A Comissão Editorial do Blogue deseja a todos os seus leitores um Ano de 2022 (não, não é o ano que tem que ser excelente mas sim nós próprios) com Sabedoria, Força e Beleza.
31 de dezembro de 2021
Boas Entradas
28 de dezembro de 2021
As estrelas para cada Natal
Transcrita, com a devida vénia, a crónica de António Valdemar no Diário dos Açores de 23 de Dezembro de 2021
As estrelas para cada Natal
A confissão de Miguel Torga, em São Martinho da Anta, onde se refugiava, para o grande debate
interior, à procura dos caminhos para iluminar a esperança, transpor as contrariedades que nos
tornam vulneráveis e construir um futuro de justiça e de solidariedade humana.
O Natal de 2021 encerra mais um ano repleto de surpresas. Tivemos de rever e adiar as nossas prioridades e escolher outras. As incertezas e as expetativas dominantes obrigam-nos a pensar acerca do modo como devemos estar atentos em face da realidade quotidiana. É mais do que evidente que as incertezas geram ansiedade crescente e causam as maiores preocupações. Mas a adversidade também obriga a ultrapassar a rotina e a sair do marasmo. Estimula a energia para enfrentar o medo, vencer a insegurança e ultrapassar indecisões.
Para cada terra o seu Natal. Enquadra-se nos usos costumes e tradições locais e tem motivado, através dos séculos, poetas, escritores, músicos e artistas plásticos dos mais diferentes países. Miguel Torga um dos poetas de língua portuguesa que mais escreveu sobre o Natal situa quase todos os textos no seu paraíso original: São Martinho da Anta, terra onde nasceu e onde desejou ficar sepultado. Conhecia Portugal de ponta a ponta. Deixou-nos o registo do património construído e do património natural, do mar aberto ao apelo da distância, da planície e da lezíria, dos penhascos alterosos, das montanhas cobertas de neve, dos dourados dos castanheiros, da púrpura escaldante dos vinhedos nas encostas. Mas tinha uma ligação visceral a Trás os Montes que está na génese dos primeiros dias da Criação do Mundo e de sucessivas páginas do Diário. Uma antologia de poemas, feita ainda pelo próprio Torga, recolheu «um longo caminho órfico que principiou por ser vocação irreprimível e acabou por ser penitência assumida». Reuniu o que julgou mais significativo de «um trabalho aceso de muitas horas, muitos dias, muitos anos, o ferro cada vez mais incandescente e o forjador aureolado das chispas que saltam da bigorna».
Num dos muitos poemas sobre o Natal escreveu: “É nesta mesma lareira/ e aquecido ao mesmo lume, / que confesso a minha inveja/de mortal / sem remissão/ por este dom natural, / ou divina condição. / De renascer cada ano, / nu, inocente e humano/ como a fé te imaginou, / Menino Jesus igual/ ao do Natal/que passou».
Torga deixava Coimbra onde residia para se refugiar no pequeno grande universo de Trás-os-Montes: «léguas e léguas de chão raivoso, eriçado, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve». Era «o reino maravilhoso dos homens inteiros, saibrosos, altos, espadaúdos, que olham de frente e têm no rosto as mesmas rugas da terra». Retomou o tema: “Foi tudo tão pontual! /Que fiquei maravilhado, /caiu neve no telhado /e juntou-se o mesmo gado/no curral;/nem as palhas da pobreza;/faltaram na mangedoira, /palhas babadas da toira/que ruminava a grandeza/do milagre pressentido:/ os bichos e a natureza/no palco já conhecido. /Mas afinal o cenário/não bastou/fiado no calendário, / o homem nem perguntou/ se Deus era necessário…/ e Deus não representou». O Natal, em São Martinho da Anta, incorporava o Presépio, os Magos e as Janeiras na paisagem de neve e de sinos, para fazer surgir o renascer da criança. Era categórico: «o presépio é qualquer berço/ onde a nudez do mundo/ tem calor/e amor». As torrentes da imaginação iam mais longe: «Foi um sonho que tive! /Era uma grande estrela de papel, / um cordel/ e um menino de bibe. / O menino tinha lançado a estrela/com o ar de quem semeia uma ilusão. /E a estrela subindo, azul e amarela, /presa pelo cordel na sua mão. / Mas tão alto subiu/ que deixou de ser a estrela de papel./E o menino, ao vê-la assim, sorriu/ e cortou-lhe o cordel».
Tudo começava quando via o acender das luzes nas ruas e nas árvores e o fogo simbólico do Madeiro. A arder, sempre a arder, durante os dias de Inverno, haja neve, haja chuva, haja vento. Despertava-lhe a memória para aprofundar o que éramos, a realidade do que somos e a luta para atingir o que podemos ser. As interrogações repetiam-se. O que falta para recomeçar a vida? Para vencer a dúvida e a angústia do futuro? O que vai ser o «dia seguinte» de cada um de nós? Como se pode iluminar a esperança e transpor as contrariedades que nos tornam vulneráveis? Em São Martinho da Anta decorria o grande debate interior em torno das controvérsias teológicas, políticas e sociais.
26 de dezembro de 2021
Os períodos pandémicos - da Importância do Ritual (ou da falta dele)
Os períodos pandémicos - da Importância do Ritual (ou da falta dele)
I – Introdução
A suspensão dos trabalhos em Loja, relativa aos diferentes picos da pandemia Covid, que desde há 2 anos, mundialmente nos tem assolado, em resultado das directivas das autoridades de Saúde, do Governo e Presidente da República, subscritas pelo Grão-Mestre e C:.O:., obrigou-nos a procurar e resolver, por nós próprios, com a iniciativa inicial de alguns (poucos) IIrs:. uma alternativa possível, para continuarmos interligados e a trabalhar, embora de forma diferente da preconizada ritualisticamente, com o objectivo último de que a Loja não abatesse colunas.
A prioridade foi a de, entre Abr.20 (já que em Mar.20 ainda realizámos 1 Sessão) e logo que possível (Out.21), continuarmos a assegurar, nos termos possíveis, o trabalho programado, tentando não descaracterizar os conteúdos das pranchas previstas. Efectivamente, após alguns testes iniciais entre Set. e Nov.21, só em Dez.21 reiniciámos o nosso percurso alternativo (correspondendo a 5 a 6 meses de paragem).
O resultado dos testes anteriores, traduziu-se no recurso às plataformas de Videoconferência digitais, com os inconvenientes por todos conhecidos, mas também com algumas vantagens, que julgamos pertinentes trazer à discussão com mais pormenor. Atendendo aos novos horizontes tecnológicos que se estão a desenvolver (gostemos ou não, mas eles estão aí, com a chamada “Sociedade 4.0”), um dos quais é o teletrabalho e as Videoconferências, utilizando os equipamentos informáticos normais que cada um de nós possui.
Em nossa opinião, a NAO:. deveria continuar observar com crescente atenção (como pontualmente fez) esta evolução tecnológica, de molde a preparar o futuro, modernizando-se e adaptando-se às tecnologias emergentes, mas sem perder o seu carácter intrinsecamente iniciático, que nos distingue e individualiza perante a sociedade. Não nos esqueçamos que no passado fomos sempre caracterizados por «andarmos à frente do nosso tempo», preparando o futuro de países e sociedades (maioritariamente não democráticos ou absolutistas), de acordo com os nossa trilogia basilar de sempre – L:.I:F:.). De referir que existiu uma interessante experiência a nível nacional, com a Grande Dieta, que considerámos bastante positiva, oportuna e eficaz, apesar dum percalço (aparentemente intencional) entretanto surgido.
É habitual ouvir a alguns IIrs:. mais antigos, com bastante conhecimento e experiência acumulados, dizer que: “a Maçonaria não se ensina, aprende-se!”
Poderemos então concluir que a experiência adquirida , por via digital, terá servido para muito pouco, ou relativamente quase nada?
Se me permitem, a nossa interpretação é substancialmente distinta, pois apesar de não termos o suporte essencial do Ritual, a conexão entre IIr:., (que se vinha cada vez mais a «deslaçar», com previsíveis graves consequências para o futuro) relançou-se, a apresentação e discussão dos temas basicamente programados, constituiu trabalho efectivo, permitindo discussões bastante interessantes, sem o aparente mas real «desperdício de tempo» que o ritual introduz, induzindo maior «produtividade» às discussões. De salientar que parte significativa das Loj:. dos grandes centros, duma forma ou outra, também seguiu esta alternativa (algumas com objectivos mais restritos ou conviviais, a menor parte continuando os trabalhos, de modo análogo ao por nós efectuado).
24 de dezembro de 2021
FELIZ NATAL PORTUGAL
Com a devida vénia e respectiva autorização transcrevemos (e aproveitamos para desejar Boas Festas a todos os leitores deste Blogue) este Poema de Adilson Zotovici:
FELIZ NATAL PORTUGAL
Iluminados os canteiros
Irmanados num mesmo ideal
As famílias dos obreiros
Dos artesãos d’Arte Real
Gestos de amor verdadeiros
Uma estação sem igual
Sem penumbras, nevoeiros,
Tempos de Paz, Divinal
Lá dos céus tantos luzeiros
Na terra festa celestial
Credos e povos inteiros
Em uno espírito fraternal
Em união, companheiros,
À celebração anual
Convergindo qual romeiros
À reflexão espiritual
Assim, oram os brasileiros
Para um feliz e Santo Natal
A todos Livres pedreiros
E aos da Santa terra...Portugal !
Adilson Zotovici
21 de dezembro de 2021
Solstício de Inverno 2021
Solstício de Inverno é um fenómeno astronómico que ocorrerá, hoje, 21 de Dezembro de 2021, terça-feira, às 16h00 (mais precisamente às 15h59).Celebra-se o início do Inverno em todo o hemisfério norte e o Verão no hemisfério sul. É o dia mais curto do ano e, consequentemente, que tem a noite mais longa.
Simbolicamente, é a vitória da Luz sobre as Trevas ou o triunfo da Vida sobre a Morte.
18 de dezembro de 2021
Versos Irmãos
Do Volume "Versos Irmãos" o V Poema
Quando vemos a maneira
Como nossos filhos se relacionam
Connosco lembramo-nos
Que já fomos assim,
Espelho autêntico
Da nossa soberba juvenil
Em que tudo e todos
Dominávamos, não pela acção
Mas pela intenção,
Em que o mundo era nosso
Numa insegurança invisível,
Em que o difícil era
Um desafio e o fácil um tédio.
Naquela altura (para nós
E para eles hoje) as virtudes
(Tolerância, Justiça ou Honestidade)
Eram um esboço
De tão rígidas e incompletas,
A perfeição parecia ao alcance
De um olhar e o amor
Límpido, reconfortante e feroz.
Nem pensar em conhecermo-nos
A nós próprios (o espaço/tempo
Eram inimigos não declarados)
E os outros ou as coisas
Inalcançáveis (a morte por exemplo)
Só serviam para nos significarem,
Ó espelhos, quero dizer filhotes,
Inabitáveis, as vossas remelas
Lavámo-las nós – vossas costelas
Nestes instantes tão entradotes.
Francisco da Renda