Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

26 de novembro de 2019

TAPETE DA LOJA – Grau de Companheiro


TAPETE DA LOJA – Grau de Companheiro

Realizei este traçado, inspirado na prancha do nosso querido irmão Cândido, “O Que Eu Aprendi” de Março de 2017 e ancorado noutras fontes que estão registadas na bibliografia deste traçado. Enquanto maçom aprendiz depois do difícil trabalho de desbastamento da pedra bruta, foi-me, generosamente, concedida a possibilidade de prosseguir para os desafios destinados aos irmãos Companheiros, aceitando a missão de polir a pedra que procurei, tanto quanto me foi possível, desbastar enquanto aprendiz.
Com efeito, nesta nova etapa, compreendi que o trabalho de polimento a meu cargo enquanto Companheiro conduziu a um processo de transformação que culminou na emergência da pedra Cúbica, sempre com o propósito de atingir uma construção perfeita.
Tal como refere o nosso querido irmão Cândido, na prancha supramencionada, “convosco aprendi (…) a importância do trabalho em Loja, a qual designa uma comunidade de francos-maçons que se reúnem à volta do Templo numa perspectiva simbólica. A Loja é um santuário de aprendizagem mútua onde se aprende a exercitar a inteligência, a usar a razão, a praticar o bem e a justiça, e a aplicar as sábias leis da natureza.
E aprendi também que a loja é um espaço de trabalho, debate e aperfeiçoamento. Não só pessoal mas também colectivo. Não só para nosso bem mas para que aprendamos a fazer, e façamos, o bem para os outros.”
De facto, a passagem da perpendicular ao nível é o fim de um ciclo para o aprendiz, sendo, ao mesmo tempo, para o Companheiro o início de um novo caminho, sem o qual não seria possível atingir a plenitude maçónica.
A simbologia do Grau de companheiro está associada à representação numérica do 2º grau. Por outro lado, o companheiro passa ser iluminado pela Estrela Flamejante que integra a letra “G” no centro, associada à simbologia correspondente, que é considerada a de maior relevância neste grau.
No que respeita à simbologia associada ao número 5, é de sublinhar as cinco viagens realizadas enquanto aprendiz, de que necessitei para aprofundar os meus conhecimentos de modo a compreender e vislumbrar novos horizontes, designadamente no que respeita à Estrela Flamejante.

Tanto quanto pude compreender, no painel do Companheiro a Decoração do Templo é muito semelhante à que se verifica no Grau de Aprendiz com algumas alterações a Oriente e Ocidente.
A Oriente a Estrela radiante de cinco pontas com a Letra G no centro substitui o Triângulo luminoso. Na mesa mais próxima do 1º Vigilante colocam-se o Maço e Cinzel, o Esquadro e Compasso, a Régua e Alavanca, o Nível, a Trolha.que são, afinal,os Utensílios indispensáveis à prossecução das Cinco Viagens.
A Ocidente, ornamentam-se as paredes do Templo com os Cinco Quadros que integram as inscrições correspondentes de que falaremos mais à frente. Os dois primeiros Quadros, colocam-se no lado Norte, o primeiro Quadro próximo da balaustrada do Oriente e o segundo próximo do 1º Vigilante.



Os restantes três Quadros ficam do lado do Sul, o terceiro próximo do 2º Vigilante, o quarto a meia distância entre o Oriente e o Ocidente. O quinto Quadro deve ficar no extremo da Coluna junto ao Oriente.
Desta forma e tal como acima referi, o Painel do 2º Grau, pouco difere do Painel do 1º Grau, sendo que as Romãs são substituídas na Coluna B pela Esfera Terrestre e na Coluna J pela Esfera Celeste. Por outro lado, entre o Compasso e o Esquadro fica a Estrela radiante com o G no centro, passando a haver cinco degraus em vez de apenas três.
No que respeita aos cinco quadros, acima referidos, podemos afirmar que ilustram as cinco viagens que o Aprendiz precisa de realizar para ascender ao grau de Companheiro.

A primeira viagem foi destinada aos cinco sentidos sem os quais não seria possível desbastar a pedra bruta com recurso a duas ferramentas fundamentais; o martelo e o cinzel. O objectivo principal desta tarefa consiste em aprender que sem a força devidamente orientada pela inteligência não é possível articular de forma consequente a matéria e o espírito. Nesta etapa visitam-se os quatro pontos cardeais, onde nos confrontamos com a escuridão do Ocidente, o frio gélido do Norte, o calor tórrido do Sul e, por fim, a Luz brilhante do Oriente. Nesta etapa aprendemos, enquanto maçons, o valor da fraternidade e da tolerância que deve unir todos os homens à face da terra.
Na segunda viagem os instrumentos que o candidato a Companheiro maçom transporta, são a régua e o compasso, instrumentos muito mais leves do que os utilizados na viagem anterior. Com efeito, são instrumentos de precisão, que se destinam a validar o trabalho anterior e têm um carácter eminentemente intelectual. De facto, a régua e o compasso são dois instrumentos de medida, que remetem para a criatividade e o conhecimento, que nos permitem construir, entre muitas outras figuras geométricas, a linha recta e o círculo. No que respeita à linha recta, é de sublinhar que simboliza a forma determinada como devemos prosseguir os nossos objectivos e aspirações, sempre em busca da justiça universal e da sapiência.
Quanto ao círculo, é de referir que nos esclarece quanto aos limites dentro dos quais podemos agir, sem ignorar a orientação que nos é dada pela linha recta.
Na terceira viagem, substitui-se o compasso pela alavanca, sendo que, com este instrumento, é possível aplicar a potência e a resistência, com o auxílio de três pontos de apoio. Simbolicamente a alavanca destina-se ao desenvolvimento da inteligência, regulando e dominando a potencial inércia da matéria.
 Nesta perspectiva, a alavanca (que simboliza a Inteligência), multiplica a força disponível permitindo vislumbrar horizontes que de outra forma seriam inalcançáveis.
A quarta viagem remete para o estudo das Ciências Sociais através do qual podemos compreender os mecanismos que conduzem a um comportamento inteligente, justo e generoso, sendo que o esquadro e o nível são os instrumentos que acompanham o candidato a Companheiro nesta viagem, de modo a incorporar no ritual de passagem dois símbolos fundamentais.
O esquadro remete simbolicamente para a consciência, razão e equidade e o nível para a igualdade, liberdade e direito.
Na quinta viagem, o percurso é oposto ao dos precedentes, não sendo necessário o auxílio de qualquer instrumento. Neste novo e último contexto, propõe-se ao candidato que encontre um novo campo de estudo e de actividade, para expressar uma fase mais elevada que expresse as suas novas aptidões. Trata-se de uma actividade exclusivamente espiritual, onde a meditação tem um papel incontornável, uma vez que conduz à percepção da Luz Interior simbolizada pela Estrela Flamejante.
Neste contexto e tal como refere o nosso irmão Cândido que passo a citar uma vez mais, “o homem deve trabalhar constantemente para alcançar sua perfeição física, moral e intelectual, deve detestar a ociosidade, mãe de todas as misérias e vícios, e procurar a Verdade e a Instrução. O significado secreto, é que o homem, depois de ter cumprido a sua missão na vida, já deve estar preparado para descer para a escuridão do mistério, isto é, para retornar ao nada, ao ponto de partida ou de sua verdadeira origem.”

Meridional Júnior, Comp:.


Bibliographia
- O que eu aprendi   Consultado na net em 19-11-2019
-As cinco viagens   Consultado na net em 21-11-2019
-Jules Boucher  –  A Simbólica Maçónica”, Editora Pensamento Ltda






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