Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

18 de dezembro de 2021

Versos Irmãos



Do Volume "Versos Irmãos" o V Poema 


Quando vemos a maneira

Como nossos filhos se relacionam

Connosco lembramo-nos

Que já fomos assim,

Espelho autêntico

Da nossa soberba juvenil

Em que tudo e todos

Dominávamos, não pela acção

Mas pela intenção,

Em que o mundo era nosso

Numa insegurança invisível,

Em que o difícil era

Um desafio e o fácil um tédio.

Naquela altura (para nós

E para eles hoje) as virtudes

(Tolerância, Justiça ou Honestidade)

Eram um esboço

De tão rígidas e incompletas,

A perfeição parecia ao alcance

De um olhar e o amor

Límpido, reconfortante e feroz.

Nem pensar em conhecermo-nos

A nós próprios (o espaço/tempo

Eram inimigos não declarados)

E os outros ou as coisas

Inalcançáveis (a morte por exemplo)

Só serviam para nos significarem,


Ó espelhos, quero dizer filhotes,

Inabitáveis, as vossas remelas

Lavámo-las nós – vossas costelas

Nestes instantes tão entradotes.

Francisco da Renda


2 comentários:

  1. Tudo contido em nosso ser... perene, indelével !
    Paremos e pensemos
    Excelente...Grato por compartilhar Poeta Francisco da Renda...

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  2. Neste tempo ingrato e pandémico, em que nos tem sido obrigado (amais ou a menos) o recolhimento, nada como rever o livre passado para compenar a prisão do presente. Grto pela partilha.

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