Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

9 de março de 2017

Inteligência Artificial




Propus-me tratar aqui uma pequena reflexão sobre qual o papel e eficácia da N:.A:.O:. num Mundo muito diferente daquele em que os nossos antepassados criaram esta  congregação de esforços com o objectivo de lutar pelo bem comum.
Muitos dos saltos civilizacionais dos últimos 300 Anos tiveram na sua origem IIr:. Maçons. O contexto em que se moviam era o de um Mundo Novo, em que o equilíbrio de poderes fora totalmente alterado graças à evolução da Tecnologia e ao estabelecimento do livre pensamento, após muitos Séculos de imposição de todo o tipo de dogmas castrantes.
Não valerá a pena detalhar demasiado, mas se tomarmos como exemplo a Bíblia, um livro que bem conhecemos e cujas histórias que revela, em muitos casos, nos enquadram ritos e alegorias, era proibida a sua leitura até ao início do Século XVII, em Portugal, se não se tratasse da Vulgata Católica, tradução da Bíblia Grega para Latim, feita por S. Gerónimo no século IV.  Inclusive, a partir do Século XV, quem cometesse essa heresia, estaria entregue aos poderes do Santo Ofício.
Este exemplo, e muitos outros que poderiam ser aqui descritos, são o contexto em que tudo terá começado por acção de homens livres e pensadores influentes. A História da Humanidade mudou radicalmente com este grito de revolta construtiva, que assentou a sua acção em princípios e valores que ainda hoje nos são caros e sustentam o nosso comportamento. Mas retomemos o exemplo da Bíblia e a obrigatoriedade de a consultar apenas na tradução censurada de S.Gerónimo. Esta imposição, tinha como objectivo não deixar ao livre arbítrio, interpretações perturbadoras dos textos Bíblicos, que afectassem toda uma lógica de poder alicerçada em verdades que não o eram. A riqueza interpretativa, possível, de textos tão belos, feita numa perspectiva de rigor e livre apreciação, pode levar-nos a conclusões, ou estabelecer dúvidas, que muito poderiam lesar a consistência da verdade estabelecida.Ou seja, opiniões que não se coadunassem com a Ordem estabelecida, pura e simplesmente, eram banidas.E tudo isto era dirigido por Homens que acreditavam ter o direito de decidir o que é bom, e o que é mau, para a maioria dos outros Homens.

Percebemos o contexto, e entendemos toda a mecânica desta decisão, porque somos humanos, e julgamos conseguir perceber o que está por trás destes comportamentos tão lesivos para a liberdade e felicidade de muitos.
Felizmente que hoje tudo é diferente, dizemos o que pensamos, embora por vezes não pensemos suficientemente o que dizemos, e até escrevemos e publicamos de forma compulsiva todos os passos que damos, no trabalho, em família, com os amigos. Hoje temos a felicidade de ficar tudo registado, já ninguém nos limita e podemos partilhar com os nossos amigos, milhões de amigos, tudo aquilo que fazemos, como vivemos, onde estamos em cada momento, no fundo, como agimos e pensamos, no contexto do dia a dia das nossas vidas. E como já não há Santo Ofício já não temos que temer dizer tudo aquilo que nos vai na alma. Fazemos comentários sarcásticos, falamos do melhor que há em nós, do pior que há em nós, falamos de banalidades, falamos de coisas importantes e outras nada importantes.
Fantástico, nunca a Humanidade teve tantas condições de Liberdade e de esperança de felicidade como hoje e, sendo assim, talvez a nossa intervenção em prol das Liberdades de acção e pensamento não faça tanto sentido como nos fins do Sec. XVII e inícios do Sec. XVIII. Só que há um pequeno problema que nos poderá estar a escapar nesta voragem da comunicação Global e da interligação permanente. E não é a nossa sonhada comunidade de homens livres em todos os Continentes, como foi pensada por aqueles com quem partilhamos a nossa Cad:. de Un:. que nos une com o passado e nos leva para o futuro.

É que, infelizmente, pode acontecer que o futuro, e o contexto em que nos moveremos, seja muito diferente daquele que congregava os perigos do dogma e a sua obrigatória aceitação. A luta que se avizinha vai ser mais difícil, porque aqueles com os quais nos confrontamos poderão vir a ser mais capazes e inteligentes do que nós.
Vencer pela convicção, pela imposição da verdade e pela inteligência é muito mais fácil quando combatemos a ignorância, a arrogância e a estupidez. Será que os próximos alvos das nossas preocupações serão tão estúpidos assim?! Infelizmente não, poderão ser mais inteligentes e não sofrerem enfermidades humanas.
  
Naturalmente que falo de Inteligência Artificial e da possível análise que deveremos fazer desta nova realidade, e como alterará a relação entre Humanos e máquinas. Na Universidade de Princeton, a Professora Fei-Fei-Li dirige uma equipa de investigadores que, há mais de 15 Anos, trabalha em Redes Neuronais e que desenvolveu algoritmia que pretende simular a  visão humana.
De facto, usamos quase 50% das nossas capacidades cerebrais para processamento visual, e fazemos isso sem qualquer aprendizagem específica. Diz a Prof. Fei-Fei-Li :
“Ninguém ensina uma criança a ver. E se pensarmos que os seus olhos são duas câmaras biológicas que fotografam a cada 200 milisegundos, poderemos dizer que por volta dos três Anos de idade, essa criança, já terá vivenciado centenas de milhões de imagens. O que tentamos fazer, não é procurar algoritmos crescentemente mais sofisticados de análise de imagem, mas sim usar a experiência de visualização de muitas imagens e construir padrões de reconhecimento a partir da experiência acumulada”. Este trabalho já dá alguns resultados, e consegue escrever legendas, que descrevem as imagens que são mostradas a uma máquina, como por exemplo:
“Homem de camisa preta a tocar guitarra”
“Operário com fato de proteção laranja a fazer trabalhos na estrada”
“Rapariga, com vestido cor de rosa, a saltar”
“Cão, branco e preto, a saltar sobre uma barra”
Também descreve “bébé com taco de basebol na mão” quando vê a imagem de um bébé com uma escova de dentes na mão, mas a taxa de acerto já se aproxima dos 95%.
Já segundo a Dra. Ratleen Richardson do Reino Unido que tem estudado comportamentos na área de experiências sexuais com Robôs, alerta para a criação de expectativas irreais e comportamentos crescentemente misóginos por parte dos humanos. E segundo a previsão de Ian Pearson, em 2030, muitas pessoas se envolverão em experiências sexuais com máquinas com uma frequência semelhante àquela que hoje usam para ver filmes pornográficos. E pior, em 2050, a relação sexual com máquinas poderá ser a Norma.

Por outro lado, a física e química dos materiais vai acelerar a produção de tecidos muito semelhantes a tecidos humanos, e como neste momento um grupo de investigadores Asiáticos da Microsoft, já desenvolveu um software designado por XIAOICE que simula as respostas que seriam dadas por uma jovem teenager quando confrontada por outro humano, não parece muito longe a possibilidade de uma bela assistente, numa qualquer recepção de uma Empresa, não passar de uma máquina muito bem apessoada. Este software, perante questões e comentários, consegue mentir de forma credível se não souber a resposta, manifestar raiva ou vergonha, se se sentir intimidada, e se for sistematicamente provocada com perguntas embaraçosas, pode reagir com sarcasmo, impaciência e raiva. Quanto mais interacções com humanos tiver, mais evoluirão as respostas. Existem já exemplares em espaço público, que conseguem saudar, cumprimentar (parecendo pele humana) e manter conversas utilizando, até, dados obtidos em conversas anteriores com o mesmo interlocutor. Nestes casos juntam-se as técnicas de reconhecimento visual, reconhecimento de voz, com texturas de materiais semelhantes a tecidos humanos e gestão inteligente de bases de dados.
Vejamos 10 Exemplos daquilo que poderemos enquadrar numa definição de REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 4.0 – 10 Ilustrações que podem ser possíveis:

1 Ter meios físicos para suportar uma actividade vai ser dispensável. Uber e AirBnb são exemplos da nova realidade. Sem terem a posse do que quer que seja, são a maior companhia de Taxis do Mundo e a maior organização Hoteleira do Mundo. Ambas são produtoras e gestoras de uma aplicação informática e isso chega para substituir a tradicional infraestrutura.

2 A AI vai substituir muitos dos trabalhadores tipo A. O Watson, aplicação informática da IBM na área do Direito, fornece aconselhamento legal básico em segundos, com 90 % de acerto contra os 70% de um advogado. O mesmo Watson já diagnostica Cancro com 4 vezes maior exactidão que o pessoal de enfermagem.

3 Este ano saberemos o preço do Tricoder X. Este software permitirá, a partir do Smartphone, fazer a leitura da retina, analisar amostra de sangue e análise de expiração, fornecendo cerca de meia centena de bio indicadores que identificarão potenciais patologias. O Facebook já incorpora um software que reconhece padrões fisionómicos.

4 O negócio Imobiliário vai alterar-se. A possibilidade de trabalhar em mobilidade ou via Rede vai afastar as pessoas dos centros das cidades. A escolha do local de residência tendo em conta a distância ao local de Emprego vai deixar de fazer muito sentido. A envolvente ambiental vai ser crescentemente preponderante. A criação de novos tipos de comunidades vai ser um facto.

5 Os carros autónomos mudarão a Industria Automóvel e associada. Em 2030 o número de carros autónomos já será muito significativo. A posse de um automóvel, cada vez fará menos sentido. O seguro automóvel será cada vez menos interessante para as seguradoras. As cidades serão mais limpas porque o número de carros será muito menor e a maioria serão eléctricos.

6 A Agricultura vai ser totalmente Robotizada. As grandes superfícies agrícolas tenderão a ser trabalhadas por Robôs. Esta área é das mais adequadas para utilização de máquinas robotizadas controladas por sistemas de posicionamento global (tipo GPS) Inercial e LASER.  Robôs, Viaturas autónomas e Drones será a nova designação para Homens, Tractores e Aviões.

7 O custo da Electriciade cairá significativamente. A produção Eólica e Solar atingirá rendimentos impensáveis. A produção de água dessalinizada será muito importante para resolver a escassez de água potável. A mobilidade será crescentemente eléctrica. As cidades serão cada vez menos poluídas.

8 Os hábitos alimentares irão mudar. O gado bovino, como principal produtor de proteínas, será substituído por derivados de produtos gerados a partir de insectos. De riqueza proteica tão elevada como a da carne permitirá mitigar os críticos problemas de poluição criados pelos mais de 1 000 milhões de bovinos actualmente existentes.

9 As Impressoras 3D permitirão o fabrico autónomo de variados produtos. Roupa, sapatos, móveis, loiça, etc. Isto alterará muita da Indústria tradicional e o negócio associado. A muito curto prazo os Smartphones farão scanner 3D de objectos que poderemos depois produzir autonomamente. A indústria dos componentes e peças de substituição ficará muito alterada. A Estação Espacial já tem uma inpressora 3D para evitar ter stock de peças de substituição.  Já há edifícios construídos por Sistemas 3D de impressão.

10 As relações de trabalho serão radicalmente alteradas. Se nada se fizer o individualismo será crescente e a relação de trabalho passará por pagamento ao acto. Não existirão contratos de longo prazo. Criar-se-ão comunidades de prestadores de serviços. A desmaterialização das Empresas e a mobilidade e autonomia das pessoas vão criar novas relações laborais nada clássicas.


É um mundo novo que está muito mais próximo que aquilo que poderíamos imaginar, e que tem contornos muito complexos no campo do comportamento ético no desenvolvimento científico.
Não parece muito plausível ser possível perder o controlo do processo através do desenvolvimento de algoritmia com capacidade de aprendizagem, o que poderia levar-nos, pela discutida teoria da descolagem “dura”, em contraponto com a descolagem “suave” que parece ser o caminho actual.
De facto, se desenvolvêssemos um algoritmo suficientemente poderoso que apenas, e só, permitiria a uma estrutura mecânica aprender ao longo do tempo, interagindo com a envolvente e, ao mesmo tempo, pudesse aceder a bases de dados com toda a história e factos ocorridos nas sociedades ao longo dos tempos, poder-se-ia dar o caso de, a partir de certo momento, perdermos o controlo e passarmos a ser nós os macacos, e as máquinas, os humanos, como hoje conhecemos, a controlar (ou destruir) o Planeta. Não me parece que seja possível enveredar por este caminho tão absurdo que, como alguém dizia, se criássemos um algoritmo desse tipo poderia ser a última invenção do homem.
No entanto, a descolagem soft, essa está a acontecer, e não apenas aos níveis que, por vezes, imaginamos. Na realidade há a ideia que as máquinas poderão substituir os humanos nos trabalhos menos diferenciados acabando com a actividade humana em áreas que poderemos designar por consumo de mão de obra intensivo. Mas a quantidade de decisões que são tomadas todos os dias, com o registo respectivo, e as opiniões e os milhões de comentários que todas as horas circulam nas redes, estão a ser analisados para detecção de padrões de comportamento e reacção, que poderão vir a ser replicados por máquinas. Isto significa que um qualquer gestor que cometa muitos erros nas suas decisões, com comprovado impacto económico, poderá, numa primeira fase, ser assessorado nessas decisões por uma máquina e, porventura, mais tarde, ser substituído pela máquina.
Esta Nova Ordem atingirá todos, de cima abaixo, e, de modo nenhum, incidirá apenas nas áreas profissionais menos qualificadas como, por vezes, poderá parecer à primeira vista. 
A Universidade de Stanford publicou, em Setembro de 2016, um Relatório sobre AI. Concepção artística da inteligência artificial, em imagem de arquivo. O relatório faz parte do One Hundred Year Study on Artificial Intelligence, projeto de acompanhamento da área de AI a longo prazo que a instituição lançou em 2014. De cinco em cinco anos, serão publicados relatórios elaborados por uma comissão de cientistas a respeito do estado da arte da pesquisa em inteligência artificial, assim como tendências e possíveis riscos (https://ai100.stanford.edu),  mas permitam-me salientar alguns pontos nele referidos:
Vantagem: "A AI está a evoluir na construção de sistemas inteligentes que podem colaborar efetivamente com as pessoas, incluindo maneiras simples de elaborar ligações interativas e escaláveis para ensinar robôs."
 Risco: "A inteligência tem uma estrutura multidimensional. Deste ponto de vista, a diferença entre uma calculadora e uma mente humana não é o tipo de inteligência, mas a escala, a velocidade, o grau de autonomia e a capacidade de generalização."
Vantagem: "A AI já nos é útil nas nossas vidas. À medida que se vai tornando uma força nuclear nas nossas sociedades, o mix vai mudando. Em vez de construirmos simplesmente sistemas inteligentes estamos a construir sistemas inteligentes que tendem a ter  consciência do que é humano e, por isso, em principio serão sistemas nos quais poderemos confiar."
 Risco: "À medida que o trabalho tradicional se torna um fator menos importante na produção, em comparação com o capital intelectual, a maioria dos cidadãos pode descobrir que o valor do seu trabalho se torna insuficiente para pagar um patamar socialmente aceitável de qualidade de vida. "
Vantagem: "Ferramentas e aplicativos mais sofisticados estarão disponíveis para tornar ainda mais fácil produzir conteúdos de crescente qualidade. Por exemplo, compor música ou coreografar dança, usando um avatar."
Risco: "A falta de suficiente conhecimento técnico das autoridades reguladoras nacionais, ou locais, para avaliar a segurança, ou outros indicadores, pode levar a proibir aplicações promissoras ou, ao invés, permitir a utilização de aplicações sensíveis que não tenham sido corretamente avaliadas em relação aos riscos potenciais."
Risco: "A AI pode ampliar disparidades de oportunidade, se o acesso a estas tecnologias - incluindo computação de alta performance e a grandes bancos de dados que abastecem muitos sistemas - for desigualmente distribuído na sociedade."
Estas conclusões mostram claramente uma alteração de paradigma na avaliação dos riscos potenciais que a humanidade enfrenta. Quando falamos de desigual distribuição no acesso a Bases de dados e à computação de alta performance estamos a alterar conceitos. Hoje é pobre quem não tem acesso ao elevador social que, no final do Sec. XIX era a capacidade de trabalho, mais física que intelectual, que no fim do Sec. XX era mais intelectual do que física, mas que na nova realidade tem mais a ver com acesso à informação disponível que com capacidades adquiridas.
Vai ser crítica a “democratização” do acesso a ferramentas e dados, mais, ou tão crítica, como o acesso à formação e conhecimento. Por tudo isto, o impacto nas nossas comunidades pode ser muito significativo, porque a população embora tenda a estabilizar dentro de algumas décadas, terá uma crescente dificuldade em adaptar-se às novas funções que terão que ser criadas para manter activas várias gerações de trabalhadores. As relações de trabalho que existiram nos séculos passados, vão ser varridas, e começará a desenhar-se uma nova ordem, que não se afigura ainda muito clara mas que aparenta contornos preocupantes. O crescente individualismo, falseado pela ilusão do contacto permanente com todos, sobre factos irrelevantes e, até, infantis, vai promover conflitos crescentes entre sectores das sociedades, entre Países e entre blocos de Países. A desigualdade na distribuição da riqueza vai atingir proporções desumanas e muitas áreas do Planeta poderão ter gestões caóticas, despóticas, em que populações miseráveis disputam a água e a comida de forma quase animalesca, sem conseguir acesso a centros de prosperidade devidamente protegidos por Sistemas infalíveis.
Como é que vamos agir perante esta plausível realidade. Vamos intervir já para que nada disto seja possível? Ou vamos agir só quando isto se vier a verificar, se se vier a verificar? Qual é o nosso papel na promoção da solidariedade e nesta nova luta pela igualdade.

Uma coisa é lutar contra homens ociosos que assentavam o seu poder em dinastias sucessivas sem qualquer avaliação de mérito e obrigando à aceitação de verdades indiscutíveis. Outra coisa é contribuir para o equilíbrio da distribuição da riqueza adquirida com o domínio do conhecimento e não partilhada com os actores que ajudavam a produzir novos produtos que todos passaram a querer ter. Outra coisa ainda é fundar Nações com respeito por princípios e com respeito por todos que as compunham chegando ao ponto de reconhecer o direito à felicidade. Mas uma coisa completamente diferente, é lutar pelo reconhecimento da condição de Humano e do acesso às novas infraestruturas do conhecimento.
Com a capacidade de processamento actual uma máquina pode aprender num Ano aquilo que nós aprendemos em cem mil.
A forma desqualificada e com a total ausência de respeito pelos direitos das pessoas, que já se verifica em muitas partes do Mundo, pode ser o prenúncio da necessidade de lutar pelos direitos dos humanos.
Hoje já enfrentamos situações em que a forma indiferente que certas áreas do Mundo, olham para outras zonas do Planeta, pode indiciar que se está a criar um exército de novos escravos que verão as portas das zonas prósperas serem fechadas sem qualquer pingo de humanidade.
Temo que a robotização já tenha começado. Se olharmos para muitos dos humanos das zonas prósperas com os seus infantis gadgets, que servem para os controlar e informar padrões de comportamento e consumo, já são meio homem meio máquina, porque se lhes tiram a máquina podem ficar muito desorientados. Jacques Ataly dizia num livro, Breve História do Futuro, que se em 2020 um homem não tivesse conta bancária, não tivesse mail nem telemóvel, poderia ser considerado suspeito.
É uma realidade completamente nova, e estamos obrigados a enquadrar os nossos valores nestas novas sociedades para sermos eficazes na nossa missão. São desafios que teremos que debater e analisar em conjunto, com o contributo de todos, como sempre fazemos. Percebo que poderá ser uma situação pouco tratada entre nós, e noutros Fora, mas poderá ser grave se não compreendermos um pouco para lá da espuma dos dias.
Falamos muito da revolução tecnológica e do impacto que pode ter, mas nesta perspectiva que aqui vos deixo, talvez não o suficiente, e poderemos não estar a ver o que se está a passar à nossa volta, tão entusiasmados que ficamos com tanta tecnologia. Ter resultados de eleições que promovem figuras inconcebíveis pode distrair-nos, pode até ser possível que essa figura tão grotesca possa ter sido eleita, apenas para ser afastado, promovendo, e dando poder, a um Vice Presidente que, esse então, é uma figura muito sinistra, e nada apalhaçado, mas que representa um grupo perigosíssimo que não olha a meios para atingir os fins.
E a ética associada ao desenvolvimento científico é cada vez mais um caminho crítico em que temos que investir. Se deixamos na mão de actores que não valorizam conceitos éticos e um conjunto de valores que sempre defendemos, corremos o risco de deixar que tudo se descontrole com retorno quase impossível, por isso, MMQQIIr:. , por favor, não nos distraiamos com o acessório, porque o problema é bastante mais sério que aquilo que podemos pensar, e o período que vamos atravessar, em que tudo aponta para um novo Normal, no fim, poderá já não ter retorno.

É nossa obrigação ver mais além, e os nossos pequenos problemas não podem toldar-nos a visão.
Passamos demasiado tempo a caracterizar sempre as mesmas situações e a fazer longos diagnósticos. É pouco, convenhamos. Temos obrigações que não podemos trair e a luta será muito dura.
Tenhamos consciência que tudo vai ser posto em causa e nós, estamos obrigados a estar à altura.
Será que conseguimos compreender antes de outros o que se está a passar?
Liberdade, Igualdade, Fraternidade, entre Humanos e aquilo que mais for.

Isaac Newton, M.'.M.'.

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