MAÇONARIA E A TEORIA DAS CORES
Naturalmente perguntar-me-ão o que é que a Teoria das Cores tem a ver com a Maçonaria? A resposta é simples: tudo e nada, porque, quer o zero quer o infinitamente definido se sentam na mesa do banquete do conhecimento, ou seja, se aprofundar o conhecimento de Si próprio tem como finalidade o relacionamento com os Outros e o Universo, então e pela Lei das Comparações, haverá algo em comum, mas, por outro lado, se o conhecimento de nós próprios se limita a engordar o Ego e não o Eu nada haverá para se conjugar.
Desde os Pré-Socráticos (muito bem explicados por Aristóteles) que as cores estão intimamente ligadas à Luz embora aqueles se tenham baseado sobre este assunto de modo intuitivo, e foi muito mais tarde que Isaac Newton, cientificamente, propôs e demonstrou a Teoria das Cores, prontamente contrariada por Goethe e Leibniz.
Isaac Newton pensou que a Luz era uma energia que se movia, refractava e dividia nas sete cores prismáticas mas com a oposição de Goethe que pretendeu demonstrar ser a Luz, não só invisível como indivisível, mas também que os vários graus das cores pertenciam à sombra que se revela sob a influência da Luz, ou seja, as cores seriam qualidades das sombras e não quantidades da Luz exprimindo esta Teoria, simbolicamente, por um número, o 6, e por uma figura, o Hexagrama que como sabemos são dois triângulos de bases e vértices opostos que se entrecruzam. Partindo de um ponto central há uma relação com as formas angulares intermédias numa correspondência entre o Uno e os Múltiplos, melhor dizendo: o ponto central (Luz invisível e indivisível) e a atmosfera circundante (sombra ou trevas) também invisível, mas divisível.
Esta ideia de Goethe poder-se-á aplicar aos sons, aromas, sabores e tacto constituindo (esta variedade infinita do mundo sensível) o paradigma de toda a natureza num conjunto de ciclos que mimetizam o grande ciclo do Céu e da Terra, quer dizer, os múltiplos da quantidade organizados em ciclos de qualidades visando as relações diametrais, angulares e circulares.
Não, ainda não entramos na fatia apetecida da Franco-Maçonaria, mas lá chegaremos, atento-me, por agora, apenas a esta maneira de desbravar a vida relembrando que a sensação é o mundo das imagens, e que a percepção distingue a multidão indefinida dessas imagens distribuindo-as por espécies, a saber, cores, cheiros, sabores, sons e tacto naquilo que Bergson designa por qualidades secundárias que se convertem às qualidades primárias que são o movimento e a extensão, quer dizer, tempo e espaço.
Como então digerir este soberbo e consciente acumular do conhecimento através deste jogo de qualidades/quantidades sem degenerar nas costumeiras fantasias ocultas ou exotéricas? António Telmo explica-nos que estas fantasias culminam quase sempre numa relação de géneros e não num género superior, unitivo e iluminante pois associar fantasmas mentais, automáticos e vazios, acaba sempre em especulações puras e duras ou, como nos disse Gaston Bachelard, …o fascínio pelas desilusões realísticas leva a sedutoras crenças e práticas... Sabemos também que o pensamento metafórico usa a chamada Coluna das Correspondências (desde Hermes o Trismegisto e possivelmente antes), dupla e antagónica (por exemplo: Sol/Lua, Direito/Esquerdo) ligando-se a um predicado próprio fazendo as correspondências reduzirem-se a duas (Yin/Yan) que, por simplificação geométrica, criam a tríade (1+2=3) e as suas 64 combinações significativas das possíveis situações do Universo (claro que foi o que Cabalistas fizeram à sua maneira e jeito).