Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

24 de janeiro de 2017

A Regularidade e a Irregularidade Maçónicas: que fundamentos?




Nas várias áreas da “história oficial” estão consagradas abordagens e mistificações profundamente limitativas dos factos ocorridos e com intuitos de manipulação e de condicionamento das consciências dos povos.
Está suficientemente demonstrado que a “história oficial”, em todos os períodos em que existem registos, foi sempre escrita pelos vencedores e pelas forças hegemónicas que em cada momento desempenharam o papel de grandes potências político-económicas.
É partindo destes factos que podemos analisar melhor a “história oficial” da Maçonaria chamada especulativa que foi, numa apreciável parte, habilmente construída em clara subordinação a poderosos interesses políticos, religiosos e imperiais.
Por outro lado, importa sublinhar que essa história oficial está cheia de contradições e com diversos aspectos que colidem com a mais elementar sensatez.
Não existem registos anteriores a 1717, ao contrário do que acontece com diversas lojas inglesas e escocesas, de 3 das 4 lojas que nesse ano terão constituído a “ Grande Loja de Londres” e que mais tarde esteve na origem da Grande Loja de Inglaterra.
A excepção é a Loja “Ganso e a Grelha” que algumas escassas referências sugerem ter sido constituída em 1691.
A própria acção do reverendo James Anderson surge envolta em aspectos pouco claros, dado que é sistematicamente escamoteado que o início da sua actividade de compilação de vasta documentação maçónica se deveu a um trabalho pago pelo Duque de Montagu, tendo vindo a culminar poucos anos mais tarde, em 1723, na elaboração das Constituições apelidadas de Anderson, mas de que ele foi quase um mero redactor, dado que os verdadeiros inspiradores terão sido, segundo a ampla fundamentação do escritor Jean Barles, George Payne e Jean-Théophile Désagulier.
James Anderson era escocês e pastor presbiteriano, desempenhando as funções de capelão de uma loja em Aberdeen.

De acordo com as tradições maçónicas da época, os capelães e os médicos faziam parte dos quadros das lojas, mas não eram iniciados nem participavam, naturalmente, nas sessões.
Os capelães tinham como tarefa desempenhar funções religiosas como nos casos de falecimentos de obreiros da loja ou mesmo familiares directos e os médicos exerciam a sua função de apoio à actividade maçónica efectuando exames físicos a todos os candidatos à iniciação para detectarem qualquer deficiência física que impossibilitaria a realização dessa iniciação.
Ora, não existem quaisquer registos da iniciação de Anderson, o mesmo acontecendo com Désagulier.
Então, podemos estar perante a criação de lojas maçónicas por elementos que não eram iniciados, ou seja, que não eram maçons.