"O Silêncio e a Pedra Bruta, no percurso do Aprendiz",
Observando o caminho que me fez chegar até aqui, atento às vicissitudes que os tempos nos impuseram, por via das medidas sanitárias e que nos afastaram do templo, dos novos costumes e novas regras de funcionarmos, deixo este contributo para uma pequena reflexão sobre o “Silêncio e a Pedra Bruta, no percurso do Aprendiz”.
O Silêncio
Desde o primeiro momento, da Câmara de Reflexão até ser recebido como aprendiz maçon, já no templo, este mesmo silêncio é-nos imposto durante a aprendizagem.
Já o lugar do Aprendiz é na coluna norte, na setentrião, numa posição de retração que lhe é imposta, ele observa e escuta a luz lunar, opera silenciosamente as suas reflexões interiores, aprende a entrar em comunicação consigo mesmo. É a descida ao longo do fio de prumo para que, quando chegar a hora, possa utilizar a palavra certa com os outros.
O silêncio revela a arte da escuta e o respeito do outro. Saber reter a sua palavra quando é imprudente exprimi-la, saber guardar o silêncio frente a frente a uma pessoa que não é capaz de compreender, é o primeiro passo em direção ao autodomínio. Guardar o segredo e permanecer fiel ao seu compromisso são os dois eixos maiores a seguir. Pretender impor sem discernimento, uma verdade ou um conceito a uma pessoa que não está em condições de o receber é um erro manifesto, porque sem compreendê-lo só pode ter uma atitude hostil e preconceitos por causa do problema ou da perturbação percebida.
Toda a sociedade iniciática, toda a confraria que opera uma seleção para a admissão dos seus membros, adornada Ipso facto duma aparência secreta ou oculta, fechada a todo o público considerado como profano. As noções e conceitos de segredo fazem parte integrante da Maçonaria e remontam ao juramento pronunciado pelo iniciado, desde o início desta, e atestado pela presença nos mais antigos manuscritos maçónicos conhecidos, depois de 1696. Toda a organização iniciática não pode revelar o seu segredo ou os seus segredos, porque eles são incomunicáveis e ligados ao grau de compreensão, de realização e de despertar da consciência de cada iniciado. O segredo deste facto é pessoal, individual e finalmente inefável, não se revela a não ser na experiência íntima do sujeito. Será este silêncio uma ferramenta essencial para nos permitir polir a Pedra Bruta….
De facto, a Pedra Bruta simboliza as imperfeições do espírito e do coração do Maçon que se deve esforçar por corrigir. A pedra bruta dos maçons corresponde à matéria-prima dos hermetistas. Simboliza a personalidade rude do Aprendiz, cujas arestas ele aplana, disciplina e educa. Depois da Pedra Bruta ser desbastada pelo Aprendiz, o Companheiro, com o auxílio do esquadro, nível e prumo, torna-a polida em forma cúbica.
A pedra é o símbolo, por excelência, da construção e da sedentarização.
O construtor instala-se e constrói num local preciso.
O Templo…
O Templo maçónico é o local onde os obreiros se reúnem para realizar os seus trabalhos. É uma projeção simbólica e espiritual do Templo do rei Salomão, cuja construção é referida pormenorizadamente na Bíblia Sagrada, no 1º Livro dos Reis, Capítulo VI. A importância do Templo nos trabalhos maçónicos está bem patente quando o Maçom o compara ao próprio Homem, tal como ele, alvo de um progresso eternamente inacabado. “Trabalhar na construção do Templo” significa, maçonicamente, trabalhar para o bem e o progresso da Humanidade.
Significa trabalhar os sentimentos do Homem, conduzindo-o a um ideal inatingível, pois que o limite do progresso da humanidade é como o limite do horizonte, que tanto se afasta de nós quanto nós dele nos aproximamos.
José David, Apr.'.
Bibliografia:
- Comissão de Instrução da R:. L:. Salvador Allende (v.01) – AApr:.
Sem comentários:
Enviar um comentário