Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

27 de outubro de 2023

Centenário da morte de Guerra Junqueiro

 


Transcrito, com a devida vénia, da Revista As artes entre Letras de 7.10.2023 este artigo de António Valdemar

Centenário da morte de Guerra Junqueiro

Junqueiro, a coragem da opinião

O centenário da morte do poeta permite revisitar a sua obra repleta de testemunhos implacáveis acerca de Portugal e do comportamento dos portugueses e sobre a ausência das soluções necessárias para ultrapassar as crises.

Os grandes acontecimentos nacionais e internacionais que se verificaram no tempo de Guerra Junqueiro (1850-1923), refletiram-se na conduta do homem e na obra do poeta. Basta citar o Finis Pátria (1890) e a Pátria, (1896) dois livros de combate, onde procurou retratar ou caricaturar as tendências dominantes no país real e as singularidades do temperamento e do carácter dos portugueses. Espetador e interveniente nas guerras e nas guerrilhas, que agitaram a vida política, social e cultural portuguesas, Junqueiro acompanhou de perto as consequências do Ultimatum de 1890 e da Revolução Republicana do 31 de Janeiro. Os ataques desferidos por ocasião da ditadura de João Franco levaram-no à barra dos Tribunais. Este consulado político, que decorreu entre Maio de 1906 e acabou com o Regicídio (1 de Fevereiro de 1908), precipitou o fim da Monarquia e abriu caminho para a instauração da República.Junqueiro também seguiu de perto os anos agitados da República: a repetição de erros crassos, desvios graves e as violências sangrentas, ainda assistiu a mais duas ditaduras, a de Pimenta de Castro (28 de janeiro de 1915 a 14 de maio de 1915) e a de Sidónio Pais (9 de maio de 1918 a 14 de dezembro de 1918) que deixaram feridas abertas. A 28 de maio de 1926 – Junqueiro havia falecido a 7 de julho de 1923 – implantava-se ainda mais outra ditadura portuguesa no século XX. A tomada do poder pelos militares, seguida pela ditadura de Salazar que se estendeu por mais de quatro décadas, até ser derrubada pelo 25 de Abril.A publicação de sucessivas edições do Finis Pátria e da Pátria, desencadeou uma controvérsia política, enquanto o aparecimento d’A Velhice do Padre Eterno (1885), circunscreveu-se a uma polémica sem precedentes, no âmbito da igreja católica. A ferocidade da sátira envolveu desde as mais altas hierarquias até ao pároco da aldeia. Denunciou a conduta religiosa que, em nome da fé e em nome de Deus, mergulhava nas malhas obscuras da política quotidiana, para favorecer interesses institucionais e materiais e reforçar o poder em todas as instâncias. O panfleto da autoria do Padre Sena Freitas, Autópsia da Velhice do Padre Eterno, atingiu o auge das contestações que se mantiveram depois da morte de Junqueiro. Estabeleceu tamanha confusão que, dificilmente, se poderia concluir que Junqueiro se limitava a combater a superstição, o medo e o terror nas consciências. A existência de Deus e a figura de Cristo, nunca foram postas em causa. Mas o salazarismo–“orgulhosamente só” – ignorou o Concílio Vaticano II promovido por João XXIII e executado por Paulo VI.

PÁTRIA E PIA

Já o Finis Pátria e a Pátria constituem um ataque implacável à dinastia de Bragança concentrada, fundamentalmente, no rei D. Carlos, na corte que o cercava, nos partidos que se alternavam nos Governos e nas instituições comprometidas numa permuta de malabarismos movidos através dos caciques nacionais e locais. Se ambos os poemas são escaldantes, encontra-se um texto muito mais explosivo integrado como apêndice da Pátria. Ultrapassou a crítica vigorosa de Ramalho, em numerosos volumes, as Farpas; a ironia penetrante de Eça, nas suas grandes obras e nas crónicas ocasionais. Assemelhava-se à fúria bravia que percorre os Gatos de Fialho.Perante a sociedade que o rodeava, Junqueiro não hesitava em alertar numa comparação com o episódio da ressurreição descrito na Bíblia: «se Cristo, entre ladrões, fosse crucificado, em Portugal, ao terceiro dia, em vez do Justo, ressuscitariam os bandidos. Ao terceiro dia? Que digo eu! Em 24 horas andavam na rua, sãos como peros, de farda agaloada e a Grã Cruz de Cristo». E quais os motivos que davam lugar a esta situação degradante? Junqueiro – e optamos por transcrever as suas próprias palavras – responsabilizava os partidos que alternavam no exercício da governação, (o Partido Progressista e o Partido Regenerador) permaneciam «sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes na hora do desastre, de sacrificar uma gota de sangue, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e perverso, análogos nas palavras, idênticos nos atos, iguais um ao outro».

18 de outubro de 2023

A SERVIDÃO VOLUNTÁRIA E A ESCRAVATURA GLOBAL


 A SERVIDÃO VOLUNTÁRIA E A ESCRAVATURA GLOBAL

Quando Étienne de la Boétie escreveu no seu “Discurso sobre a Servidão Voluntária”, e cito…os tiranos fazem de tudo para ganhar fortuna e poder…, mal sabia ele que estava a adivinhar o futuro. Com efeito, se tivermos a ousadia de revisitarmos a obra referida, constatamos que a Servidão Voluntária, melhor dizendo, servir em vez de obedecer, está relacionada com, no tempo de Étienne, a religião e monarquia e, nos tempos de hoje, com a ignorância e a iliteracia.

Montaigne (amigo do Autor) considerava que a obra do amigo terá sido o 1º hino à liberdade escrito e pensado por um ser humano. Assim, ressaltou que o poder que um ser humano sozinho exercia sobre o outro era ilegítimo; que o uso da demagogia só tinha efeito devido à ignorância que grassava na época (só o clero e alguns Nobres sabiam ler e escrever); será, como escreveu Étienne, que a liberdade está muito perto da solidão e da loucura?

Exponho-vos a minha reflexão pessoal, a saber:

Não vou cair na tentação de tentar justificar porque tantos servem um só (seria objecto para 4 ou 5 pranchas elaboradas poe eruditos), apenas deixo-vos algumas pistas que poderão desenvolver se assim o entenderem. A 1ª é a contradição expressa no título, servidão voluntária (ou como escreveu Étiennetraidores de nós próprios), não imposta traumaticamente, apenas aceite e sem luta. A 2ª tem a ver com alguns freudianos que insistem que é o medo da liberdade que leva à servidão, ou seja, a incapacidade de nos governar a nós próprios abre caminho a quem o faça por nós. Por fim a 3ª pista que é a polarização (a velhíssima tensão do se não és por mim és contra mim tão habilmente aproveitada pelos dominadores que se apropriam da habituação à servidão no dizer de Étienne) política implícita que é o contrário do diálogo e da dialéctica, processos que mais facilmente impedem o amorfismo e a dominação e nos dão a consciência e a capacidade de destruir a tirania. Se por um lado e de acordo com S. Freud, o homem nasce entre urinas e fezes e o extraordinário percurso que o levará a ser decente, solidário, culto, fraterno e, sobretudo, livre, deve ser contado, relembrado e partilhado.

Por outro lado, é a chamada descida aos infernos que torna a elevação marcadamente válida, ou seja, estudar e revisitar a servidão voluntária poderá levar-nos a renascer na liberdade (liberdade que é muito bem caracterizada por Étienne numa tríade que cito…obedientes aos que têm mais experiência; submissos á razão; e de ninguém escravos;)?

3 de outubro de 2023

Comemorações da Implantação da República – 5 de outubro de 1910

 


Comemorações da Implantação da República – 5 de Outubro de 1910

Agenda

5 de Outubro

PORTO

Celebrações com a presença do Sap Grão-Mestre Fernando Cabecinha

10:30 H – Hastear da bandeira nacional

10:45 H – Deposição de coroa de flores na estátua de Afonso Costa

11:00 H – Sessão Evocativa do 5 de Outubro no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim

LISBOA

Celebrações com a presença do Grão-Mestre Adjunto João Aurélio Marcos

CEMITÉRIO DO ALTO DE SÃO JOÃO

09:00 H – 11:00 – Romagem e Homenagem a:

− Miguel Bombarda e Cândido dos Reis, com alocução da Grã-Mestre da Grande Loja 

Feminina de Portugal, Drª Odete Isabel e do Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente 

Lusitano – Maçonaria Portuguesa, Dr. João Aurélio Marcos;

− Machado dos Santos, com alocução do Dr. Jorge Mendes;

− Heróis da República, com alocução do Dr. Eurico Reis;

− Anabela Cabete, com alocução da Drª. Anabela Valente. 

ESTÁTUTA DE ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA

11:30 – Deposição de coroa de flores e alocução sobre o 5 de Outubro, pelo Grão-Mestre 

Adjunto do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa, João Aurélio Marcos

Seguir-se-á um almoço comemorativo organizado pela Comissão Coordenadora para as 

comemorações do 5 de Outubro de 1910, a realizar no Rest. Tico-Tico e pede-se aos IIrm

que o desejem, que confirmem a sua presença para o tlm. 963066188 (Maria Helena Corrêa). 

Aceita, Meu Quer Irm, o nosso G&TAF que nos une e identifica.

O Grande Secretário-Geral