Com a devida vénia, e respectiva autorização, se transcreve esta notável reflexão:
VINHO E MAÇONARIA: UMA ANALOGIA ALÉM DO SIMBOLISMO
Carlyle Rosemond Freire
M.I. CIM 307.07 – A.R.L.S. Terceiro Milênio nº7 - GOAL
Membro da Academia Maçônica de Ciências, Letras e Artes – AMCLA/COMAB
Resumo
O artigo pretende abrir caminho para novas discussões, pois sugere ensinar maçonaria através de analogias para com elementos que estão a nossa volta, e não apenas com os instrumentos maçônicos. A idéia é poder facilitar o diálogo entre pessoas com outros conhecimentos, como em questão, o vinho. Apesar do vinho dever estar presente em alguns rituais maçônicos e nos ágapes, e de muitos irmãos não tem o devido conhecimento simbólico do seu uso, a proposta é ampliar a discussão, criando analogias entre as uvas, o vinho e a maçonaria.
Palavras-chaves: Vinho. Uva. Maçonaria. Simbolismo.
Abstract
The article intends to make way for new discussions, it suggests teach masonry through analogies to with elements that are around us, not just with the Masonic instruments. The idea is to facilitate dialogue between people with other knowledge, as concerned wine. Despite the wine must be present in some Masonic rituals and banquets, and many brothers does not have the proper symbolic knowledge of its use, the proposal is to expand the discussion, creating analogies between the grapes, wine and masonry.
Keywords: Wine. Grape. Masonry. Symbolism.
1 – INTRODUÇÃO
É curioso falar sobre vinho para Maçons, principalmente porque a conhecida “pólvora negra” é essencial nos banquetes ritualísticos e ágapes maçons, e caberia aos irmãos saberem isso, mas, muitos desconhecem ou preferem não pesquisar.
Como tudo na Maçonaria, o vinho tem um valor simbólico e pode significar tanto a alegria que deve reinar entre os irmãos, durante a sagração de um Templo, como o espírito humano, em um ágape, além disso os brindes maçônicos são sempre feitos com vinho tinto e de pé. Se para os irmãos o vinho é conhecido como “pólvora”, os copos ou taças são seus canhões pronto para atirar.
Na realidade, o objetivo não é explicar aos irmãos o que eles já deveriam ter conhecimento, mas viajar um pouco na história e processos de obtenção dessa maravilhosa bebida, para, se permitem o termo, “viajar pela maionese” através de algumas analogias com a Maçonaria e, aprender um pouco sobre vinhos, ou seja, um processo conhecido na contemporaneidade como interdisciplinar.
O vinho é tão antigo quanto às primeiras Ordens Secretas da humanidade e remonta de 6 mil anos a.C., nos territórios que viria a ser a Bulgária, Grécia e Turquia. Pode-se até dizer que nasceram e cresceram juntos, pois tanto para a sociedade quanto para as várias religiões e cultos, o vinho tem um papel de grande importância, pois evoluiu com a humanidade ao longo do tempo, igual as antigas sociedades secretas, e como a Maçonaria, trouxe em sua essência inúmeros segredos em seu processo de fabricação.
Os cristãos acreditam que foi Noé quem produziu o primeiro vinho do mundo, atravéz do plantio de um vinhedo (“E começou Noé a cultivar a terra e plantou uma vinha.” Gên. 9:20), já os gregos consideravam uma dádiva dos deuses. Culturas como os hititas, babilônicos, sumérios entre outras, adaptaram a história de origem de acordo com a tradição e crença de seu povo. O vinho, como bebida alcóolica, era proibido pelo Islã, mas químicos muçulmanos passaram a utilizá-lo de forma medicinal antes do século X.
A fabricação do vinho melhorou, de forma considerável, durante o período do Império Romano, pois já eram conhecidas muitas variedades de uvas e de técnicas de cultivo, além de serem criados os barris para a armazenagem e transporte do vinho.
Depois veio a Igreja Católica, a partir do século VI como proprietária de grandes vinhedos para justificar o simbolismo na liturgia católica: o vinho era o sangue de Cristo. No século XVIII, com a Revolução Industrial, o vinho veio perdeu muito em qualidade, devido a ser fabricado com a intenção de possibilitar sua produção em massa e venda barata, mesmo com toda evolução tecnológica percorrida até a atualidade. Com a Maçonaria não é diferente, evoluiu tanto que perdeu em qualidade, pois em um mundo de tantos atrativos tecnológicos e profanos, poucos são os escolhidos e, menos ainda podem ser considerados como verdadeiros Maçons.
O ato cultivar uvas e de apreciar vinho é muito antigo e prazeroso para que o conhece e se assemelha as boas ações que o Maçom deve praticar ao logo de sua vida, pois as mesmas devem proporcionar prazer, não para causa própria, mas pela honra de ser um escolhido.
Não conheço bebida mais misteriosa que o vinho. Não conheço homem mais enigmático que o maçom. Não há bebida mais nobre que o vinho. Não há homem de retidão mais implacável que o maçom. Por isso a sua união é harmoniosamente perfeita. A sabedoria conhece o que é Sagrado, e sabe que não deve ser profanado. Há segredos que a Natureza e algumas mentes humanas luminosas, no seu imenso poder, jamais revelarão. (VENDRELL, 2015)