Com a devida vénia e respectiva autorização se transcreve este artigo de opinião do Prof. Doutor JCR Calazans Duarte (Professor Associado em Ciências Sociais e Humanas)1
Universidade Lusófona de Lisboa
— O E s p a ç o L u s ó f o n o —
Do Esquecimento ao Devir
Resumo: A segurança do Atlântico Sul é um aspecto geopolítico sério e fundamental para o desenvolvimento económico do Espaço Lusófono. A área marítima de acção geoeconómica confunde-se com a história da dispersão da própria língua portuguesa, e ela é a expressão de uma vontade colectiva comercial alargada. Mas as áreas de influência geoestratégica das superpotências sobrepõem-se à do próprio Espaço Lusófono, podendo condicionar a dinâmica dos recursos, dos transportes e do comércio em determinados contextos internacionais. A actual guerra entre a Ucrânia e a Rússia, pode ter desenvolvimentos nas costas Lusófonas. As acções contidas e circunscritas da CPPLP não têm sido suficientes para desenvolver e afirmar o Espaço Lusófono, como as idiossincrasias das políticas nacionais de cada país não tem igualmente. O comércio e a indústria no Espaço Lusófono estão reféns do esquecimento provocado pela falta de moral política e do relativismo ético. Entre a inevitável criação de uma arquitectura robusta de segurança no Atlântico Sul, e uma afirmação de uma Comunidade do Espaço Lusófono, está não apenas a vontade e a oportunidade de afirmação, mas o devir de novas gerações de empreendedores em todos os campos do comércio e da indústria. O devir da acção do Espaço Lusófono depende mais e essencialmente da dinâmica coordenada de um empreendedorismo jovem e ético, do que o corporativismo estritamente diplomático e político, embora necessário, da CPLP.
Abstract: The South Atlantic security is a serious and fundamental geopolitical aspect for the economic development of the Lusophone Area. The geo-economic maritime area of action is intertwined with the history of the Portuguese language spread, and it is the expression of a collective and widespread commercial will. Nevertheless, the geostrategic areas of superpowers' influence overlap with that of the Lusophone space itself, and may condition the dynamics of resources, transport and trade in certain international contexts. The recent war involving Ukraine and Russia may have developments on the Lusophone coasts. The contained and circumscribed actions of the CPPLP have not been sufficient to develop and strengthen the Lusophone space, as the idiosyncrasies of national policies of each country have not either. Trade and industry in the Lusophone Area are held hostage to oblivion caused by the lack of political morality and ethical relativism. Between the inevitable creation of a robust security architecture in the South Atlantic, and an affirmation of a Portuguese-speaking Community, lies not only the will and the opportunity for affirmation, but the becoming of new generations of entrepreneurs in all fields of trade and industry. The Lusophone Area maturity's action depends more and essentially on the coordinated dynamics of a young and ethical entrepreneurship, than the strictly diplomatic and political CPLP corporatism, although necessary.