Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.
(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)
17 de fevereiro de 2019
COMEMORAÇÕES 25º ANIVERSÁRIO-Editorial Moura Pinto
Editorial Moura Pinto
Espaço Fernando Valle
COMEMORAÇÕES 25º ANIVERSÁRIO
Esboço para projecto de actividades 2019 -2020
A Editorial Moura Pinto associação cultural com sede em Côja que nos seus princípios estatutários consigna a ideia altruísta de servir a região Arganilense contribuindo para o estudo, preservação e divulgação do património cultural da região de Arganil no sentido mais amplo do que entendemos por Arganilidade, tendo como referência primeira o pensamento e a acção dos democratas Moura Pinto e Fernando Valle.
Foi fundada em 1995 tendo desenvolvido, ao longo destes quase 25 anos, uma actividade intensa e meritória em prol da região. Começou com um estudo sobre Acúrsio das Neves da autoria do Professor Armando Castro, aliás o último publicado em vida pelo reputado historiador, pois viria a falecer pouco tempo depois, tendo a venda deste opúsculo revertido a favor de uma acção de beneficência. E, começou bem; divulgação do património, gratuidade e solidariedade.
Desde o seu início a Editorial Moura Pinto desenvolveu aproximações de colaboração com associações culturais e regionalistas, escolas, empresas, igreja, Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais, sobretudo, Arganil, mas também Tábua, Oliveira do Hospital, Coimbra, Gouveia, entre outras. Destas múltiplas realizações lembramos somente estudos sobre figuras de relevante importância para a memória colectiva da região como Caetano Lobo, Botto Machado, Veiga Simões, Brás Garcia de Mascarenhas, Vasco de Campos, Vitorino Nemésio, José Liberato, Manuel Nemésio, Alípio de Melo, Fernando Valle, Simões Dias, Alves Coelho, Trindade Coelho, Camilo Pessanha,
Amândio Galvão entre outros. Tem, neste momento, em preparação para o próximo biénio contributos sobre Marques de Abreu, Anastácio Figueiredo, Alberto Valle, Albano Nogueira escritor e diplomata, Vitorino Nemésio, Manuel Nemésio, Manuel da Costa deputado da Constituição de Abril, ex-presidente da EdMP, Abrantes Jorge, empresário e benemérito da Candosa e Luís Valle, recentemente falecido, poeta, ensaísta, professor e ex-presidente da EDM.
Publicou a Editorial Moura Pinto mais de uma centena de livros abarcando diversos temas, sem nunca perder de perto os seus desígnios de estudo, preservação e divulgação do património cultural da região. Publicou, igualmente, inúmeros jornais evocando personalidades de decisiva importância e cuja memória é justo perseverar. Não deixando de referir a acção do clube filatélico da EDM que, de igual modo, realizou inúmeras publicações e iniciativas.
A gratuitidade manifesta-se nas inúmeras obras de arte presentes na região, com a assinatura da Editorial Moura Pinto, desde monumentos até inúmeros painéis de pintura e outras obras de arte. Será fastidioso elencar os vários exemplos, não deixaremos porém, de recordar a participação da EDM o monumento ao poeta Miguel Torga, em Piódão, monumento fúnebre a Simões Dias, na Benfeita, com a participação fundamental da Câmara Municipal de Arganil. Mais, recentemente, monumento a Camilo Pessanha, com a participação da Câmara Municipal de Tábua e o monumento a Vasco de Campos em Oliveira do Hospital.
A Editorial Moura Pinto tem procurado e procura estudar e valorizar o nosso património, com a realidade de estarmos perante uma região interior, desertificada e envelhecida, com um tecido empresarial diminuto, com uma agricultura abandonada, com uma floresta subaproveitada, um turismo que merece uma maior reflexão e dinamismo. Procuraremos estimular o diálogo entre todas as distintas instituições, considerando igualmente, o contributo da comunidade estrangeira residente.
Relativamente a equipamentos sociais, a região tem algumas valências que têm merecido animadas reflexões para a sua requalificação e utilização. Como são exemplos as inúmeras casas regionalistas, bibliotecas, teatros, escolas, museus, bem como outros espaços de utilidade pública, nomeadamente jardins, parques, praças, praias fluviais, etc. Pensando a Editorial Moura Pinto promover um ciclo de debates sobre a requalificação destes equipamentos coordenado pelos arquitectos Guilherme Castro, Jorge Gonçalves e Mário Trindade.
No início de Maio de 2018 a Editorial Moura Pinto inaugura, finalmente, a sua sede em Côja, o Espaço Fernando Valle. No acto inaugural, foi festejado com o lançamento de um jornal homenageando o patrono do Espaço e uma conferência sobre a poesia do poeta Luís Valle. Deste local físico pode a Editorial irradiar a sua acção cívica, numa maior proximidade e assim contribuir, ainda que modestamente, para o progresso e enriquecimento cultural do meio em que está inserida.
Desde essa altura, o Espaço Fernando Valle tem mantido uma actividade ininterrupta com exposições de pintura; começando com a artista Filipa Gonçalves, oriunda da Candosa; a exposição seguinte reuniu mais de 35 artistas, entre pintores, escultores e fotógrafos, desta exposição o atelier 26 do Mestre benfeitense Alberto Péssimo executou e ofereceu uma obra de grande formato à Biblioteca Municipal de Arganil; apresentação do livro do conhecido escritor José Viale Moutinho, Monstruosidades; seguiu-se uma exposição de trabalhos de artistas estrangeiros moradores da região que se revestiu de grande sucesso tendo contribuído para uma maior aproximação e intercâmbio das diferentes culturas, estando previstas novas acções conjuntas; finalmente, uma exposição de presépios com a colaboração de escolas e associações, Liga Regional Cojense e Agrupamento de Escolas de Arganil.
No futuro imediato, Fevereiro de 2019, está programada a inauguração de uma exposição de pintura de Amália Soares, com o título de Máscaras e Caretos, com a colaboração do Grupo Mais Além, organizador do Carnaval de Côja. No mesmo dia, será apresentado por Nelson Bandeira o último livro de poesia de José Queiroga, Sal de Eros, que irá contar com a presença do autor que lerá alguns poemas e do pintor Alberto Péssimo que ilustrou o livro. No final da sessão serão entregues os prémios do Concurso de Presépios.
Em Março, por ocasião do Dia Internacional da Mulher está programada nova exposição de pintura, desta vez de Isabel Amaral, com origens na nossa região, mais concretamente de Girabolhos, Seia.
As exposições de pintura ou outras, constituem uma forma dinâmica de o Espaço Fernando Valle estar aberto ao público em geral, podendo dessa forma contribuir de forma activa para o convívio de todos com as artes, o que é uma mais-valia para a dinamização cultural do meio em que está inserida.
Estão previstos também vários lançamentos de livros, nomeadamente, de Amadeu Carvalho Homem, Nuno Higino, António Oliveira, Sandra Santos, Luís Valle, entre outros, a divulgar oportunamente, dando sempre relevo a autores nossos conterrâneos.
Neste biénio de 2019 a 2020 a Editorial Moura Pinto está a trabalhar em vários projectos, que reputamos de relevante importância que passamos a enumerar: Homenagem ao Dr. Alberto Valle esse homem bom, na belíssima inscrição de Torga que todos os cojenses conhecem. Para esta homenagem a Editorial propõe-se dialogar com a Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Misericórdia, Hospital, Centro de Saúde, Empresas e todos aqueles que se queiram associar ao evento, para conjuntamente se elaborar um programa digno da memória deste nosso conterrâneo. Eventualmente, por ocasião
de 10 de Junho. A Editorial Moura Pinto acredita que uma população que consegue preservar o seu passado está mais preparada para construir o futuro. Nesse sentido, irá envidar esforços para a construção de um monumento funerário, que preserve a memória desse ilustre arganilense que foi Veiga Simões, contando desde já com o apoio da população, Juntas e Câmara Municipal. Proposta esta de Mário Valle feita nas comemorações do 5 de Outubro de 2018, no cemitério de Arganil, aprovado pelos presentes com uma salva de palmas. Continuará a Editorial a assinalar as comemorações que tradicionalmente cumpre, como são o caso do Dia Internacional da Mulher, o 25 de Abril, 5 de Outubro, o Aniversário da Editorial, de Fernando Valle, de Almeida Santos, de Amândio Galvão e de dirigentes da Editorial já falecidos. Concretamente, o 25 de Abril, será
comemorado na sua sede, no Espaço Fernando Valle, com uma exposição de fotografia desse grande fotógrafo da Revolução de Abril que é Eduardo Gageiro.
Neste biénio a Editorial irá tentar revitalizar as relações culturais e afectivas com África, nomeadamente, com Moçambique, onde tantos ilustres arganilenses deixaram a sua marca civilizacional e que, na actualidade, está infelizmente esquecida. Caminho antes trilhado por antigas vereações, que incompreensivelmente foi abandonado.
Nesse sentido a Editorial irá organizar uma exposição representativa dos novos artistas plásticos moçambicanos, comissariada pelo Professor Vítor Sala, dirigente da Escola de Artes de Maputo, que na ocasião irá proferir uma conferência sobre a arte contemporânea moçambicana. Novos caminhos, velhos afectos, futuro partilhado.
Como contributo para a memória e valorização do património industrial, está em marcha outro projecto. Trata-se de uma exposição de fotografias com o tema Errância pela e na Carriça, chamando a atenção de todos para a importância que teve esta empresa fabril na região. A célebre Fábrica de Telhas da Carriça. Contando com o apoio entusiasta de antigos funcionários e Junta de Freguesia e Câmara. Contamos, desde já, com a parceria da empresa Cercol de Côja. Projectando as comemorações do bicentenário da nossa primeira constituição portuguesa (1822), no ano passado
assinalamos os 200 anos do Sinédrio com a colaboração do historiador Amadeu Carvalho Homem, que irá coordenar a iniciativa. Pensamos ainda, nesse contexto, promover uma homenagem ao deputado da Constituição de Abril, Manuel da Costa, uma vida e um percurso de princípios e afectos, desde a primeira hora com a Editorial Moura Pinto de quem foi diligente presidente. Ciclo de conferências sobre o Serviço Nacional de Saúde, comissariada pelo Dr. Henrique Botelho, Coordenador Nacional para a reforma do Serviço Nacional de Saúde na área dos Cuidados de Saúde Primários. Este ciclo terá o título genérico “Ó Costa aguenta lá o SNS”, palavras de António Arnaut ao actual Primeiro-Ministro António Costa, da última vez que ambos estiveram juntos, antes do malogrado falecimento do pai do SNS. Pensamos nos próximos tempos homenagear um ilustre arganilense A. J. Vasconcelos de Carvalho, de quem se comemorará os 110 anos do seu nascimento, grande regionalista e figura cimeira da Filatelia, tendo sido durante 23 anos presidente da direcção do Clube Filatélico de Portugal. No âmbito desta evocação, a EDM tem em carteira uma exposição filatélica sobre a temática da pesca do bacalhau, exposição premiada internacionalmente, do
Professor Doutor Manuel Matias da Universidade de Aveiro. Organizaremos ainda uma conferência proferida pelo professor e musicólogo Francisco Neves, sobre o músico arganilense Padre Vasconcelos Delgado, desta forma comemorando os 230 anos decorridos sobre o seu nascimento. Propomos, oportunamente, descerrar uma placa alusiva a esta data, na casa onde viveu. Evocaremos o poeta Miguel Torga com o contributo da filmografia de Sinde Filipe. Iremos publicar um CD com uma pequena antologia de poetas naturais de Arganil e de a esta cidade ligados, como são Simões Dias e Sanches de Frias ou Miguel Torga e Luís Valle, entre outros. No próximo ano, nas comemorações dos seus 25 anos a Editorial Moura Pinto vai publicar uma agenda Arganilense que constituíra um roteiro cultural e turístico, que será um valioso instrumento de divulgação do
conhecimento da nossa terra. Continuará a promover escritores da região, publicando os seus trabalhos, organizando exposições individuais e colectivas de arte. Entre as publicações destacamos uma antologia do poeta Luís Valle, recentemente falecido.
Aquando do centésimo aniversário do nascimento do Dr. Fernando Valle, o Governo Civil de Coimbra instituiu o prémio cidadania Fernando Valle sobre o lema Cidadania para o Século XXI, concurso de trabalhos de alunos do 1º e 2º ciclos, que visava três pontos: 1º- homenagear uma figura ímpar da sociedade portuguesa, nascido no distrito de Coimbra; 2º - fomentar a discussão e sensibilizar os jovens para o pleno direito e dever da cidadania; 3º - homenagear os mais jovens através de prémios no Dia Mundial da Criança. Com a extinção dos Governos Civis este prémio veio a ser extinto. Pelo que pensamos caber à sociedade civil e à Editorial Moura Pinto a revitalização
deste prémio. Tem a EDM procurado parcerias com o tecido empresarial tentando enaltecer o papel dessas forças vivas no progresso e desenvolvimento das comunidades onde estão implantadas, com imensas vantagens recíprocas. A participação destes agentes é de todo urgente, enquadrado, nomeadamente, na lei do Mecenato. A Editorial Moura Pinto acredita na energia criativa do nosso povo reinventando o presente e construindo o futuro, pensando na oportuna inscrição lapidar no Teatro Alves Coelho, cada um trazendo a sua pedra, e mais uma vez citamos Torga. Por isso, o Espaço Fernando Valle é um espaço aberto a todas as ideias e a todas as crenças, a toda a população e a todas as associações. Estas linhas programáticas são um esboço de programa aberto a todas as contribuições. Como dizia o poeta ibérico António Machado, o caminho faz-se caminhando.
Côja, Janeiro de 2019
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