Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

6 de setembro de 2025

Música cerimonial Maçónica

 

 Música cerimonial Maçónica


Autor: Ivan Herrera Michel


Anexo:

interpretações da Música cerimonial maçónica:


 A música cerimonial maçónica não é mais do que a encenação nas Lojas, a partir do século XVII, de um saber cultural muito antigo e profundamente enraizado na humanidade, que parece ter surgido no período Paleolítico Superior, há pouco mais de 40.000 anos. Os antropólogos concluíram que as flautas já eram usadas em contextos rituais nessa época, tendo encontrado na actual Eslovénia uma feita de osso de urso, datada de há cerca de 43.000 anos, que se discute ser dos Neandertais, e outra na Alemanha, feita de marfim de mamute, de há cerca de 35.000 anos, que se atribui aos Cro-Magnons.

29 de agosto de 2025

O futuro do trabalho num mundo de robôs e de inteligência artificial

 


O futuro do trabalho num mundo de robôs e de inteligência artificial

Autor: Rogério Colaço



A questão central já não é se será, ou não, possível que todo o trabalho humano possa ser substituído por máquinas, mas se a existência da IA nos coloca perante uma utopia ou uma distopia.

O saudoso professor e filósofo Agostinho da Silva afirmava que “o homem não nasce para trabalhar, nasce para viver e para criar, para ser poeta”. A verdade é que a incrível aceleração do desenvolvimento tecnológico a que assistimos no presente mostra que essa utopia nunca esteve tão perto. De facto, quando no verão de 2023, a Universidade de Harvard anunciou que tinha contratado um robô como professor do programa de ciências computacionais, tudo mudou no mundo do trabalho.

19 de agosto de 2025

Maçonaria, Gestão e a Loja - Reflexões

  


                                                                                    
 

Maçonaria, Gestão e a Loja - Reflexões





Por considerarmos importante revisitar algumas reflexões expressas no presente trabalho, tomámos a liberdade de o publicar de novo, revendo algo o que conjugado com os  trabalhos que se indicam a seguir, poderá servir eventualmente de guia útil aos diversos candidatos a Luzes da Loja, nomeadamente ao de Venerável Mestre.

Antes de mais recordemos que os IIrs:. devem meditar com cuidado (auto-analizando-se se estarão nas condições mínimas), antes de eventualmente aceitar uma proposta de candidatura aos Cargos para que são indicados, tendo todavia em conta a opinião maioritária do colectivo da  Loja, a que se deverão sujeitar, sempre que possível e sem atropelos significativos na sua vida privada).

Este texto surge no seguimento de cinco outros ("A Loja Maçónica como modelo Organizativo particular", 10.Dez.2014; "O Exercício do Veneralato" - 14.Jan.2017; "Maçonaria nas Redes Sociais" - 04.Abr.2024;  e  "Planificar, Edificar e Realizar" - 26.Ago.2019; e "Quatro Hábitos dos Líderes Maçónicos de Sucesso" - 08:Out.2024); que já apresentámos  neste Blog, abarcando o tema.

Achámos pois interessante chamar a atenção, de novo, para o mesmo assunto. Como é do conhecimento comum, ninguém nasce predestinado e independentemente das características pessoais de cada Ir:. tudo se aprende, tudo se estuda e o colégio da Loja, bem como todos os IIr:. do colectivo, têm aqui um importante papel de ajuda e potenciação ao exercício progressista dos diversos cargos, até ao Veneralato -  (p' Comissão de Gestão do Blog - Salvador Allen:. - M:.M:.)

9 de agosto de 2025

Será a Maçonaria “Woke”?

 




Será a Maçonaria “Woke”?


Autor: Ivan Herrera Michel




 Na realidade, a pergunta não pode ser respondida com um simples sim ou um simples não, porque se deve necessáriamente partir do pressuposto de que existe um velho romance entre a Maçonaria e o envolvimento social que remonta às suas origens iluministas. A dificuldade surge quando a palavra “woke” [1] é utilizada de forma pejorativa contra todo o tipo de iniciativas progressistas, gerando uma carga semântica ambígua e um uso polarizado.

De facto, foi-me ensinado desde o primeiro dia que a Ordem trabalha em prol da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade e que, desde os seus primórdios, foi um refúgio de livres-pensadores que defendiam ideias relacionadas com o progresso, a liberdade de pensamento, a liberdade de consciência e os direitos do homem e do cidadão, entre outros. Por seu lado, a Real Academia da Língua Espanhola, em resposta a uma consulta que lhe foi feita,  respondeu a 7 de Abril de 2021 que

29 de julho de 2025

A Maçonaria na sua hora crítica - o vèu rasgado

 


A Maçonaria na sua hora crítica - o vèu rasgado 


Autor:  Iván Herrera Michel             

 


Durante anos, evitei diagnósticos apocalípticos sobre a Maçonaria, mas creio que chegou o momento de uma reflexão crítica (sem deixar de ser fraterna) sobre os seus desafios actuais, vistos a partir dos seus números, das suas tensões internas e pela sua fragmentação global. E escrevo isto sem qualquer intenção de polemizar. Há sinais, sintomas e dados ao longo do caminho que já não podem ser disfarçados com discursos de ocasião nem com banquetes de aniversário.              

A Maçonaria, que durante séculos se gabou da sua perfeição como regra, enfrenta hoje um preocupante desequilíbrio interno. Os seus pilares estão a ranger sob tensões doutrinárias, disputas de poder e um êxodo silencioso de membros, a tal ponto que não é exagero dizer que a sua relevância pública e a sua capacidade de inspirar as novas gerações devem ser objecto de sérias reflexões.               

Desde tempos remotos que a Ordem abraçou duas correntes principais, quase irreconciliáveis, cujas

11 de julho de 2025

O Cerco Diplomático que Imobiliza a Maçonaria masculina e divide a Ordem

 



O Cerco Diplomático que Imobiliza a Maçonaria masculina e divide a Ordem


Autor:  Iván Herrera Michel

                


A história da Maçonaria não pode ser contada sem mencionar a sua política inter-obediencial, porque também aí se vem jogando o destino da Ordem.             

O que é apresentado como respeito por uma tradição partilhada tem sido frequentemente instrumentalizado para construir um circuito interno chamado "regularidade", que constitui um modelo diplomático que agrupa as Grandes Lojas masculinas do mundo sob uma estrutura de poder extremamente eficaz que, durante mais de um século e meio, foi centralizada pela Grande Loja Unida de Inglaterra (GLUI /UGLE), que convertida por si própria no epicentro e árbitro do que pode ou não ser chamado de Maçonaria.

 O que temos diante de nós é um cerco diplomático altamente eficaz, constituído por uma rede de condições tácitas que impede inúmeras Grandes Lojas masculinas de exercerem a sua política externa de forma autónoma, por receio de perderem o apoio de uma autoridade que elevaram ao posto de reitor

29 de junho de 2025

Séc. XXI - Actualização da Maçonaria versus Sociedade, ou o caminho da Incerteza

  




Séc. XXI - Actualização da Maçonaria versus Sociedade, ou o caminho da Incerteza



 

I - Introdução

A Maçonaria, uma das mais antigas e enigmáticas instituições fraternais do mundo, carrega consigo séculos de tradição e uma forte conexão com valores como a Liberdade, Igualdade, Fraternidade e aperfeiçoamento individual   da pessoa humana. A maçonaria não é uma religião, sendo contudo muitas vezes associada a crenças espirituais. É contudo uma instituição que transmite os seus conhecimentos, membro a membro,  através de rituais carregados de símbologia e alegorias

A Maçonaria ao longo da sua história, tem procurado adaptar-se às sucessivas mudanças sociais e culturais, ao mesmo tempo, que tenta preservar os princípios e valores que a definem. No século XXI, o impacto das novas tecnologias e a modernidade dos costumes e novas hábitos e ideias sociais representarão um novo e enorme desafio para a Instituição. Estas notas que vos apresento procuram explorar / perspectivar a forma como a Maçonaria poderá lidar com a revolução digital e as novas «modas» sociais, bem como interiorizar e envolver-se nas novas tecnologias, quanto baste, sem perder a sua essência, enquanto tal.

17 de junho de 2025

A Maçonaria é uma Instituição Ocultista ?

 



A Maçonaria é uma Instituição Ocultista ? 


Autor: Iván Herrera Michel



Recebi um e-mail de uma pessoa que não é me

mbro da Ordem, perguntando-me se a Maçonaria é uma instituição esotérica e pedindo-me que confirmasse a sua forte suspeita de que os maçons são ocultistas.

A este respeito, conheço muitos maçons que se apressariam a contestar categoricamente que a Ordem sem ocultismo não é Maçonaria, e muitos outros que rapidamente afirmariam  que a sua doutrina se limita a ser "uma alegoria moral ilustrada por símbolos", que nada tem a ver com as ciências ocultas.

Eu, olhando à minha volta, não vejo as coisas tão preto e branco, e reconheço ao mesmo tempo, numa pluralidade inegável, maçons racionalistas, ocultistas, cristãos, a falar de ética e moral, professando espiritualidades ateístas, a aceitar as anteriores sem problemas de maior, em nome da tolerância, e a um variado etc…  

29 de maio de 2025

O G.A.D.U. na Tradição Maçónica Francesa. Problemas Históricos e mal-entendidos.

 


O G.A.D.U. na Tradição Maçónica Francesa. Problemas Históricos e mal-entendidos.


Autor: Roger Dachez




Visualizamos novamente este interessante artigo de Roger Dachez ( inicialmente publicado neste Blog em Out. 2016), pois estamos em crer que apesar de decorridos 16 anos após a sua apresentação inicial, e do muito que se escreveu no passado e desde então se terá escrito, sob este tema «fracturante» entre a Maçonaria «adogmática / liberal» e a «dogmática / anglo-saxónica», pela interpretação divergente (entre ambas), mantendo deste modo,  plena actualidade e interesse. ( pel' Comissão Editorial do Blog «Comp & Esq» - Salvador Allen:. M:.M:.)


“ recupero este antigo e interessante trabalho do Ir:. Roger Dachez, que nos apresenta de forma aberta uma reflexão clara sobre a figura do  G.A.D.U. e da sua presença no  corpus maçónico francês e dos problemas de entendimento e mal-entendidos registados” - V.G. (Victor Guerra)

Primeiro de tudo, quero agradecer o convite especial para participar nesta reunião da  Cornerstone Society, como um estudioso da Maçonaria - pois parece que é assim que sou considerado com certa indulgência por algumas pessoas - e, em seguida, sim como estudioso da Maçonaria, é conhecido o meu interesse pelos trabalhos desta Sociedade. Sinceramente sinto-me honrado por estar aqui hoje.

Vinte anos atrás, quando fui introduzido na pesquisa e investigação maçónica pelo meu professor,  o irmão René Guilly - um estudioso altamente respeitado sob o pseudónimo de "René Desaguliers" - que me disse que, sendo britânica a origem da maçonaria não se

29 de abril de 2025

Porquê ser Maçom no Século XXI ?

 





Porquê ser Maçom no Século XXI ?


(publicado inicialmente no Blog «Comp&Esq» em 17:jul.2019 - actualizado e revisto à data desta republicação, em conformidade com a parceria mútua acordada entre as respectivas gestões)




I – Introdução – A Maçonaria, a Globalização e o estado do Mundo


A globalização suportada no avanço vertiginoso e implacável das novas tecnologias impôs mudanças aceleradas nas sociedades, novos padrões de vida, novos comportamentos, modos de vida e mentalidades. Sobretudo “programou” (via impacto das Redes Sociais «apoderadas» pelos novos oligarcas multimilionários, meios de comunicação não independentes, «fake news», etc,) as mentalidades da generalidade das pessoas, dos povos e nações, quase sempre em sentido oposto aos princípios que defendemos enquanto Maçons. Recentemente, podemos citar como exemplo, a última campanha de Trump como efeito paradigmático, para quem eventualmente tivesse dúvidas....

11 de abril de 2025

O Homem, o Maçom e a Maçonaria

 



O Homem, o Maçom e a Maçonaria


Autor: Hércule Spoladore 


Com a devida vénia e autorização do Blog «Comp&Esq» («Compasso e Esquadro»), com quem temos uma parceria activa e fraterna, tomamos a liberdade de publicar este interessante trabalho, para apreciação dos IIrs da NRL:. e dos nossos leitores


O Homem é um ser complexo, estranho e imperfeito. Às vezes se julga senhor do mundo e às vezes em depressão, ou quando algo na sua vida não está bem se sente muito pequeno inútil e destruído. Nos seus momentos de fantasia, aspira ser Deus, sendo que jamais poderá vir a sê-lo.

Quer ser imortal, pois não admite a morte, mas nunca se lembra que se perpetua através dos seus genes nos seus descendentes.

É um ser gregário, aliás, condição vital para sobreviver. Desde os tempos das cavernas ele aprendeu a viver em grupo. É curioso. Pergunta muito, muito embora não tenha respostas para causas maiores da sua existência. Isto traz-lhe um conflito existencial muito grande. Quer conhecer a todo custo o que se passou com as civilizações anteriores e quer entrar em contacto com seres inteligentes do Universo.

26 de março de 2025

ADORMECIDO (quod omnis probus liber)

 

ADORMECIDO

(quod omnis probus liber)

Tibúrcio, era um jovem como outro qualquer evidenciando ainda no rosto as pequenas sequelas de acne juvenil, mas já com traços de alguma maturidade, que não os exteriores (como a barba cerrada ou as expostas rugas frontais) mas, sobretudo, os interiores-aqueles que são só dele e, portanto, intransmissíveis. Muito sociável tinha de todos uma atenção especial podendo constatar-se que estava plenamente integrado na comunidade a que pertencia.

Estudioso, atento e sensível encaixava-se bem naquilo que os Antigos denominavam de Artes Liberais, ou seja e como deixou escrito um dos Pais do Empirismo de seu nome John Locke, …interrompia bem o santuário da vaidade e ignorância que é uma obrigatoriedade do entendimento humano…Também aderiu ao pacto social-necessidade imperiosa para quem quer viver em comunidade-e procurava nos laços comuns da sociedade (justiça, tolerância e igualdade) o ponto de encontro entre a sua interioridade e o que lhe era dado pelo mundo sensível, aliás, num processo absolutamente racional e comum a toda a humanidade que assim evoluiu per secula seculorum ad nauseam.

Num determinado momento decidiu-se por um caminho iniciático, isto é, entrar no mundo do invisível que não significa transcendente, antes pelo contrário, porque apenas procurava o que de indizível havia no que é evidente. Este processo, pejado de barreiras, levou-o a acantonar-se, melhor dizendo, deu por si num meio restrito, quase secreto, mas de uma riqueza simbólica e interpretativa que o deixava deslumbrado.

Claro que isso lhe custou a perda de popularidade junto dos que, alegremente e sem consciência de tal, se mantinham atidos a uma estruturação social profundamente assimétrica e onde os contrários (riqueza/pobreza; ignorância/sabedoria; evolução/criação; bom/mau ou belo/feio;) erguiam templos ao vício, indignidade e desigualdade.

Naturalmente, e quase sem dar por isso, foi crescendo interiormente afastando-se, lenta e gradualmente, de um mundo que lhe era favorável, mas que deixou de ser interessante que é como quem diz, cavou masmorras intransponíveis para que a vaidade, arrogância e ignorância não mais o atingissem.


Demorou algum tempo (substantivo e respectivo conceito a que ele se agarrou para ligar o que lhe parecia descontínuo e desconexo) a perceber que se sentia isolado, e nos entretantos da sua maturidade interior, sustentada nos vários degraus da escada iniciática, descia amiúde à profanidade do mundo que decidira abandonar dando-se conta que, afinal, era muito parecido com aquele núcleo restrito a que aderiu com a diferença fundamental de que uns exibiam os seus vícios profundamente convictos de tal e os outros disfarçavam o que mais podiam, e quando diz disfarçavam, é no seu sentido mais restrito, ou seja, não queriam mesmo nada verem-se livres dos vícios, antes os escondiam com ferramentas da Ordem a que pertenciam pendurando à cintura utensílios de um enorme significado e valor ou com sinais, toques e palavras de uma responsabilidade sagrada (no sentido etimológico do termo) e legítima.

Devido à sua solidez mental construída, passo a passo e de acordo com uma tradição geometricamente sustentada, não se deixou ir abaixo, antes pelo contrário, continuou empenhadamente a calcorrear o caminho da Luz que derrotou as trevas podendo pronunciar-se como o conhecimento que tudo ilumina e esclarece as zonas cinzentas.

Lançamento de Livro- A Voz/Vox

 


20 de março de 2025

Equinócio Primavera 2025

O equinócio da Primavera começa este ano na quinta-feira, 20 de Março de 2025, precisamente às 10h01? 

As árvores começam a brotar e o sol brilha com mais intensidade e assim  ganharemos uma média de 4 minutos de sol por dia até 21 de Junho, o solstício de Verão.

Mas o que é exactamente o equinócio? É um momento astronómico em que a duração do dia é igual à duração da noite. Simbolicamente, é mais um ciclo vital, a Renovação, que para os Maçons é entendida como regeneração.





11 de março de 2025

SOBRE O MEU NOME SIMBÓLICO MIGUEL TORGA

 

SOBRE O MEU NOME SIMBÓLICO

MIGUEL TORGA

Introdução

A escolha de Miguel Torga como nome simbólico reflecte não apenas a admiração pela sua obra, mas também uma identificação pessoal com a sua trajectória e valores. Como transmontano, vejo em Torga um espelho da minha própria identidade, da ligação profunda com a terra e da resiliência característica da região. A sua literatura expressa a dureza e a beleza de Trás-os-Montes, bem como os valores universais de liberdade, fraternidade e igualdade, que são também pilares da maçonaria. Neste texto, analisarei as razões para esta escolha, traçando paralelos entre a sua obra e os ideais maçónicos.

Miguel Torga, a resistência e a identidade transmontana

Miguel Torga nasceu em São Martinho de Anta, Trás-os-Montes, uma região de paisagens áridas e povo resistente. Essa geografia moldou o seu carácter e a sua escrita, onde a terra não é apenas um cenário, mas um elemento vivo que determina o destino dos homens.

A escolha do seu nome literário, "Torga", não foi aleatória. A torga é uma planta resistente, capaz de sobreviver em solos pobres e condições adversas. É uma metáfora perfeita para o povo transmontano, que, apesar das dificuldades, mantém a sua força e a sua identidade. Essa resistência também se reflete no próprio Torga, que enfrentou a censura, a perseguição e desafios ao longo de sua vida, mas nunca abandonou sua integridade literária e pessoal.

No poema "Transmontana", ele expressa essa ligação com a terra:

"A mão que lavra é a mesma que acaricia,

A mesma que ergue o pão e a poesia.

Se canto, é porque ouço a melodia

Das águas a correr na geografia

Da terra onde ser homem é mais raro."

A resiliência da planta torga e a força do povo transmontano são expressões da mesma essência: uma capacidade de resistência e adaptação, valores que também são centrais na filosofia maçónica.

Os valores da maçonaria e Miguel Torga

A maçonaria é uma tradição filosófica e iniciática que valoriza a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Embora não haja evidências de que Miguel Torga fosse maçom, a sua obra e trajectória reflectem muitos dos ideais maçónicos. A sua literatura manifesta uma busca constante pela verdade, pela justiça e pela superação das limitações impostas pelo meio social e político.

1. Liberdade: Torga foi um homem livre no pensamento e na escrita. Opôs-se ao regime do Estado Novo e nunca permitiu que a censura limitasse sua visão de mundo. No poema "Libertação", ele afirma:

"É preciso nascer de novo,

Recomeçar sempre,

Quebrar as correntes

E sonhar a vida

Como um perpétuo começo."

Essa ideia de renascimento constante e luta contra as correntes da opressão ressoa com o ideal maçónico de libertação intelectual e moral.

2. Igualdade: Na sua obra, Torga dá voz aos camponeses, trabalhadores e figuras anónimas, valorizando as suas lutas e desafios. Ele acreditava na dignidade de todos os homens, independentemente de sua posição social. Essa visão reflecte o princípio maçónico de que todos são iguais.

3. Fraternidade: A solidariedade e a comunhão com o outro são temas recorrentes em seus escritos. No Diário, ele escreve:

"A grandeza do homem está na sua humanidade, no seu gesto solidário, na sua capacidade de se erguer acima das pequenas mesquinharias da vida."

Esta Visão reforça a importância da fraternidade como um valor essencial para a construção de uma sociedade mais justa e humana.

A "Pedra de Sísifo" e a Jornada Maçónica

No poema "Pedra de Sísifo", Torga apresenta o esforço incessante de Sísifo como um ato de resistência e persistência. Esse conceito pode ser relacionado à simbologia maçónica das pedras bruta e polida. A pedra bruta representa o homem no seu estado inicial, ainda imperfeito, enquanto a pedra polida simboliza o aperfeiçoamento moral e intelectual, alcançado através do trabalho constante sobre si mesmo. Tal como Sísifo, que reergue a pedra indefinidamente, o maçon jamais considera a sua jornada concluída; ele trabalha incessantemente para lapidar a sua pedra, mesmo sabendo que a perfeição absoluta é inalcançável.

Apresentação do “Nome Simbólico” do Eterno Aprendiz

 

Título:     Apresentação do “Nome Simbólico” do Eterno Aprendiz                                                   

                  (“Rodrigo”)

Subtítulo : “No intervalo entre os nossos pensamentos…está o conjunto infinito de possibilidades”...

A) Introdução

Editado pela comissão Editorial do Blogue e querido Irmão, telefonou e disse: 

“Tens que apresentar uma prancha mui simples…sobre o Teu nome Simbólico….”.

Confesso que fiquei surpreendido, porque a resposta a este desafio é, na verdadeira acepção da Palavra, um dos Temas Centrais do Percurso Filosófico.

Para explicar como escolhi o Nome Simbólico, por certo, tenho que responder à pergunta: 

“Quem sou Eu ?”

Desde tempos imemoriais, todas as Escolas de Filosofia, mas também os principais Poetas, Escultores, Músicos….e até Economistas e Juristas … debruçaram-se sobre três temas fundamentais:

O Que é Deus ?

O que é o Universo e como surgiu este “Mundo” que me rodeia ?

E a pergunta magistral e mais difícil -> “Quem sou Eu” ?

E é um desafio relevante, porque para explicar o “Nome simbólico”…e responder à pergunta “Quem sou Eu”…. Tenho que conseguir “entender” e “explicar” aquilo que é PERMANENTE e o que é TRANSITÓRIO… em mim…na minha vida….

Para responder ao desafio do Venerável Mestre optei pela seguinte via de reflexão:

Explicarei qual é a importância do “Nome simbólico”;

Mencionarei os dois pilares fundamentais que percorri, para escolher este nome simbólico, ou seja, a “Razão” e a “Emoção”;

Justificarei a escolha do “nome simbólico”, mencionando os factores de enquadramento que pautam o meu percurso pessoal….

B) A importância do “Nome Simbólico”

A escolha do nome simbólico do Eterno Aprendiz ( i.e do Maçom) e a resposta à pergunta filosófica "quem sou eu?" podem ser vistas como processos complementares, ambos relacionados com a compreensão da verdadeira identidade, autoconhecimento e transformação pessoal.

No contexto da Maçonaria, o nome simbólico de um maçom é atribuído durante o processo de iniciação. 

É utilizado como uma forma de representar a nova identidade do iniciado, que  se afasta gradualmente do "antigo Eu"; e inicia uma jornada de autodescobrimento e aperfeiçoamento. 

Esse nome simbólico carrega um significado profundo, muitas vezes associado a valores, virtudes ou figuras históricas, que inspiram o Eterno Aprendiz  (Maçom) na sua jornada espiritual e filosófica.

Em relação à pergunta filosófica " quem sou eu ? ", o nome simbólico do Maçom pode ser visto como uma resposta que abrange, de forma clara e inequívoca, os níveis simbólicos e metafóricos. 

A Maçonaria busca o aprimoramento moral e intelectual do indivíduo, convidando - o a reflectir sobre sua própria identidade e a questionar as suas motivações e acções no mundo. 

O nome simbólico pode ser interpretado como uma representação da pessoa que o maçom aspira ser — alguém em constante evolução, em busca de sabedoria, verdade e fraternidade.

Essa reflexão filosófica de "quem sou eu?" vai além do simples entendimento da identidade individual; pois implica uma exploração do "eu" em relação ao TODO, ou seja, requer uma análise multidimensional, que abrange as vertentes filosóficas, éticas e/ou psicológicas . 

Para os Irmãos que abraçaram esta escolha e pertencem à Maçonaria, este périplo filosófico está ligada ao conceito de "trabalho sobre si mesmo", uma forma de autotransformação que visa a ascensão espiritual e moral, assim como o aperfeiçoamento do carácter.

Portanto, a escolha do nome simbólico, deste Eterno Aprendiz (Maçom), é um levantar do véu, nesse percurso infinito, situado no Presente fora do Tempo, que visa entender quem sou…

Entrelaçam-se (Nome Simbólico e Verdadeiro Eu), pois ambos são expressões de uma jornada de autoconhecimento, onde a identidade pessoal se transforma em algo mais Universal, muitas vezes transcendendo o indivíduo em direcção ao colectivo, ao divino e ao ético.

O nome simbólico do maçom pode ser, assim, uma metáfora do Ser em constante busca da verdade, consubstanciada no entendimento do seu verdadeiro propósito no Mundo.

9 de janeiro de 2025

A Loja Maçónica como espaço de coexistência entre crentes, agnósticos e ateus Uma reflexão sobre a sua coexistência

 


Com a devida Vénia e repectiva autorização se transcreve esta reflexão do João Soares

A Loja Maçónica  como espaço de coexistência entre crentes, 

agnósticos e ateus 

Uma reflexão sobre a sua coexistência 

Como abordar o tema? Numa sistemática comparação socorrendo-nos a uma disputa proporcionada pelo argumentário filosófico e científico das diferentes formas de se estar, ou identificando a plataforma comum de coexistência proporcionada pelos valores subjacentes que a nossa vivência Maç nos oferece?  

A segunda opção arrasta consigo os alicerces que nos unem, seguramente, mas ficará manca e desprezaria toda a riqueza do pensamento e reflexão filosófica humana se por aqui ficássemos. Aliás, será destas diferentes formas de se estar, intimamente ligadas à nossa natureza e diversidade biológica que emanará a riqueza colectiva da humanidade.  

Por norma a consequência, diz-nos todo o processo histórico, não é este, mas o seu contrário: lutas fratricidas, processos bélicos, divisões e a consequente intolerância, ausência de fraternidade, de esperança e de caridade, só para citar alguns dos nossos azimutes valorativos.  

Assim sendo, talvez o propósito da nossa vivência Maç seja este mesmo, isto é, não menosprezar a dialéctica associada à temática, mas sim, promovendo-a e, de forma inteligentemente modulada tentarmos chegar a corolários, não disruptivos, mas agregadores.  

Tarefa aparentemente difícil se reduzirmos esta reflexão a um campo de batalha argumentativa onde o dogma e a sua aceitação ou o seu repudio sorva toda a riqueza da reflexão filosófica.  

Tentemos, portanto, contrariar esta propensão e descerremos o nosso espírito e potencial intelectual à globalidade do assunto em apreço. É isto que nos propomos nesta reflexão.  Comecemos então pela nossa natureza já que ela nos ilumina e abre mundos no potencial que encerra, mas que também nos limita à realidade biológica a que estamos agrilhoados. E reforço a ideia de acorrentados já que, na perspectiva original cartesiana que nos ofereceu o método científico, tudo para além do resultado das interacções neuronais dificilmente tem espaço na dialéctica, a arte de raciocinar com método. Ficamos, portanto, vedados fechando todas as portas à consideração de realidades para além desta limitação biológica, ou seja, nesta perspectiva, o homem dificilmente se poderá sublimar para além da sua natureza embora encontremos inúmeros exemplos desta tentativa nas artes, na literatura  e na poesia quase como que em grito desesperante de libertação da sua limitação biológica.  

Isto para dizer que na actualidade um dos limites do conhecimento humano se encontra na mente humana. O outro encontra-se na física teórica, mas quanto a este lá chegaremos.  

Duas fronteiras que não podem ser menosprezadas nesta reflexão, ainda que o tema possa evoluir espontaneamente para a temática do transumanismo; mas isto seria outra discussão ainda que e seguramente necessária de se ter.  Voltemos à nossa natureza, à nossa biologia e como referido, ao limite do conhecimento nesta área, o cérebro, a mente e a consciência numa abordagem epistemológica já que a ciência é um produto da mente humana e tenta dar esta explicação.  

Esta reflexão para ser séria carece de rigor semântico, já que sem ele abrimos uma potencial vereda à discórdia estéril pelo que, alinhemos os nossos entendimentos relativamente ao cérebro, à mente e à consciência.  Cérebro, estrutura biológica parte integrante do encéfalo cujo elemento básico estrutural é o neurónio. Este tecido biológico não é autónomo, já que requer os necessários substratos á sua existência designadamente, que o sistema vascular proporcione o necessário aporte de oxigénio ao seu funcionamento. Temos, portanto, uma definição cartesiana que é suficiente para o explicar, não havendo a necessidade de mais e elaboradas reflexões de natureza filosófica.  

Mente, muitas vezes tido como significado de cognição. Por outras palavras, o produto funcional da actividade cerebral na sua dimensão de raciocínio e reflexão.  

Consciência, componente da mente a que se atribui o potencial de subjectividade e autoconsciência. Sem ela simplesmente não existiríamos enquanto homo sapiens sapiens e seriamos remetidos para outros patamares da evolução biológica. Tal como a mente, também a consciência requer um suporte físico para existir e, neste caso em apreço algo que, aparentemente não sendo a única resposta, é produto de milhares de anos de evolução biológica dos sistemas neuronais. A este propósito cito António Damásio: 

2 de janeiro de 2025

BOAS FESTAS

 Com as respectivas desculpas pelo atraso, a comissão Editorial do Blogue deseja a todos os seus leitores votos de Boas Festas e Entradas no Ano de 2025.