Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

2 de outubro de 2018

PAINEL DE LOJA – Grau 1 – IMPLICAÇÕES


PAINEL DE LOJA – Grau 1 – IMPLICAÇÕES


Com base no traçado de Diógenes de Sinope, “Simbolismo na Franco-Maçonaria” de Outubro de 2013 e inspirado no livro de Joules Boucher cujo título original é “La Symbolique Maçonnique”, entre outras fontes que estão registadas na bibliografia deste traçado, segue-se uma interpretação resumida sobre o painel do aprendiz cuja fundamentação simbólica radica nas colunas do templo de Salomão. Com efeito, eram colunas semelhantes diferenciando-se pelo posicionamento no seio do templo e pela designação que lhes foi atribuída como veremos mais à frente.  Verificaremos ainda que as duas colunas no traçado da loja do aprendiz são coroadas por três romãs entreabertas, sendo que esta formulação se distancia da descrição original registada na bíblia sobre a finalidade das colunas no templo de Salomão. Neste contexto, interessa compreender a simbologia associada aos lírios e o enquadramento simbólico das correntes no capitel das colunas. Há, também, a considerar no painel do aprendiz, o significado dos três degraus e a configuração do piso em xadrez com mosaicos pretos e brancos alternados entre si. Por fim, tencionamos, entre outros aspetos relevantes, abordar o papel simbólico das pedras, bruta, cúbica e cubica pontiaguda, assim como o das duas Luzes e, não menos importante, o significado e as implicações da Porta do Templo.

O PAINEL DO APRENDIZ
No contexto original da Maçonaria Operativa, as sessões eram realizadas em locais improvisados e os símbolos eram desenhados no piso do local escolhido, sendo apagados no final de cada sessão.
Posteriormente, passou a utilizar-se uma tela previamente desenhada e pintada com todos os símbolos do painel. Essa tela era desenrolada no início das sessões e representava o templo.
Depois, os templos passaram a ser edificados em construções estruturadas que permitem, entre outros aspetos importantes, a reserva e continuidade que se pede a todos os que integram as sessões maçónicas.
Tal como referido na introdução deste traçado, o painel integra, entre outros elementos importantes, duas colunas coroadas por três romãs entreabertas, a configuração do piso em xadrez com mosaicos pretos e brancos alternados entre si,  a pedra bruta, a pedra cúbica e a pedra cubica pontiaguda, assim como as duas luzes (o sol e a lua) e, como não podia deixar de ser, a Porta do Templo.
No grau de Aprendiz, os Símbolos, Gestos e Rituais têm especial importância pois remetem para um comportamento que impõe uma disciplina de aprendizagem e que constitui um compromisso, simultaneamente, individual e coletivo.
Por exemplo, a disciplina do Silêncio induz o aprendiz a encontrar o Caminho da Luz num processo consequente de escuta ativa e de aprendizagem intensiva. Por outro lado, neste contexto iniciático o Aprendiz deve começar por compreender o significado simbólico das Joias Móveis, das Joias Fixas e dos Ornamentos, entre outros símbolos.

Joias Móveis
Com efeito, as Joias Móveis mereceram essa designação por serem as insígnias dos Irmãos que exercem os Cargos da Direção da Loja, designadamente o Esquadro, o Nível e o Prumo.
O Esquadro representa a matéria e remete para os conceitos de Equidade e a Rectidão, estando a cargo do Venerável Mestre.
O Nível remete para a horizontalidade das superfícies e é a jóia que está sob a responsabilidade do Primeiro Vigilante, simbolizando a Igualdade e representando, desta forma, o nivelamento e a fraternidade que deve subsistir entre os irmãos da loja, independentemente dos diferentes graus e qualidades de cada um.
O Prumo destina-se a avaliar e corrigir eventuais desvios na aprendizagem do Iniciado e espelha o nível do conhecimento adquirido no processo iniciático, indicando o caminho árduo do aperfeiçoamento. Esta joia está sob a responsabilidade do Irmão Segundo Vigilante.
Joias Fixas
A Prancheta, a Pedra Cúbica e a Pedra Bruta são as Joias Fixas e simbolizam os diferentes Graus de Instrução nas Lojas Azuis. A designação “Jóias Fixas” está relacionada com facto de estas joias estarem em permanente exposição na Loja, pretendendo significar que se impõe um código moral destinado a todos os Obreiros
A Prancheta está a cargo do Mestre, a Pedra Cúbica representa o Companheiro e a Pedra Bruta simboliza o Aprendiz. De facto, o grau de aprendiz sugere falta de instrução e necessidade de um esforço de aperfeiçoamento e de polimento, de modo a que as paixões deixem de toldar a razão, tal como a pedra bruta para poder dar lugar à pedra Cúbica necessita de ser polida e trabalhada com arte e empenhamento.
Ornamentos
A representarem as 3 Luzes da Franco-Maçonaria, estão a Constituição o Esquadro e o Compasso que, neste contexto do Grau1, devem estar sobrepostos com o Esquadro por cima. O Ornamento no Rito Escocês Antigo e Aceito é a corda de 7 nós.   
Já agora, é interessante referir que embora tenha merecido a designação de escocês, o Rito Escocês Antigo e Aceito é oriundo de França, incorporando as modificações  realizadas no “Rito de Inglês”.
A Maçonaria em França terá emergido por iniciativa de maçons ingleses, de acordo com o ritual que se praticava na Grande Loja de Londres.

O Sol, a Lua e as Estrelas
O Sol, a Lua e as Estrelas simbolizam o Universo e iluminam a abóbada celeste, remetendo para o Infinito. O Sol e a Lua são as duas Luzes que remetem para os diferentes antagonismos como que nos confrontamos no quotidiano e no domínio alargado e, de certa forma, inalcançável da natureza. Por exemplo, o dia em oposição à noite, ou o masculino em articulação antagónica com o feminino ou, ainda, o contraste entre o claro e o escuro, gerando equilíbrios que sugerem, de algum modo, a dialética dos contrários proposta por Heraclito.
O Sol é a fonte de energia essencial que produz luz e vida e nasce no Oriente, onde surgiram a civilização e as ciências. A Lua, por outro lado representa o amor e levanta-se quando o Sol se esconde no horizonte, passando a vislumbrar-se no céu com beleza e grandiosidade mas sempre com recurso à luz solar.
Com efeito, os trabalhos maçónicos começam, simbolicamente, ao meio-dia quando o Sol está no zênite e terminam à meia-noite quando o Sol está no nadir, altura em que a Lua emerge brilhante e em todo o seu esplendor
Finalmente, as Estrelas representam o cariz universal da Maçonaria, sendo que os Maçons de todo o mundo, devem partilhar a Luz que emana dos seus conhecimentos com todos os que se encontram nas trevas e na ignorância.

O pavimento branco e preto
O pavimento com mosaicos alternadamente brancos e pretos, representa a oposição e a complementaridade entre o Bem e o Mal. No Grau de Aprendiz, esta arquitetura representa o piso térreo do Templo do Rei Salomão.
A Porta do Templo, as Colunas, os 3 degraus e as Romãs
Numa Loja maçónica a entrada para as reuniões faz-se pela Porta do Templo que também pode designar-se por Porta do Ocidente, representando a fronteira entre as trevas e a luz pois é no seu limiar que o Sol se põe. Essa entrada realiza-se através de um espaço delimitado por duas colunas que evocam as que existiam no átrio do Templo de Salomão, descritas na Bíblia no 1.º Livro dos Reis, capítulo 7, versículos 15-22:
As Colunas “B” e “J”, estão presentes em todos os templos maçônicos e no Rito Escocês Antigo e Aceito, a Coluna “B” fica à esquerda e a “J” à direita. Os Três Degraus antes do Pórtico, representam a idade do Aprendiz, correspondente ao tempo que os Maçons Operativos necessitavam para serem elevados ao Grau de Companheiro.
De facto, os Três Degraus têm de ser percorridos pelo Aprendiz e esse percurso representa   o tempo de permanência no 1º Grau.  Só depois desta ascensão é que o Aprendiz atinge o pórtico e entra na obra maçónica propriamente dita.

Finalmente, as romãs semiabertas nos capitéis das colunas, separadas por compartimentos cheios de sementes, dispostas de forma sistematizada de modo a sugerir união íntima, propõem a fraternidade desejável entre os homens em geral e impõem a incontornável irmandade entre os Maçons que representam uma unidade universal, determinada pelo espírito da ordem e da fraternidade.

Meridional Júnior, Apr:.


Bibliographia
- A Simbologia Maçónica dos Painéis   Consultado na net em 22-09-2018
-Arte Real – Trabalhos Maçónicos   Consultado na net em 21-09-2018-
-Jules Boucher – “ A Simbólica Maçónica”, Editora Pensamento Ltda
-Painel do grau de aprendiz Maçom do R:.E:.A:.A:.   Consultado na net em 23-09-2018
-Revista Biblioteca – “O painel do aprendiz”   Consultado na net em 20-09-2018





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