Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

13 de outubro de 2014

A escolha do nome simbólico Magalhães Lima


Antes de mais uma pequena nota acerca da escolha do meu nome simbólico, Magalhães Lima. Encontrando-me, aquando da iniciação, no retiro isolado de um compartimento em quase plena escuridão, perante um questionário que tinha numa das suas questões a escolha do nome simbólico, tive a percepção, que posteriormente verifiquei estar errada, de que esta escolha implicava a selecção de um nome de uma individualidade que tivesse pertencido à maçonaria. Ora, de entre aqueles que, por leituras diversas pude ter conhecimento de pertença, o nome que relampejou foi o de Magalhães Lima.

Tal deve-se a uma noção que tinha relativamente ao reconhecimento da importância do seu pensamento na doutrinação e propaganda do ideal republicano nos finais da monarquia e no decorrer da I República Portuguesa. Isto é, seduziu-me, por um lado, por na vida cultural ter assumido o papel de publicista, numa vertente de receptor e divulgador de ideias, numa constante militância pela agitação da consciência da opinião pública, de forma a fortificar os princípios da democracia republicana-socialista, e, por outro, por muitas das questões/problemas que levantou e trabalhou ainda hoje terem uma grande pertinência e se debaterem quotidianamente, tais como, por exemplo, a cultura republicana, moral cívica, secularização da sociedade, liberdade de pensamento e expressão, reformismo social, descentralismo, federalismo europeu, pacifismo, etc.


Como escreveu Magalhães Lima sobre a sua ideia de República, esta “seria, simultaneamente, um regime de liberdade, socialista e federalista; socialista porque expressão de igualdade, e federalista porque consagraria a fraternidade “ e “a fórmula republicana é a melhor, por isso mesmo que é a única, cujo princípio é idêntico ao princípio da moral, a única que pode resolver o programa social e a única legítima, rigorosamente falando”. Na mesma senda, a federação criada como ideal de Governo perfeito permitia “Que o homem se lembre que da justa harmonia dos seus interesses com os dos seus semelhantes depende o bem estar universal” (…) “Sim. Então teremos a paz e a ordem, então teremos a Federação de todos os povos em um só povo: - A Humanidade.

A influência destes tópicos na minha formação intelectual e académica tiveram uma extrema importância. E esta influência foi de tal forma vincada que, aquando da feitura de proposta para realização da dissertação de tese de mestrado, equacionei efectuar a mesma sobre o pensamento político de Magalhães Lima, que só foi abandonada, por nesse permeio, ter conhecimento de uma tese de mestrado havia sobre O Pensamento de Sebastião de Magalhães Lima, da autoria de Maria Rita Lino Garnel.

Não obstante esta descoberta, a influência em mim do pensamento de Magalhães Lima, em algumas das temáticas abordadas, continuou presente, no que respeita mormente ao federalismo e descentralização (regionalismo, municipalismo, etc.) que incutiram uma reorientação do tema a apresentar para a minha dissertação de mestrado, e que culminou com o estudo sobre O Federalismo e Municipalismo em Portugal durante a Primeira República Portuguesa (1910-1926).

Como tal, a escolha deste nome simbólico permite reconhecer a importância e influência do papel das ideias de Magalhães Lima no meu processo de formação embrionário relativo à tentativa de descoberta e compreensão dos princípios de modelos referenciais de organização do(s) Estado(s) e da prosperidade da sociedade humana.

Magalhães Lima M:. M:.
Outubro de 2014

Sem comentários:

Enviar um comentário