Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

23 de agosto de 2015

Versos Irmãos


Ao profano que fui,
À razão que não intui,
Iniciado para que, Orientado,
Descubra o limite propositado

Entre a luz e a sombra,

À construção (seja de Alhambra

Ou de mim) a dedicação

Sem prévio refrão,

Companheiro para instruir

A mente e o corpo sentir,

Aprender os mistérios

(pequenos e grandes) nos sérios

Rituais que desmontam

A diferença e contam

Uma história em que liberdade,

Igualdade e fraternidade

Não são letra morta


Mas um movimento que transporta

O melhor que a humanidade

Esconde nesta transitoriedade

Terrena que nem a hermenêutica,

Silêncio ou a celestial música

Conseguirão explicar se não for

Redimensionado, com uma flor

Na mão e um gesto de amor

No cérebro, o coesor

Instante que no espaço

Se significará (passo a passo).

Opaco ao vício, translúcido

À virtude é melhor ser reconhecido

Do que o afirmar vaidosamente,

Morrer simbolicamente

Em vida, horrorizado

Com a decomposição, vexado

Pela traição dos maus companheiros

Que na sua conduta de batoteiros

Exprimem o quão fácil

É a tentação de ser débil,

Reunificar as partes mutiladas

Regenerando o ser em aladas

E nobres acções sem crípticos

Fundamentos, antes seguindo os elípticos

Trajectos à volta do Sol,

Verdadeiro engenho do rol

Imenso que são as naturais

Relações vitais.

Na prancheta planear,

Utilizar sem pestanejar

Os utensílios de medida

E corte para que seja concedida

A glorificação de o espírito

Se reunir à matéria, no rito

Apreender os seguros

Símbolos que os escuros

Caminhos iluminam

Desvendando o que ensinam.

Sentir, meditar e agir

Pedra bruta no devir

Cúbica, o templo

Como máximo exemplo

De que, na e com a Ordem,

A construção de si é um tandem

De contrários em que o arbusto

Do Belo, Bom e Justo

(pronuncia-se Acácia)

Jamais será uma falácia.


Francisco da Renda

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