Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

22 de novembro de 2022

Constituição e Maçonaria

 


Constituição e Maçonaria

Defesa da República e da Humanidade

O Grande Oriente de França (GODF) é a mais antiga e maior de várias organizações maçónicas sediadas em França e é a mais antiga da Europa (uma vez que foi formada a partir de uma Grande Loja de França mais antiga em 1773, e absorveu brevemente a formação mais antiga de 1799, permitindo-lhe datar a sua fundação desde 1728 ou 1733). O Grande Oriente de França actual é geralmente considerado como a “casa mãe” da Maçonaria de Rito Francês.

Diversas teorias foram elaboradas sobre o verdadeiro papel da Maçonaria na Revolução Francesa. Sobre os preparativos do movimento revolucionário saído das lojas maçónicas francesas, e os investigadores dividem-se entre a participação directa das lojas e da Maçonaria Francesa na Revolução, enquanto outros defendem que ela quase ou nada teve importância para a mudança de Regime. Este aspecto tão peculiar que só os Maçons podem entender, verificou-se em Portugal em 1910, quando as diferentes Obediências Maçónicas com colunas levantadas quase ou nada participaram na Implantação da República, e foi a Carbonária que organizou grande parte da oposição armada e o golpe que derrubou a monarquia.

Mas ainda quanto à Revolução Francesa, o que sem dúvida teve mais influência numa nova Constituição e num novo regime, na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), e na Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (1791), foi sem dúvida a Revolução Científica operada durante o Iluminismo. As Luzes, o Conhecimento e a Razão foram o estímulo para que o homem social se libertasse, para que percebesse a subtileza entre os assuntos do Estado e os da Igreja, Entre a liberdade de escolha política e religiosa e uma tremenda e ignóbil perseguição, proibição e tortura.

Igualmente é reconhecida a influência da Maçonaria na Declaração de Independência e na Revolução Americana, como na constituição dos Estados centro-americanos e sul-americanos. No México, a Maçonaria teve muitos presidentes da República politicamente comprometidos com a educação secular, as liberdades públicas e a ajuda ao campesinato pobre. A Maçonaria apareceu no México colonial durante a segunda metade do séc. XVIII, quando os emigrantes franceses ali se estabeleceram na capital, para logo serem acusados e condenados pela inquisição. A Independência do Brasil em 1822 e a elevação de D. Pedro I a Irmão, com o nome iniciático de Guatimosim, abriu as portas à Implantação da República Brasileira em 1899.

O Uruguai torna-se independente da Coroa Portuguesa em 1825. A Argentina iniciou o seu caminho da unificação para a República em 1810. A Bolívia declarou a sua Independência em 1825, e em 1826 o Maçon Simon Bolivar outorgou ao país a primeira constituição. O Chile tornou-se independente da Espanha e teve constituição em 1823. O Chile, a Venezuela e a Argentina chegaram à independência com uma nova Constituição, pelos IIr:. Maçons Bernardo O’Higgins, Simon Bolívar e José de San Martí.

E a história é longa da contribuição da Maçonaria para a implantação das Repúblicas no Mundo e na elaboração das constituições.

Mas, meus IIr:., nunca como até hoje a Maçonaria esteve tão ameaçada. Porque a República está a ser atacada na sua essência que é a Constituição, a Maçonaria Portuguesa (i.e., G:.O:.L:.) corre o sério risco de ser reduzida a um espólio documental na Torre do Tombo, todos os IIr:. correm o mesmo rio que pode levar à infâmia de passarem ao adormecimento. Os rituais não estão a ser aprendidos como deveriam ser, a simbologia não está a ser integrada no espírito dos Maçons, e muitos já perderam a percepção exotérica e esotérica da Via Maçónica: o Ritual é a Filosofia espiritual em L:.; o mundo profano é a Filosofia prática no mundo.

Defender a República é muito mais do que defender a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade. Ultrapassa a breve história da Revolução Francesa, e perde-se no buraco da História Antiga, sempre envolvida com revoluções epistémicas, científicas, e sempre a acender luzes.

Querem mudar a constituição? Antes, acusavam a Constituição de ser um manifesto comunista, depois, passaram a queixar-se da falta de mobilidade financeira dos privados avantajados que esbarravam com alguns Artigos, depois desculparam-se com as barreiras impostas pela Constituição ao desenvolvimento do Sistema de Saúde Privado, agora descobriram que a Constituição é o maior impedimento à segurança do cidadão, porque lhe dá toda a liberdade de opção quando, por decisão política, se deve instaurar um sistema nacional de vacinação.

Meus QQr:. IIr:., não me julguem negacionista, porque de facto sou, não me tenham como Republicano partidário da Liberdade e do meu País, porque sim honro a minha família que morreu a defender a República, enquanto muitos desfaleciam de incontinência a olharem pelas janelas das suas casas o rebuliço da Revolução. Não me tomem como defensor do Apocalipse, porque de facto ele está aqui. Tomem-me como um louco varrido, embriagado pelas Luzes e pela Razão, incapaz de aceitar a traição daqueles que até aplaudiram a nossa Constituição.

Defender a República e a Constituição, é igualmente defender o Bem Comum, um sistema económico justo para todos, a Carta dos Direitos do Homem. A Suécia é a prova inequívoca e irrefutável de que não é preciso abolir direitos civis e humanos para gerir bem uma crise, seja ela sanitária, energética, económica, climática ou outra qualquer. Onde é que já se viu, ter que mudar a Constituição por causa de uma crise sanitária?

Em Portugal a legislação em vigor já prevê os mecanismos necessários para lidar de forma eficiente com uma pandemia, nomeadamente a possibilidade de cumprimento de pena pelo crime de propagação de doença contagiosa. Mas, havendo já todos os mecanismos disponíveis para gerir bem uma crise sanitária, porque querem o PS e o PSD alterar a Constituição para eliminar direitos civis e direitos humanos que lá estão consagrados? Porque a revisão constitucional não é pública, não é discutida ao nível regional e das comunidades?

A resposta é simples: um regime totalitário só pode ficar legitimado com uma consagração na Lei. Por isso, é perfeitamente normal e mais do que esperado o desespero do PS e do PSD por alterarem a Lei Fundamental do país e riscar os direitos civis e os direitos humanos básicos. Esta é uma última machadada na democracia que, moribunda definha a cada dia.

Dirão que é exagerado fazer uma comparação com as alterações legislativas levadas a cabo pelo regime genocida, criminoso, anti-semita, homofóbico e xenófobo, anticomunista, nacional socialista de Hitler. É verdade. É exagerado. Mas, para se perceber como se começa a instalar uma ditadura, vale a pena saber que Hitler — como todos os ditadores — mudou a legislação fazendo um bypass ao sistema político em vigor, concentrando o perder numa pessoa. Outros ditadores agiram da mesma forma.

E a verdade é que Hitler tinha necessidade disso. Apesar de ter um grande exército, e armamento disponível, de ter uma poderosa máquina de propaganda, e de ter uma grande parte do povo alemão do seu lado. Mesmo assim, fez o bypass, porque foi fundamental que houvesse um quadro jurídico que desse legitimidade à ditadura Nazi. E a Hitler principalmente.

As grandes atrocidades da história dos homens foram sempre sustentadas na “ciência” (do regime), na segurança nacional, na lei. E o garante da Lei é sempre uma Constituição.

 “A detenção sem mandado ou decreto judicial foi um dos actos legislativos e jurisprudência criados no processo gradual pelo qual a liderança nazi transferiu a Alemanha de uma democracia para uma ditadura” (in United States Holocaust Memorial Museum).

Portanto, meus IIr:., destruir a Constituição é igualmente destruir os Republicanos, os Maçons, e o povo desta nação. A questão que se nos coloca neste momento é: como podemos defender a Constituição fora e dentro da Assembleia? Com assinaturas? Com sessões de esclarecimento? Com conferências.

Se não fizermos nada, um dia destes, acordamos com alguém a bater-nos à porta para nos levar ao interrogatório. No mínimo levaremos uma vacina antimaçónica.

Roman M:.M:.

Resp.'. L.'. Salvador Allende


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