Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.
(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)
16 de janeiro de 2018
Reflectir e Construir
Em Janeiro de 2017, no Algarve, houve lugar a um debate sobre questões que tocam o Universo Maçónico e não só. Com a devida autorização do Redactor do Documento (Ir.'. José João a representar os restantes Autores do mesmo) que serviu de base ao diálogo que se segiu, aqui se transcreve o «Reflectir e Reconstruir».
Breve Introdução
A. A iniciativa que hoje aqui nos trás foi amadurecido ao longo de meses de reflexão, intenso debate e procura de consensos relativos à eleição de quais os grandes temas, independentemente das vias que venham a ser seguidas, que influenciarão os destinos da nossa Aug:. Ord:. no futuro, a médio e longo prazo, entendendo-se aqui como consensos aqueles cuja natureza e método de construção são virtuosos e resultantes da incessante demanda, em ambiente fraterno, sereno, de Paz, Harmonia e Concórdia entre Maçons Livres, trabalhando a Pedra Bruta em Lojas Livres e soberanas, sem prejuízo, obviamente, da liberdade de consciência, de pensamento e de expressão de cada um de nós. Liberdade essa que, para um Maçon, é um direito e um dever inalienáveis da sua condição de Homem Livre e de Bons Costumes.
B. Como consequência, em 25 de Novembro do ano transacto, reuniram-se informalmente em Lisboa, no Palácio Braamcamp, pela primeira vez, cerca de meia centena de IIr:., provenientes de QQuadr:. de OObr:. de várias Lojas da nossa Obediências, sobretudo das sediadas ao Or:. de Lisboa, com o objectivo de se centrarem no debate franco e sem constrangimentos, embora a coberto, das grandes questões que, na opinião dos organizadores do encontro e dos IIr:. presentes, independentemente das respostas que forem sendo, entretanto, encontradas, irão condicionar no futuro poderes, convicções, modos de estar e equilíbrios no seio da nossa Aug:. Ord:.
Assim, antes que nos confrontássemos com a erupção abrupta dos problemas, iniciámos o caminho lúcido e corajoso da sua identificação atempada com vista à busca de soluções tempestivas, suficientemente amadurecidas e metodicamente planeadas na sua aplicação prática. Todavia, a iniciativa levada a cabo no encontro de dia 25 de Novembro p:. p:., ao Or:. de Lisboa, e que hoje se replica aqui na região do Algarve, não deve ser entendida como um qualquer movimento ou acção rebelde à revelia das estruturas orgânicas do G:.O:.L :. e das suas Lojas. Pelo contrário, trata-se simplesmente de uma manifestação, fraternalmente endereçada às estruturas institucionais da nossa Aug:. Ord :., da sua base ao topo, sem excepção, que tem por propósito transmitir a toda a nossa Família Maçónica o nosso envolvimento e empenho na resolução dos delicados e difíceis desafios que os impactes profundos do processo de globalização e das alterações em curso, nalguns casos dramáticos, de natureza política, social, cultural, e por aí adiante, estão e irão continuar a ter no futuro da Maçonaria Portuguesa. Nós não somos nem seremos uma ilha paradisíaca no meio da tormenta.
A nossa iniciativa teve ainda a virtude, por todos reconhecida, de, em ano eleitoral no seio do G:.O:.L:., transferir o tradicional debate interno limitado em torno de pessoas para o domínio nobre, rico e profícuo das ideias e dos sonhos a realizar.
C. Foram porventura também esta as razões que levaram os nossos IIr:. das RResp:. Lojas (Editado pela Comissão Editorial do Blogue), sediadas no Algarve, sobretudo por parte dos seus VV:. MM:., a juntarem-se incondicionalmente a nós, em Cadeia de União, nesta demanda, alargando assim a torrente forte e o caudal alargado dos IIr:. e das Lojas que se preocupam com o Ser e o Devir das nossas instituições.
D. O que se pretende debater aqui hoje no Algarve, à semelhança do debate havido em Lisboa? A nossa iniciativa tem por objectivo relançar a discussão sobre as grandes questões que afectam a Maçonaria, em geral, no mundo, e o G:.O:.L:., em particular.
A formulação dessas questões, lançadas por nós para o debate, seguiu as seguintes redacções:
1. REGULARIDADE MAÇÓNICA (será que existe?) E RECONHECIMENTO
2. SEGREDO E SIGILO MAÇÓNICOS
3. CONSTRUÇÃO DO TEMPLO INTERIOR E EXTERIOR
4. MAÇON LIVRE EM LOJA LIVRE
5. O PRINCÍPIO DO MONOPÓLIO DA AUTORIDADE TERRITORIAL DAS OBEDIÊNCIAS. HAVERÁ LUGAR A OBEDIÊNCIAS TRANSNACIONAIS?
6. RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E FRATERNAIS ENTRE O G:.O:.L:. E AS POTÊNCIAS DOS ALTOS GRAUS
7. A MULHER NA MAÇONARIA
8. RITO, RITUAL E ADMINISTRAÇÃO
9. HISTÓRIA E VERDADE EM MAÇONARIA
E. Porquê estas questões, em particular? Porque são temas que, independentemente das soluções e respostas que foram tendo ao longo dos tempos, fazem parte da herança genética da Maçonaria.
F. Porquê lançá-las agora a debate e nestas circunstâncias? Por cinco razões principais, a saber:
a) o mundo encontra-se cada vez mais globalizado, facilmente intercomunicável, mais interdependente, em transformações muito rápidas, e a sair da pós-modernidade segundo direcções diversas, umas distintas outras indiferenciadas;
b) A Maçonaria, sem prejuízo das suas Tradições, Usos e Costumes que lhe são constitutivos, tem que recriar permanentemente a sua identidade na interacção com as transformações correntes no mundo profano;
c) Está concluído, em nossa opinião, ao fim de mais de 40 anos, o ciclo de “Pedra” da Maçonaria Portuguesa (G:.O:.L:.), isto é, está concluída a reconstrução do essencial das suas estruturas físicas, orgânicas e administrativas;
d) A proximidade de eleições para Grão-Meste e Grão-Mestres Adjuntos, são momentos particularmente propícios à conjugação interna de vontades para abordagem dos grandes temas que nos preocupam; um debate em torno de temas sobre os quais os IIr:., alargadamente, se possam pronunciar livremente e sem inibições sobre temas com a natureza daqueles sobre os quais pretendemos debruçar-nos, será, seguramente, um precioso contributo para que a voz colectiva se faça ouvir junto de quantos se vierem a propor dirigir no futuro a nossa Aug:. Ord:., tanto nas Oficinas como no Grande Oriente;
e) Não tem havido, por razões que não interessará aqui analisar, entretanto, nem ambiente propício nem condições adequadas, para a construção de qualquer debate sereno e aprofundado, no seio das estruturas institucionais do G:.O:.L:., visando a troca alargada e livre de opiniões sobre os temas em apreço. Daí a opção pelo formato agora seguido.
G. Temos nós ideias preconcebidas ou definitivas sobre os temas propostos? Não. No nosso jantar/debate o objectivo é estimular a livre expressão e o livre debate para, no respeito escrupuloso pela opinião de cada um dos IIr:., regressarmos às nossas Oficinas, na sempre eterna condição de Aprendizes, mais iluminados, confiantes e mais conscientes e críticos relativamente às opções a tomar, electivas, administrativas ou iniciáticas, individualmente e colectivamente, como Dignitários e Oficiais das Lojas, como Grandes Dignitários do Grande Oriente Lusitano ou como simples Obreiros.
H. Quem convidámos para participar no debate? Todos os IIr:. que, na nossa relação institucional e pessoal mais próxima, se predispusessem a acompanhar-nos nesta comprometida e generosa caminhada pelas vias dos nossos mais elevados desígnios. Quem não convidámos? Os IIr:. que, embora merecendo o nosso maior respeito e apreço fraternos já manifestaram pré-intenção de se candidatarem aos cargos de Grão-Meste e de Grão-Mestres Adjuntos, de modo a que esta nossa iniciativa não pudesse ser encarada, à partida, como um a tomada de partido por qualquer candidatura, em fase tão precoce e distante das eleições.
I. Qual a metodologia que propomos que seja seguida no nosso jantar/debate? Como o número de participantes é relativamente extenso, será sugerido aos Ir:. presentes que respeitem os seguintes critérios:
a) que seja concedida a palavra a todos os IIr:. presentes;
b) que cada Ir:. no uso da palavra não exceda 5 minutos de cada vez que intervier;
c) que cada Ir:. no uso da palavra, por razões estritas de economia de tempo, opte por só se referir a três (3) das nove (9) questões as quais, em seu ver, são para ele as que mais atenção e prioridade lhe merecem;
d) que cada Ir:. no uso da palavra não repita argumentos já expostos por ele próprio ou por outros IIr:. que hajam falado anteriormente;
e) que o exercício do contraditório seja feito fraternalmente em absoluto respeito pelas opiniões, formas de expressão e pontos de vista expressos pelos demais IIr:.
J. Esta iniciativa será estendida a outros Orientes, para além do de Lisboa? Os IIr:. que promoveram o presente jantar/debate, se requisitados para tal, darão todo o apoio, com base na experiência adquirida com a presente iniciativa, a todos os IIr:. que, noutros Orientes (ou regiões), pretendam alargar o debate dos temas em apreço.
Or:. de Tavira, em 28 de Janeiro de 2017 (e:.v:.)
O redactor: José João, M.'.M.'.
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