Do Volume "Versos Irmãos" o V Poema
Quando vemos a maneira
Como nossos filhos se relacionam
Connosco lembramo-nos
Que já fomos assim,
Espelho autêntico
Da nossa soberba juvenil
Em que tudo e todos
Dominávamos, não pela acção
Mas pela intenção,
Em que o mundo era nosso
Numa insegurança invisível,
Em que o difícil era
Um desafio e o fácil um tédio.
Naquela altura (para nós
E para eles hoje) as virtudes
(Tolerância, Justiça ou Honestidade)
Eram um esboço
De tão rígidas e incompletas,
A perfeição parecia ao alcance
De um olhar e o amor
Límpido, reconfortante e feroz.
Nem pensar em conhecermo-nos
A nós próprios (o espaço/tempo
Eram inimigos não declarados)
E os outros ou as coisas
Inalcançáveis (a morte por exemplo)
Só serviam para nos significarem,
Ó espelhos, quero dizer filhotes,
Inabitáveis, as vossas remelas
Lavámo-las nós – vossas costelas
Nestes instantes tão entradotes.
Francisco da Renda
Tudo contido em nosso ser... perene, indelével !
ResponderEliminarParemos e pensemos
Excelente...Grato por compartilhar Poeta Francisco da Renda...
Neste tempo ingrato e pandémico, em que nos tem sido obrigado (amais ou a menos) o recolhimento, nada como rever o livre passado para compenar a prisão do presente. Grto pela partilha.
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