Uma primeira resposta e opção: sem referências a vultos da ciência, da arte, da literatura, da política. Antes, origens.
Sem grandes referências históricas ou filosóficas. Só origens, ciente que transportamos no nosso código genético isso mesmo.
Ora, quais são as minhas origens? Uma, a familiar. Outra a nacionalidade.
Da família haverá pouco, ou muito, a dizer mas, sobre isso, não perderei tempo, tal é a sua ligação à administração de um País em construção, a sua dimensão e a dispersão determinada pelas funções de cavalaria a que era chamada pelos reis de Portugal.
Da família, de Gundar, de nome Men de Gundar, um fidalgo asturenho que acompanhou o Conde D. Henrique, em serviço da Rainha Dª Teresa, tendo como missão servi-lo na gestão do Condado Portucalense.
D. Mem de Gundar, segundo o que se sabe, pertencia ao mais alto grau da nobreza, integrando o conselho privado de monarcas. Foi Alcaide-Mor de Celorico de Basto, fundador do mosteiro da Ordem de São Bento e senhor de São Salvador de Lafões, da Quinta das Rosas e da Vila do Rego.
Da outra, a nacionalidade, também origem, a homenagem ao que considero o primeiro português: aquele que sonhou e realizou Portugal.
Ora, são estas as minhas referências a Gundar e a Afonso.
O primeiro, perdido no tempo e na história de família, já com uma nova noção de nação/estado, através de seu neto, que lhe sucedeu em todos os títulos e propriedades, antes Lourenço Eanes Gundar, adoptou para si o nome de Lourenço do Rêgo, provavelmente por influência de uma das suas regiões geridas.
O outro, tão esquecido dos portugueses, teve a ousadia de sonhar Portugal, Afonso, de nome Henriques, primeiro rei de Portugal.
E, porque nós somos origens e referências, Gundar enquanto origem de família.
Afonso enquanto referência da ideia da portugalidade construída sem grandes retóricas. Pela acção objectiva.
E, nisto esgoto, praticamente, a minha designação entre irmãos.
Antes, afirmando as origens e a construção do individuo que sou. Responsável pela obra de sua vida.
Origens que, hoje, me interpelam sobre o papel de Portugal no mundo.
E, porquê?
O que é que se perdeu no tempo para que tal interrogação ganhe, cada dia mais, uma importância determinante na nossa identidade cultural, intelectual e da história de um País que, de tão pequeno fisicamente, garantiu ao longo de séculos a sua independência e, mais ainda, a primeira ideia de mundo global?
Mas, regressando às origens, ao nosso código genético de portugueses, a Afonso, de nome Henriques, que sonhou Portugal, inventando-o. Afirmando um património de mais de oito séculos.
Incómodo, Afonso, Afonso Henriques, segundo alguns historiadores nascido a 25 de Julho de 1109, com uma rudimentar aprendizagem na cidade de Guimarães, nos interpela, ainda hoje, sobre o conceito de portugalidade e pátria. Um homem, um português, quanto a mim o primeiro português que, esquecido nas liturgias da Pátria, onde cabem as mais variadas comemorações, já os árabes, à época, denominavam como Bortukali (o português).
Sentido prático da nacionalidade? Penso que sim.
Herança que nos deixa uma imensa responsabilidade? Não tenho dúvidas.
Interrogação incómoda nos tempos de correm? Claro que sim.
Ora, é a esta que associo a adopção do nome Afonso de Gundar.
Ao conjunto de respostas que importa encontrar quando constatamos a dissolução de valores como a família e a portugalidade, ou seja: as origens.
Toda uma história que sempre esteve para lá da retórica mas, no seu legado, nos deixou dos maiores vultos de todos os tempos, dos quais destaco, pela sua actualidade, quando temos a língua em saldo: Camões e Fernando Pessoa.
Pouco? Muito? Cabe a cada um de nós encontrar as suas respostas, quando confrontados com a vulgarização da língua, da noção de pátria e de todo um legado histórico e cultural impar, a troco de negócios e interesses discutíveis, tais como o que eufemisticamente chamamos CPLP ou, num plano mais próximo geograficamente, Europa.
Enquanto português, e por isso mesmo, pretendo como “Afonso de Gundar”, eleger como grande prioridade a promoção do sentido de ser português, orgulhoso da sua história e da sua língua enquanto herança de antepassados que construíram esta ideia de ser português… sem vassalagens.
E, não é coisa pouca, pois, inserido Portugal num espaço político e económico a que chamamos União Europeia, a língua portuguesa deixou de merecer tradução, mesmo quando as políticas e negócios se efectuam com países que falam a mesma língua ou…uma deriva desta, travestida de português. Pior que isso: mesmo em Portugal, em acções e iniciativas de portugueses, substituída por outras línguas.
Quero terminar como comecei.
Se ser maçon significa liberdade de pensamento, defesa dos valores ancestrais e das origens, lutar pela verdade, solidariedade, beleza, perfeição e luz do conhecimento, a Afonso Gundar quero deixar esse mesmo caminho como meta intemporal, tal como a nossa história, hoje tão mal interpretada.
Afonso Gundar, pretende construir-se a si próprio e eleger o trabalho em defesa das suas referências como instrumento operacional, partilhando com todos, estes tão simples quanto complexos valores.
Nada mais
Afonso Gundar, Apr.'.
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