Vou tentar estabelecer uma relação entre o estado da Arte Real no que concerne ao desenvolvimento tecnológico e o que esse pode afectar, alterar, obrigar a adaptar os procedimentos que aqui praticamos.
Talvez possamos caracterizar a situação e a fase de desenvolvimento tecnológico em que nos
encontramos e ao mesmo tempo caracterizarmos o que aqui fazemos, tentando descobrir como
um pode afectar o outro.
A FASE TECONOLÓGICA
Convirá separar dois conceitos que por vezes se confundem, que são a Ciência e a Tecnologia. Por definição, a Ciência, desde que Isaac Newton a ajudou a conceptualizar, baseia-se no desenvolvimento teórico através da dedução de conceitos físicos suportando-se na sua ferramenta natural que é a Matemática. Foi isso que nos permitiu evoluir no estabelecimento de regras e conceitos que explicam, prevêem e predizem o que acontecerá se realizarmos um evento que coloque em contacto partículas e ondas, ou partículas/ondas, de materiais e elementos vários.
Mas para que a Física, a Química e a Termodinâmica, e outras valências evoluam e permitam criar artefactos que nos sejam úteis, precisamos da Tecnologia e, naturalmente, a Tecnologia está sempre “atrasada” em relação à Ciência. Por ser do conhecimento de todos, o exemplo do contributo para o actual Modelo-Padrão do Físico Peter Higgs ( e François Englert) em que previu a partícula que confere massa à matéria no universal Campo de Higgs mostra bem este desfasamento. Peter Higgs e François Englert, separadamente, postularam esta hipótese em 1964 mas a “visualização” (detecção) desta partícula ocorre em 2013.
Porquê? Porque em 1964 e nos 35 a 40 anos seguintes não existia capacidade tecnológica para construir um Anel Subterrâneo de 27 Km, entre a França e a Suíça, a cerca de 200m de profundidade, que gerasse um campo magnético tão intenso que permite acelerar partículas elementares atingindo energias de biliões de Ev (Electrão Volt) graças a cerca de 1200 Imans, cada um com mais de 35 toneladas. O LHC em operação gera cerca de 300 Gb de informação por segundo (cerca de 23 Peta Byte/Ano) o que leva a que seja necessário um exército de Cientistas para poder estudar tanta informação.
Concluindo, existem dois objectivos claros da comunidade humana e da curiosidade permanente que nos trouxe até onde hoje estamos, o estudo da Ciência que nos permite tentar compreender o que fazemos aqui e como funciona tudo aquilo que nos rodeia, e a capacidade de colaboração entre membros desta espécie para termos a capacidade tecnológica de beneficiar desse conhecimento científico, para criarmos sociedades cada vez mais eficazes em proteger-nos das condições adversas perante as quais, sistematicamente, o Planeta nos desafia.
DESIGNÍO MAÇÓNICO
Desde o início de tudo em que uns macacos começaram a viver e cooperar graças a realidades imaginadas, em que todos acreditavam e à volta das quais se agregavam e colaboravam, que esta espécie de Sapiens Sapiens se vem impondo para se colocar no topo da Pirâmide Alimentar. De facto, mais nenhuma espécie na superfície do Planeta consegue agregar-se, confiar e cooperar tendo como base realidades imaginadas, como consegue a raça Humana.
Em Maçonaria falamos de confiança apriorística, que não é mais que, sem conhecermos um qualquer nosso Ir:. de lado nenhum, estamos dispostos a colaborar, ajudar e até sofrer em conjunto, porque alguém que nunca vimos nos merece confiança porque sabemos que acredita nos mesmos valores e princípios em que todos acreditamos. No fundo, este principio maçónico tem como base aquilo que permite a superioridade da raça Humana em relação às demais espécies que habitam o Planeta Terra. Mas ao mesmo tempo a Maçonaria tem ferramentas que tentam instigar a comportamentos conforme princípios e valores que sabemos agregadores da comunidade, mitigando desvios comportamentais, também eles, característicos da nossa espécie. Sabemos que os Sapiens são profundamente competitivos e egoístas dentro do seu grupo, mas tornam-se solidários quando outro grupo ataca o seu. Há um comportamento dual permanente que confronta o egocentrismo e a solidariedade de cada um de nós. Em Maçonaria, como em muitas outras organizações humanas, o que se tenta combater são os vícios característicos da nossa espécie que limitam a cooperação sã entre membros afectando seriamente as possibilidades de sobrevivência de toda a espécie. Se recuarmos aos contemporâneos Buda e Confúcio, ao Cristianismo, ao Judaísmo, aos Templários e a muitos outros grupos que tentam basear o seu comportamento em códigos de conduta que obrigam, permanentemente, a contrariar o nosso comportamento individual que contraria o interesse do grupo, percebemos que a Maçonaria não é mais que um conjunto de códigos comportamentais que tentam incutir-nos a necessidade de sermos rigorosos, serenos, informados, solidários e respeitadores de regras de conduta que poderiam criar sociedades humanas muito mais tolerantes, inclusivas e justas que aquelas que hoje temos, porque sujeitas a interesses que não têm em vista o bem comum, mas sim interesses individuais ou de grupos de interesse perigosamente disruptivos. E é desta perspectiva que teremos que analisar o problema que aqui nos traz e que se centra, como atrás ficou exposto, como pode a tecnologia afectar a nossa prática Maçónica.
Na minha opinião, em NADA! Não detecto qualquer influência do Bosão de Higgs no facto de termos que ser ponderados nas nossa afirmações e decisões tomadas com base em conhecimento. Não consigo descobrir qualquer influência provocada pelo demonstrado entrelaçamento quântico entre duas partículas infinitamente afastadas, no facto de termos que ser solidários e inclusivos para com o outro.
Não vejo como pode a Fusão Nuclear afectar a nossa honorável postura que nos obriga à probidade comportamental, qualquer que seja um qualquer cargo público ou privado que ocupemos.
De facto, poderemos dar como certo alguns factos que intuitivamente parecem evidentes. Se tomarmos como referência os Assírio-Caldeus recuando quase 5 mil anos, será que somos assim tão diferentes?!
Continuamos muito preocupados com normas e procedimentos que nos permitam viver em conjunto de forma organizada. Mantemos uma permanente curiosidade na busca das explicações para tudo o que nos envolve. Lutamos freneticamente para impor a outros grupos aquilo que julgamos serem as melhores soluções para nos mantermos preparados para contrariar os desafios que a Natureza no Planeta nos coloca, e reagimos violentamente quando alguém tenta atacar a Ordem que julgamos ser a adequada para podermos sobreviver. Depois dos Caldeus tivemos os Jónicos, depois o 1º cientista e tecnólogo na Siracusa de Arquimedes, a Igreja obrigou-nos a aceitar Ptolomeu até Copérnico, chegámos a Kepler, Tycho Brae, Galileu e finalmente Newton. Passámos por Faraday, Maxwell e Lorentz, para termos um encontro do 3º Grau com um jovem trabalhador do Registo de Patentes em Berna chamado Albert Einstein e já vamos encontrar um brincalhão que tocava Congas num Bar de Alterne ao fim do dia, numa rua próxima do Caltech, de seu nome Richard Feynman.
E sabem qual a boa notícia, ainda cá estamos! É verdade que Einstein costumava dizer que o actual momento Tecnológico que atravessamos é semelhante a termos uma criança de 6 meses sentada no chão, a quem damos uma lamina de barbear para brincar. Mas se conseguirmos ultrapassar esta fase sem acabarmos todos de Tanga, equipados de mocas e com o cabelo muito ralo por efeito da radiação, imaginemos o Mundo daqui a mais 5 mil anos.
Hoje, nesta fase pré-histórica da informática temos o Fugaku que tem uma velocidade de 442 Peta Flops, ou seja, num segundo, executa 442 vezes 10 levantado a 15 operações. O que teremos daqui a 5 mil Anos?! A resposta parece óbvia! Hoje temos uma população que graças às ajudas externas intelectuais permanentes está já a ser afectada no seu Quociente de Inteligência!? Hoje temos cada vez menos que andar a correr para recolher bagas para comer! Fazemos exercício apenas para nos mantermos activos, mas comandos manuais e de voz cada vez mais nos levam para a inacção. Comemos muito mais que aquilo que precisamos e por isso somos gordos. Compramos muito mais que aquilo que precisamos e por isso as condições para termos um Planeta “amigo” agonizam, e o compramos atrás empregue, não é seguramente para todos. Isto significa que estamos a ficar mais Burros, mais Gordos e cada vez mais sentados, ou deitados, a consultar imbecilidades em terminais vários. Imaginem daqui a 5 mil Anos a continuar por este caminho! Sinceramente parece-me que não será linear o nosso desenvolvimento como poderia parecer das premissas anteriores. Até hoje sempre conseguimos adaptar-nos e foi isso que nos trouxe até aqui.
E vamos conseguir de novo.
Há muita coisa a acontecer, há muita coisa que parece nova, mas a nossa capacidade de adaptação tem sido tremenda desde há 1 milhão de Anos.
A N.A.O. vai ter que continuar a tentar criar ferramentas e a trabalhar incessantemente para combatermos os nossos vícios. O Mundo dispõe hoje de Instituições Globais que dificultam comportamentos egoístas desviantes. Actualmente é cada vez mais difícil fazer o que se quer sem um escrutínio muito apertado.
Os valores da Ética que aqui defendemos são críticos para todo o desenvolvimento Científico e Tecnológico que se decidir fazer. Estamos numa fase do conhecimento que é muito importante. Sabermos decidir aquilo que vamos “descobrir”. O nosso passado mostra que o grande acelerador da investigação é a Guerra. É também uma característica humana. Só após o Iluminismo começámos a investigar pensando também no Bem Comum, mas ainda estamos muito longe de ser esse o principal motivo para a pesquisa. Estamos também a começar a fase da Colonização de outros Planetas. É um processo que vai ser muito rápido, muito mais rápido que imaginamos. Nada como um desafio externo para moderar os impulsos destruidores internos. Vamos ter um papel cada vez mais importante perante todos estes desafios. Assim tenhamos a capacidade de distinguir o essencial do acessório. Só isso nos dará capacidade de ajudar a atacar e actuar sobre o que é realmente importante. Temos que estudar, temos que discutir, temos que discordar civilizadamente, temos que ser positivos e integradores.
Já há disrupção suficiente lá fora e tenho muita esperança de não ter que estar preocupado com o tamanho da Moca e a queda de cabelo dos meus netos e bisnetos.
Isaac Newton, M.'.M.'.
Resp.'. L,', Salvador Allende a Or.'. de Lisboa
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