Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.
(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)
7 de abril de 2018
ESTÓRIA DE UM TIRANO - Ficção
Com a devida vénia se transcreve o conto:
O Rei está nu de
Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” –
Londrina –PR.
Era uma vez, assim começam todas as estórias, todas as fábulas, existiam três reinos que faziam divisa entre si. Nem se sabe por que havia esta divisa, pois os três povos falavam a mesma
linguagem, tinham os mesmos costumes os mesmos princípios morais, a mesma religião, a mesma etnia,a mesma moeda chamada fraternidade, usavam os mesmos princípios naturais de tolerância entre si tinham o mesmo respeito em relação ao Universo e seu Criador.
Não havia a mínima contradição. Eram todos felizes.Possivelmente há centenas de anos houve alguma razão histórica para esta divisão porque atualmente dadas às semelhanças e princípios
poderia ser apenas um reino só. Havia um parentesco muito grande entre eles. Era em realidade todos um povo só. Não havia razão para esta divisão territorial a qual por tradição permaneceu, mas sem necessidade. As divisas eram mais simbólicas que reais. Havia uma grande solidariedade e amizade
entre os três povos. Pode-se dizer que se gostavam e se amavam muito entre si e se visitavam com frequência. Normalmente os Amigos de um reino visitavam seus vizinhos, os quais eram muito bem recebidos, com muita hospitalidade. Eram parceiros em realizações sociais, onde havia algum envolvimento financeiro em dinheiro arrecadado para a realização de obras sociais que viessem a servir os três povos. Eram corteses e gentis entre si. Viviam na mais perfeita harmonia. Cada reino tinha o seu rei, é lógico, o qual mantinha as melhores relações com os demais reis vizinhos. Mas estes reinados por um princípio democrático tradicional tinham um sistema político em que num período de quatro anos, através de eleições era escolhido um novo rei. Aliás, sábio este costume, porque havia sempre a possibilidade de mudança através do voto do povo para trocar os maus governantes por um novo rei mais jovem, com maior sapiência.
Como costuma acontecer nestas estórias sempre aparece de vez em quando um vilão, uma figura estranha, que o poder lhe sobe à cabeça. Trata-se de um psicopata social. Nem todo psicopata mata pessoas. O psicopata social é um individuo que vive no meio dos seres humanos, geralmente se
comporta como se fosse normal quase ninguém percebe, só apenas algumas pessoas mais coerentes e sensíveis entendem este tipo de personalidade. O psicopata chega a imaginar um poder existencial jactando-se na sua paranoia. Ele não tem sentimento de tolerância, fraternidade e compreensão que são valores vitais que os povos destes reinos mais cultuavam. O psicopata social derruba princípios já há muito tempo aceitos e usados. Passa por cima até da própria mãe, para exercer o poder que ele imagina ter.
O rei de um destes três reinos citados, baixinho, caricato, quasímodo, mal encarado, mal preparado intelectualmente, mal intencionado, muito vaidoso, sem conhecimentos profundos sobre seu povo, e sobre a filosofia da fraternidade e da tolerância que existia nos três reinos querendo apenas aparecer e achando-se que era o rei absoluto e eterno, não percebia que apenas“estava” rei momentaneamente, e mesmo sabendo, ignorava que de tempos em tempos elegia-se democraticamente um novo rei nestes três reinos isto porque nunca imaginou, nunca soube dimensionar e sentir a felicidade que existia entre os três povos e que o povo de seu próprio reino também fazia parte desta verdadeira confraria fraterna. Ele, cego pelo poder e pela exibição e vaidade não tinha capacidade de ter estes sentimentos.
Então o rei malvado emitiu um decreto proibindo os habitantes de um dos reinos e parte dos súditos do outro reino de visitar o seu reino, praticamente fechou a fronteira. Esta atitude foi mal recebida
por seu próprio povo, onde muitos súditos não tomaram conhecimento do decreto funesto, e por isso alguns sofreram por não concordar, um exilio sumário. Foram banidos para longe. Certas regiões houveram por bem continuar tudo como estava desobedecendo ao rei tresloucado. O rei tinha um livrinho onde ele anotava os nomes daqueles que podiam entrar no seu reino. Se o nome não estivesse no famigerado livrinho, era considerado inimigo, não entrava. E a vaidade deste rei era tamanha, que um conto de Hanz Crhistian Andersen pode ser adaptado para este caso. Havia um outro rei muito vaidoso, que gostava de aparecer, e de andar bem vestido. Era de uma vaidade total. Seu alfaiate de
confiança era um espertalhão, mas ao mesmo tempo era um crítico pertinaz, lhe deu uma sugestão.
Oh, meu rei, eu sei que V. Majestade gosta de se vestir bem. Foi descoberto um tecido muito especial e lindo que tem uma qualidade que os bobos, tolos, inocentes e ingênuos não são capazes de
vê-lo. Usando uma roupa desta qualidade, V. Majestade poderá distinguir as pessoas que lhe são fieis e inteligentes, das pessoas estúpidas, ingênuas, e não qualificáveis para o vosso país. Somente os indivíduos poderosos e ricos e inteligentes poderão enxergá-lo.
O rei vaidoso e ganancioso achou que era uma descoberta fantástica e pediu para que o alfaiate fizesse a roupa o mais rápido possível, pois queria saber quem estava ao seu lado. O famoso
alfaiate apareceu com a “roupa pronta” fez de conta que estava vestindo o rei, mas não havia roupa nenhuma. A notícia correu o reino. O rei decidiu com seu séquito de lacaios sair às ruas. Todo o povo fingia admirar a roupa do rei, não querendo passar por estúpido até que a certa altura um menino gritou: Olha, olha o rei ele está nu. A esta altura o rei percebeu que havia sido enganado e todo o povo rindo dele. Desmoralizado, envergonhado e arrependido de sua vaidade, se recolheu ao seu palácio.
Bem, voltando aos três reinos, o decreto do rei malvado não foi seguido por muito dos seus súditos, que organizados em comissões, ou em grupos, não estão seguindo a famigerada ordem tornando o decreto letra morta.Guardadas as semelhanças desta fábula, este decreto é a roupa do rei do conto de Andersen.
Bem para terminar esta estória fica a pergunta no ar: Quando este rei for substituído, quem se lembrará dele? O que de bom ele fez ao seu povo e aos seus vizinhos? Foi fraterno? Foi tolerante?
Deixou seu nome marcado na história? Que mal ele causou?
De qualquer forma este rei encontra-se totalmente nu.
Hercule Spoladore
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