Começo por citar o past Grão-Mestre do GOL Ramon Machado de la Féria que escreveu, e cito... o Ritual constitui a trave-mestra da iluminação e do equilíbrio espiritual do maçon...
Como não só concordo com esta afirmação, mas também porque tenho assistido, nestes últimos anos, a um desinteresse fantasiado de muitos irmãos, decidi revisitar o Ritual de Apr∴, de modo a realçar o como, o quê e o Porquê de ser a trave-mestra do caminho da Luz (pode ler-se conhecimento e sabedoria).
Todos sabemos que, desde o mais pequeno triangulo da mais ínfima nação à maior loja da mais possante nação, todos os Maçons têm o mesmo trabalho simbólico, ou seja, a maçonaria torna-se universal, não só, mas também, pelo Ritual que todos os maçons de todas as raças e credos vivenciam na sua formação.
Passemos aos detalhes, a saber: antes da Abertura dos Trabalhos, o Templo (também o Interior) tem que estar devidamente decorado com as alfaias do grau da sessão devendo os obreiros estar paramentados antes do inicio, ou seja, rigor e respeito pela tradição. Depois, a exortação pelo M∴ de Cer∴ para que, todos, deixem as suas paixões à porta de modo a que a construção de cada um seja pura e imaculada. A entada dos obreiros deve obedecer a uma hierarquia por ordem crescente de grau e antiguidade. Todos estes preparativos devem ser acompanhados pelos sons da Coluna da Harmonia que, no pensamento de D. Béresniak e cito…é um excelente preparativo para a reflexão espiritual…
Na abertura dos Trabalhos começa-se pelo reconhecimento entre irmãos que, posteriormente, serão testemunhos da evocação da Sabedoria, Força e Beleza provenientes das Luzes da Loja. Segue-se um período em que o onde, o quê e o porquê de nos reunirmos em Loja são realçados pois é um objectivo comum a todos. É justo realçar o combate à tirania e ao vício e a elevação da virtude.
Depois da abertura vem o período do expediente, cuja missão é todos remarmos para o mesmo lado sem controvérsias (excepção à Ordem do Dia em que poderá haver diálogo e contraditação dependendo do tema). É de notar que os Obreiros, quando intervêm, estão de pé e à Ordem exibindo respeito para quem dirige os trabalhos e para os restantes Obreiros.
Findo este período, duas acções, das mais marcantes para quem se inicia, a saber, a solidariedade e a conjugação espiritual que é como quem diz a circulação do Tronco da Viúva e a Cadeia de União, momentos em que a postura deve ser solene e de grande respeito e não em tons ligeiros ou de brincadeira.
Segue-se o período da discussão sobre assuntos da Ordem em Geral e da Oficina em Particular debatendo-se os problemas colectivamente e com sentido de responsabilidade de modo a que se consiga enriquecer a nossa mente.
Finalmente o Encerramento dos Trabalhos em que se reforçam as acções das Luzes da Loja e se promete ser discreto em relação ao que foi apresentado em Loja.
Gostaria, antes de terminar, de vos recordar algumas citações de René Guénon que dizem, e cito…todos os elementos de um ritual têm que ter um senso simbólico, sendo o símbolo o mais adequado dos suportes meditativos que usam expressões gráficas para a reflexão…
Diz ainda, e continuo a citar…o verdadeiro sábio humilha-se diante da verdade que ele sabe ser maior que a sua compreensão evitando assim a tentação de ser um instrutor das multidões…
Ou seja, a nossa reunião em Loja não é um mero encontro de amigos em que se trocam, ora mimos ora acusações, para se libertarem as cargas negativas que a realidade nos impinge.
Não é em vão que exortamos o combate à ambição, orgulho e preconceitos e não é em vão que elevamos templos à virtude praticando a justiça e o socorro aos aflitos.