Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

30 de maio de 2019

Palavra do Orad:. - a propósito da INICIAÇÃO dum Prof:


Palavra do Orad:.
- a propósito da INICIAÇÃO dum Prof:. –

Comecemos por uma Pergunta:
- Que Profanos podem ser Maçons?
O Gr:. Or:. Lus:. – Maç:. Port:. / GOL não é uma sociedade de tertúlias; trata-se, sim, duma Instituição Iniciática que, ritualisticamente, proporciona (com a contribuição de Todos) uma melhoria individual que se vai repercutir, no mundo Profano, numa entrega cumulativa que conduzirá, também, a uma Sociedade consubstanciada na Fraternidade Universal.
Está, portanto, nas nossas mãos (isto é, na nossa capacidade de escolha no  mundo Profano) identificar quem tem qualidade para nos honrar com a sua presença mas não esquecendo que “…mais vale a qualidade do que a quantidade…” (1), que “…uma Loja não vale pelo número de cotizantes mas pelo valor intelectual das suas unidades...” (2) e que este (o valor intelectual) “…não se mede pelos estudos feitos ou pelos diplomas universitários obtidos mas é, sobretudo, necessário que procuremos espíritos abertos e inteligentes, carácteres firmes e de boa tempera...” (3).
A Maçonaria consubstancia, nos seus Princípios orientadores, :
- o dever da Beneficência;
- a partilha através da Solidariedade;
- a reflexão sobre a Igualdade no acesso;
- a tolerância como práctica de Liberdade de pensamento.
Muitas vezes se apela à Inteligência de cada um – a inata/potencial e a desenvolvida – mas poucas vezes se valoriza a Inteligência Intuitiva que, no entanto, “…é a faculdade humana, não estritamente “racional”, que nos capacita para “saltar” para um plano da Consciência <onde> a “forma” que o Cósmico adoptou em nós próprios, individualizando-se, encontra a “via de retorno” à realidade universal da qual provem. Esse seria o Conhecimento iniciático, que é incomunicável, “secreto”, enquanto experiência pessoal…” (4).
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(1)Boletim Oficial do GRANDE ORIENTE LUSITANO- Maçonaria Portuguesa, 33º Ano, 9.Vol., 1912-914, nº 7, Julho de 1913, VARIA: p 189;
(2,3) idem (1): p 190;
(4)ARMANDO HURTADO, “Por que soy Mason”, Editorial EDAF S.A., Madrid (España), 1994: p 135;
Na Maçonaria, como na Vida, o EXEMPLO vale mais (a maior parte das vezes) que muitas palavras - mesmo que bem ditas/escritas - e, assim, o Respeito de que é alvo um Cidadão, um Profissional, um Familiar repercute-se positivamente na Maçonaria após conhecimento da sua condição de Maçon. Esta contaminação positiva será Negativa caso o Iniciado não se dê ao Respeito no mundo Profano.
Trata-se, portanto, de nos disponibilizarmos para servir a Humanidade oferecendo-lhe o nosso contributo Pessoal para a edificação da Fraternidade Universal através dos seguintes Princípios:
a cada um de acordo com as suas necessidades;
de cada um de acordo com as suas possibilidades.
Cientes de que “…só é livre quem liberta!...” (5) assumamos nós próprios o EXEMPLO de Homem Maçon no mundo Profano e, dessa forma, honraremos os IIr:.  pretéritos e a nossa Aug: Ord:. .
“…Se cada Maçon tivesse consciência do seu papel…o próprio Mundo receberia a influência benéfica que emanaria das Lojas. Para ser “eficiente” a acção não tem nenhuma necessidade de publicidade exagerada; ao contrário é no silêncio e na meditação activa, e não na passiva, que os pensamentos se transformam em ideias-força e é pela Cadeia de União que essas ideias podem ser projectadas no mundo Profano…”   (6).
Entreguemos, então, o nosso esforço individual à causa comum e a construção da Sociedade Fraterna ficará mais próxima da realidade.
Mas, afinal, que significado tem a Cadeia de União ?
Trata-se dum acto carregado de simbolismo afectivo pois faz-nos sentir próximo (física e psiquicamente) do Outro, dos Outros e, até, dos que, entretanto, passaram ao Or:. Eterno mas que deixaram a sua marca neste mundo, isto é, “que criaram e não se limitaram a viver” parafraseando FERNANDO PESSOA.
Mas também “…simboliza, escreve PLANTAGENETA, a universalidade da Ordem e lembra a cada um que todos os Maçons, seja qual for a sua Pátria, formam uma única família de Irmãos espalhados pela superfície da Terra,…” (7) pelo que “…a Cadeia de União...aproxima, efectivamente, todos os corações ao mesmo tempo em que reanima, nas consciências, o sentimento de Solidariedade que nos une e a interdependência que nos liga…” (7).

(5)MARGARIDA ALMEIDA ROCHA, “Só é livre quem liberta”, Revista da Maçonaria, série II, nº 3, Julho/2012: p 67;
(6,7)JULES BOUCHER, “A Simbologia Maçónica”, Editorial PENSAMENTO, São Paulo, 1979: p 358

Termino citando o Ir: SEBASTIÃO de MAGALHÃES LIMA (past-Gr:. M:.) que afirmou, em 1907, após a sua eleição para o Grão-Mestrado do Gr:. Or: Lus:, o seguinte:
“…Não basta pertencer à Maçonaria:
É mister merecê-la, e ser digno dela…” (8).

PIRES JORGE M:. M:.

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(8)SEBASTIÃO de MAGALHÃES LIMA (citado por MAGALHÃES LIMA (n.s.) Gr:. 15:., TESE de Elev:. ao Gr:. 18:. “Considerações sobre o nº 7 do Artº 26º da Const:. da Maç:. Portuguesa”, Publicações da Resp:. Loj:. Cap:. INVICTA nº 466 ao Val:. do PORTO, 1930-1933: pp 206-207).




Bibliografia consultada

ARMANDO HURTADO, “Por que soy Mason”, Editorial EDAF S.A., Madrid (España), 1994
Boletim Oficial do GRANDE ORIENTE LUSITANO- Maçonaria Portuguesa, 33º Ano, 9.Vol., 1912-1914, nº 7, Julho de 1913, VARIA
JULES BOUCHER, “A Simbologia Maçónica”, Editorial PENSAMENTO, São Paulo, 1979
MARGARIDA ALMEIDA ROCHA, “Só é livre quem liberta”, Revista da Maçonaria, série II, nº 3, Julho/2012
PIRES JORGE, “CADEIA de UNIÃO e UNIVERSALIDADE MAÇÓNICA”, 2012
PIRES JORGE, “O MAÇON e o seu EXEMPLO”, 2013
PIRES JORGE, “Que Profanos podem ser MAÇONS ?”, XIV Congresso do Gr:. Or:. Lus:.-Maç:. Port:. 25-26/Janº/2014
SEBASTIÃO de MAGALHÃES LIMA (citado por MAGALHÃES LIMA (n.s.) Gr:. 15:., TESE de Elev:. ao Gr:. 18:., “Considerações sobre o nº 7 do Artº 26º da Const:. da Maç:. Portuguesa”, Publicações da Resp:. Loj:. Cap:. INVICTA nº 466 ao Val:. do PORTO, 1930-1933)



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