Factos e Motivos Para Reflexão. De acordo com os Landmarks, “a Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa…”.
Em minha opinião, importa clarificar se deve existir uma leitura literalista destas disposições ou se elas devem ser entendidas no contexto adequado das nossas sociedades actuais.
Existem substanciais diferenças entre discutir questões políticas gerais ou questões de índole político-partidária, bem como entre discutir questões relativas às legítimas opções religiosas de cada um ou os instrumentos perversos de dominação obscurantista das consciências humanas.
Aspectos fundamentais do progresso social e humano dos últimos 2 séculos tiveram, em diversos países, a intervenção decisiva de maçons e das próprias Ordens maçónicas.
Ora, esta intervenção teve, inevitavelmente, um conteúdo político em torno de grandes princípios e valores do progresso civilizacional, que uniram vontades e energias de muitos maçons com diferentes posicionamentos partidários e religiosos no mundo profano.
Basta lembrar as seguintes lutas:
- Contra os extremismos políticos e absolutismo religioso;
- Contra as guerras;
- Pela liberdade e igualdade dos cidadãos perante a lei;
- Pela autodeterminação dos povos;
- Pelos governos representativos e democráticos;
- Pela justiça social e de igualdade de oportunidades para todos os cidadãos;
- Pela separação entre o Estado e a Igreja;
- O ensino ao alcance de todos;
- Pela supressão da miséria e da alienação humanas;
- Criação do registo civil;
- Criação de protecção social nas doenças profissionais.
Esta enumeração sintética permite verificar que a adopção de uma rígida posição de mera actividade especulativa, não complementada com a intervenção no mundo profano e na estrutura geral da sociedade, não possibilita à nossa Ordem ter um adequado papel no aperfeiçoamento moral dessa mesma sociedade, nem contrariar as forças que buscam a instauração de um qualquer sistema obscurantista de intolerância e fanatismo.
Aliás, acontecimentos ocorridos em vários países, inclusive no nosso, permitiram a instauração de regimes totalitários e opressores que custaram a vida de muitos cidadãos livres, a começar pelos maçons, e determinaram a proibição e perseguição das Ordens maçónicas.
Ainda recentemente, a realização de um violento atentado a um restaurante em Istambul onde se encontravam maçons, matando e ferindo diversos irmãos, revela um preocupante recrudescimento das actividades de grupos fanáticos religiosos.
Os termos em que o atentado foi reivindicado pela organização terrorista Al Qaeda, torna indiscutível que se tratou de uma acção premeditada e bem dirigida a um objectivo definido com a ameaça de que outras se seguirão.