Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

13 de julho de 2017

Duarte Pacheco


Tendo sido incumbido de apresentar uma peça de arquitetura sobre a escolha do nome simbólico Duarte Pacheco, ...Editado pela Comissão Editorial do Blogue..., vejamos então, porque razão foi esta a forma que encontrei de pessoalmente homenagear este Grande Engenheiro e Estadista português, de enorme importância para mim.
 Tendo nós campos e braços da Engenharia diferentes, Duarte Pacheco como Engenheiro Eletrotécnico, e eu como Engenheiro Geólogo, tornei-me grande admirador da sua obra, desde a minha adolescência, pelo exemplo que deixou às gerações vindouras, e pelas suas extraordinárias qualidades.
Duarte Pacheco foi um visionário para a sua época, e lutou contra todas as dificuldades do regime que em Portugal se vivia nessa altura.
Duarte Pacheco foi alguém que nasceu na época errada, tendo todas as suas obras sido idealizadas, e os seus padrões transportados para realidade atual, as quais ainda hoje podemos ver e admirar na cidade de Lisboa e no resto país.
Duarte Pacheco nasceu em Loulé, em 19 de abril de 1900, e ao longo dos seus estudos demonstrou sempre um elevado nível de intelectualidade. Em 1917, ingressou no recém-criado Instituto Superior Técnico (IST), e seis anos mais tarde terminou o curso de Engenharia Eletrotécnica, com a classificação de 19 valores.
Pouco tempo depois, foi convidado para Professor de Matemáticas Gerais, nesse mesmo Instituto Superior Técnico, e em 1927 foi nomeado Diretor do mesmo.
Em 1928, com apenas 29 anos, ocupou o seu primeiro um cargo político, tendo sido nomeado para Ministro da Instrução Pública, exercendo estas funções apenas durante uns curtos meses.
Em 1932, com apenas 32 anos, foi convidado para Ministro das Obras Públicas mas, abandona o Governo em 1936, voltando à vida politica em 1938, para aceitar o cargo de presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Poucos meses depois regressa ao Ministério das Obras Públicas, permanecendo no cargo até à data da sua morte, no dia 16 de novembro de 1943, vitima de um acidente de viação, com apenas 44 anos de idade.

Duarte Pacheco com as suas extraordinárias qualidades, inteligência, competência, espírito de grande iniciativa e energia, operou uma importante transformação no nosso País. Durante os anos que presidiu o Ministério das Obras Públicas e Comunicações, e na Câmara Municipal de Lisboa, planificou e executou as obras que trouxeram Lisboa e a Portugal para a realidade do século XX.
Foi o impulsionador do salto qualitativo da engenharia portuguesa. O Aeroporto de Lisboa, a renovação do IST e o Parque de Monsanto, também fazem dele uma referência obrigatória. O Parque é hoje o pulmão da cidade de Lisboa, e a sua conceção e execução, demonstra a paixão de Duarte Pacheco.                       
O seu nome ficará eternamente ligado a muitas obras emblemáticas como os bairros sociais de Alvalade, Encarnação, Madredeus e Ajuda, em Lisboa, as autoestradas Lisboa-Vila Franca de Xira e Lisboa-Estádio Nacional, a marginal Lisboa-Cascais, a Estação Marítima de Alcântara, o aeroporto de Lisboa, o Estádio Nacional, a Fonte Monumental da Alameda, o Instituto Nacional de Estatística, a Casa da Moeda e a organização da Exposição do Mundo Português.
Não podemos esquecer que esteve igualmente ligado à execução de grandes obras estruturais, menos imponentes, mas mais estratégicas, tais como as obras nos portos de Lisboa e Leixões, Viana do Castelo, Póvoa de Varzim, Aveiro, Figueira da Foz, Peniche, Setúbal, Vila Real de Santo António, Funchal e Ponta Delgada, que para além do seu impacto no comércio e nas atividades piscatórias, foram cruciais para a indústria, inclusivamente para a indústria cimenteira, necessária às grandes obras que ele próprio visionava.
Também a expansão e conservação da rede rodoviária nacional, em que contribuiu para a sua construção e/ou reparação das estradas necessárias ao tráfego de passageiros e mercadorias, foi importante no desenvolvimento regional, facilitando o escoamento dos produtos agrícolas e industriais de regiões isoladas.
Duarte Pacheco, enquanto Ministro submeteu-se ao governo de Salazar, mas conseguiu uma liberdade de ação e inovação extraordinárias. Reorganizou o urbanismo de Lisboa, que estava desorientado, avançou com autoestradas, cidades universitárias, grandes parques da cidade, e consegui seduzir e motivar os arquitectos para fazerem o melhor possível, soube reunir à sua volta um núcleo de prestigiados arquitectos e engenheiros que deram forma aos seus projetos.
Lutando contra tudo e contra todos, criou o Fundo de Desemprego, para o qual contribuem empregados e empregadores, e permitiu criar os fundos para o Comissariado do Desemprego.
Simultaneamente, cumpriu o seu objetivo de justiça social em que o seu grande lema era: “Não se dão esmolas, procura-se sim, dar trabalho”. Ou seja, Fraternidade sim, Caridade não!
As obras de Duarte Pacheco foram sempre realizadas em curtos espaços de tempo, devido à sua enorme capacidade de trabalho, ao rigor e ao método que lhe imprimia e ao funcionamento do Ministério e dos organismos que criou e controlou.
Dotado de um carácter inabalável, imbuído da ética republicana que regeu toda a sua carreira política, com uma vontade forte e uma ousadia visionária, Duarte Pacheco revolucionou Portugal nas mais diversas vertentes, obras públicas, transportes, comunicações, solidariedade social, ensino e cultura. Se a contemporização do ministro com o regime é polémica, a sua capacidade de fazer e fazer bem nunca estiveram em dúvida, a sua acção estendeu-se a praticamente todos os aspetos do quotidiano e foi fundamental no desenvolvimento do país atrasado.
Duarte Pacheco teve a virtude de aproveitar o poder de que foi investido para servir o seu país. Pela sua dedicação, engenho e obra, é um dos políticos mais marcantes do século XX.

Duarte Pacheco, Apr.’.

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