Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

2 de março de 2018

Efemérides-Março


Transcrito, com a devida vénia e respectiva autorização do LIVRO DAS EFEMÉRIDES –HISTÓRICAS, POLÍTICAS, MAÇÓNICAS E SOCIAIS - 2016, Página 111 de Daniel Madeira de Castro

MARÇO

1098 – A I Cruzada desenvolveu-se em duas frentes, até janeiro de 1099, no tempo do papa Urbano II, com o ideal de libertação da Terra Santa. 20.000 pobres de França e Alemanha galvanizados pelo pregador e eremita Pedro passando pela Anatólia, em navios cedidos pelo imp. de Bizâncio, acabaram dizimados em Niceia pelos turcos seljúcidas. Por outro lado, 40.000 militares e 7.000 cavaleiros, em quatro formações de francos, germanos, lorenos e normandos, partiram ostentando uma cruz vermelha bordada à altura do peito, cruzaram o Bósforo, tomaram Niceia e Dorylaeum, além do vasto corredor de Tarso a Edesa. Tomaram ainda Antióquia e conquistaram Jerusalém, dizimando a população judaica e muçulmana.
1729 – Fundada na Europa uma segunda Loja em Gibraltar, a Loja de S. João de Jerusalém, ainda hoje operativa.
1736 – Ocupou o lugar de G.M. (atual V.M.), Bernard O'Kelly, com 55 anos, da Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia, fundada em 1733 por George Gordon, abateu colunas na sequência da bula In Eminenti do papa Clemente XII de 24/4/1738. O'Kelly, irlandês, precedente de França, coronel, e maçon, ingressou à chegada ao nosso país em 1735 na Loja dos Irlandeses, de Lisboa. Reuniam na casa de pasto de William Rice, na R. dos Açúcares e dela fez parte o arq. Carlos Mardel (8/9/1763).
1743 – Em inícios de março foram presos pela Inquisição, os maçons Alexandre Jacques Motton e Jean Thomas Bruslé, ambos da Loja de Jean Coustos, a que se seguiu em abril a de Jean-Batiste Richard e finalmente Lambert Boulanger. Julgados (21/6/1744) com John Coustos, este a quatro anos de galés e Mouton e Bruslé a penitências espirituais, Richard converteu-se ao catolicismo e foi absolvido e os outros maçons foram deixados em paz.
1756 – Fundada em Lisboa a Arcádia Lusitana ou Ulissiponense, uma iniciativa dos poetas (que usavam pseudónimos) Diniz da Cruz e Silva (Elpino Nonacriense), Manuel Nicolau Esteves Negrão (Elmano Sincero), Reis Quita (Alcino Misénio) e Teotónio Gomes de Carvalho, aos quais se juntou Correia Garção. De existência efémera, extinta em 1776 deu importante contributo para a renovação oitocentista que se seguiu nas letras do país. Em 1790 renasceu em Lisboa sob a designação de Nova Arcádia, integrando nomes como os de Bocage (Elmano Sadino), Curvo Semedo, José Agostinho de Macedo (Elmiro Tagideu), Nicolau Tolentino, Francisco Manuel do Nascimento (Filinto Elísio) e a marquesa de Alorna (Alcipe), que depois de extinta em 1794, deixou a publicação Almanaque das Musas.
1799 – Em Lisboa haviam seguramente três Lojas maçónicas, duas delas militares (regimento auxiliar de Dragões Vermelhos e S. Julião da Barra) e outra na R. da Boa Morte, a intendência da polícia conseguiu uma relação dos maçons, identificar os locais das reuniões nas ruas da Boavista, Buenos Aires e Boa Morte, apanhar papéis em poder do inglês James Gordon, prender Lecocq e outro que tinham um painel alegórico maçónico numa casa de pasto, sendo ainda recolhidas insígnias, patentes e ornamentos diversos.
1826 – Foram enforcados em Granada o V.M. e membros duma Loja maçónica, reunida em sessão solene de iniciação, que foi interrompida pela polícia, tendo o candidato sido punido com doze anos de prisão.
1872 – O Boletim Oficial do G.O.L. anunciou a celebração de tratados de amizade com a G.L. de Alabama, G.O. das Lojas Confederadas da Baviera, G.L. da Carolina do Norte, G.L. de Inglaterra e País de Gales, G.L. Nacional da Alemanha, G.L. Eclética de Frankfurt, G.L. do Québec, G.L. do Tennessee, Sup. Cons. do Peru e com o Diretório Supremo Helvético-Normando da Suíça.

1885 – Publicado o primeiro número da Gazeta Maçónica.
1907 — Começo da greve académica em Coimbra, sob o pretexto da reprovação dum candidato a direito, José Eugénio Dias Ferreira, filho de José Dias Ferreira, que se declarara republicano e fizera a sua tese dedicada a Teófilo Braga. Um dos manifestantes foi Fernando Pessoa e o protesto estendeu-se a Lisboa e Porto e durou até Maio.
1909 – Saiu em Lisboa o primeiro número do quinzenário anarquista A Gafanha, editado por Campos Lima, maçon, de que sairam oito números, "A Gafanha, meus caros senhores, não é senão esta boa terra de mesquinharias e de toleimas, a fingir de nação da Europa e que nem ao menos por decoro anda de tanga. A Gafanha é a ‘piolheira’, onde só é gente o sr. Burnay. A Gafanha são os padres do ‘Portugal’, é a intentona, é a juventude monárquica, é a barriga do sr. Alpoim, a chefia do sr. Vilhena, a lei de 13 de Fevereiro, a beleza do sr. D. Manuel, o ‘Vasco da Gama’, o discurso da coroa, a chalaça do sr. Ferreira do Amaral e os adiantamentos. A Gafanha é esta terra de cegos, onde não havendo ao menos quem tenha um olho para ser rei, por esse facto se pensa fazer a República...".
1911 — Apresentada à Grande Dieta do G.O.L. a proposta de se instalar uma tipografia própria, o que veio a acontecer na sua sede em 1921, com entrada pela R. da Atalaia, 130.
1918 – Publicado o primeiro de sete números até maio de 1919 da revista Pela Grei, órgão da Liga de Acção Nacional, dirigido por António Sérgio e com a colaboração entre outros de António Arroyo, António Sérgio, Celestino da Costa, Augusto Reis Machado, Constantino José dos Santos, Ezequiel de Campos, Reis Santos, Jayme de Magalhães Lima, João Perestrello, Pedro José da Cunha, Raul Proença, Silva Telles. "… Pela Grei assume-se como veículo para a regeneração nacional, inicialmente através do apoio ao Sidonismo , mas evoluindo rapidamente para uma proposta autónoma (…) No geral, a revista Pela Grei manteve sempre a mesma estrutura ou organização gráfica: um editorial a abrir, não assinado, seguido depois por artigos de fundo, assinados, sobre questões políticas, económicas, sociais, financeiras, educativas, demográficas, culturais (embora em menor número, merecendo destaque um artigo de Raul Proença, “O problema das bibliotecas em Portugal”, publicado nos números 1 e 3); finalmente, a fechar, incluía os ‘Depoimentos’ e sobretudo os ‘Comentários’, mais regulares, sobre a actualidade nacional e estrangeira, quase sempre da responsabilidade de António Sérgio e Ezequiel de Campos”.
1926 – Publicada a revista mensal Ordem Nova, anti-moderna, anti-liberal, anti-democrática, anti-burguesa e anti-bolchevique, contra-revolucionária, reacionária, católica, apostólica e romana, monárquica, intolerante, e intransigente, insolidária com escritores, jornalistas e quaisquer profissionais das letras, das artes e da imprensa, dirigida por Marcello Caetano até fevereiro de 1927 com o nº 12.
1930 – Foi reaberto condicionalmente o Palácio Maçónico (16/4/1929), limitando-se reuniões a um limite de 10 irmãos e a presença de até 20 no Palácio. Ramon Nonato La Feria, apelou à contra ofensiva da maçonaria no que foi seguido pelo G.M. Oliveira Simões dirigindo-se à Grande Dieta. Em dezembro o Palácio voltou a ser encerrado.
1961 – Realização na Venda do Pinheiro, em casa de Manuel Serra, a última reunião do Comité Central do P.C.P. com a presença de Álvaro Cunhal no país, onde com Fogaça já afastado e erradicados os desvios de direita, se definiram os documentos Sobre Alterações dos Estatutos do Partido e Sobre Alterações dos Estatutos e onde formalmente foi criado o lugar de secretário-geral desempenhado por Cunhal, anteriormente haviam ocupado as mesmas funções mas sem esse cargo José Carlos Rates, Augusto Miranda, Bento Gonçalves, Francisco de Paula Oliveira, Cansado Gonçalves e Júlio Fogaça.
1968 — Mário Soares foi exilado em S. Tomé durante oito meses, sob a acusação, que negou, de ter revelado ao inglês Richard O'Brien, jornalista enviado do Sunday Telegraph, que denunciou o escândalo do Ballet Rose, envolvendo a prostituição de menores com pessoas do regime, tendo mesmo sido envolvido o nome dum ministro de Salazar.
1997 — A maçonaria britânica foi abalada por uma tempestade inesperada, a comissão parlamentar recomendou que os maçons fossem obrigados a inscrever-se num registo oficial, aberto à consulta pública, acusando-os de serem uma sociedade secreta em que um dos seus fins era a autopromoção, infiltrando a polícia e a magistratura, beneficiando de favoritismos no seio de hierarquias paralelas.
 Daniel Madeira de Castro

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