Almada Negreiros é uma figura ímpar no panorama artístico português do século XX. Essencialmente autodidata, a sua precocidade levou-o a dedicar-se desde muito jovem ao desenho de humor. Mas a notoriedade que adquiriu no início da sua carreira prende-se acima de tudo com a escrita interventiva ou literária.
Almada teve um papel particularmente ativo na primeira vanguarda modernista, com importante contribuição para a dinâmica do grupo ligado à Revista Orpheu. Sendo a sua ação determinante para que essa publicação não se restringisse à área das letras.
O seu espírito inconformado, e até mesmo de revolta, em relação ao que o rodeia, deve-se em grande parte à sua história. Perde a mãe ainda muito novo e é internado num colégio pelo pai.
Almada põe em tudo aquilo que faz a força da vida, as suas obras são vibrantes, polémicas, mas nunca banais ou capazes de passar despercebidas. A escrita, é a sua arma de arremesso, põe nas palavras a força que as transformam em verdadeiras lanças, capazes de ferir os demais poderes instituídos, os vícios da sociedade e as figuras burguesas, pelas quais, nutre um especial desrespeito e ódio.