Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

28 de novembro de 2023

Ritual Aprendiz Revisitado

 


Começo por citar o past Grão-Mestre do GOL Ramon Machado de la Féria que escreveu, e cito... o Ritual constitui a trave-mestra da iluminação e do equilíbrio espiritual do maçon...

Como não só concordo com esta afirmação, mas também porque tenho assistido, nestes últimos anos, a um desinteresse fantasiado de muitos irmãos, decidi revisitar o Ritual de Apr∴, de modo a realçar o como, o quê e o Porquê de ser a trave-mestra do caminho da Luz (pode ler-se conhecimento e sabedoria).

Todos sabemos que, desde o mais pequeno triangulo da mais ínfima nação à maior loja da mais possante nação, todos os Maçons têm o mesmo trabalho simbólico, ou seja, a maçonaria torna-se universal, não só, mas também, pelo Ritual que todos os maçons de todas as raças e credos vivenciam na sua formação.

Passemos aos detalhes, a saber: antes da Abertura dos Trabalhos, o Templo (também o Interior) tem que estar devidamente decorado com as alfaias do grau da sessão devendo os obreiros estar paramentados antes do inicio, ou seja, rigor e respeito pela tradição. Depois, a exortação pelo M∴ de Cer∴ para que, todos, deixem as suas paixões à porta de modo a que a construção de cada um seja pura e imaculada. A entada dos obreiros deve obedecer a uma hierarquia por ordem crescente de grau e antiguidade. Todos estes preparativos devem ser acompanhados pelos sons da Coluna da Harmonia que, no pensamento de D. Béresniak e cito…é um excelente preparativo para a reflexão espiritual…

Na abertura dos Trabalhos começa-se pelo reconhecimento entre irmãos que, posteriormente, serão testemunhos da evocação da Sabedoria, Força e Beleza provenientes das Luzes da Loja. Segue-se um período em que o onde, o quê e o porquê de nos reunirmos em Loja são realçados pois é um objectivo comum a todos. É justo realçar o combate à tirania e ao vício e a elevação da virtude.

Depois da abertura vem o período do expediente, cuja missão é todos remarmos para o mesmo lado sem controvérsias (excepção à Ordem do Dia em que poderá haver diálogo e contraditação dependendo do tema). É de notar que os Obreiros, quando intervêm, estão de pé e à Ordem exibindo respeito para quem dirige os trabalhos e para os restantes Obreiros.

Findo este período, duas acções, das mais marcantes para quem se inicia, a saber, a solidariedade e a conjugação espiritual que é como quem diz a circulação do Tronco da Viúva e a Cadeia de União, momentos em que a postura deve ser solene e de grande respeito e não em tons ligeiros ou de brincadeira.

Segue-se o período da discussão sobre assuntos da Ordem em Geral e da Oficina em Particular debatendo-se os problemas colectivamente e com sentido de responsabilidade de modo a que se consiga enriquecer a nossa mente.

Finalmente o Encerramento dos Trabalhos em que se reforçam as acções das Luzes da Loja e se promete ser discreto em relação ao que foi apresentado em Loja.

Gostaria, antes de terminar, de vos recordar algumas citações de René Guénon que dizem, e cito…todos os elementos de um ritual têm que ter um senso simbólico, sendo o símbolo o mais adequado dos suportes meditativos que usam expressões gráficas para a reflexão…

Diz ainda, e continuo a citar…o verdadeiro sábio humilha-se diante da verdade que ele sabe ser maior que a sua compreensão evitando assim a tentação de ser um instrutor das multidões…

Ou seja, a nossa reunião em Loja não é um mero encontro de amigos em que se trocam, ora mimos ora acusações, para se libertarem as cargas negativas que a realidade nos impinge.

Não é em vão que exortamos o combate à ambição, orgulho e preconceitos e não é em vão que elevamos templos à virtude praticando a justiça e o socorro aos aflitos.

14 de novembro de 2023

Á volta do do TEMPO, da IDADE e da MAÇONARIA



 À volta do Tempo, da Idade e da Maçonaria

Á volta do do TEMPO,  da IDADE e da  MAÇONARIA

Achamos útil voltar a recordar alguns conceitos relacionados com os 3 temas acima, publicados inicialmente neste Blog em 12.Jul.2022,  já que  julgamos serem poucas vezes recordados e discutidos nas Sessões em Loja.  O facto de considerarmos importante a sua análise periódica, muito em especial para os AApr:. e CComp:. leva-nos a acreditar que será útil voltar a recordá-los (p' Comissão Editorial do Blog - Salvador Allen:.M:.M:.)

Algumas das interrogações que mais frequentemente se nos colocam, são precisamente as que surgem acima. Existirá,  por norma, decreto ou prática, ou até por algum acaso, alguma idade ajustada para se ser Iniciado, ou deverá existir, pelo contrário e  essencialmente, uma maturidade certa para se ser Iniciado.

Constatamos infelizmente que a esmagadora maioria dos homens e mulheres, nunca atinge (ou atingirá)  essa maturidade, devido quer a um conjunto de dificuldades e também às muitas «partidas», que o actual desenrolar cada vez mais acelerado da  vida, às dificuldades económicas ou até de saúde, inerentes, que a quase todos envolve e agrega em caminhos dispersos, voláteis  ou sem sentido, e muitas vezes críticos.  

Se aos factores anteriores associarmos o individualismo, o egoísmo e o prevalecente espírito e práticas consumistas, ampliados por núcleos de amigos pouco propícios (ou até contra a discussão destes assuntos), as sucessivas crises financeiras, sanitárias e as subsequentes dificuldades económico-sociais,  que num rodopiar crescente envolvem tudo e todos, sobretudo as  gerações mais novas e os mais idosos. Em associação à iliteracia média vigente e às suas consequências - nível cultural médio baixo, teremos o caldo em que fermentam as condições objectivas que dificultam ou impedem a chegada à tal maturidade. Subjacentes estão também outras tantas crises individuais de descrença, quer na própria vida, quer nas instituições  estaduais e politicas, esbatendo progressivamente a autoconfiança, corroendo o acumular de conhecimentos  adquiridos,  no fundo traduzindo a (des)informação e experiências de vida desgastantes, que a sociedade globalizante e sem regras nos transmite diariamente, por todos os meios de comunicação que controla e manipula, como melhor lhe convenha. 

Assim, a maior parte dos seres humanos, nascem, vivem, reproduzem-se (cada vez menos)  e morrem, sem terem infelizmente tempo ou disposição para perder alguns dias de vida que sejam, com “grandes questões”. A azáfama diária, as muitas dificuldades e carências (familiares ou pessoais), ou a inexistência  de uma educação ou prática de vida saudável de base,  suportada em princípios,  regras de orientação, práticas consistentes e éticas,  como costumam salientar os sociólogos e antropólogos com larga experiência, será porventura o motivo principal.  

Também, grandes escritores e excelentes jornalistas, com sólida experiência, nos têm há muito advertido para a popular e frequentemente  bem explícita frase -  «em mesa onde não há pão, ninguém pensa, todos ralham e ninguém tem razão».  Da análise da  experiencia dos países  mais ou menos desenvolvidos, as estatísticas comprovam que o  nível cultural médio da sua população, está directamente ligado ao rendimento médio mensal auferido, à qualidade de vida associada e participativa e à procura de valores, ideias e práticas consistentes e adaptadas em contrariar aos perigos que mais directamente ameaçam a humanidade (guerras, poluição, sustentabilidade do planeta, desequilíbrio crescente de rendimentos entre empresários / dirigentes e assalariados, super globalização, ecologia,  guerras, etc.).