AS VIAGENS NA INICIAÇÃO DO COMPANHEIRO
UMA INTERPRETAÇÃO
NOTA PRÉVIA- ...Editado pela comissão Editorial do Blogue...
O acesso ao segundo grau surge na sequência da aprendizagem durante o primeiro grau simbólico das Lojas Azuis, considerando que cada grau maçónico corresponde a um novo degrau na compreensão da doutrina da NAO.
Após o período de aprendizagem, no centro do Templo, o obreiro recebe ritualmente o segundo dos três graus simbólicos, cumprindo Cinco Viagens iniciáticas. O número Cinco das viagens tem significado, porque cinco é o número do companheiro. Para compreender o significado da cerimónia vivida, mas até então desconhecida, o obreiro necessita de conhecer algum conteúdo do grau, com a profundidade possível, sabendo que a aprendizagem não acaba com a obtenção do grau, mas, pelo contrário, é permanente ao longo da vida do obreiro. Ao passar da Coluna Norte para a Coluna Sul, agora na qualidade de Companheiro, já conhece as regras da construção, numa progressão em que o obreiro se faz por si próprio, procurando construir o seu Templo Interior. Esta construção não se aprende como uma lição numa aula, que depois se repete. Aprende-se progressivamente. Mas o que consideramos o Templo Interior? A Maçonaria adopta o Templo de Salomão como referência, sendo o símbolo da permanente construção maçónica, visando mais e melhor humanidade, através da preparação moral e intelectual. Mais esclarecido, procurando encontrar o seu EU mais profundo e a resposta à pergunta “O que somos?” o Companheiro procura, por introspecção, identificar as suas imperfeições, que procura corrigir, construindo o seu Templo Interior pelo seu aperfeiçoamento. A Subida de Salário orienta o obreiro a pensar de forma autónoma na procura da Luz ou seja, do Conhecimento.
Mas qual é o valor e o significado deste grau e das Viagens Simbólicas que lhe estão ligadas ? A cerimónia de elevação no Segundo Grau não existia nas corporações medievais operativas, como as Guildas e Compagnonnage. Após o período de aprendizagem o Companheiro era considerado um Obreiro feito. Temos que considerar que o grau de Companheiro na actual maçonaria especulativa tem um posicionamento diferente do que tinha na maçonaria operativa em que não existia o grau de mestre, que era uma designação honorífica. Na actualidade o segundo grau das Lojas Especulativas Azuis está intercalado entre dois graus com grande riqueza ritualística, o grau de Aprendiz e o grau de Mestre Maçon. Enquanto a Iniciação do Aprendiz e a Exaltação do Mestre têm uma expressão constante na grande maioria dos ritos, o segundo grau tem uma expressão variável de acordo com os ritos. Ou até dentro do mesmo rito, como é o caso das várias versões do Painel do Grau de Companheiro (Painel Misto, Painel Alegórico, Painel da Loja de Companheiro ou o Painel Simbólico do 2º Grau, adoptado na nossa Loja). Ou a diferente descrição dos instrumentos e trajecto da Quinta Viagem. Também a cerimónia de acesso ao Segundo Grau assume designações diferentes nas várias referências bibliográficas consultadas. Enquanto a maioria a designa correctamente como cerimónia de Aumento de Salário, noutras é designada Iniciação ou ainda Elevação, que são designações específicas de outros graus. Estes factos demonstram que o Segundo Grau passou por valorizações diferentes, chegando a ser considerado um vazio, ou uma fragilidade iniciática, com flutuações que ora o enriquecem ora o desvalorizam. Estas variações iniciaram-se nos tempos remotos. Pelo contrário, na época actual considera-se que é o grau que exalta o apelo do obreiro ao trabalho, utilizando as ferramentas rituais que lhe são entregues para o acompanhar nas Viagens da cerimónia de Aumento de Salário.
Pondo ênfase no número Cinco, agora com Cinco anos de vida, o Companheiro começa a marcar a idade quando à entrada no Templo troca os três passos rituais de aprendiz pelos Cinco passos de companheiro. E quando adopta a nova saudação ao Venerável Mestre e aos dois Vigilantes. Ao entrar no Templo organizado para o trabalho em Segundo Grau, observa pela primeira vez o Painel de Companheiro, neste caso na versão de Painel Simbólico de 2º Grau do REAA. Interessa citar o Painel, porque é em torno dele que se vão desenvolver as Cinco Viagens. O novo Companheiro apercebe-se da inclusão no Painel de novos símbolos, quando comparado com o já conhecido Painel de Primeiro Grau. Assim, observa que os degraus de entrada passam a Cinco, ou seja, a sua idade. Também a corda de nós passa a ter três. A coluna J é encabeçada por uma esfera celeste e a coluna B é encabeçada por uma esfera terrestre. O esquadro e o compasso passam a estar entrelaçados, com a ponta direita do compasso sobre o esquadro. Surgem as sete estrelas, a prancha de traçar, a trolha, a régua, a alavanca, a espada e dois símbolos do Segundo Grau: a Estrela Flamejante e a letra G.