Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

22 de dezembro de 2024

Solstício Inverno 2024

 


 O solstício de Inverno ocorreu ontem, às 9h21 (horário de Lisboa), no Hemisfério Norte – este momento é mais do que apenas um evento astronómico: é o ponto de viragem da nossa viagem anual em torno do Sol. 

Celebra-se a renovação, o renascimento, a entrada do novo ano. Também é um bom momento para pensar em tudo o que aconteceu no ano que termina".

10 de dezembro de 2024

A Relevância da Cadeia de União no Ritual

 

A Relevância da Cadeia de União no Ritual

I – Acerca do Ritual

A palavra Ritual tem origem no adjectivo latino «liber ritualis», sendo contudo um substantivo em português. Nas religiões (como na católica, p. ex.) é um livro litúrgico onde residem o conjunto das cerimónias do culto, de cariz essencialmente dogmático. Na Maçonaria designa semelhantemente um conjunto de instruções com determinado significado e coerência simbólicas,  que se utilizam para coordenar, estruturando, a  realização de uma Sessão.

A grande diferença é que na Maçonaria Liberal (ou Adogmática) o Ritual é interpretado sob uma perspectiva não dogmática, devendo ser seguido  como auxiliar ao aperfeiçoamento maçónico individual, dando coesão e sentido de unidade ao trabalho em Loja. Este é motivo mais do que suficiente para que cada Apr:. deva seguir atentamente o ritual em cada Sessão,  tentando perceber os ensinamentos e o simbolismo nele contido. Não é contudo obrigatório sabê-los de cor, contrariamente ao que acontece no ramo da Maçonaria dogmática ou anglo-saxónica, como por exemplo no Ritos Inglês de Emulação ou no de York. 

Os Rituais são publicados (pelo menos nos graus simbólicos) pelas Obediências e o seu cumprimento coerente e rigoroso deve ser exigido às Lojas que as compõem, devendo em nossa opinião (contrariamente ao que defendem alguns Irmãos), ser uniforme em todas elas, ou seja as LLoj:. não devem «inventar» derivações sobre o ritual oficial. Se existirem dúvidas ou propostas de alteração, desde que devidamente fundamentadas,  deve ser solicitado superiormente ao Conselho da Ordem, a correcção de eventuais erros ou desactualizações. Estas no entanto só terão validade após a aprovação da potência (ou Câmara de Administração) respectiva, ou seja no que ao R.E.A.A. diz respeito, o «Supremo Conselho do Grau 33 para Portugal e sua jurisdição»,  corpo que é responsável pela  gestão do Rito. O mesmo acontecerá, pelas mesmas razões, para o Rito Francês, agora com o Grande Capítulo Geral de Portugal-R.F. 

O Ritual é o fio condutor, o agregador e o unificador dos trabalhos em cada Sessão e, ao mesmo tempo, o guardião da identidade e solidariedade  maçónica entre todos os Irmãos, pelo que deve ser cumprido com rigor, pois  sob o comando do malhete do VM:., secundado pelos VVIg:. ele organiza e dá resposta aos objectivos iniciáticos que cada Grau tem por finalidade, em cada Sessão,  através da intervenção disciplinada e ritmada dos quadros da loja.

24 de outubro de 2024

Reinterpretar a Maçonaria ampliando o foco

 Com a devida vénia e respectiva autorização se transcreve este artigo do blogue Comp&Esq  

Reinterpretar a Maçonaria ampliando o foco

Autor:  Ivan Herrera Michel

Atendendo a que, como refere o autor: "a Maçonaria é um espaço de verdadeira construção para todas as pessoas sem qualquer distinção" o pequeno texto deste conhecido autor e dirigente maçónico sul-americano, é deveras oportuno e conciso para ajudar a pensar o modo como o tricentenário passado maçónico poderá ser  (re)visitado  por forma a  melhor preparar a Maçonaria para a resistência e simultaneamente  adequação às profundas mudanças tecnológicas, sociais, filosóficas e culturais ao longo do Séc. XXI. O caminho já foi iniciado (não sem dificuldades) pelas mais importantes Obediências do ramo liberal/adogmático em pleno início do Sév.XX, resta agora seguir o caminho, aprendendo eventualmente com os erros. Se até a sempre rígida  e dogmática corrente anglo-saxónica, liderada pela Grande Loja Unida de Inglaterra já se começou a movimentar, só nos resta seguir em frente com o processo inclusivo e filosófico, adequando os cuidados necessários para não subverter os princípios filosóficos e simbólicos fundamentais da Maçonaria, no nosso caso da corrente liberal (em particular).

(seleccionado do Blog «FreeMason.pt» de 09.Set.2024, por «Comp&Esq»)

Sei por experiência própria que é sempre um tema de debate fazer da interpretação da herança maçónica uma ponte entre o seu passado tricentenário e o futuro que se aproxima, num mundo cuja evolução filosófica e tecnológica parece mover-se num carro de corrida, mas a verdade é que a Ordem exige na maioria das suas instituições uma abordagem mais inclusiva e um maior respeito pela diversidade, mantendo inalterada a sua integridade ideológica, sem parecer que está a tentar forçar um elefante a entrar num Volkswagen.

Em suma, quando falamos dos rituais, símbolos e alegorias utilizados na Maçonaria, estamos a referir-nos a uma certa arte de luz e sombra que transmite os seus ensinamentos. Na verdade, a ideia principal é que sejam capazes de comunicar princípios filosóficos e morais que promovam, a nível psicológico, uma metamorfose construtiva ajustada a um princípio de realidade com complexidades infinitas.

15 de outubro de 2024

Grau de Mestre na consolidação da Maç∴ especulativa – uma nova abordagem

 

 Grau de Mestre na consolidação da Maç∴ especulativa – 

uma nova abordagem 

 I – Introdução 

O Grau de M∴ M∴ representa o patamar superior da Maç∴ simbólica, já que é com ele que o Maç∴

atinge a plenitude dos direitos. Todavia apesar da documentação produzida e do ritual (na forma a que 

chegou até nós, nas suas versões mais correntes – R.E.A.A e Rito Francês), tem sido alvo de enorme dispersão e contradição de fontes e sobretudo de muitas interrogações quanto às origens e objectivos, 

apesar de amplamente tratado relativamente ao simbolismo. Algumas das notas que se seguem resultam duma tentativa adicional de pesquisa, com o objectivo de obtenção de eventuais esclarecimentos ou 

respostas complementares, face às dúvidas ou interrogações ainda persistentes quanto às origens, bem 

como ao período da história da Ord∴ e objectivos com que terá surgido (a anterior tentava sintetizar as pesquisas iniciadas a partir do final dos anos 1980). 

Segundo R. Dachez [17], “podemos já medir a que ponto a história deste «terceiro» grau – que não merece talvez este nome, mas preferencialmente o de «primeiro dos Altos Graus» - era singularmente mais complexo do que (não) tínhamos imaginado, talvez afirmado imprudentemente. Longe de ser um seguimento «lógico» dos dois primeiros, ele deu á jovem maçonaria especulativa uma impulsão e uma direcção inteiramente novas, que os próprios fundadores, alguns anos mais tarde, não haviam sem nenhuma dúvida, previsto” 

Para grande parte dos historiadores e estudiosos maçónicos mais conhecidos, p. ex: Alviella [5] e Dachez 

[6] e [17], a estruturação do grau de MM∴, tal como o conhecemos, terá decorrido em Inglaterra ao longo da primeira metade do séc. XVIII (e logo de seguida em França), aproximadamente durante meio século. As suas origens, lenda e ritual, têm sido alvo de diversas análises e outras tantas interpretações, não se conseguindo determinar com precisão as origens, para além de diferentes dados historicamente determinados, já que ao longo deste período existem indícios por vezes contraditórios e/ou confusos, o que constitui obviamente um forte aliciante para os estudiosos e historiadores [18]. 

A consulta da documentação disponível (sites de «M:.M:.» adjacentes ao Blog pessoal – ver Bibliografia), numa primeira fase da abordagem inicial e posterior investigação maçónica, foi importante para obtenção duma perspectiva mais consistente desta etapa relevante da maçonaria e da historiografia maçónica, sem que contudo muitas dúvidas e incertezas se tenham dissipado. 

30 de setembro de 2024

APÓLOGO para APRENDIZES

 

APÓLOGO para APRENDIZES

PERSONAGENS: PORTA; JARRO; COPO DE UÍSQUE; BENGALIM; CACHIMBO; MAÇANETA; CABIDE DE CHAPÉUS; SUPORTE DE LEITURA E MAIS UMAS QUANTAS COISAS;

TEMA: IMBECILIDADE/ADORMECIMENTO


Para Umberto Eco deve-se pôr em cena o que se não pode ver. Assim, e como introdução, vou pedir desculpa aos eruditos capazes de colocar em objectos inanimados, um discurso moral. Vou ensaiar fazê-lo, não a bem da Ordem em geral nem desta Oficina em particular, mas apenas para comprometer e entreter os obreiros neste novo inicio do ano maçónico. Não o farei como os mercadores do oculto (do tipo Cagliostro) que manifestam o gosto pela imprecisão e pela credulidade indiscriminada usando um testemunho que se demonstra intraduzível, antes o farei em tom de brincadeira para cativar a reflexão de cada um. Assim:

A porta, gigante e majestosa estava toda trabalhada com repiques e rococós. Aparentava ser feita a partir da frondosa madeira das florestas do Maiombe na Cabinda ainda portuguesa.

O que poderá estar por detrás dela, perguntava a maçaneta reluzente e de tons dourados, colocada a meio do lado esquerdo? Provavelmente esconde cabeças, perdão, objectos pois isto é um apólogo, capazes de guardar os momentos maiores da virtude e de condenar o pior dos vícios.

Espera aí, - diz o cachimbo de porte garboso, altivo e também trabalhado finamente a partir de marfim-, as coisas podem hierarquizar vícios e virtudes, o mal e o bem ou caracterizar lugares de perdição e de salvação? Estou a ver que queres imitar as bestas que se julgam os reis da Criação apesar de terem uma rectidão moral menos filosoficamente justificada, mas dogmaticamente estabelecida por uma aliança à base da confiança num ser superior que nunca ninguém viu, cheirou ou palpou?

A maçaneta, coitada, pouco habituada a dialécticas exclamou: para aí! pois não entendo as tuas xico-espertices que me parecem, apenas, turvar o que já é suficientemente turvo. Querem ver que te dá jeito repetir as velhas querelas e tensões entre agnósticos e Crentes que o Grande Cisma de 1504 estabeleceu ad eternun entre ortodoxos e canónicos?

24 de setembro de 2024

Stpoicism, Freemansonary and the Modern Man

 

Transcreve-se esta reflexão do sitio  the squaremagazyne.com. Artigo por: Chacón-Lozsán Francisco

(Chacón iniciou-se na maçonaria em 2014 na Loja Renacimiento (Renascimento) nº 222.

Depois, durante três anos, aprendeu os mistérios do primeiro grau lá no Oriente de Barquisimeto - Venezuela antes de viajar para a capital (Caracas) onde foi recebido para continuar a jornada maçônica nas Lojas Libertad Española Nr 101 e Lautaro Nr 197, em 2017.

Por causa da situação política na Venezuela, Chacón migrou para Budapeste-Hungria, aqui os Irmãos o receberam de braços abertos e ele pôde continuar seus trabalhos na Loja Nyugati Kapu (Portão Oeste) Nr 10 e obteve seu terceiro grau em 2023.)

Queridos irmãos, hoje gostaria de trazer-vos  o conhecimento sobre uma interessante forma de pensar filosófica antiga e como essas antigas centelhas de sabedoria poderiam caber na nossa prática da Maçonaria e nas nossas vidas modernas.

Primeiro, gostaria de apresentar o autor, Zenão de Citium, Zeno foi um filósofo grego antigo nascido por volta de 334 a.C. em Citium, Chipre. Ele é mais conhecido como o fundador do estoicismo, uma escola filosófica que se tornou uma das mais influentes nos períodos helenístico e romano. Ele pertencia a uma próspera família de comerciantes e provavelmente era bem educado em vários assuntos, incluindo filosofia. No entanto, a vida de Zenão sofreu uma reviravolta significativa quando ele sofreu um naufrágio, resultando na perda de sua carga e pertences pessoais. Após este evento, mudou-se para Atenas, onde começou a estudar filosofia com vários professores, incluindo Crates de Tebas, um filósofo cínico. A jornada filosófica de Zenão acabou levando-o a desenvolver sua escola de pensamento, que veio a ser conhecida como estoicismo. Começou a ensinar na Stoa Poikile ou Stoa Pintada, uma colunata pública em Atenas, que deu nome à escola estóica. Os ensinamentos de Zenão atraíram muitos seguidores, e sua escola se tornou um dos movimentos filosóficos mais influentes no mundo helenístico.

O estilo de vida de Zenão como filósofo era caracterizado pela simplicidade, autodisciplina e devoção aos seus princípios filosóficos. Seus ensinamentos enfatizavam viver de acordo com a natureza, cultivar a virtude e alcançar a paz interior através do autocontrole e da racionalidade. Leccionou em Atenas, onde atraiu muitos seguidores, e as suas ideias lançaram as bases para a filosofia estóica, que se desenvolveu através de figuras posteriores como Cleanthes, Crisipo, Epicteto, Séneca e Marco Aurélio.

As bases do estoicismo estão enraizadas em vários princípios e ensinamentos fundamentais:

Natureza: Os estóicos acreditavam em viver de acordo com a natureza, que viam como racional e ordenada. Isto implica aceitar a ordem natural do universo e reconhecer o seu lugar dentro dele.

Virtude: A virtude, particularmente a sabedoria, a coragem, a justiça e a temperança, é central para a ética estóica. Os estóicos acreditavam que cultivar traços virtuosos de carácter leva a uma vida eudaimônica – uma vida de florescimento e realização.

Controle: enfatiza focar no que está sob seu controle e aceitar o que não está. Isso envolve distinguir entre coisas que podemos mudar (nossos pensamentos, acções e atitudes) e coisas que não podemos (eventos externos, acções de outras pessoas).

Aceitação: Ensina a aceitação de eventos externos, reconhecendo que, embora não possamos controlar o que acontece connosco, podemos controlar nossas respostas e atitudes em relação a esses eventos. Isso leva a uma maior resiliência e paz interior.

Resistência e Resiliência: O estoicismo defende suportar as dificuldades com coragem e resiliência, vendo os desafios como oportunidades de crescimento e aprendizagem e não como obstáculos à felicidade.

Atenção Plena  e Atenção: Os estóicos praticaram a atenção plena e autoconsciência, esforçando-se para viver o momento presente e prestar atenção aos seus pensamentos, julgamentos e impulsos. Isso ajuda a manter o controle sobre as reacções e emoções.

Indiferença aos bens externos: os estóicos acreditavam na valorização das virtudes internas sobre os bens externos, como riqueza, fama ou status social. Embora não rejeitando totalmente esses externos, os estóicos defendiam uma mentalidade de indiferença para com eles, reconhecendo que eles não garantem felicidade ou realização.

22 de setembro de 2024

EQUINÓCIO DE OUTONO 2024

 


No Hemisfério Norte, o  equinócio de Outono ocorrerá hoje, 22 de Setembro de 2024, às 12:44 GMT.

Festa pagã das colheitas com um significado simbólico, o da renovação, muito ligado aos valores maçónicos.

25 de junho de 2024

O R.E. A. A. - PROGRESSÃO INICIÁTICA, PENSAMENTO LIVRE E SOCIABILIDADE FRATERNAL

 

O  R.E. A. A. - PROGRESSÃO INICIÁTICA, PENSAMENTO LIVRE E SOCIABILIDADE FRATERNAL

Autor:  Ma Àngels Prats

A OFERTA MAÇÓNICA, DIZ-NOS A AUTORA DO ARTIGO, ESGOTA-SE  AO RECONHECER A MATURIDADE DO MESTRE; PORTANTO NÃO HÁ MAIS ALÉM NO QUE RESPEITA A  OFERTA: O MAÇOM É INTEGRALMENTE  MAÇOM AO ACEDER À MESTRIA. PELO CONTRÁRIO, SE HÁ UM MAIS ALÉM NA PESQUISA MAÇÓNICA, NO QUE AO MESTRE MAÇOM SE EXIGE A SI MESMO, NA SUA LUTA PELA VIRTUDE, NA TAREFA DE POLIR A PEDRA BRUTA, INACABÁVEL COMO CORRESPONDE À NOSSA IMPERFEIÇÃO E AO NOSSO IMPULSO ÉTICO DE SER MELHOR. O RITO ESCOCÊS CONFRONTA O  INICIANDO  DE CADA GRAU COM OS ENSINAMENTOS DA TRADIÇÃO, ENTREVISTOS A PARTIR DAS LUZES E DO LIVRE PENSAMENTO, E É UM FORMIDÁVEL ESPAÇO DE LIBERDADE E PLURALISMO, AFIRMA-SE NESTA REFLEXÃO SOBRE OS ENSINAMENTOS CONTIDOS NO 15º GRAU DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO – “CAVALEIRO DO ORIENTE OU DA ESPADA”.


(selecionado e traduzido livremente do espanhol, a partir do original com o mesmo nome, incluído da Revista «Cultura Masónica» Nº 9, de Outubro.2011, por Salvador Allen:. / «Comp&Esq»)


I. PROGRESSÃO INICIÁTICA

Jean-Pierre Lassalle definiu o Rito Escocês Antigo e Aceito como um grande conservatório de Iniciações. Portanto, não como museu, nem como armazém, muito menos como lixeira de traste velhos, mas como espaço vivo, à maneira dos conservatórios de música, onde se pratica a arte, onde se “faz” ou "dá vida” à arte.


À sua maneira, o Rito Escocês — descreve Pierre Mollier [“Au coeur de l’Art Royal le R:.E:.A:.A:.” La Chaîne d’Union, 2009, Nº 2, pp. 91-98] do seu ponto de vista, a partir do museu da Rue Cadet em Paris – propõe-nos uma longa viagem através das grandes tradições da Humanidade. E longa viagem não é uma simples referência retórica, pois o tempo ordinário em que uma pessoa, homem ou mulher (não será necessário reiterar este óbvio ao longo do artigo) acede desde o primeiro ao trigésimo terceiro grau é aproximadamente, entre 15 e 25 anos, valor mais próximo deste último do que do primeiro [a referência normativa, no artigo 18.º dos Estatutos do SCME; e estatísticas, na práxis do Conselho de Governo].

Na minha opinião, os passos do Rito Escocês a partir do 4º grau – desde a entrada, propriamente, nos Altos Graus – devem ser diferenciados do processo do Maçom nos três primeiros graus. O coração da Maçonaria é formado pelos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. O neófito não atinge a plenitude maçónica até ser Mestre, mas, posteriormente, essa plenitude não será afectada pela sua incardinação em um ou outro dos altos graus ou ritos existentes ou a serem inventados. O Maçom é plenamente Maçom ao aceder à Mestria. 


O candidato que se encontrava nas trevas acedeu à Luz no grau de Aprendiz, permaneceu em silêncio, como reconhecimento da sua ignorância e da sua vontade de superá-la; viajou em busca de conhecimento na categoria de Companheiro; e compartilhou a metáfora maçónica central ao ser dramáticamente recebido na Câmara do Meio. "Nec plus ultra": não há mais além. Ou não o há no que poderíamos chamar de oferta maçónica que se esgota ao reconhecer a maturidade do Mestre; Pelo contrário, há um além na pesquisa maçónica, naquilo que o Mestre Maçom exija de si mesmo, na sua luta pela virtude, na tarefa de polir a pedra bruta, inacabável conforme corresponda à nossa imperfeição e ao nosso impulso ético de ser melhores .



Na maioria dos países do mundo, a Ordem Maçónica é composta exclusivamente pelos três graus ditos simbólicos, caracterizados como universais, independentes de qualquer rito. Em Espanha, França e Portugal, não obstante, o Rito Escocês está presente nos graus azuis, embora o Rito, como tal, seja organizado com autonomia da Ordem, através de algum instrumento jurídico / legal que regule as relações entre ambos os níveis. Os graus azuis auto-organizam-se e elegem democraticamente o seu Grão-Mestre. Naturalmente, um maçom pode trabalhar toda a sua vida nas lojas sem nunca ter posto os pés num capítulo, num conselho ou qualquer outro corpo maçónico dos altos graus, cuja oferta, por outro lado, é mais que rica e variada.


Contráriamente aos mitos mais difundidos, os altos graus não interferem em absoluto no governo das potências maçónicas soberanas (se excluirmos, por razões históricas, a Ordem Mista Internacional do Direito Humano -  DRH, na qual fui iniciada, cuja pirâmide do Rito Escocês inclui do primeiro ao trigésimo terceiro grau, ambos inclusivé). Os altos graus escoceses praticados pelos maçons da Grande Loja Simbólica da Espanha (GLSE) constituem o Supremo Conselho Maçónico  da Espanha (SCME), uma jurisdição aberta à assinatura de tratados de reconhecimento com outras potências  simbólicas que desejem unir seus esforços, ecumenicamente , numa estrutura compartilhada.


De uma forma belíssima, o Rito Escocês apela naturalmente à convivência entre os Maçons, qualquer que seja a ênfase que tenham colocado na sua adesão à Ordem, nos graus azuis. O Rito Escocês é, pela sua própria essência, um formidável espaço de liberdade e de pluralismo.


Mas uma vez que o Maçom se aprofunda nos meandros do Rito Escocês, cada um dos graus que alcança é o resultado de uma verdadeira iniciação. Assim, cumpre-se perfeitamente o que foi descrito por Lassalle e Mollier,  ao referirem-se  ao Rito Escocês como conservatório de iniciações.


Nos altos graus escoceses, a progressão iniciática não se refere à aspiração à perfeição do Aprendiz e do Companheiro, que, naturalmente, são chamados um dia ou outro à Mestria, mas estrutura-se em iniciações sucessivas, uma independente da outra, com conteúdo próprio que atinge sua integralidade em cada caso. Por outras palavras: a entrada na Ordem requer indesculpavelmente três etapas, enquanto o itinerário no Rito é absolutamente «à la carte», se me permitem a expressão, e permite que seja culminado  em qualquer um dos seus escalões.


Forçoso é aceitar, porém, que o maçom que atinge o trigésimo terceiro e último grau do Rito Escocês tem à sua disposição uma visão completa do mesmo que é fonte de enriquecimento intelectual e ético, embora a lição suprema já lhe possa ser apresentada antes de começar: a glória do maçom reside exclusivamente no seu avental de Aprendiz, avental que um dia deverá usar novamente...



O Rito Escocês confronta o recipiendiário em cada grau com os ensinamentos da tradição, entrevistos a partir das luzes e do livre pensamento: o veterotestamentário (Antigo Testamento) do 4º ao 16º  Grau, o cristianismo primitivo, nos 17º ao 18º graus, o  ideal cavaleiresco medieval do 19º ao 30º grau, reinterpretado a partir do Renascimento, que atinge seu clímax no grau cardinal de Cavaleiro Kadosch.

De uma forma belíssima, o Rito Escocês apela com naturalidade  à convivência entre os Maçons, qualquer que seja a ênfase que tenham colocado na sua adesão à Ordem, nos graus azuis. O Rito Escocês é, pela sua própria essência, um formidável espaço de liberdade e de pluralismo.


Um espaço exigente, diga-se, porque se nos graus azuis o Aprendiz aspira a ser Companheiro e o Companheiro aspira a ser Mestre, embora não devam exteriorizar o seu desejo senão através do uso de ferramentas racionais, nos graus superiores, o maçom é chamado pela câmara alta a realizar um novo esforço, através do acordo aprovado pelo Supremo Conselho. Isto representa obviamente um desafio, sobretudo, consigo mesmo.

22 de junho de 2024

Solstício Verão 2024

 


O solstício de Verão de 2024 ocorreu a 20 de Junho (quinta-feira) em Portugal, marcando oficialmente o início do Verão.

É mais um ciclo da celebração da vida.

29 de maio de 2024

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

 


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Há 500 anos, Luis de Camões escreveu que:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

Há 2500 anos, o filósofo pré-socrático Heraclito de Éfeso, cidade da Jónia, actual Turquia, escreveu que:

- Nada é permanente, excepto a mudança.

- Tudo flui. Tudo está em movimento e nada dura para sempre.

- Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.

Heraclito é considerado o “pai da dialéctica” e desenvolveu a doutrina da unidade dos contrários, considerando que a “lei secreta do mundo” reside na relação de interdependência entre dois conceitos opostos em luta permanente, mas que, ao mesmo tempo, não podem existir um sem o outro. 

Perante estas tomadas de consciência em tempos tão longínquos, resultantes da constatação prática do pulsar da vida ao longo de muitos séculos e das experiências acumuladas por diversas civilizações, parece que nos dias de hoje nada disto está presente para a grande maioria dos cidadãos.

Sendo o mundo composto de mudança, mostra a história que não existem direitos nem conquistas sociais adquiridas.

No nosso país, vivemos em Democracia há 50 anos, mas a Democracia e a Liberdade não são conquistas irreversíveis, necessitando sempre de ser cultivadas, acarinhadas e permanentemente defendidas.

No entanto, há que manter bem viva a memória democrática de que anteriormente existiu uma ditadura que oprimiu a nossa sociedade durante 48 anos.

A história está cheia de exemplos dramáticos de regimes democráticos liquidados.

Hoje, por toda a Europa, assiste-se ao recrudescimento dos movimentos fascistas que numa percentagem apreciável de países já se encontram nos respetivos governos.

Esta situação muito preocupante é o resultado direto da falência do projeto da Europa Social e a sua transformação numa dependência mercantilista de tráfico dos direitos de cidadania.

Já nas décadas de 1920 e 1930, os movimentos fascistas foram adquirindo gradualmente uma maior relevância política e eleitoral, acabando por dominar a grande maioria dos países europeus.

Seguiu-se a II Grande Guerra que constituiu o maior pesadelo da atual civilização, com mais de 50 milhões de mortos e a destruição generalizada de dezenas e dezenas de países.

24 de maio de 2024

Estado da Arte Real /Desenvolvimento Tecnológico

 

Vou tentar estabelecer uma relação entre o estado da Arte Real no que concerne ao desenvolvimento tecnológico e o que esse pode afectar, alterar, obrigar a adaptar os procedimentos que aqui praticamos.

Talvez possamos caracterizar a situação e a fase de desenvolvimento tecnológico em que nos 

encontramos e ao mesmo tempo caracterizarmos o que aqui fazemos, tentando descobrir como 

um pode afectar o outro.

A FASE TECONOLÓGICA

Convirá separar dois conceitos que por vezes se confundem, que são a Ciência e a Tecnologia. Por definição, a Ciência, desde que Isaac Newton a ajudou a conceptualizar, baseia-se no  desenvolvimento teórico através da dedução de conceitos físicos suportando-se na sua ferramenta natural que é a Matemática. Foi isso que nos permitiu evoluir no estabelecimento de regras e conceitos que explicam, prevêem e predizem o que acontecerá se realizarmos um evento que coloque em contacto partículas e ondas, ou partículas/ondas, de materiais e elementos vários.

Mas para que a Física, a Química e a Termodinâmica, e outras valências evoluam e permitam criar artefactos que nos sejam úteis, precisamos da Tecnologia e, naturalmente, a Tecnologia está sempre “atrasada” em relação à Ciência. Por ser do conhecimento de todos, o exemplo do contributo para o actual Modelo-Padrão do Físico Peter Higgs ( e François Englert) em que previu a partícula que confere massa à matéria no universal Campo de Higgs mostra bem este desfasamento. Peter Higgs e François Englert, separadamente, postularam esta hipótese em 1964 mas a “visualização” (detecção) desta partícula ocorre em 2013. 

Porquê? Porque em 1964 e nos 35 a 40 anos seguintes não existia capacidade tecnológica para construir um Anel Subterrâneo de 27 Km, entre a França e a Suíça, a cerca de 200m de profundidade, que gerasse um campo magnético tão intenso que permite acelerar partículas elementares atingindo energias de biliões de Ev (Electrão Volt) graças a cerca de 1200 Imans, cada um com mais de 35 toneladas. O LHC em operação gera cerca de 300 Gb de informação por segundo (cerca de 23 Peta Byte/Ano) o que leva a que seja necessário um exército de Cientistas para poder estudar tanta informação.

Concluindo, existem dois objectivos claros da comunidade humana e da curiosidade permanente que nos trouxe até onde hoje estamos, o estudo da Ciência que nos permite tentar compreender o que fazemos aqui e como funciona tudo aquilo que nos rodeia, e a capacidade de colaboração entre membros desta espécie para termos a capacidade tecnológica de beneficiar desse conhecimento científico, para criarmos sociedades cada vez mais eficazes em proteger-nos das condições adversas perante as quais, sistematicamente, o Planeta nos desafia. 

DESIGNÍO MAÇÓNICO

Desde o início de tudo em que uns macacos começaram a viver e cooperar graças a realidades imaginadas, em que todos acreditavam e à volta das quais se agregavam e colaboravam, que esta espécie de Sapiens Sapiens se vem impondo para se colocar no topo da Pirâmide Alimentar. De facto, mais nenhuma espécie na superfície do Planeta consegue agregar-se, confiar e cooperar tendo como base realidades imaginadas, como consegue a raça Humana.

8 de maio de 2024

SIMBOLOGIA DO TAPETE EM LOJA NO GRAU DE COMPANHEIRO

 SIMBOLOGIA DO TAPETE EM LOJA NO GRAU DE COMPANHEIRO 

Fazer a interpretação da simbologia do Painel é uma tarefa complexa e sempre inacabada. 

No centro do templo está o painel, é em torno dele que decorrem todas as cerimónias e à sua volta que os Irmãos vão exercitar as suas mentes e trabalhos como maçons especulativos livres e aceites. 

No grau de companheiro, temos de prosseguir os trabalhos e subir um pouco mais, como tal deixamos para trás os três degraus e passamos a ter cinco, significa, pois, que estamos a construir algo, evoluímos no nosso pensar e desenvolvimento de percepção das coisas em si. 

Ao completar o grau de companheiro atingia-se o cume da subida profissional nas corporações dos artesãos da construção dos grandes edifícios da idade media, esta era uma Maçonaria Operativa, aquela que antecedeu a Maçonaria Especulativa, que vigora actualmente. 

Até ao século XVIII somente havia dois graus reconhecidos na Franco Maçonaria, o Grau de Aprendiz e o de Companheiro, durante o período da Maçonaria Operativa o companheiro não era mais que o Aprendiz que serviu durante o período necessário e exacto para se tornar um trabalhador qualificado, com autorização para praticar o seu ofício. 

Com o tempo os mestres eram seleccionados de entre os companheiros com mais experiência e capacidade de liderança, para a condução dos trabalhos e os supervisionar, de forma que os mesmos decorram com a sua devida perfeição e correctos. 

As cinco viagens que o aprendiz faz na sua elevação a companheiro, estão metaforicamente representadas no painel do grau sob a forma de 5 degraus, que dão acesso ao templo onde ele vai ser recebido.

5 de maio de 2024

A Cadeia de União no Ritual Maçónico

 

A Cadeia de União no Ritual Maçónico

«Círculo que se forma no final de uma sessão ritual maçónica. Simboliza a universalidade da Ordem, a união de todos os IIr⸫ à superfície da terra. Uma corrente ou corda luminosa, a que se liga o universo, segundo Platão, corrente de ouro que une o céu e a terra, símbolo dos laços entre os dois extremos do bem. Foi também através das correntes de ferro e diamante, dos encadeamentos do discurso, que Sócrates uniu a felicidade dos homens à prática dos justos.»

É desta forma sintética, alegórica e aos ombros de dois gigantes, dos mais virtuosos da Antiguidade Clássica, que o nosso Ir⸫ José Adelino Maltez descreve este ritual, numa das suas obras.

A Cadeia da União é antiga, remontando à Compagnonnage – a corporação de pedreiros francesa do século XII – onde é conhecida como "cadeia da aliança".   

A formação da Cadeia de União constitui-se como coroamento de uma proveitosa sessão em L⸫, antecede o encerramento dos TTrab⸫ da L⸫ e, geralmente, ocorre apenas nas sessões no primeiro grau. Traduz-se num ato litúrgico que exponencia a fraternidade.

Os IIr⸫ retiram as luvas e reúnem-se, formando uma moldura circular em torno do Painel do grau e dos três pilares (Sabedoria, Força e Beleza). Cada Ir⸫ cruza o braço direito à esquerda para formar uma cruz simbólica de Santo André, unindo as mãos às do seu vizinho de ambos os lados, de modo que a mão direita agarra a esquerda do outro: o primeiro "cobre" e o segundo "apoia". Na tradição do Extremo Oriente, o lado direito corresponde ao yang, ou ao elemento masculino, sendo "o caminho do Céu", enquanto o esquerdo é o do yin, feminino, representando a Terra: "O Céu cobre e a Terra segura".

À medida que as mãos dos IIr⸫ são unidas para formar o círculo, cada Obr⸫ junta os calcanhares em esquadria e, encosta as pontas dos pés, direita e esquerda, correspondentemente com a esquerda e direita dos IIr⸫ adjacentes. O queixo está no peito, os olhos fechados e todos se concentram na "intenção do V⸫ M⸫", mesmo que ela não seja revelada. Os IIr⸫ permanecem silenciosos e meditativos.  

Por fim, o V⸫ M⸫ balança os braços três vezes, em conjunto com todos os IIr⸫, e depois largam as mãos e "quebram" a corrente. Seguidamente, todos os OObr⸫ retornam aos seus lugares.

A Cadeia de União visa a integração de cada membro na cadeia Maçónica Universal, que a todos une pelos elos inquebrantáveis da Fraternidade e Igualdade, já que é efectuada por todos os membros presentes em L⸫, sem distinção de Grau ou Qualidade.

Não existe um elo maior que outro, porque na Instituição Fraternal não cabem hierarquias nem proeminências; todos são iguais no direito, todos estão obrigados ao cumprimento de idênticos deveres.

Todos estão sintonizados e vibram num mesmo diapasão, numa presença indispensável à solidez da cadeia, responsabilizando-se individualmente pela respectiva continuidade.

21 de março de 2024

O equinócio da Primavera 2024

 


O equinócio da Primavera começou este ano na quarta-feira, 20 de Março de 2024. 

Este ano, o equinócio da Primavera começou na quarta-feira, 20 de Março de 2024. É uma data importante que muitos  aguardam ansiosamente, pois esperam que as árvores brotem e que a luz do sol aumente. E com razão: a partir de 20 de Março de 2024, entramos oficialmente na Primavera e ganharemos uma média de 4 minutos de sol por dia até 20 de Junho, no solstício de Verão.

 É um momento astronómico em que a duração do dia é igual à duração da noite. 

Em termos práticos, o equinócio vernal, mais conhecido por equinócio da Primavera, coincide com mais um degrau na transformação de nós próprios.


20 de março de 2024

Serviço Nacional de Saúde (SNS) e Liberdade, Igualdade e Fraternidade (LIF)



SNS e LIF

Proponho nesta Prancha abordar a problemática do SNS não do modo convencional, mas à luz da trilogia maçónica da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Num SNS que sempre teve muitas carências, as carreiras médicas foram o suporte à qualidade dos cuidados, mas foram politicamente atacadas e deturpadas em várias circunstâncias.

Em 1993, na revista “O Cidadão” da Associação Portuguesa dos Direitos dos Cidadãos, nos números 1 e 2 da Revista quer eu próprio quer o Irmão :. José Martí publicámos artigos reflectindo a preocupação sobre a evolução do SNS. Se nessa época se justificava essa preocupação, com maioria de razão se justifica agora, atendendo à recente degradação do sistema.

Numa estrutura de livres pensadores, não se justifica que se pretenda unicidade de opinião sobre assuntos importantes, como é o caso do SNS, mas sim a procura da melhor solução para garantir a sobrevivência de um SNS, dentro da possível pluralidade de opiniões e de modelos organizativos.

Sendo o SNS um pilar fundamental do Estado Social, como Maçons devemos defender um serviço indispensável à população e que tenha algumas características fundamentais: A) Que tenha carácter social e que esteja garantido o acesso a toda a população, sem distinção do estado económico ou de privilégios. 

B) Que a qualidade dos cuidados esteja assegurada, através dos órgãos competentes e independentes do poder político, o que no caso é competência da Ordem dos Médicos.

C) A forma de organização pode variar, como se pode verificar pela experiência dos países evoluídos da velha Europa.

Tentarei de forma resumida dar exemplos de modelos europeus, em particular dos dois modelos mais emblemáticos, implantados há muitos anos e que se mantêm na sua essência, embora com acidentes de percurso e adaptações.

Salientemos desde já que actualmente não existem modelos de concepção pura.

Os modelos que vamos referir são ambos modelos de cobertura universal, que consideram a saúde como um direito de cidadania, sem custos directos para o doente. No entanto apresentam formas de financiamento e de exercício profissional diferentes. 

 Refiro-me ao modelo Bismarckiano, o mais antigo e criado na Alemanha em 1883 pelo governo conservador de Bismark e o modelo Beveridgiano que inspirou o NHS, criado em 1946 no Reino Unido, baseado no plano de 1942 de Lord Beveridge, politico liberal.

16 de janeiro de 2024

Bioética e Acção Maçónica no Espaço Europeu

 


Bioética e Acção Maçónica no Espaço Europeu

Falar em Bioética e Acção Maçónica pressupõe termos presente o significado do que estamos a falar pelo que começarei por aí


A) BIOÉTICA

Socorro-me da Sabedoria da Filósofa e "Eticista" Maria do Céu Patrão Neves para expor o seu Conceito:

"...O neologismo "bioética" sugere pela primeira vez, com pertinência, forjado por VAN RENSSELAR POTER - um Investigador norte-americano da área da Oncologia em MADISON  (EUA) - que publica, em Dezembro de 1970, um Artigo intitulado "BIOETHICS, THE SCIENCE OF SURVIVAL" o qual constituiria um Capítulo da OBRA que publica em Janeiro de 1971, a saber: "BIOETHICS: BRIDGE TO THE FUTURE".

Nesse mesmo ano, no mês de Julho, ANDRE HELLEGERS - um Obstetra holandês da Universidade de Georgetiown em WASHINGTON (EUA) - funda o "JOSEPH AND ROSE KENNEDY INSTITUTE FOR THE STUDY OF HUMAN REPRODUCTION AND BIOETHICS", assim introduzindo o termo "bioética" pela segunda vez, mas desconhecendo a sua utilização anterior..." (1).

Este neologismo - "bioética" - "é cunhado por POTTER e <por> Hellegers com um sentido distinto...inspirado pela preocupação comum de urgência de apreciação ética das consequências dos progressos científico-tecnológicos, respectivamente, para a Vida em geral e para o Homem em particular..." (2).

A BIOÉTICA é, pois, "...uma Ética aplicada à Vida..." (3).

Posto isto compreendemos que os atrás referidos progressos científico-tecnológicos em curso (e de forma tão rápida) possam ter provocado preocupação e, porventura , "choque" com os "Princípios Morais e Éticos" tidos em conta pela Humanidade de então.

Assim, em 1978, foi apresentado o "...Relatório BELMONT pela (primeira) "Comissão de Ética Nacional para a Protecção dos Sujeitos Humanos em Investigação Biomédica e do Comportamento"..." (4) que iniciou o seu trabalho (e motivou outros) acabando por ser sistematizado na OBRA "...PRINCIPLES OF BIOMEDICAL ETHICS" - dos norte-americanos TOM BEAUCHAMP e JAMES CHILDRESS -, publicado em 1979..." e onde são "...enunciados os quatro Princípios bioéticos essenciais, não só na Investigação mas também na Assistência Clínica e nas Políticas de Saúde:

a/ o respeito pela Autonomia...ou a obrigatoriedade do reconhecimento da capacidade que a Pessoa tem de se determinar...exigindo a regra da Veracidade...

b/ a Beneficência...ou a obrigatoriedade de um acção positiva no providenciarem de reais benefícios...exigindo a regra da Confidencialidade...

c/ a não-maleficência...ou a obrigatoriedade de não infligir qualquer mal intencionalmente...exigindo a regra da Fidelidade...

d) a justiça distributiva...ou a obrigatoriedade de proceder a uma distribuição equitativa de benefícios e encargos por todos os cidadãos...exigindo a regra da Privacidade... (5)

7 de janeiro de 2024

DIA DE REIS*

 Com a devida vénia e respectiva autorização se transcreve este poema de Adilson Zotovici

DIA DE REIS*


Lá no céu a Estrela Guia

Do Oriente a iluminar

Reis Magos em companhia 

Cá na terra a visitar


Com presentes de valia

Bom incenso para queimar

Ouro por Sua primazia

Mirra para purificar


Pra brindar a quem nascia

Num humilde, Sacro Lugar

Por sua Mãe Virgem Maria


Baltazar , Melchior, Gaspar

Levaram a JESUS que viria

No céu e na terra Reinar !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif 169