Se há assunto, ideia, matéria, teoria ou prática onde a Franco-Maçonaria se sente à vontade, por possuir armas e argumentos válidos, é precisamente no terreno dos Contrários. É que desde a tradição Hermética à moderna Instrução, o Maçom é orientado para uma racionalidade espírito/material que o dota particularmente para analisar e colocar em prática a Construção Ideal, daí ter-me lembrado que valia a pena, embora resumidamente, percorrer os caminhos das Correntes Antimaçónicas que, quer queiramos ou não, tiveram uma preciosa influência no nosso percurso enquanto Ordem Universal.
Parecem ter surgido no início do Séc. XVIII em paridade com o crescimento da Maçonaria dita Especulativa, e em várias regiões do globo, cada uma delas apresentando circunstâncias regionais e continentais. Esta dimensão internacional do que se considera o antimaçonismo primário é muito ambígua no sentido em que as suas formas e tendências se apresentaram sob a forma de ultrajes e vinganças com grande simplificação sendo a maior parte delas sem fundamento estruturado, coerente e apenas montadas em campanhas ignominiosas em que o plano escondido é um ataque político-social provocado pelo sentimento de perda do absolutismo, quer temporal quer espiritual da época ou, como diriam os psicanalistas, uma reacção afectiva de origem neurótica, ou seja, o principal factor não é apenas a mudança mas o medo dessa mudança, da distância crítica e da adaptação a novos ideais em que se sentem desenraizados.
Por questão de metodologia abordaremos as origens destas correntes antimaçónicas em França, EUA, Roma Pontifica, Espanha e América Latina de um modo mais substancial que já vão tornar pesado este traçado e mais ligeiramente as que grassaram na Bélgica, Turquia, Inglaterra, Escandinávia, Rússia e tantas outras regiões.