Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

28 de setembro de 2020

Revolução ou Evolução no Grande Oriente da Bélgica?

 


Revolução ou Evolução no Grande Oriente da Bélgica?

O Grande Oriente da Bélgica (GOB), principal obediência maçónica do país e que conta com cerca de 10.000 membros divididos por 118 lojas, acaba de dar um passo fundamental na sua história de quase dois séculos – foi instalado em 1833, três anos após a independência da Bélgica. De facto, a Assembleia Geral do Grande Oriente adotou, neste domingo, 16 de Fevereiro de 2020, e por grande maioria, uma reforma dos seus estatutos e regulamentos que, entre outras modificações, agora permitirá que as lojas filiadas nesta obediência liberal e adogmática integrem mulheres no seu seio. Porquê esta mudança? Há vários anos que o Grande Oriente da Bélgica tem sido confrontado com pedidos de Lojas nele inscritas, principalmente de Bruxelas e sobretudo flamengos, com o objetivo de filiar “Irmãs”, ou de ir ainda mais longe, iniciando mulheres numa obediência que até agora permaneceu estritamente masculina no seu recrutamento. Esta transformação profunda, da qual não podemos dizer de momento qual será o seu real impacto – para além do aspeto simbólico da coisa -, permite ao Grande Oriente da Bélgica alinhar-se com o seu equivalente francês, que está implicitamente aberto à diversidade e à não discriminação há uma década. O Grande Oriente de França (GOdF), desde 2010, que concede às suas lojas a liberdade de iniciar mulheres, uma liberdade reivindicada há décadas, mas para a qual nunca houve uma maioria, antes de 2010, apesar do facto de que as lojas têm feito filiações selvagens desde 1990 – atraindo em troca, a ira da Obediência. No entanto, convém assinalar, isto não é suficiente, pois no caso do Grande Oriente da Bélgica, como no caso do Grande Oriente de França, pode-se estritamente falar de obediências mistas.

21 de setembro de 2020

Equinócio de Outono 2020

 

Equinócio de Outono 2020

No corrente ano, o Equinócio de Outono ocorrerá hoje, dia 22 de Setembro, às 14:31 horas. Este instante marca o início do Outono no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 89,813 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Dezembro às 10:02 horas.

Naquele instante o Sol, no seu movimento anual aparente, passa no equador celeste. A palavra de origem latina aequinoctium agrega o nominativo aequus (igual) com o substantivo noctium, genitivo plural de nox (noite). Assim significa “noite igual” (ao dia), pois nestas datas o senso comum diz-nos que o dia e a noite têm igual duração. No entanto não é bem assim. Os equinócios estão definidos como o instante em que o ponto central do sol passa no equador e, por isso, efectivamente o centro solar nasce no ponto cardeal Este e põe-se exactamente a Oeste. Assim, entre o instante da manhã em que o Sol está a uma distância zenital de 90º e o instante da tarde em que se encontra novamente a uma distância zenital de 90º passam-se 12 horas. (Note-se que como a Terra avança na sua órbita ao longo do dia, o Sol não se mantém no equinócio todo o dia e isso leva a uma pequena alteração deste intervalo de tempo).

Para os Iniciados será uma Celebração da Renovação dos Ciclos da Natureza.

14 de setembro de 2020

47º Aniversário da Morte de Salvador Allende


MMQQIIr:.

Há 47 anos, no dia 11.Set.73,  morreu lutando pelos princípios e ideais que sempre o nortearam, não cedendo ao golpe fascista de Pinochet (preparado pela CIA  e pelas oligarquias até aí dominantes),  o nosso Querido patrono SALVADOR ALLENDE, não capitulando nem fugindo do cargo para que tinha sido legalmente eleito  pela Unidade Popular (Presidente da República).


Como pessoa,  político de princípios e óbviamente Maçom, honremos  a sua memória, procurando  nunca esquecer o seu exemplo de inesquecível de luta pelos nobres princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, por um Sociedade mais justa e equilibrada, onde existam muito menos exploradores e explorados e se salvaguarde o Ambiente deste nosso cada vez mais degradado planeta e  a larga maioria do Povo seja efectivamente digna dum destino com futuro. 

Honremos a sua memória e sobretudo os seus ideais e actos, que sempre praticou  coerentemente.

Recebam um Forte TAF

Salvador Allende  (M:.M:.) 

11 de setembro de 2020

Antero, as horas do fim

 


Transcrito, com a devida vénia, este artigo de opinião de António Valdemar no Diário dos Açores de 11.09.2020

Antero, as horas do fim

“O contacto directo com a realidade levou-o a conhecer a vulnerabilidade da natureza humana. A inveja que morde, o ódio que envenena. O país real, por fora e por dentro: egoísmos ferozes, privilégios inexplicáveis. A impunidade absoluta. Os inúteis disfarces. A falta de vergonha. Manifestou as preocupações que o levavam a concluir que a crise era moral". 

O vento revolve os plátanos e estremece as araucárias. A cidade começa a ficar mais húmida, as ruas mais vazias, ACENTUA – SE o peso das horas mortas, antecipando as noites intermináveis, repletas de fantasmas. A memória recusa a paz do esquecimento. Ponta Delgada despede-se do Verão e mergulha numa tarde baça, cor de zinco, cor de chumbo. Antero debate-se com atritos familiares. Debate-se com o tédio de viver e a incapacidade de ser feliz. Debate-se com a situação do País, em face do Ultimatum inglês. Debate-se com a derrota da revolução republicana do 31 de Janeiro. Debate-se, ainda, com o falhanço da Junta Patriótica do Norte, que surgiu para encontrar soluções e mobilizar vontades, perante a crise. Entregaram a presidência a Antero, mas nada pode realizar, enquanto assistia á debandada dos que a constituíram. Desistiu dos combates políticos e sociais. Da urgência de questionar as estruturas institucionais do regime, definir outras diretrizes, proceder a uma reforma do Estado e da Administração Pública. Incentivar o acesso à Europa e – sempre este objetivo enunciado na inauguração das Conferências Democráticas do Casino - permitir a abertura de Portugal ao mundo. Para formar o jovem e o cidadão. Pensar e intervir de forma ativa e responsável. O contacto directo com a realidade levou-o a conhecer a vulnerabilidade da natureza humana. A inveja que morde, o ódio que envenena. O país real, por fora e por dentro: egoísmos ferozes, privilégios inexplicáveis. A impunidade absoluta. Os inúteis disfarces. A falta de vergonha. Manifestou as preocupações que o levavam a concluir que a crise era moral: «o que se passou» - comentava, numa carta, a um amigo íntimo - «é a prova mais cabal do estado de prostração do espírito público, entre nós. Berrou-se muito e, afinal, chegaram as eleições, e toda a gente, movido cada qual por mesquinhos interesses, votou nos candidatos do Governo. Governo apoiado pela Inglaterra e que, nessa ocasião, estava lançando a polícia sobre os que faziam manifestações patrióticas». Refugiou-se, outra vez, em São Miguel. Talvez encontrasse a desejável tranquilidade. Mas a inquietação e a dúvida não cessavam: «E quando o pensamento, assim absorto, emerge a custo desse mundo morto/e torna a olhar as coisas naturais:/à bela luz da vida, ampla, infinita /só vê com tédio em tudo quanto fita/a ilusão e o vazio universais». Os seus olhos penetram quem os olha. Escreveu no poema para o in memorian de Zara, jovem irmã de um amigo: tudo é leve como a sombra sobre a água. Busca o invisível no visível. Multiplicam-se as perplexidades: «tropeço, em sombras, na matéria dura /e encontro a imperfeição de quanto existe». De rua em rua, concentro-me e revisito lugares da infância e adolescência, casas de amigos. Uns vivos. Outros mortos. «Aqueles que eu amei, onde estão? Idos, dispersos, / arrastados no giro dos tufões, / levados, como em sonho, entre visões, / na fuga, no ruir dos universos». Perdura ainda o essencial da malha urbana e surpreendo os últimos passos de Antero na antiga cidade: «as nuvens parecem fantásticas ruínas / ao longe no horizonte amontoadas». A respiração do mar provoca uma latente e contínua ansiedade. Tudo se converte em cinza de vida ardida. Oliveira Martins, com as informações de amigos comuns, afirmava a propósito do suicídio de Antero, numa carta a Eça de Queiroz: «cedeu por fim à tentação constitucional da sua vida. Morrer era-lhe uma obsessão. Matou-o principalmente o clima enervante de São Miguel, que estonteia o mais fleumático (...) Matou-o a sua imaginação exacerbada pelo capacete de ozone da ilha». Setembro morno e abafado. Antero resumia sucessivos percursos : “pó e cinzas onde houve flor e encantos/ e noite onde foi luz de primavera. /Olha a teus pés o mundo e desespera, /semeador de sombras e quebrantos». Que ficou, afinal, e que valha a pena? «Daquela primavera venturosa, /não resta uma flor só, uma só rosa. /tudo o vento varreu, queimou o gelo.” As interrogações esmagavam-no. E insistia: «Pura essência das lágrimas que choro/ e sonho dos meus sonhos! Se és verdade / descobre-te, visão, no céu ao menos!» Exausto. Dor e pavor. E apenas: «silêncio, escuridão e nada mais». Os passos de Antero aproximam-se do Campo de São Francisco. Ao fundo o mar e o Castelo: «junto do mar, que erguia gravemente/a trágica voz rouca, enquanto o vento / passava como o voo do pensamento /que busca e hesita, inquieto e intermitente/ junto do mar sentei-me tristemente,/ olhando o céu pesado e nevoento,/ e interroguei, cismando, esse lamento/ que saía das coisas vagamente/ que inquieto desejo vos tortura , /seres elementares, força obscura?/em volta de que ideia gravitais?/ mas na imensa extensão, onde se esconde-o inconsciente imortal, só me responde, -um bramido, um queixume , e nada mais...» Foi na tarde de 11 de Setembro de 1891.Tinha 49 anos. Estava desiludido. Traumatizado. Num acto de angústia e desespero, Antero decidiu o trágico encontro com a morte.Nua e crua. A escorrer sangue. Fora de casa.




10 de setembro de 2020

Um Abraço

 


Com a devida vénia e respectiva autorização se transcreve este Soneto de Adilson Zotovici:

UM  ABRAÇO


Escrevo-te irmão amado

Com a saudade latente

Tanto quanto preocupado

Com essa crise vigente


Queria ter te encontrado

Porém, não cri ser prudente

Carente de todo cuidado

Esse resguardo da gente


Lembra-te do postulado

Que elos duma corrente

Distantes ou lado a lado


Assim, envio-te contente

Fraterno abraço apertado

Como se junto, presente !


Adilson Zotovici