O pensamento é dinâmico, e no momento em que cessar esta característica, ai de nós, humanidade pura e dura que acredita, e citando
Daniel Béresniak…
que as certezas são estéreis e a inquietude é fecunda…, melhor dizendo, que não aceita as definições definitivas por impedirem a dedução verificada e corrigida pelos factos.
Desde as mais antigas Eras que os Geómetras (pronuncia-se Maçons) associaram a razão, intuição e imaginação para explicarem as coisas e o mundo para além da dimensão técnica e, estando eu grato por tais ensinamentos, vou relacionar a Geometria com uma das mais marcantes consequências desse acontecimento do Séc. XVIII que se designou por Revolução Francesa de 1789 que deu à Luz a chamada Laicidade.
Já sinto as farpas (lê-se certezas) dos que, estaticamente, aceitam as verdades por desígnios autoritários (
Roma locuta, causa finita), mas que venham elas pois esta viagem vou encetá-la preparado para, sobretudo, errar (nunca mais me esqueci de um ditado Hassídico que diz…
nunca perguntes qual o caminho a quem o conhece pois assim tu nunca poderás errar…) e depois corrigir se assim for necessário.
Geometricamente Laico! Paradoxo ou verdade ainda por descobrir? Vamos, então, debruçarmo-nos sobre as partes para vermos a Luz que tudo esclarece e domina.
Sabe-se que na
Laicidade:
1- É convicção aceite por muitos que é inseparável da liberdade e tolerância e uma opositora feroz das representações totalitárias afirmando-se como universal ao transmitir-nos o saber independentemente das certezas dogmáticas.
2- Afirma-se também como uma aliada dos Mistérios Antigos que foram abafados pelas ortodoxias vigentes na Antiguidade.
3- Não reduz o indizível a ídolos recusando, portanto, uma espiritualidade monopolista. Etimologicamente significa Povo, ou seja, designa os que não pertencem às classes dominantes (clero e nobreza), secularizando assim o saber.
4- Não impõe nenhuma maneira de explicar as coisas garantindo a liberdade de consciência a cada um para o fazer e empurra todos para formularem mais perguntas do que obterem respostas.
5- Excluir quem em nome de quê não cabe no pensamento que usa a razão, ciência e progresso como pilares de um processo que conduz o indivíduo à livre escolha e à tolerância.
6- A espiritualidade não é monopólio de ninguém nem de nenhuma organização e a laicidade tem uma própria em que celebra a vida que se nutre pela passagem do que é simples ao diversificado.
7- Associa a lógica (racional) à analogia (poética e metafisica) sem haver dominação de uma sobre a outra, bem pelo contrário, harmoniza e potencia ambas.
8- Promovendo a singularidade depois de integrada no conjunto social, reconhece o indivíduo, não como o átomo social igual aos outros, mas como ser único capaz de produzir uma ideia ou palavra nova, quer dizer, alivia a velha tensão da identidade em que o Ser quer ser diferente mas também quer ser igual.