Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

29 de maio de 2024

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

 


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Há 500 anos, Luis de Camões escreveu que:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

Há 2500 anos, o filósofo pré-socrático Heraclito de Éfeso, cidade da Jónia, actual Turquia, escreveu que:

- Nada é permanente, excepto a mudança.

- Tudo flui. Tudo está em movimento e nada dura para sempre.

- Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.

Heraclito é considerado o “pai da dialéctica” e desenvolveu a doutrina da unidade dos contrários, considerando que a “lei secreta do mundo” reside na relação de interdependência entre dois conceitos opostos em luta permanente, mas que, ao mesmo tempo, não podem existir um sem o outro. 

Perante estas tomadas de consciência em tempos tão longínquos, resultantes da constatação prática do pulsar da vida ao longo de muitos séculos e das experiências acumuladas por diversas civilizações, parece que nos dias de hoje nada disto está presente para a grande maioria dos cidadãos.

Sendo o mundo composto de mudança, mostra a história que não existem direitos nem conquistas sociais adquiridas.

No nosso país, vivemos em Democracia há 50 anos, mas a Democracia e a Liberdade não são conquistas irreversíveis, necessitando sempre de ser cultivadas, acarinhadas e permanentemente defendidas.

No entanto, há que manter bem viva a memória democrática de que anteriormente existiu uma ditadura que oprimiu a nossa sociedade durante 48 anos.

A história está cheia de exemplos dramáticos de regimes democráticos liquidados.

Hoje, por toda a Europa, assiste-se ao recrudescimento dos movimentos fascistas que numa percentagem apreciável de países já se encontram nos respetivos governos.

Esta situação muito preocupante é o resultado direto da falência do projeto da Europa Social e a sua transformação numa dependência mercantilista de tráfico dos direitos de cidadania.

Já nas décadas de 1920 e 1930, os movimentos fascistas foram adquirindo gradualmente uma maior relevância política e eleitoral, acabando por dominar a grande maioria dos países europeus.

Seguiu-se a II Grande Guerra que constituiu o maior pesadelo da atual civilização, com mais de 50 milhões de mortos e a destruição generalizada de dezenas e dezenas de países.

24 de maio de 2024

Estado da Arte Real /Desenvolvimento Tecnológico

 

Vou tentar estabelecer uma relação entre o estado da Arte Real no que concerne ao desenvolvimento tecnológico e o que esse pode afectar, alterar, obrigar a adaptar os procedimentos que aqui praticamos.

Talvez possamos caracterizar a situação e a fase de desenvolvimento tecnológico em que nos 

encontramos e ao mesmo tempo caracterizarmos o que aqui fazemos, tentando descobrir como 

um pode afectar o outro.

A FASE TECONOLÓGICA

Convirá separar dois conceitos que por vezes se confundem, que são a Ciência e a Tecnologia. Por definição, a Ciência, desde que Isaac Newton a ajudou a conceptualizar, baseia-se no  desenvolvimento teórico através da dedução de conceitos físicos suportando-se na sua ferramenta natural que é a Matemática. Foi isso que nos permitiu evoluir no estabelecimento de regras e conceitos que explicam, prevêem e predizem o que acontecerá se realizarmos um evento que coloque em contacto partículas e ondas, ou partículas/ondas, de materiais e elementos vários.

Mas para que a Física, a Química e a Termodinâmica, e outras valências evoluam e permitam criar artefactos que nos sejam úteis, precisamos da Tecnologia e, naturalmente, a Tecnologia está sempre “atrasada” em relação à Ciência. Por ser do conhecimento de todos, o exemplo do contributo para o actual Modelo-Padrão do Físico Peter Higgs ( e François Englert) em que previu a partícula que confere massa à matéria no universal Campo de Higgs mostra bem este desfasamento. Peter Higgs e François Englert, separadamente, postularam esta hipótese em 1964 mas a “visualização” (detecção) desta partícula ocorre em 2013. 

Porquê? Porque em 1964 e nos 35 a 40 anos seguintes não existia capacidade tecnológica para construir um Anel Subterrâneo de 27 Km, entre a França e a Suíça, a cerca de 200m de profundidade, que gerasse um campo magnético tão intenso que permite acelerar partículas elementares atingindo energias de biliões de Ev (Electrão Volt) graças a cerca de 1200 Imans, cada um com mais de 35 toneladas. O LHC em operação gera cerca de 300 Gb de informação por segundo (cerca de 23 Peta Byte/Ano) o que leva a que seja necessário um exército de Cientistas para poder estudar tanta informação.

Concluindo, existem dois objectivos claros da comunidade humana e da curiosidade permanente que nos trouxe até onde hoje estamos, o estudo da Ciência que nos permite tentar compreender o que fazemos aqui e como funciona tudo aquilo que nos rodeia, e a capacidade de colaboração entre membros desta espécie para termos a capacidade tecnológica de beneficiar desse conhecimento científico, para criarmos sociedades cada vez mais eficazes em proteger-nos das condições adversas perante as quais, sistematicamente, o Planeta nos desafia. 

DESIGNÍO MAÇÓNICO

Desde o início de tudo em que uns macacos começaram a viver e cooperar graças a realidades imaginadas, em que todos acreditavam e à volta das quais se agregavam e colaboravam, que esta espécie de Sapiens Sapiens se vem impondo para se colocar no topo da Pirâmide Alimentar. De facto, mais nenhuma espécie na superfície do Planeta consegue agregar-se, confiar e cooperar tendo como base realidades imaginadas, como consegue a raça Humana.

8 de maio de 2024

SIMBOLOGIA DO TAPETE EM LOJA NO GRAU DE COMPANHEIRO

 SIMBOLOGIA DO TAPETE EM LOJA NO GRAU DE COMPANHEIRO 

Fazer a interpretação da simbologia do Painel é uma tarefa complexa e sempre inacabada. 

No centro do templo está o painel, é em torno dele que decorrem todas as cerimónias e à sua volta que os Irmãos vão exercitar as suas mentes e trabalhos como maçons especulativos livres e aceites. 

No grau de companheiro, temos de prosseguir os trabalhos e subir um pouco mais, como tal deixamos para trás os três degraus e passamos a ter cinco, significa, pois, que estamos a construir algo, evoluímos no nosso pensar e desenvolvimento de percepção das coisas em si. 

Ao completar o grau de companheiro atingia-se o cume da subida profissional nas corporações dos artesãos da construção dos grandes edifícios da idade media, esta era uma Maçonaria Operativa, aquela que antecedeu a Maçonaria Especulativa, que vigora actualmente. 

Até ao século XVIII somente havia dois graus reconhecidos na Franco Maçonaria, o Grau de Aprendiz e o de Companheiro, durante o período da Maçonaria Operativa o companheiro não era mais que o Aprendiz que serviu durante o período necessário e exacto para se tornar um trabalhador qualificado, com autorização para praticar o seu ofício. 

Com o tempo os mestres eram seleccionados de entre os companheiros com mais experiência e capacidade de liderança, para a condução dos trabalhos e os supervisionar, de forma que os mesmos decorram com a sua devida perfeição e correctos. 

As cinco viagens que o aprendiz faz na sua elevação a companheiro, estão metaforicamente representadas no painel do grau sob a forma de 5 degraus, que dão acesso ao templo onde ele vai ser recebido.

5 de maio de 2024

A Cadeia de União no Ritual Maçónico

 

A Cadeia de União no Ritual Maçónico

«Círculo que se forma no final de uma sessão ritual maçónica. Simboliza a universalidade da Ordem, a união de todos os IIr⸫ à superfície da terra. Uma corrente ou corda luminosa, a que se liga o universo, segundo Platão, corrente de ouro que une o céu e a terra, símbolo dos laços entre os dois extremos do bem. Foi também através das correntes de ferro e diamante, dos encadeamentos do discurso, que Sócrates uniu a felicidade dos homens à prática dos justos.»

É desta forma sintética, alegórica e aos ombros de dois gigantes, dos mais virtuosos da Antiguidade Clássica, que o nosso Ir⸫ José Adelino Maltez descreve este ritual, numa das suas obras.

A Cadeia da União é antiga, remontando à Compagnonnage – a corporação de pedreiros francesa do século XII – onde é conhecida como "cadeia da aliança".   

A formação da Cadeia de União constitui-se como coroamento de uma proveitosa sessão em L⸫, antecede o encerramento dos TTrab⸫ da L⸫ e, geralmente, ocorre apenas nas sessões no primeiro grau. Traduz-se num ato litúrgico que exponencia a fraternidade.

Os IIr⸫ retiram as luvas e reúnem-se, formando uma moldura circular em torno do Painel do grau e dos três pilares (Sabedoria, Força e Beleza). Cada Ir⸫ cruza o braço direito à esquerda para formar uma cruz simbólica de Santo André, unindo as mãos às do seu vizinho de ambos os lados, de modo que a mão direita agarra a esquerda do outro: o primeiro "cobre" e o segundo "apoia". Na tradição do Extremo Oriente, o lado direito corresponde ao yang, ou ao elemento masculino, sendo "o caminho do Céu", enquanto o esquerdo é o do yin, feminino, representando a Terra: "O Céu cobre e a Terra segura".

À medida que as mãos dos IIr⸫ são unidas para formar o círculo, cada Obr⸫ junta os calcanhares em esquadria e, encosta as pontas dos pés, direita e esquerda, correspondentemente com a esquerda e direita dos IIr⸫ adjacentes. O queixo está no peito, os olhos fechados e todos se concentram na "intenção do V⸫ M⸫", mesmo que ela não seja revelada. Os IIr⸫ permanecem silenciosos e meditativos.  

Por fim, o V⸫ M⸫ balança os braços três vezes, em conjunto com todos os IIr⸫, e depois largam as mãos e "quebram" a corrente. Seguidamente, todos os OObr⸫ retornam aos seus lugares.

A Cadeia de União visa a integração de cada membro na cadeia Maçónica Universal, que a todos une pelos elos inquebrantáveis da Fraternidade e Igualdade, já que é efectuada por todos os membros presentes em L⸫, sem distinção de Grau ou Qualidade.

Não existe um elo maior que outro, porque na Instituição Fraternal não cabem hierarquias nem proeminências; todos são iguais no direito, todos estão obrigados ao cumprimento de idênticos deveres.

Todos estão sintonizados e vibram num mesmo diapasão, numa presença indispensável à solidez da cadeia, responsabilizando-se individualmente pela respectiva continuidade.