Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

1 de novembro de 2019

"IRMÃOS"


Com a devida vénia se transcreve esta reflexão do Ir. NEWTON AGRELLA

"IRMÃOS"*

Situar-se na História impõe antes de mais nada buscar as origens. Diante dessa consideração, cabe registar que a palavra IRMÃO em Português provém  do Latim "GERMANUS" que significa “verdadeiro”.  Os romanos, falantes do Latim diziam  *"frater germanus"* para referir-se à “irmão verdadeiro”, ou seja;  filho do mesmo pai e da mesma mãe”.
FRATER         = Irmão;  GERMANUS  = Verdadeiro
No processo de derivação linguística que deu origem às chamadas "Línguas Neo-Latinas" ocorreram algumas dissonâncias em razão de influências geográficas, políticas, sociais e comportamentais dentre outras. Deste modo, a palavra IRMÃO nos idiomas Neo-Latinos derivou-se tanto do vocábulo "Frater" quanto de "Germanus", conforme exemplos abaixo:

Português     :   Irmão

Galego           :   Irmán

Espanhol       :   Hermano

Catalão          :  Germà

Italiano          :  Fratello

Francês         :  Frère

Romeno        :  Frate

Corso            :  Fratellu

Provençal     :  Fraire

Posto isso, cabe analisarmos o aspecto semântico da palavra IRMÃO.  A Semântica do ponto de vista  linguístico, é o componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças. No universo vocabular maçônico a palavra IRMÃO sempre caminhará de mãos dadas com o adjetivo FRATERNO ou com o substantivo FRATERNIDADE, posto que este último é um dos pilares que compõem a tríade maçônica: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

A Maçonaria enquanto Instituição Iniciática, admite em seu seio,  homens livres e de bons costumes, sem qualquer distinção de raça, crença, religião, ideais políticos ou classe social. Assim, a forma de tratamento entre os Maçons de  "Irmão"  deve-se ao fato de terem sido "iniciados" perante uma instituição evolucionista que se sustenta unida antes de tudo pelo Amor Fraternal, em qualquer Grau. Este tratamento simboliza uma condição conquistada com a participação de um mesmo ideal baseado na amizade, na lealdade e na fraternidade. Sua origem remonta desde a época da chamada Maçonaria Operativa e reza a história que tal tratamento cordial  teria sido adotado pelos Maçons desde os tempos de Abraão.
Vale ressaltar que o tratamento de "Irmão" sugere em princípio, um comprometimento, uma identificação e um "reconhecimento" como expressões de propósitos comuns, cujo maior empenho é o trabalho pelo  aprimoramento do Templo Interior, que obedece a busca incessante da prática da Virtude, do Bem, do Estudo e do compartilhamento de experiências em prol da evolução humana. Lamentavelmente, numa ruptura incompreensível do teor ritualístico,
espiritual e esotérico que a expressão "Irmão" encerra em sí,  há algum tempo em nosso País, disvirtuou-se a utilização retórica e formal da palavra "Irmão";  sendo substituída por muitos Maçons pela vulgar expressão "Mano". É algo um tanto deprimente a utilização dessa terminologia. Afinal de contas, por mais informal e pseudamente íntimo que se queira parecer, "mano" é uma chula expressão habitualmente utilizada por torcidas de futebol, bem como um linguajar típico de guetos e grupos sociais que passam bem distantes de um comportamento civilizado. Lembre-se que Maçonaria não é modinha, não é  fashion, não é clube social. Muito pelo contrário, a Sublime Ordem exige uma postura ética e de respeito e também espera o "reconhecimento"  entre seus pares, de homens comprometidos com toda a liturgia, sobriedade e principalmente com a Tradição, que a torna única e diferenciada de toda e qualquer outra instituição Iniciática. Cabe portanto ao Maçom valorizar a forma de tratamento digna e verdadeira que serve como instrumento de identificação em qualquer circunstância. Seja em Loja, ou fora dela.  Afinal de contas, os símbolos que guarnecem o espírito da Sublime Ordem, a mantém perene e efetiva até os nossos dias, graças aos nossos antepassados que sempre pugnaram por perpetuarem a Tradição. Irmãos sempre, sob a égide permanente de um Princípio Criador do Universo.

*Fraternalmente*

*Ir. NEWTON AGRELLA*

1 comentário:

  1. muito interessante culturalmente, ...em especial a mensagem sobre a
    lembrança de sermos "irmãos"...
    grato ao esse veiculo de comunicação que compartilha tão belas obras
    Adilson Zotovici

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