“O Templo Interior, uma eterna construção”
Por certo, todos Vós já haveis ouvido, ou mesmo usado, expressões como “em que templo se reúne hoje a nossa Loja?”, ou “vamos decorar o nosso templo”, ou ainda “fortaleçamos o nosso templo interior”.
Mas que “templo” é esse a que nos referimos?
O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa atribui à palavra “Templo” várias significações: edifício destinado ao culto religioso; monumento em honra de uma divindade; lugar sagrado, descoberto e em sítio elevado, consagrado pelos áugures entre os Romanos; lugar onde se cultiva e desenvolve uma arte ou uma ciência; sala onde têm lugar as sessões da Maçonaria.
De facto, quando em Maçonaria nos referimos a um templo, este designa geralmente o local onde se realizam colectivamente os trabalhos maçónicos próprios de cada Loja, local sagrado pelo carácter iniciático desses trabalhos, sempre conduzidos pelo Ritual e onde cada indivíduo reconstrói o seu próprio lugar sagrado, o templo de si mesmo.
Não vou maçar-vos com a descrição exaustiva das várias interpretações e teorias históricas sobre a origem e o significado do Templo na simbologia e nas práticas Maçónicas. Muito melhor será recomendar-vos a leitura de algumas peças de arquitetura feitas sobre o tema pelo N∴Q∴Ir∴ Salvador Allende e das várias fontes de conhecimento por ele citadas, como é o caso, entre outros, de Jules Boucher, de Oswald Wirth, de Daniel Béresniak ou do nosso past-G∴M∴ António Arnaut.
Realço apenas o facto de a Maçonaria ter adoptado o Templo de Salomão como uma das suas referências essenciais, correspondendo a um símbolo da permanente construção maçónica, por todos e cada um dos maçons, visando mais e melhor Humanidade.
O Templo foi construído para o Homem (o povo judeu), pelo Homem (o rei Salomão, o seu melhor arquitecto, Hiram-Abif e todos os seus milhares de trabalhadores e oficiais).
“Salomão” significa em hebraico “homem pacífico”. O Templo de Salomão é o templo da Paz, da Paz profunda, rumo à qual caminham todos os maçons sinceros que se desinteressam pela agitação do mundo profano. Ele foi construído em sete anos. E sete é a idade simbólica do Mestre Maçon, daquele que chegou à plenitude da Iniciação. Para o Maçon, o Templo de Salomão não é considerado nem na sua realidade histórica, nem na sua acepção religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e tão bela.
É a partir daqui que decorre a imensa riqueza da interpretação simbólica que lhe atribuem os diversos Ritos Maçónicos e é daí também que decorre o modo como são construídos e internamente decorados, pintados e ritualisticamente vividos. Considera-se que o Templo maçónico é a representação simbólica do Universo maior, estando aberto sob a abóboda estrelada e tendo o sol e a lua representados no Oriente, simbolizando a alternância entre o dia e a noite.