Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

11 de abril de 2021

Ensaio sobre a Cegueira Maçónica

 

Com a devida vénia e respectiva autorização, transcreve-se do Blogue Jakim&Boaz

Ensaio sobre a Cegueira Maçónica

Meus Irmãos Todos, 

Precisamos na Maçonaria, de relacionarmos o que fizemos nos nossos Templos, com o que a sociedade precisa para ser feliz. Caso contrário, sem margem de dúvida, não terá finalidade o que lá realizamos. 

Inicialmente com uma profunda reflexão sobre nossos valores e saberes relevantes, para que não fiquemos sómente no sonho ou na retórica estéril. E nisso, podemos utilizar o que a cultura nos proporciona, como por exemplo o filme "ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", baseado na conhecida e muito divulgada obra de José Saramago,  e que muito bem foi transposta para a tela do cinema pelo cineasta Fernando Meireles. 

Há necessidade de nos analisarmos e verificarmos o que temos e precisamos aperfeiçoar para agir, no âmbito pessoal, como no âmbito institucional. O autoconhecimento. Existe um modelo chamado Janela de JOHARI, desenvolvido em 1963 por Joseph e Harry Ingham, em que os autores explicam as quatro áreas da personalidade humana baseada numa matriz originada por dois processos, a auto exposição e a busca de feedback. Uma destas áreas, a chamada área CEGA é aquela em que o próprio indivíduo não conhece aspectos a respeito de si mesmo, mas que os outros vêem. Esta “cegueira” impacta o nosso autoconhecimento e consequentemente a forma como nos relacionamos com os outros.

O mesmo facto ocorre com as organizações (na Maçonaria), que muitas vezes não conseguem perceber o que se passa dentro delas próprias e se não forem os clientes (os maçons), o mercado (as lojas), os consultores (os expertos) e outros instrumentos como os estudos, os debates, tais como as pesquisas, acabam por não se darem conta do que precisam melhorar. 

E nós MAÇONS, em todos os aspectos, precisamos melhorar. Melhorar nas administrações das lojas, com possíveis cursos para às LUZES, melhorar o ensinamento maçónico, com saberes relevantes e úteis para o concomitante  agir maçónico. 

Melhorar na relação de Fraternidade, com uma boa administração de recursos humanos. Melhorar com uma orientação de liderança maçónica que saiba agir nos múltiplos aspectos da gestão. Entre outras tantas e necessárias melhorias.

Visão de Líder para que possamos realizar tudo isso, torna-se necessário. Afinal, só é Líder quem serve. Uma outra melhoria que se torna necessária, é a que elimina a Cegueira Maçónica, aquela que elimina as pessoas contaminadas por via do preconceito e da discriminação, que ficam isoladas no nosso meio. Contaminadas do quê? 

Do conhecimento, da ética, do estudo, da busca e do fazer, que infelizmente causa além do preconceito e discriminação, causa ciúmes, nestes que praticam o isolamento. 

São aqueles contaminados pela CEGUEIRA BRANCA os isolados no filme, os diferentes, mas que ajudam na evolução. Quantas vezes isolamos Irmãos, porque pensam diferente do que nós, que infantilmente possam representar ameaça sobre os nossos interesses pessoais, e que geram qualquer tipo de desconforto em relação ao nosso padrão pessoal? Suas ações forçam-nos para sair da ZONA DE CONFORTO. E o filme, exactamente mostra que foram estas pessoas, contaminadas pela CEGUEIRA BRANCA, que pensam diferente e fazem diferente, que foram as que sobreviveram e tiveram a chance ou oportunidade de recomeçar. "As mentes abertas vão mais longe". 

E nós, achando que aqueles irmãos que nos trazem conhecimento, práticas novas e o NOVO, são arrogantes, chatos e metidos, não é mesmo? Só que eles avançam. Evoluem. E alguns achando que ficar na ZONA DE CONFORTO é bom. Será suficiente para alcançar algo? Quantos tipos de CEGUEIRA existem na MAÇONARIA? 

O egocentrismo; 

A inveja pelo sucesso do outro;

O orgulho, daqueles que não podem ouvir críticas; 

A gestão para grupos, as panelinhas; 

A Corte; 

O boicote aquilo que está dando certo nas lojas; 

O ciúme infantil pelo que o outro realiza de melhor e eu não consigo; 

A fofoca, que aliás é sempre bem aceite pelos maçons; 

A falta de ética nas relações; 

A subserviência ao poder; 

A dissimulação; 

O servilismo à hierarquia; 

A falta de fraternidade, que é tanto falada no nosso meio, mas em que a verdadeira Fraternidade é pouco praticada. 

Meus irmãos, a CEGUEIRA MAÇÓNICA é qualquer atitude que impeça de enxergarmos o OUTRO, que é nosso Irmão. É qualquer atitude que não esteja de acordo com aquilo que falamos. Isso é CEGUEIRA MAÇÓNICA. Seriam, então as manifestações desta doença em nosso meio?

O Filme, também nos mostra que são nas situações limítrofes que reconhecemos os VERDADEIROS VALORES DAS PESSOAS ou IRMÃOS. É neste momento que sabemos com quem podemos contar de facto. São aqueles que não ficam só nas palavras, mas juntam-se a nós para a busca da solução. "Pessoas, Irmãos ÉTICOS, VALOROSOS, TRANSPARENTES, LEAIS e CLAROS NAS SUAS POSIÇÕES". As escalas de valores são convergentes. 

São os verdadeiros valores que direccionam a acção. Principalmente para os ÉTICOS. O que o ser humano é capaz de fazer é motivado por necessidades, mas definido por seus valores. 

Meus Irmãos, não deixemos que sejamos contaminados pelos vírus da CEGUEIRA MAÇÓNICA, tenhamos a capacidade de realizar a sinergia dos talentos em nosso meio. Fiquemos com a CEGUEIRA BRANCA, aquela que nos dá condições de evoluir, conforme o filme. 

Apesar do CAOS que estamos vivendo no mundo hoje, e também na MAÇONARIA pela falta de norte, tenhamos olhos para as coisas boas. Tenhamos a lucidez de agir com ÉTICA e com VALORES, para que possamos TORNAR FELIZ A HUMANIDADE, sem preconceito ou discriminação, iniciando esta atitude justamente aqui,  dentro da MAÇONARIA. 

Já que falar aos outros o que devem fazer, sem dar exemplo é propaganda enganosa. Permitindo a propagação da CEGUEIRA e isso não é digno de um MAÇOM. 

Pensemos nisso, levemos este tema para debate nas nossas Lojas, afinal só há compreensão com debate e comprometimento com acção. Fraternalmente. Pare de observar, comece a fazer. É SEMPRE MELHOR FAZER PARA ENSINAR DEPOIS, DO QUE ENSINAR SEMPRE SEM NUNCA FAZER. 

Ir:. *Carlos Augusto G. Pereira da Silva

PORTO ALEGRE - RS


(selecionado do Informativo "CHICO DA BOTICA" - Edição 142 – 30 Abr 2020 – por «Jakim & Boaz»)

1 comentário:

  1. Tive a felicidade de ler e levar à nossa Loja essa crônica quando de sua publicação no informativo “ Chico da Botica “ , o qual tenho a honra de ser colaborador, editados por
    nossos irmãos Marco Antonio Perottoni e Artêmio Hoffmann e, na época , destaquei em
    nossa Loja, o fecho desse brilhante trabalho... É SEMPRE MELHOR FAZER PARA ENSINAR DEPOIS, DO QUE ENSINAR SEMPRE SEM NUNCA FAZER.
    Parabéns ao autor e aos editores deste precioso RL Salvador Allende

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