Transcrito, com a devida vénia e respectiva autorização, do Blogue Jakim&Boaz
História e Estrutura Simbólica dos Rituais
Temos o grato prazer de apresentar aos nossos leitores alguns trechos da interessante e essencial obra de Raoul Berteaux “La Symbolique de la Loge de Perfection du Rite Écossais Ancien et Accepté, du 4º au 14º degré” – Éditions Maçonniques de France (EDIMAF), 2012.
Embora este trabalho transcenda e ultrapasse o que é considerado ser o universo da maçonaria azul, achamos contudo interessante e até conveniente, continuar a apresentar neste Blog, sem perder o rumo prioritário, (como já o temos efectuado, esporádicamente), alguns trabalhos mais dirigidos aos Graus Complementares, uma vez que toda a sua Biblografia está disponível ou na Internet ou na Bibliografia indicada, à venda nas livrarias especificas, podendo e devendo constituir, na nossa modesta opinião, um ponto de motivação para que os Mestres das Lojas Azuis não tendam a acomodar-se no aconchego do «sedentarismo intelectual» e procurem complementar a sua formação, elevando o seu patamar com novos conhecimentos, que deverá constituir o estímulo de parte significativa dos discípulos de Mestre Hiram, na procura duma Luz interior «cada vez mais forte» --- Os capítulos e partes aqui selecionados são da inteira responsabilidade da Comissão Editorial deste Blog”
HISTÓRIA
1 – Rituais do Século XVIII
Segundo Ragon: “…o Século XVIII viu nascer pelo menos 75 sistemas… e cerca de 1 400 Rituais, um pouco por toda a Europa”. Um certo número destes «sistemas» são provenientes de «Ritos» que ordenam o escalonamento dos Graus Iniciáticos e estabilizam, pelo menos relativamente, os textos das cerimónias rituais. Os manuscritos dos Rituais são de alguma forma os ajudantes da memória, de forma que a representação formal dependerá sempre da opção que levará o copista, segundo aquilo que deseja conservar por escrito.
Damos perfeitamente conta deste facto, se reagruparmos cópias de manuscritos dum mesmo grau; e aí encontraremos o mesmo tema iniciático, mas os textos comportam omissões, modificações e erros de
cópia. Ficamos frequentemente desamparados pela falta de indicações relativas à gestão e regimento teatral, os gestos de acompanhamento são supostamente conhecidos.
Apesar destas restrições, podemos considerar como se segue, as linhas directrizes dos rituais do Século XVII. Um primeiro documento, excepto o cerimonial, descrevia a decoração da Loja: cores das cortinas, número de luzes, objectos utilizados, títulos e locais dos oficiantes, roupas, fitas e jóias.
O cerimonial compreendia 3 partes: a abertura dos trabalhos, a recepção do candidato (que se tornava assim o recipiendiário) e o fecho dos trabalhos. A abertura e fecho dos trabalhos são apresentados em modo verbal (por questões e respostas). Quanto ao cerimonial de recepção, é relativamente limitado; comporta, em princípio, a prestação do juramento e comunicação das palavras, sinais e toques. Tomamos conhecimento a prática do Rito segundo as gravuras da época: os Oficiais e os participantes, pouco numerosos, estão em pé em volta do tapete da Loja. Trata-se portanto duma «recepção», no sentido próprio do termo. Contráriamente, encontramos muitas vezes, dois documentos importantes em anexos.
O primeiro diz respeito à história do Grau: é apresentado em modo recitativo, sob a forma dum «discurso histórico». O segundo respeita à «Instrução do Grau», apresentada em modo verbal; contem os ensinamentos simbólicos e morais. O neófito é suposto dar as respostas correctas às perguntas, mas elas são dadas em vez dele. À época, o ensino moral tinha uma característica individualista; convidadva o neófito à «prática das virtudes».
Parece que à época, os Oficiais dispunham duma grande amplitude para a execução do cerimonial; este último podia, segundo as circunstâncias, ser limitado à comunicação dos arcanos do grau e da instrução do grau, ou ser desenvolvido em função dos argumentos do discurso histórico.