31 de outubro de 2020
24 de outubro de 2020
Amália, sem Sucessores?
Transcrito, com a devida vénia, do Correio do Ribatejo de 23.10.2020, este Artigo de António Valdemar.
Amália, sem Sucessores?
«A advertência de Eduardo Lourenço ao considerar que Amália «morreu no seu século e não passou desfigurada para um tempo que não era o seu»
O Fado na sua conceção intemporal, na sua expressão literária ou na sua expressão popular- e todas associadas á realidade social e cultural de sucessivas conjunturas- nos seculos XIX, XX e já agora no seculo XXI, tem sido objeto de estudos eruditos, de ensaios críticos ou de obras de criação literária da autoria de muitas personalidades ligadas á Academia das Ciências. Os exemplos multiplicam – se até chegarmos a Amália Rodrigues. Procuramos sintetizar, numa retrospetiva sumária, subordinada ao tema Amália, a Academia e Académicos os seguintes autores e respetivas obras: Teófilo Braga, em 1868, numa interpretação das raízes do povo português (que antecedeu investigações antropológicas e etnográficas de José Leite de Vasconcelos) deu honras de transcrição integral dos versos recolhidos na tradição oral («Chorai artistas chorai ...») que lamentam a morte da Severa. Henrique Lopes de Mendonça enalteceu o Fado e o introduziu (com a música de Alfredo Keil) nas estrofes de A Portuguesa que a Constituição da República, em 1911, transformou no Hino Nacional. Eça de Queiroz situou Lisboa na génese da invenção do Fado, enquanto Teixeira de Pascoais se pronunciou acerca das modalidades do Fado em várias localidades geográficas. Continua a emocionar a exaltação que Pascoais fez de Hilário em Coimbra. Logo no início do seculo XX, Júlio Dantas escreveu A Severa. Foi a reconstituição para o teatro (e depois para um romance) tal como o próprio Júlio Dantas assim caracterizou: da vida de «uma flor pura, desabrochada na lama», que se evidenciou a cantar o Fado, na Mouraria. «Tinha o orgulho de não ter um ódio de ninguém, de ser feliz com a sua liberdade, o seu Fado, o seu amor ao Sol».
8 de outubro de 2020
MONUMENTO 'CONTRA A IGNORÂNCIA'
MONUMENTO 'CONTRA A IGNORÂNCIA'
A 5 de Outubro em Vieira de Leiria foi inaugurada esta estátua/monumento, de autoria do escultor Fernando Crespo, natural de Vieira de Leiria, com traços de inspiração maçónica, uma iniciativa da Junta de Freguesia de Vieira de Leiria e financiada pela Câmara Municipal da Marinha Grande. A escultura tem seis metros de altura, num manifesto contra a ignorância e em homenagem à República, Fernando Crespo é também o criador do coração de aço de 12 metros inaugurado em Fátima aquando da visita do Papa Francisco em 2017, imaginou uma nova obra composta por duas figuras neoclássicas iguais: uma dourada que se apresenta de pé sobre uma moldura quadrada, e outra escura, sob essa, de cabeça para baixo. “Todo esse conjunto assenta numa pirâmide, cujo vértice está a dez centímetros da figura que está ao contrário. É como um perigo latente, uma fragilidade. É uma metáfora, como se fosse uma vítima que está quase a ser punida por estar confinado a um espaço de ignorância”, descreveu o autor. Segundo o escultor, “a ignorância é um grande estigma” e “a República veio resolver parte do problema. Infelizmente as coisas têm-se vindo a degradar”, lamenta, justificando dessa forma a associação do novo trabalho ao 5 de Outubro, dia da inauguração. “Esta é a linguagem, facilmente entendível, que entendi para consagrar a República, o que é o conhecimento para o indivíduo e a limitação do conhecimento para o mesmo indivíduo”, sublinha. A peça será instalada no local onde existiu a antiga escola primária de Vieira de Leiria, que Fernando Crespo frequentou esse estabelecimento de ensino, entretanto “demolido há vários anos”. No mesmo espaço ficará a peça escultórica que evoca “a liberdade que o conhecimento traz”, em oposição “ao confinamento cultural, com as consequências que a falta de cultura tem”. Iniciativa de uma comissão de ex-alunos, a obra serve ainda de “homenagem ao ensino e aos professores do ensino primário”, incluindo o antigo docente de Fernando Crespo, Fausto Augusto Linhares, que merecerá distinção especial no dia da inauguração. A propósito do trabalho pensado para a Vieira de Leiria, o artista critica “o estado da cultura” no país. “Esta escultura e o seu aparecimento são paradigmáticos. Só é possível porque eu dei o que pude, para deixar ali uma marca”, diz Fernando Crespo, explicando que cedeu gratuitamente o trabalho, ficando a cargo do município da Marinha Grande pagar os materiais. “Estou a cumprir a minha obrigação cívica e artística para com o país e para com a República. Não sou artista do regime. Esses estão protegidos e, em tempo de crise, os municípios fazem ajustes diretos de valores perfeitamente disparatados. Não posso deixar de sentir alguma indignação”, acrescenta.
5 de outubro de 2020
EFLÚVIOS
Com a devida vénia e respectiva autorização, transcreve-se mais um Soneto de Adilson Zotovici:
EFLÚVIOS
Exala tão bom perfume
No Augusto Templo Sagrado
De livres pedreiros costume
E desde há muito pairado
Não dum incenso que defume
Um ambiente pesado
Pra clarear um negrume
Por algum rancor criado
Mas, bons eflúvios em volume
Fulcro do grupo irmanado
Qual irradiado lume
Essência do iniciado
Pelo aroma se presume...
Da Verdadeira Luz emanado
Adilson Zotovici