Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

8 de novembro de 2022

SOBRE O MEU NOME SIMBÓLICO

 

SOBRE O MEU NOME SIMBÓLICO

Ao longo do meu percurso de vida, que já leva 56 anos, tive vários nomes ou alcunhas. O primeiro, que me define enquanto cidadão de pleno direito, foi o de nascimento, escolhido pelos meus queridos pais, e registado de acordo com a lei no registo civil. Há quem não goste nem se identifique com o seu nome. Comigo, isso nunca foi um problema.

Em criança e na minha juventude, fui identificado por outros nomes (alcunhas não me faltaram), todos atribuídos pelos muitos amigos que fui tendo ao longo da vida. Fui “Canina”, porque era muito pequeno para a idade, "Radar” porque tinha as orelhas grandes e estava sempre atento, “Bulhas”, porque tinha muito acne, “Máquina” porque tinha muita resistência, vejam bem, até cheguei a ser “Maçom”, nome atribuído pela minha avó paterna porque eu não profetizava a fé católica. Engraçado, identifiquei-me com todos os nomes (alcunhas) que me foram atribuindo menos com o de “Maçom”. Na altura, parecia-me depreciativo e que nada tinha a ver comigo.

A escolha de um nome simbólico que me definisse perante a família maçónica e com o qual me identificasse, não foi tarefa fácil. A decisão final aconteceu poucos minutos antes de sair da... (editado pela Comissão Editorial do Blogue). Antes de tudo, importa perceber um pouco melhor o conceito de identidade:

“Para a antropologia, a identidade consiste na soma nunca concluída de um aglomerado de signos, referências e influências que definem o entendimento relacional de determinada entidade, humana ou não humana, percebida por contraste, ou seja, pela diferença ante as outras, por si ou por outrem. Portanto, identidade está sempre relacionada à ideia de alteridade, ou seja, é necessário existir o outro e seus caracteres para se definir então por comparação e diferença. A existência de personalidades, mais conhecidas ou menos conhecidas, com as quais me identificasse, em virtude das suas características, valores ou atitudes, não foi problema.

 A dificuldade, foi escolher uma entre várias. A escolha, poderia ter recaído sobre “Nuno Alvares Pereira”, “Salgueiro Maia”, Ernesto Guevara”, “Martin Luther King”, ou até, em figuras do nosso imaginário como, “Robin Hood” ou “Zé do Telhado”. Referências familiares, que me ajudaram a ser quem sou e de quem muito me orgulho, seriam igualmente uma escolha acertada, mas como na maioria eram mulheres, achei que não seria o mais adequado.

A opção definitiva, após muita reflexão, recaiu então sobre um grande homem, uma figura ímpar do nosso tempo; Nelson Mandela, nascido em Mvezo, África do Sul, no dia 18 de Julho de 1918. Filho de uma família de nobreza tribal, da etnia Xhosa, recebeu o nome de Rolihiahia Dalibhunga Mandela. Foi na escola primária, como era costume na época, que a sua Professora lhe atribui um nome inglês, Nelson, em homenagem ao Almirante Nelson, Após uma vida de luta contra as desigualdades e o Apartheid: o regime de segregação na África do Sul, Nelson Mandela foi preso em 1964, tendo sido condenado a prisão perpétua. Foi libertado”, em consequência da forte pressão internacional que se vinha sentido nos últimos 10 anos, a 11 de Fevereiro, após 26 anos de cativeiro, na sua maioria passados em “Robben Island. Ao sair da prisão, num discurso que ficou histórico, em vez de apelar ao ódio e à vingança, apela à paz e à reconciliação do país e do seu povo.

Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu tenho prezado pelo ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas possam viver juntas em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal pelo qual eu espero viver e que eu espero alcançar. Mas caso seja necessário, é um ideal pelo qual eu estou pronto para morrer”. 

Nelson Mandela, foi e continua a ser, uma grande referência para todos nós, que defendemos a paz e o desenvolvimento pleno do ser humano. A sua resistência e resiliência, a sua bondade e compaixão, a sua inteligência e pensamento sobre a sociedade em geral e o ser humano em particular, são uma valiosa herança para toda a humanidade. Escritas pelo seu punho, foram muitas as frases que ficaram célebres. 

Porque sou professor de vocação e partilho dos ideais, valores e princípios de Nelson Mandela, gostaria de finalizar, citando mais uma vez esta ilustre e mui grande personalidade:

A Educação é a ferramenta mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo.” 

Nelson, Apr.'.

R.' .L.'. Salvador Allende


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