"A integração nas Obediências «Liberais» e a questão da «inclusão Feminina»"
I – Introdução e Alguns Antecedentes Históricos
O tema da presença da mulher na Maçonaria é uma «pedra mal trabalhada» ou melhor «não acabada», muito menos «polida», com que se arrastam os Maçons desde que a Maçonaria se considera como tal. Passou muito tempo desde 1717 e naturalmente a Maçonaria sofreu enormes fases de maturação, com novos Ritos, restruturações, cisões, seguidas de uniões e fusões, e por vezes novas separações ou surgimento de novas Obediências, face às já existentes, influenciadas mais ou menos directamente pelos contextos socioeconómicos, políticos e culturais da época, pela evolução das ideias, a partir do prosseguimento do Iluminismo, da Revolução Francesa e outras. O seu caminho até hoje não é independente do reflexo das convulsões político-sociais e de ideias, que se têm passado até aqui, deixando-lhe obviamente várias marcas.
Fica também claro que para as Obediências ou correntes maçónicas da auto-intitulada «maçonaria regular», a partir da «fatwa» (normal à época) declarada ao elemento feminino desde Anderson (1723 e 1738), nunca mais existiu qualquer controvérsia, bloqueando desde sempre as portas dos templos à presença da mulher, decisão reforçada posteriormente pelos inamovíveis e anacrónicos «landmarks».
Contudo o imobilismo da maçonaria «dogmática» não impediu o surgimento de novas concepções, em cuja linha central se encontra o GOdF, que a determinada altura facilitou à mulher algum espaço vital, com o desenvolvimento da Maçonaria de Adopção ainda em 1774. No entanto e a partir daí, registaram-se mais de duzentos e tal anos e muitos e intensos debates. Ultrapassar o patriarcado e a misoginia existente, só se conseguiu com a decisão do Convénio de 2010, que aprovou uma fórmula de compromisso: «dar liberdade às suas Lojas para iniciar, sem ter em conta a condição sexual», ou seja permitir a entrada de mulheres nas Lojas que tal o considerassem desejável e oportuno. Há quem justifique que este atraso se deve à prioridade que sempre foi dada às questões de carácter social ou político, enfim interpretações…. (mas o resultado foi também ao encontro duma decisão judicial positiva relativa à mudança para o sexo feminino da actual arquitecta Olivia Cheaumont, ex-M.M:. masculino duma Loja do GOdF)….
Não iremos entrar pelos detalhes históricos da iniciação feminina, das suas personalidades emblemáticas e das respectivas classes sociais, a par da sua preparação técnico-filosófica, nomeadamente a partir de meados / finais do Séc. XIX, dado não ser directamente o objectivo deste traçado, e existir abundante bibliografia facilmente disponível. Recordamos somente que “Desde a Maçonaria operativa, já existe um registo, embora tímido, da presença de mulheres nas Confrarias e Guildas” [2].
É, contudo, importante não esquecer que a submissão da mulher, se verificou na antiguidade, a partir das chamadas religiões do Livro, ou sejam, Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, contrariamente ao que acontecia nos Antigos Mistérios, das civilizações mais antigas do Médio-Oriente e mais relevado nas egípcia e grega. Em contrapartida salientemos também que nem as liberdades civis conquistadas com a Revolução Francesa de 1789, foram suficientes para contrariar aquela submissão.
Apesar de no Séc. XIX o modelo feminino imperante ser ainda o da mulher domesticada e afastada do espaço público, os ventos sufragistas provenientes dos EUA atingiram alguns estados europeus, mercê do seu espírito livre, através de mulheres que tinham tido educação e ao mesmo tempo conseguiram ultrapassar a passividade política. As decididas e estruturadas mulheres pioneiras (Maria Deraismes e muitas outras, …..) efectuaram na Maçonaria um trabalho corrector, ou seja, alertaram e advertiram quer sobre a irracionalidade de uma cidadania sem mulheres, reclamando a universalidade do sufrágio, do mesmo modo que (agora na vertente maçónica) advertiam para a irracionalidade duma Maçonaria que excluía metade da Humanidade, propondo-se alargá-la, pluralizando o sujeito maçónico, com a normalização da iniciação das mulheres.
Exceptuando o «Le Droit Humaine», fundado em 1893 por Jeorge Martin e Maria Deraismes – iniciada no R.E.A..A em 1882 (provavelmente com outras mulheres), Obediência que já transporta consigo mais de um século de existência, no caso das outras Obediências maçónicas ditas «liberais / adogmáticas», este assunto tem sido, estranhamente, bem mais complicado, enquanto o «D.H.» já tinha apostado, há mais de um século….. todas as suas «fichas» no direito à Iniciação Maçónica, entendida e reconhecida a partir da entidade humana!!!
Sómente por volta do arranque para o Século XXI se acelerou a discussão gradual e o progressivo desbloqueio desta questão, iniciando-se na maior parte das mais importantes Obediências «liberais» europeias (como o GOdF e o GOB) e nalgumas sul-americanas, depois de muitos episódios, polémicas e turbulências internas.
É nossa opinião que este atraso não deixa ficar nada bem a «fotografia» do «conjunto liberal», já que ao defendermos intransigentemente (e bem), entre os outros valores fundamentais da nossa Trilogia maior, a IGUALDADE, em todas as suas vertentes, não a conseguimos praticar internamente…
Esta é também, em nossa opinião, a melhor motivação para que os nossos inimigos nos acusem quer de «seita» ou outra adjectivação equivalente, quer sobretudo de «visão retógrada do mundo e da sociedade», apesar das baforadas de humanismo e progressismo que constantemente propalamos (e bem), mas que depois não somos capazes de praticar. Quem, de boa fé e independentemente do que afirmamos, poderá acreditar em nós, se defendemos princípios que consideramos Fundamentais, e depois não os conseguimos implementar internamente?
Como poderemos justificar a situação actual, nas actuais sociedades ditas democráticas, em que os direitos da mulher e do homem estão consagrados constitucional e juridicamente, em que se procura implementar, nas direcções de empresas e organizações, do Estado e até dos partidos políticos, a política de «paridade», a não ser por um bafiento segregacionismo disfarçando uma misoginia «genética», argumentando que haverá necessidade de respeitar a tradição ritualística específica, só «desenhada» para homens?. Na prática, qual a diferença neste assunto, para a paranóia «dogmática» e «landmarkiana» dos «anglo-saxónicos»?
Recuando no tempo, a GLdF (Grande Loja e França) ressuscitou a Maçonaria de Adopção no início do Séc. XX (1901), quando desde 1893 já existia o «D.H.». Do mesmo modo que sucedia na sociedade profana, no mundo maçónico a soberania masculina prosseguia o seu caminho sem concluir o seu questionamento até às suas últimas consequências, mesmo tendo em conta os avanços que, pouco a pouco e com muitas dificuldades, as mulheres iam alcançando nos campos social e político. Durante 34 anos coexistiram em França lojas mistas («D. H.») com lojas de Adopção, até que em 1935, a GLdF decidiu conceder às suas LLoj:. de Adopção a autonomia necessária para se organizarem fora da sua custódia, sob a pressão do laicismo e do livre pensamento que delas irradiava, devido ao enorme trabalho lá efectuado, apoiado e abraçado por grande parte da sociedade, até se densificarem as ameaças totalitárias premonitórias do avanço das ideias fascistas, e posteriormente do início da 2ª Grande Guerra Mundial.
Como bem nos recorda Maria Viedma [2] e [12]: “Num momento em que na Maçonaria estava oficializado o papel dependente e subalterno das mulheres nas chamadas Lojas de Adopção, irrompe na cena maçónica uma redefinição da relação entre os sexos no seio da Ordem Maçónica, e uma redefinição do sexo feminino com a própria Ordem. Esta revolução sexual é encarnada e promovida pelo «Le Droit Humaine» cujo nascimento em 1893 e posterior desenvolvimento no Séc. XX, quebrou a masculinidade instituída desde 1717 com as Constituições de Anderson, o que equivale a que – o sujeito maçónico podia ser, e de facto era , Homem ou Mulher. Daqui resultava que o Rito, a Iniciação, os Graus (ininterruptos do um ao trinta e três, no caso do R.E.A.A., o único praticado), mistérios, palavras, sinais de reconhecimento, etc, eram também património das mulheres”.
Apesar de, em nosso entendimento, a Maçonaria não ser um dogma, mas tão somente princípios, podemos afirmar que trezentos anos mais tarde em ALGUMAS MAÇONARIAS (ditas «adogmáticas») A «QUESTÃO «FEMININA» é ainda «pedra de toque» (ou até quase «Dogma» ??), e em outras «pedras de desbaste e debate».
Os tão conhecidos argumentos pseudo-justificativos não faltam. Descrevemos alguns dos mais conhecidos: “A Natural e congénita indiscrição da mulher tornaria impossível a existência do segredo maçónico, até à desordem que o belo sexo produziria nas bancadas masculinas, sem menosprezar as acusações de libertinagem que poderiam advir entre outros entes institucionalizados, que têm acesso às questões maçónicas, sem ignorar as consequências que podem ter certos senhores no seio familiar ao tentar explicar que trabalham com senhoras e não podem dizer o que fazem e como o fazem….[2] e [12].
Tudo isto tem servido para justificar que a mulher não pode ter lugar no seio da Maçonaria !!!.
Aquelas mulheres portuguesas (Adelaide Cabete, Ana de Castro Osório, Beatriz Ângelo, etc,) que há mais de um século deram o exemplo e apontaram o caminho do futuro, ficarão sempre para a História como relevantes e incontestáveis ícones do património maçónico nacional e internacional. Mulheres de profundo humanismo e sensibilidade social e reconhecida autoridade académica e política, o que era notável naqueles tempos de transição entre os Séc. XIX e início do Séc. XX. Tudo tentaram e fizeram em prol da sua legalização / Iniciação (efectivamente concretizada, mas posteriormente anulada), na N:.A:.O:., que reconhecida internacionalmente, como a 2ª Obediência Maçónica mais antiga na Europa Continental, deveria ter-se pautado até aqui, por maior abertura e já ter debatido e resolvido, em tempo oportuno, esta sensível questão, para continuar a honrar o seu lugar e prestígio, junto das Outras Organizações ou Potências «adogmáticas». Mas tudo tem o seu tempo e a decisão, a níveis superiores, não é fácil, ...(Editado pela Comissão Editorial do Blogue)...
II – A questão «feminina» na Maçonaria Adogmática actual ainda tem sentido?
Analisando os resumos das Constituições (principalmente do GOdF , da GLFP, do GOL e da GLFF), constatamos que existem, como não podia deixar de ser, fortes elos comuns, que contemplam o essencial das Obediências Maçónicas «Liberais e Adogmáticas», a saber:
– «a Maçonaria é uma Instituição tradicionalmente Filantrópica, Filosófica e Progressiva, fundada na Tradição Iniciática, obedecendo aos princípios da Fraternidade e da Tolerância, tendo por objectivo a procura da Verdade, o estudo da Moral e a prática da Solidariedade: - trabalha para o aperfeiçoamento material e moral, intelectual e social da Humanidade»;
-“Considerando as concepções metafísicas como sendo do domínio exclusivo da apreciação individual dos seus membros, recusa toda a afirmação dogmática: Tem por princípios a tolerância mútua, o respeito pelos outros e por si-mesmo, bem como a liberdade absoluta de consciência”
– “Considera o Trabalho como um dos deveres essenciais da Humanidade, honrando igualmente o trabalho manual e o trabalho intelectual”.. [9],[10], [12].
Poderemos concluir daqui que, «na comunidade de princípios «adogmáticos», não existem diferenças significativas que impeçam de se «juntarem todos à mesma fogueira», ou seja ao propalado «Centro de União» (alargando, face ao mundo de hoje, o objectivo já apontado inicialmente por James Anderson - «A Maçonaria é o Centro de União e o meio de conciliar uma amizade verdadeira entre pessoas que poderiam permanecer sem fim, afastadas umas das outras» [9]. Só que agora a pessoa é a ampla e total a pluralidade do ser humano. A Maçonaria «liberal» (mais «avançada») não provou já que a Maçonaria não é uma questão de género???.
A Maçonaria somos cada um de nós e todos das nossas Lojas, PODENDO e DEVENDO, efectuados os devidos diagnósticos, trabalhar de uma forma honesta, mas crítica e construtiva, em apoio à NAO:., ajudando ou colaborando na resolução das muitas «embrulhadas» que existem (ou ficaram por resolver), por existirem outras prioridades urgentes e não haver na altura (ou não ter sido possível), a devida visão de fundo e de futuro face aos principais assuntos expectáveis, de que o principal é, a par com a autorização de entrada de Irmãs na Nossa Organização, o fortalecimento e reforço da nossa ligação prioritária com o GOdF, GOB (e outras Obed:. «liberais» relevantes) , por forma a tirar argumentos a quem, neste momento se serve deles, para continuar a «navegar contra a corrente» (como o de « já termos tratados mútuos com as potências liberais mistas ou femininas portuguesas, que nos podem visitar, sempre que o pedirem e as respectivas lojas de destino o autorizarem, ou vice-versa, para que necessitamos delas no nosso seio»?), ou concorrer directamente connosco para nos ir aniquilando (como a «emergente»), ao mesmo tempo que concretizaríamos efectivamente, a efectiva reentrada na Maçonaria do Século XXI.
III – Concluindo
É da história e da gestão, que Organizações pujantes e de forte influência e inovação na Sociedade em determinadas épocas, se não perspectivarem os desenvolvimentos, riscos e modificações futuras, com o tempo terão maior tendência para adormecer na base do sucesso alcançado, que julgavam «pro omni vitae», acabando inevitavelmente por comprometer o seu rico e prestigioso legado, por vezes até se extinguindo definitivamente como auroras do passado, arrumadas nas prateleiras da história e manancial para os investigadores e historiadores da época (e nós ainda tivemos de permeio, a indelével perseguição da Inquisição, do miguelismo e da ditadura...).
Como já diversas vezes referimos, para crescermos com consolidação, é preciso trabalhar e não esquecendo a tradição, adaptar-nos ás novas realidades, recrutar pessoal mais jovem e com outra mentalidade e deixarmos de andar a reboque dos pensamentos e posturas prevalecentes até pouco depois de meados do Séc. XX. Resumindo é preciso evoluir para prosseguir, ou não é isso que tem feito o homem «sapiens», através dos enormes avanços filosóficos, tecnológicos e sociais, que se seguiram também aos anos de recuperação, após a derrota do nazismo (nem sempre por boas razões, como se pode verificar), e que o super-globalismo reforçado após a queda do muro de Berlim, mostrou não ter sido, de longe, a melhor solução. [6].
É pois altura de tentar recolocar milimétricamente «as pedras talhadas e polidas por tantas e generosas gerações de Maçons, no seu devido lugar» e exigir responsabilidades, já que NAO:. não deverá ser, quanto à questão feminina (no nosso modesto entendimento), nem uma cópia ou sucursal da GLdF (como alguns membros proeminentes do Rito dominante, sempre implicitamente defenderam), e anda muito menos, uma parelha mais ou menos disfarçada, da ortodoxia «anglo-saxónica».
Como já referido, o «Le Droit Humaine» apontou para longe e alto. Não se tratava sómente de homens e mulheres trabalharem em Loja em pé de igualdade, mas também que os cargos hierárquicos (Veneralato, Grão-Mestria) fossem ocupados indistintamente por homens ou mulheres. E desde o primeiro momento o foram (Deraismes, no início da Ordem e Marie Bonnevial entre 1914-18). “Normalizava-se deste modo a igualdade entre Homens e Mulheres e também a representação por parte das mulheres do poder democrático nas LLoj:.. subvertendo desde início a antiga ordem patriarcal, de que enfermava o discurso constitutivo e excludente da «Maçonaria Oficial», atacando as suas bases, desestruturando-o e descontruindo-o. Isto num Europa em que poucas mulheres podiam votar. O «D. H.» pelas suas ligações ao sufragismo e ao laicismo ofereceu um modelo de mulher e de sociedade antagónico ao dominante (Deraismes era uma mulher solteira, livre, intelectual, profissional e económicamente independente”. [12]
Os ideias humanistas e os valores do Bem não conhecem género, raça ou povo e por outro lado os três pilares da Maçonaria (Liberdade Igualdade e Fraternidade) não têm um perfume masculino ou feminino. Estamos numa Instituição que apela à Liberdade de pensamento e de Consciência, que conseguem englobar em si diversas tendências, independentemente do género.
Ou realinhamos a NAO:. com as posições que sempre corresponderam às nossas divisas, actualizando-as (finalmente) ao final do primeiro quartil do Século XXI, ou progressivamente iremos ser ultrapassados por outros que, «oportunísticamente» vão surgindo e conseguindo «apanhar o comboio». Para além do mais, aumentaremos em cerca de 52% o nosso universo de recrutamento, o que é pertinente salientar e não é de forma alguma desprezível, sempre com o rigor requerido e com o critério da qualidade sobrepondo-se sempre ao da quantidade.
O homem ou a mulher procuram, na vida material mundana, os motivos subjacentes à sua existência / permanência, motivos esses que não encontram nem na religião, nem nas igrejas, nem nas ideologias político-partidárias. Daí o caminho para filosofias alternativas, como aconteceu a partir do século XVIII, com o aparecimento da maçonaria especulativa, cujo objectivo inicial era o de conseguir agregar num amplo centro de união, todos os homens, mas que agora e actualmente deverão ser todos os seres humanos, independentemente das suas crenças religiosas e/ou politicas. Os que prestam alguma atenção à evolução da Maçonaria, apercebem-se que ela vai subsistindo, pior ou melhor, mas que já há muito ultrapassou os seus tempos áureos (sobretudo a dogmática / «anglo-saxónica»).
Conforme qualquer organismo vivo, temos de questionar se a Maçonaria segue as leis da natureza e, portanto, passará pelas etapas de nascimento, vida e morte, ou se eventualmente, este derradeiro momento poderá ser adiado. Muitos adversários da Maçonaria – e até mesmo maçons – defendem que ela será incapaz se adaptar aos tempos actuais, e ainda mais até final do Séc. XXI. Outros defendem o contrário e muitos têm bastantes incertezas, existindo ainda uma última categoria, que se agarra desesperada e fixamente (quais náufragos perdidos) a princípios, que criados em determinados contextos e momentos históricos, se tornaram actualmente dogmas [8].
Não será por certo para continuarmos a ignorar as novas realidades, como até aqui, que sob o estímulo das sábias orientações entretanto enviadas pela actual Direcção, seremos obrigados a tomar uma posição, ainda este ano. Algumas serão de simples resolução, como por exemplo substituir simplesmente a palavra «HOMEM» por «SER HUMANO», nos Artºs em causa da Nossa Constituição, corrigir algo nos restantes relevantes, e óbviamente também nos pertinentes do Regulamento Geral (que já há longo tempo precisa de ser revisto). Outras serão mais difíceis e profundas, como o de preparar «psicológicamente» a NAO:. para a transição, bem como delinear os enquadramentos correctos e precisos, a todos os níveis, desde o Ritual ao Organizacional, que deverão ocorrer da base (nesta fase, sobretudo as Lojas) até ao topo e que, se aprovados, terão de ser cumpridos com o máximo rigor.
É entanto, imperioso discutir e resolver todas estas múltiplas questões e situações envolventes em ambiente amplamente maçónico, em fraterna e aberta discussão, onde sãs divergências não resultem em inimizades agressivas, ou seja, sem preconceitos de princípio !!!. Por certo somos todos também responsáveis, já que não soubemos ou não quisemos reagir até aqui, com a unidade e postura requeridas, a par de outros, que tendo mais capacidade e qualidade para o fazer, se abstiveram, ou continuaram a ignorar o assunto, «empurrando com a barriga». São estes os desafios imediatos que temos pela frente, face aos quais não podemos fugir novamente, já que acreditamos firmemente que «terceiras vias», como temos vivido até aqui, não sendo sustentáveis já no presente, o serão ainda menos no futuro.....
Como Maçons Livres em Lojas livres, deverão estas possuir a liberdade de decidir, sem entraves ou pressões directas da Direcção (ou indirectas de qualquer outro organismo autónomo), a decisão a tomar face ao recrutamento feminino e agir em conformidade, após a alteração dos pontos pertinentes da Constituição, Regulamento Geral e aprovadas as alterações em sede da Grande Dieta. Como Maçons não defendemos o pensamento único, mas já estamos cansados, ao longo de todos estes anos, das mais variadas e despropositadas obstaculizações.
Nenhuma Loja poderá ser obrigada a aceitar Irmãs, mas também aquelas que decidirem aceitá-las, não poderão ser bloqueadas ou suspensas, isto sem prejuízo do cumprimento integral dos normativos legais e procedimentais a serem redefinidos, para a sua implementação. Tal exigirá de toda Ordem, da Direcção, de todos nós, e sobretudo da Grande Dieta, um enorme e intenso trabalho, na certeza, porém de que caminharemos para um futuro mais promissor, em plena sintonia com o enquadramento maçónico «Liberal e adogmático» que perfilhamos e defendemos com todo o vigor e rigor, e de que muito nos orgulhamos….
Continuaremos firmes, porventura mais fortes, apesar das previstas dificuldades iniciais, mas trilhando os caminhos dignos de uma Maçonaria «liberal e adogmática aberta a toda a Humanidade, de que nos possamos orgulhar.
Salvador Allende M:.M:.
(Resp.'. L.'. Salvador Allende, a Oriente de Lisboa)
(Set.2022 e:.v:.)
Bibliografia:
1) - “Dicionário da Antiga e Moderna Maçonaria” – Manuel Pinto dos Santos, Lisboa 2012
2) – “Masoneria e Mujer” – Revista Cultura Masonica Nº 5 – Masonica.es (Out.2010)
3) - “Democratie et Franc-Maçonnerie” – L´Edifice.net@ledifice.net»” – s/ autor expresso («X.M.»)
4) - “Dictionnaire de la Franc-Maçonnerie” – Daniel Ligou, Éditions PUF, 2015 (3ªÉdition), Paris
5) - “A Maçonaria no Século XXI - algumas Interrogações” – Salvador Allende M:.M:. (blog “Jakim & Boaz”)
6) -“ Masonería y Mujer, desde la Ilustración a nuestros días” – Cécile Révauger – Buenos Aires (2010)
7) - “A Polémica da Regularidade – Origens e Evolução” – Salvador Allende M:. M:. (2006)
8) - “El Rito Francês Moderno” – Guillermo Fuchslocher,
9) - “La Franc-Maçonnerie en Question & en 250 Réponses” – Guy Chassagnard - Éditions Dervy-2001
10) – “Declaração de Princípios e Constituição da G.L.F.P.” – Lisboa (2010)
11) – “Causeries Maçonniques”- Joseph Vebret - Cécile Révauger (Pág.269) – Éditions Dervy – 2018 (Paris)
12) – Blog «Jakim & Boaz»/ “Biblioteca”, site complementar – «M.M.» («Bibliografia») / “Mulher e Maçonaria” (https://jakimeboaz.blogspot.com)
13) – “Les Femmes et la Franc-Maçonnerie en Europe” – Jean-Pierre Bacot - Éditions Véga – (2009) Paris
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