O Desbastar da Pedra Bruta na Caminhada do Aprendiz. Que Significado?
Várias foram as noites em que me deitei e adormeci reflectindo sobre o simbolismo da Pedra Bruta, sobre o seu valor e significado.
Durante a minha reflexão e pesquisa sobre o assunto senti que estava a iniciar uma de muitas viagens. Sabemos que ao iniciar uma viagem há que saber o que se deve levar. Os inexperientes enchem as suas malas com excesso de bagagem, provavelmente com “tralhas” que nunca irão precisar. Os já viajados, pelo contrário, escolhem com critério o que irão necessitar pois sabem que o peso e o volume atrapalham e dificultam o caminho.
No fundo trata-se de um ritual que todos os viajantes, que procuram outros lugares, terão que passar. Depois de uns largos anos e viagens realizadas, talvez a carga seja mais leve. Por agora sinto que a mala está carregada de “calhaus” que forçosamente terão quer ser levados tal qual uma penitência destinada a todos aqueles que apesar de tudo, não temem dar início à primeira etapa da uma jornada que será longa.
Assim será a jornada de um aprendiz de maçom, que ao longo da mesma se deverá empenhar e esforçar, depurando o seu espírito, purificando o seu ser, expurgando as imperfeições da sua alma e refinando-a com valores e princípios éticos em prole da humanidade.
Se nome atribuísse a essa jornada, chamar-lhe-ia, “o desbastar da pedra bruta”. Poderemos dizer que o aprendiz de maçom é tal qual uma “pedra bruta”. Uma pedra que brota e que emerge da rocha mãe em estado bruto. Que às vezes se solta tal qual muitas outras e que segue o seu caminho levada, por vezes, pelas torrentes de lama ou pelo vento agreste próprio das serranias, ou então pela água pura da imparável corrente de um rio.
Na maçonaria “o desbaste da pedra bruta” simboliza o ponto de partida, o soltar da rocha mãe, o início da grande transformação que deve ser realizada de forma voluntária e empenhada. Que carece de tempo, esforço e dedicação. A “Pedra bruta” simboliza a matéria e o espírito que constitui o aprendiz, recheada de arestas e saliências e por vezes impurezas que podem e devem ser desbastadas, esculpidas e lapidadas, levando a formas mais nobres, harmoniosas e definidas. Neste processo o aprendiz é matéria-prima, mas também, obreiro e instrumento. Dando largas à imaginação, penso num cirurgião plástico que ao mesmo tempo é psicólogo e que se auto manipula, moldando, não o corpo, mas o carácter, tudo isso com as suas próprias mãos. Tal especialidade médica não seria de todo reconhecida pela ordem, no entanto, pensamos que a maçonaria, aprová-la-ia decerto.
A PEDRA BRUTA, no essencial, simboliza o Grau de Aprendiz de Maçom. Simboliza a imperfeição espiritual do homem, independentemente das suas qualidades profissionais e de sua posição social. Representa o começo, o início de uma longa jornada de procura e de constante aprendizagem.