famílias.
6 Quarks e 6 Leptões. A partícula Quark Up tem a sua anti-partícula Quark Down, assim como o Quark Charme tem o quark Estranho e o Top tem o Bottom. Nos Leptões o electrão tem como anti-particula o neutrino do electrão, o Tau o neutrino do Tau e o Muão o neutrino do Muão.
A partícula e a anti-particula têm carga eléctrica diferente e de sinal contrário, nos quarks, ou carga -1 e 0, no caso dos leptões.
Se a isto juntarmos as partículas mediadoras de força, 1 Fotão, 3 Bosões, 8 Gluões, e dissermos que aceitamos existirem as forças nucleares fracas, nucleares fortes e electromagnética, teremos a ambição de deduzir um Modelo que designaremos por Modelo Padrão, ou Modelo Standard, e  que tenta descrever a estrutura do Campo, da Matéria e das Forças que regem o Universo desde o seu aparecimento até à nossa era.
Vejamos um pequeno e simples exemplo que ilustra as alterações em relação ao Modelo que era aceite até há poucos Anos e que, muito simplificadamente, tenta ilustrar o que se procura.
Um Protão, partícula com massa e carga positiva, já não é uma partícula elementar. Neste Modelo resulta da agregação de dois quark UP e 1 Quark Down. As agregações de Quarks designam-se por Hadrões, do Grego, Hadros-Forte.
Esta agregação é possível graças à força nuclear forte, mediada por gluões. Como a carga eléctrica de um Quark UP é 2/3(da carga do electrão) e a carga do Quark down é -1/3, teremos 2 vezes 2/3, menos 1/3, igual a 3/3, ou 1 que é a carga do Protão. Já o neutrão, um  Quark UP e dois Down, a carga é nula(2/3+2(-1/3))
Mas qual é a partícula que lhes confere a massa?
Se a partícula se chamasse Portugal seria bem mais simples. A carga seria menos 174 890,5 Milhões e quem lhe dava a massa seria não um Bosão, mas um Mauzão, que se chama Troika.
Mas no Modelo Padrão acredita-se que será um Bosão que se chama HIGGS, nome de um Físico Britânico, Peter Higgs (1929) Professor Emérito da Universidade de Edimburgo.
E voltamos ao inicio.
No CERN existe uma infra-estrutura que se designa por LHC, Large Hadron Colider, o que numa tradução livre, poderemos designar por, extensa área de colisão de Hadrões, que tenta criar condições práticas para se observar esta partícula. De novo a tecnologia a confirmar a teoria.
O que se pretende é atingir níveis de produção de Energia no intervalo dos 124 a 126 GeV para que se consigam criar as condições para detectar uma partícula que poderá confirmar, ou não, uma teoria laboriosamente desenvolvida.
Estamos a meses de o saber, e Newton não perdeu qualquer actualidade.

Fantástico, é o termo que me ocorre.

Isaac Newton M:.M:.
Março de 2012

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